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Entevista: scout da NBA avalia Bruno Caboclo e aguarda plano do Raptors
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Giancarlo Giampietro

Bruno Caboclo: a dois anos de contribuir? Giannis? Tudo em perspectiva

Bruno Caboclo: a dois anos de contribuir? Giannis? Tudo em perspectiva

Alerta! Alerta! Alerta!

Primeiro que o blog voltou. Depois, com base no assunto do post, importante ressaltar que foi apenas uma liga de verão.

Não dá para tirar conclusões, análises definitivas sobre nenhum jogador nesse contexto de competição – em que o padrão de jogo é basicamente nulo e no qual muitos atletas mandam às favas qualquer senso coletivo para tentar impressionar ao máximo os dirigentes, técnicos e scouts na plateia. Talvez inconscientes de que essa fome toda possa ser um tiro no pé.  O Raptors, por exemplo, tinha quatro armadores brigando por espaço, com Scott Machado entre eles.

Por outro lado, para um garoto como Bruno Caboclo, acaba sendo algo muito valioso. Em diversos sentidos. Do ponto de vista do garoto, foram 130 minutos de jogo contra a competição que é certamente a mais difícil de sua breve carreira. Para os olheiros, era uma grande chance de avaliá-lo em meio a profissionais já rodados, ou recém-iniciados, mas mais velhos. Algo crucial, considerando que há pouco mais de um ano estava jogando apenas contra juvenis no Brasil.

Não é o caso de dissecar os números da jovem aposta brasileira, no entanto. Há quem consiga analisá-los com base em projeções estatísticas a partir de uma base de dados ainda limitada. Mas, sinceramente, aí já acho forçar demais a barra – os cálculos têm uma natureza um tanto dúbia, de qualquer forma.

De modo que vale mais bater um papo com alguém já habituado a assistir e processar esse tipo de competição. No caso, um chapa que é scout internacional de uma franquia da NBA. O acordo é não divulgar sua identidade, nem o clube para o qual trabalha. Posso dizer apenas que se trata de alguém bastante experiente e de uma franquia indiscutivelmente aberta a jogadores estrangeiros, criativa na hora de contratar.

Que fique o registro de que é um olheiro que já havia visto Bruno em ação por um bom número de jogo no período pré-Draft, ainda que não in loco, como foi o caso do gerente geral do Toronto Raptors, Masai Ujiri, e seus asseclas. Obviamente a observação a olho nu conta muito mais, especialmente em uma tarefa tão delicada, tão susceptível a diversas nuanças como a avaliação de um prospecto. Se for um rapaz de 18 anos, em competições menores no Brasil? Ainda mais difícil. Mas é isto: não estamos falando com alguém que viu o ala ex-Pinheiros pela primeira vez. Importante também mencionar que se trata de uma visão independente sobre o garoto. Ainda que o camarada represente, de alguma forma, os interesses de outro clube, tenho confiança total de que, nessa conversa, ele tentou ser o mais imparcial possível:

21: Qual tipo de coisa os scouts tentam, vão observar num ambiente de Liga de Verão? Sabemos que é um jogo completamente diferente, mas que tipo de nota é possível tomar sobre os jogadores, pensando na liga principal?
Scout: Queremos ver como o jogo deles se traduz neste contexto diferente. Afinal, é a primeira indicação que temos a respeito deles, ainda que esteja longe de ser uma indicação final. Alguns caras acabam mudando de posição na NBA, como o Cleanthony Early (calouro do New York Knicks), que jogou como PF na universidade (de Wichita State), e na NBA será um SF. Esse tipo de coisa. E aí você quer ver como os caras vão lidar com adversários de tamanho bem diferente aos daqueles que eles estão acostumados a enfrentar. Obviamente não é o indicador ideal, mas já dá para passar uma noção.

Capacidade para o arremesso de Bruno já é destacada por scout, assim como suba envergadura realmente impressionante. Vejam o tamanho dos braços. Glup

Capacidade para o arremesso de Bruno já é destacada por scout, assim como suba envergadura realmente impressionante. Vejam o tamanho dos braços. Glup

Sobre o Bruno, teve algum aspecto de seu jogo que chamou a atenção, nesse sentido?
Bem, todos os aspectos de seu jogo chamaram atenção. Especialmente pela escolha alta que ele teve, que pouquíssimos esperavam. Seu arremesso já estava se traduzindo muito bem. Obviamente que também o seu tamanho e corpo, e tudo isso. Mas aí, se formos pensar em um basquete para valer, de verdade, acho que ele teve muitas dificuldades. Algumas pessoas, porém, consideram que ele pareceu muito melhor que o esperado. Em geral, foi seu arremesso que acabou agradando bastante.

Mas, para você, em geral, o desempenho do Bruno foi bom? Claro que precisamos ter em mente sua idade e inexperiência, o nível de competição que encarou no Brasil. Pensando nisso, acha que ele estava adiantado em sua curva de aprendizado, ou basicamente como você esperava?
Ele já consegue receber a bola na zona morta e chutá-la. Isso já é uma grande vantagem na NBA de hoje (*). Ele também pode conseguir fazer algo em transição devido a seus atributos físicos. Isso já lhe renderia algo em torno de cinco a oito pontos por jogo. Mas ele ainda precisa descobrir como defender, e como jogar, em geral. Ele tem as ferramentas para isso, mas ainda está muito, muito longe de entender o jogo e como usá-las. Ainda tem um longo caminho para ele realizar seu potencial. Quanto tempo vai levar? Bem, ele já sabe arremessar. O grande ponto de interrogação para ele é o que ele vai contribuir do outro lado da quadra. Minha maior preocupação é que o Raptors não tem uma equipe na D-League (**), de modo que eles não têm aonde desenvolvê-lo. Se fosse o San Antonio, o Houston ou o Utah, por exemplo, isso já seria diferente. Além disso, o Raptors está carregado na sua posição. Será interessante ver o que vão fazer com ele e como vão desenvolvê-lo.

(*Nota: o scout faz referência ao “corner three”, o arremesso da moda no plano tático da liga: a distância ali é mais curta para o chute de três pontos, tendo maior probabilidade de acerto, de modo que os técnicos estão usando-o cada vez mais, na tentativa de espaçar ou desestabilizar a defesas.)

(**Nota: cenário da liga de desenvolvimento da NBA é bastante desfavorável ao Raptors. Dos 18 clubes menores, 17 têm vínculo exclusivo com um clube de cima. A franquia canadense, porém, não é uma delas. E isso significa que ela tenha de dividir Fort Wayne Mad Ants com outras 12 equipes, perdendo o controle ou a influência clube sobre orientações táticas, uso de jogadores etc.)

Inevitável citar aqui também a já famosa frase do Fran Fraschilla (ex-treinador e analista da ESPN, que foi pego de surpresa no momento em que Bebê foi anunciado pelo Raptors na 20ª posição), de que o ala estaria a dois anos de estar a dois anos de se aprontar para a NBA.
A maioria das pessoas comentou em Las vegas que essa dos dois anos para estar a dois anos não parece muito correta. A sensação na plateia foi a de que ele está a dois anos de contribuir, e ponto. Mas pelo menos dois anos. E aí, sim, precisamos ter em mente o quão inexperiente ele é, o nível de treinamento e jogo no Brasil, e tudo o que você citou para lhe dar o benefício da dúvida. Se ele viesse de um contexto diferente, então o que vimos seria mais preocupante.

Ele já foi comparado a Giannis Antetokounmpo em diversas ocasiões, e eu consigo entender isso do ponto de vista de sua narrativa – de alguém que veio, digamos, do nada – e a capacidade atlética absurda. Mas é justa essa comparação? Ou, em termos de habilidade em quadra, ele ainda está muito atrás, em relação ao que o grego mostrou ano passado?
Acho que ele está bem atrás, mas já arremessa de um modo que o Giannis realmente não conseguia. Em todos os demais aspectos, acho que o Giannis estava muito mais desenvolvido quando entrou na NBA. Mas eu também achava que o Giannis estava a dois anos de contribuir, e estava errado (risos). Eles têm a mesma “história”. Então existe essa chance de que possa ter alguma produtividade, mas isso depende de muitas coisas. Uma das melhores coisas que aconteceu para o Giannis foi o fato de ele ter sido draftado por aquele que foi o pior time da NBA e que não tinha quase nada em sua posição. Então não havia pressão alguma. Havia tempo de quadra disponível, e ele teve o melhor cenário para se desenvolver. O Bruno não vai ter esse luxo. O Raptors teve a melhor campanha da franquia em muito tempo, tendo inclusive vantagem de mando de quadra nos playoffs. Eles renovaram o contrato de todos os seus caras. O Jonas está um ano mais velho. A expectativa deles é de seguir vencendo, e, como disse, as alas estão carregadas. Não sei ao certo aonde o Bruno se encaixa.

E quanto ao Lucas Bebê, o que pode dizer do que viu?
O Bebê teve uma temporada bem difícil por causa dos problemas físicos. Ele não pareceu pronto durante a Liga de Verão, mas… Quem sabe? Ele precisa sair do Estudiantes, isso é certo. Se é para outra equipe na Espanha ou na Europa, ou para o Raptors, essa é uma boa pergunta. (*)

(*Nota: o site Encestando, da Espanha, já noticia neste sábado que o Toronto Raptors acertou com o Estudiantes a rescisão contratual do pivô brasileiro, que vai se juntar a Caboclo na temporada 2014-15 da NBA. São seis jogadores do país por lá agora, com o retorno de Leandrinho também sendo bem provável. Para Scott Machado e Fabrício Melo, as coisas estão mais difíceis.)

* * *

O blog está de volta à ativa com essa entrevista, então, depois de um longo recesso por motivos de Copa do Mundo – de futebol, no caso. Vocês se lembram dela, né? Temos uma seleção brasileira reunida em São Paulo, outra jogando na Venezuela. Desafio também será recuperar o que se passou com aqueles velhinhos teimosos do Spurs e a volta de LeBron James para Cleveland. O que dizer a respeito, depois de mais de 76 bíblias já publicadas e revisadas a respeito? Vamos tentar, uma hora dessas. Abraço, e até mais.


Toronto, capital norte-americana do basquete brasileiro?
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Giancarlo Giampietro

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Primeiro foi Bruno Caboclo, como já haviam lhe prometido no Draft. Agora, chamam Lucas Bebê para a festa. Em quatro dias, Toronto se tornou a capital norte-americana do basquete brasileiro. Neste domingo de noite, também de modo sorrateiro, a franquia canadense acertou uma troca para despachar John Salmons e seu salário para o Atlanta Hawks, recebendo o armador Lou Williams e os direitos sobre o pivô brasileiro, que jogou a temporada espanhola pelo Estudiantes.

Masai, Bruno e o Brasil

Masai, Bruno e o Brasil

Mais uma cartada surpreendente do gerente geral Masai Ujiri, que vai se revelando um profundo admirador dos garotos brasileiros. Não se esqueçam, como eu já estava deixando passar até ser lembrado pelo Romengão abaixo, que Scott Machado também tem convite para defender o time na liga de verão de Las Vegas, a partir do dia 11 de juho. Vai e os caras do Norte vão se tornar populares por aqui.

O negócio por Bebê ainda não havia sido oficializado até essa postagem, dependendo da aprovação da NBA. Mas parece não haver impedimento legal nenhum, e o Hawks tem pressa: só aceitaram Salmons para dispensá-lo nesta segunda-feira e economizar (só terão de pagar US$ 1 milhão de um salário de US$ 7 milhões), limpando espaço na folha salarial para atrair algum agente livre sexy.

Ainda não temos a palavra do nigeriano Ujiri a respeito da transação, então. Não sabemos ainda se é de seu interesse aproveitar Bebê na próxima temporada. O pivô ainda tem mais um ano de contrato com o Estudiantes, mas, segundo o site Encestando, estaria interessado em procurar novos rumos, seja na NBA ou em um clube de Euroliga. Sua multa rescisória é baixa, de US$ 600 mil e, caso o Raptors tenha interesse, poderá pagá-la na íntegra. A graninha também seria bem-vinda aos espanhóis, que estão com atrasos em sua folha de pagamento.

De qualquer forma, essa troca serve para vermos mais uma vez como são fluidas as coisas na NBA. Um ano atrás, o Hawks estava encantado com o carisma e os talentos de Bebê. Hoje, simplesmente o usaram numa troca para se livrar de salário em busca de nomes mais grandiosos e badalados no mercado – sem a garantia de que vá se dar bem nessa. Isso não quer dizer que o pivô brasileiro tenha perdido valor, que seja menos intrigante do que em 2013.

O que mudou, de certo, foi o contexto do Hawks, time que acabou de selecionar no Draft outro gigante ainda cru e promissor em atividade na Espanha – o cabo-verdiano Walter Tavares, na segunda rodada, um atleta de características muito semelhantes em termos de impacto em quadra, com sua capacidade para proteger e atacar o aro. Tavares, no entanto, vai ficar na Espanha pelo menos por mais um ano. Não há pressa em aproveitá-lo, assim como não havia com Lucas. Vale o registro: pouco depois de terem sido eliminados pelo Indiana Pacers num confronto muito mais dramático que o esperado nos playoffs, o gerente geral Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiveram em Madri para acompanhar o carioca de perto. Não sabemos o que conversaram. Só sabemos agora que o Hawks optou por seguir em outra direção.

E como foi a temporada do pivô pelo Estudiantes? Um pouco acidentada, infelizmente, por conta de problemas físicos. Ele pôde disputar apenas 18 partidas, lidando com dores crônicas no joelho devido a uma tendinite. Dores que, em determinado momento, o forçaram a se afastar da equipe por meses. Depois de anotar 7 pontos e pegar três rebotes contra o Bilbao pela nona rodada em dezembro, numa derrota por 72 a 55, Bebê ficou fora de ação por 12 jornadas, de dezembro até a março. Regressou, ironicamente, contra o mesmo Bilbao. Neste vai e vém, o pivô foi aproveitado de modo irregular, óbvio. Só ficou em quadra por mais de 20 minutos em três ocasiões.

O técnico Txus Vidorreta acusou sua passagem pelos Estados Unidos como um fator agravante – lembrando que Bebê passou diversas semanas sob a custódia do Hawks, jogando a liga de verão de Las Vegas e treinando em Atlanta. “Depois de três meses nos Estados Unidos, não está em boas condições. Ele não teve um período de descanso, algo que é necessário antes de enfrentar a pré-temporada. Além disso, chegou com excesso de peso. As equipes da NBA têm o interesse que jogadores como Nogueira ganhem muito peso, quando não deveria ser assim. Querem isso para quando vá para a NBA, se é que vai. No momento, tem contrato com o Estudiantes, e isso está complicando sua preparação”, disse.

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

As boas notícias, porém, existem: com Lucas em quadra, o Estudiantes foi um time bem mais competente, com nove vitórias e nove derrotas (50%, dãr). No geral, a equipe teve campanha de 12 vitórias e 22 derrotas (35,2%), terminando em uma frustrante antepenúltima posição. Sem o brasileiro, o rendimento foi sofrível: 3 vitórias e 13 derrotas (18,5%).

Pois, no pouco que jogou, Bebê foi muito bem. Em termos de eficiência,  deu saltos consideráveis, posicionando-se na elite da fortíssima Liga ACB. Considerando jogadores que tenham ficado em quadra por um mínimo de 250 minutos, o brasileiro foi o quarto atleta mais produtivo do campeonato, atrás apenas de Tibor Pleiss, alemão do Caja Laboral/Baskonia, Blagota Sekulic, montenegrino que estava barbarizando pelo CB Canarias até ser contratado pelo Fenerbahçe, e do sensacional croata Ante Tomic, do Barça.  Como chegou a essa condição? Mantendo alto nível nas finalizações próximas ao aro (bandejas e enterradas, enterradas e bandejas) e sendo um dos principais bloqueadores do campeonato em projeções por minuto (3,38 tocos por 36 minutos, contra 2,64 de Tavares, por exemplo). O único desconto obrigatório aqui: estamos falando de projeções, uma vez que, na temporada real, Bebê foi aproveitado por apenas 16,6 minutos por rodada.

O pivô cobre espaços na defesa, intimida os adversários que queiram infiltrar. Também passa a bola surpreendentemente bem de frente para a cesta, algo que nem sempre é explorado.

Avaliando esses altos e baixos, é complicado de imaginar qual será o próximo passo para Bebê – e qual seria o mais indicado, aliás. A tendinite foi aplacada? Há boas propostas/vagas de clubes da Euroliga (e aqui seria muito melhor em pensar em times um pouco mais fracos, em que o brasileiro fosse parte integral dos planos, em vez de reserva de luxo)? Mais vale buscar a segurança de um contrato na liga norte-americana desde já? O quanto o Raptors o admira?

Lucas Bebê e sua ótima habilidade como finalizador. De Madri para Toronto?

Segundo o jornalista Ryan Wolstat, do Toronto Sun, Masai Ujiri tinha o brasileiro como um dos seus alvos no Draft do ano passado, ao lado de Giannis Antetokounmpo. Não conseguiu fechar nenhuma troca – uma vez que sua escolha estava entregue ao Oklahoma City Thunder, resultando no intrépido Steven Adams –, e teve de fechar os olhos todas as vezes que o Raptors se deparava com o Bucks de Giannis pela frente. Agora, porém, tem a chance de contratar Bebê, num setor com carências.

O lituano Joanas Valanciunas terminou a temporada em alta, mas, em geral, não deu o salto que o clube esperava. É jovem – um mês e meio mais velho que o brasileiro apenas e já com duas campanhas de NBA na bagagem – e o titular indiscutível da posição, todavia. Amir Johnson é pau-pra-toda-obra e alguém que parece ainda nem ter alcançado seu potencial pleno ainda. Tyler Hansbrough poderia ter sido dispensado hoje – mas teve seu contrato confirmado. Patrick Patterson, que jogou tão bem desde que chegou na troca por Rudy Gay, pode ser um agente livre restrito cobiçado, devido ao seu arremesso de três pontos. Chuck Hayes joga muito – para alguém de seu tamanho. E só. Pode ter espaço aí, ou não.

Além do mais, é de se imaginar que a presença do cabeleira no elenco do Raptors ajudaria na transição de Caboclo ao dia a dia na metrópole canadense, como um companheiro para trocar ideias e dividir experiências, ainda que também não fale inglês fluente. Mas isso vai depender dos próprios planos do clube em relação aos seus agentes livres, como o armador Kyle Lowry. A intenção é mantê-lo mas seu preço pode ser inflacionado, especialmente o de Lowry, que foi um dos melhores em sua posição no último campeonato e desperta o interesse de LeBron James do Miami Heat e, dizem, do Los Angeles Lakers. Com cerca de US$ 40 a 41 milhões comprometidos em holerites, já contando o vínculo futuro de Bruno, eles têm muito provavelmente a flexibilidade para assinar com quem queiram e ainda contratar Bebê para já. Vamos aguardar.

Até porque não haveria necessariamente uma urgência para que Lucas produzisse logo de cara. Seria uma peça complementar em um elenco que evoluiu muito sob o comando de Dwane Casey durante o campeonato, especialmente após a saída de Gay. Essa melhora, inclusive, forçou que Ujiri mudasse sua direção. Inicialmente, quando o nigeriano acertou seu retorno ao clube por uma bolada, esperava-se que fosse implodir o elenco. Algo que começou fazendo ao despachar Andrea Bargnani para Nova York. Acontece que o Raptors, em vez de perder, começou a vencer, a ponto de chegar aos playoffs pela primeira vez desde 2008. Daí que agora o cartola pensa em manter essa base competitiva e se virar para desenvolver jovens atletas fora da rotação. É nessa estratégia que entra a surpreendente escolha de Bruno Caboclo. Pode ser aí que se encaixe Lucas Bebê.

*  *  *

Sobre a seleção de Bruno, em tempo: sim, há mais de um mês sabia do forte interesse do Toronto Raptors pelo seu talento. Indiana Pacers, Utah Jazz (seu diretor internacional de scouting, que acabou de se desligar do clube, é um dos responsáveis pela montagem do elenco do Nike Hoop Summitt…) e o Phoenix Suns (Leandrinho?) também estavam na trilha.

Quando o ala declarou seu nome, muitos clubes saíram a sua procura, como relatei aqui. Nesses contatos, chegou a informação, de três fontes diferentes da liga, de que ele teria a promessa que seria escolhido, e que ttudo apontava que fosse realmente o Toronto. Mas ninguém esperava que ele saísse com a 20ª escolha! Isso é fato. Acho que nem mesmo Masai Ujiri acreditava nisso (risos). Minhas fontes, na verdade, acreditavam que ele sairia apenas na 59ª escolha – visto que se tratava de um nome pouco discutido. Em público, no caso.

O venerável Marc Stein, do ESPN.com, contudo, reportou que a promessa do Raptors estava endereçada para o pick 37. Então foi um meio acerto aqui no blog. Que o Toronto tenha conseguido manter isso em segredo diante da mídia norte-americana, é notório, aliás. Nenhum dos sites especializados cogitava a escolha de Caboclo. Nem mesmo na segunda rodada.

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Com a proximidade do Draft, porém, os nervos ficam mais tensos. A primeira opção da franquia, o armador local Tyler Ennis, foi escolhida pelo Suns. Na dúvida, Ujiri foi de Bruno logo em 20º, mesmo, relatando depois que o tinha como o segundo calouro em sua lista (claro, daqueles que julgava possível obter) e que temia que ele não estivesse disponível mais de uma hora depois. Vai saber. Ele não quis arriscar.

O agente responsável pelo ala – que era o mais jovem do Draft – ajudou a segurar as pontas para a franquia canadense também. Foi bastante seco em seus contatos com as franquias que o procuravam. Nos últimos dias antes do processo de seleção, havia um companheiro, envolvido na cobertura, que até mesmo especulava se a estratégia realmente não era de que Bruno passasse batido pelo Draft para ter plena possibilidade de escolha no futuro, sem ficar preso a um só clube. O agente brasileiro, agora escoltando o garoto nos Estados Unidos, ajudando-o também como intérprete, havia me dito que não tinha nada de promessa. Como postei na noite: compreensível, havia um plano em curso, e, na guerra fira que é a preparação para o Draft, cada um defende os seus interesses. A lição que fica aqui é a de sempre: declaração oficial nem sempre – ou quase nunca – não é o suficiente.

Minutos depois da escolha de Caboclo, também ouvi de uma fonte de que Caboclo já tinha a garantia de que seria aproveitado de imediato pelo Raptors. Calhou que não era achismo. Durante a apresentação do menino, Ujiri confirmou – depois, inclusive, de admitir que tenha visto o ala, ao vivo, em três ocasiões. O garoto vai trabalhar bastante com a comissão técnica de Casey e deve, aqui e ali, ser aproveitado na D-League. Mas esperem que ele fique muito mais tempo em Toronto, mesmo, já que o time não possui um afiliado particular na liga de desenvolvimento. Hoje, eles dividem esse vínculo com o Fort Wayne Mad Ants com outros 12 clubes (!!!) – uma situação agora bizarra, uma vez que todas as outras equipes  têm parcerias individuais.

*  *  *

O que penso a respeito?

Em primeiro lugar, nunca se pode ignorar o que representa financeiramente a transição para a NBA. É hipocrisia ignorar esse aspecto, ainda que, se tudo ocorresse conforme o esperado (pelo basquete brasileiro), Bruno não teria problemas em tocar uma vida confortável. Mas agora estamos falando de milhões de dólares, e para já.

Tirando isso, que importa, tem o jogo. Sem ele, não há a bufunfa, claro.

Faz mais de meses, especialmente depois da fase final da última LDB, que o burburinho nacional em torno de Bruno estava demais. E com razão. Não é todo dia que se vê um garoto com seus atributos físicos entrar em cena. Agora não é só de envergadura, agilidade e talentos naturais que tais que vive um prospecto. Precisa de tino, força de vontade e um trabalho por trás. E aí ficam os méritos para o Barueri, clube que o teve até 2013, e o Pinheiros, que o contratou no ano passado para acelerar seu desenvolvimento, por meio de trabalhos específicos diários e o simples convívio com o time adulto, que já faz uma baita diferença.

Talvez o ideal fosse seguir nesse ritmo por ora? Era o que o agente Eduardo Resende dizia, há coisa de duas ou três semanas. Que ele ficaria pelo menos mais um ano nessa rotina, antes de pensar em dar algum salto. Jogaria mais com a equipe principal e tal. Acontece que o interesse do Raptors não queria esperar. A franquia canadense confia que possa fazer o jogo do garoto crescer, mesmo que ele não jogue muito em seus primeiros meses – ou até mesmo durante o campeonato inteiro.

Há quem duvide. Um scout da liga disse ao New York Daily News que Bruno não valia nem mesmo uma escolha de segunda rodada. Segundo o que viu do atleta. Pensem que esse tipo de comentário pode sair da boca de alguém que neste exato momento é pressionado por seus superiores sobre um eventual desconhecimento do atleta.

Dos olheiros que ouvi, a frase de consenso foi a seguinte: “Potencial absurdo, mas ainda não sabe muito bem o que está fazendo em quadra. Vai precisar de tempo, mas vale a aposta. Por que não? Muitos calouros americanos mais americanos não dão em nada. E no caso de Caboclo há evidentes qualidades a serem exploradas”. Realmente só não esperavam que fosse sair tão cedo no Draft. As coisas mudam pouco de figura, até mesmo quanto a cobranças de torcedores e mídia, além de adversários mais antenados. Cada ala que tenha saído depois do brasileiro vai tê-lo como alvo.

No ano passado, Giannis Antetokounmpo foi contratado pelo Milwaukee Bucks com planos semelhantes. Acabou que entrou na rotação da equipe rapidamente e terminou a temporada como o novato talvez mais promissor de sua geração. Bruno pode seguir a mesma linha, quiçá, ao menos em termos de ganhar tempo de quadra inesperado? Perguntei aos scouts, e eles só concordavam em uma coisa: que ambos só eram similares em termos de narrativa, história. “Garoto que é uma aberração física e que veio do nada para a NBA”. Mas que o grego já estaria muito mais desenvolvido em alguns aspectos como “feeling” de jogo e sua habilidade com a bola quando foi draftado. São olheiros em que confio, que trabalham para equipes com bom faro para e aproveitamento de jogadores estrangeiros, isso posso garantir.

Aguardemos os relatos de seus treinos e rachas com DeMar DeRozan e Terrence Ross agora mesmo em Los Angeles para ver quais serão as primeiras impressões. Em julho, tem liga de verão. Outra atividade programada será a participação no camp de Tim Grgurich, renomado  treinador que investe muito no aprimoramento de fundamentos e já trabalhou por muito tempo com George Karl, inclusive com Nenê em Denver. Resta confiar agora que os técnicos de Toronto ajudem no progresso do ala para encarar essas diferentes e maiores expectativas. De tudo o que ouço sobre Bruno, da sua parte não vai faltar empenho.

PS: Durante esta Copa, como havia avisado, a atualização do blog fica atrapalhada. Ainda falta escrever sobre Splitter, Spurs, LeBron (de novo!?!) e tal. Ah, seleção também, claro. Está acabando, e logo acessaremos isso. 


Bruno Caboclo mantém nome no Draft da NBA. Com promessa de clube?
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Giancarlo Giampietro

Bruno Caboclo ficou no Draft, com fortes indícios de promessa

Bruno Caboclo ficou no Draft, com fortes indícios de promessa

Vamos com a notícia direta e reta: o jovem Bruno Caboclo, ala do Pinheiros que nem 19 aos completou ainda, manteve seu nome na lista de jogadores inscritos no Draft da NBA, assim como o pivô Lucas Mariano, do Franca e 21 anos. Os atletas estrangeiros tinham até esta segunda-feira para decidir se permaneciam no processo de recrutamento de novatos da liga norte-americana. Discretamente, os promissores atletas, por enquanto pouco mencionados pelos jornalistas especializados na cobertura do evento, seguiram essa linha.

Poderíamos escrever aqui que é uma surpresa. Quer dizer, não deixa de ser uma surpresa, especialmente no caso de Caboclo – poucos olheiros e dirigentes da NBA tinham contato com o rapaz. Se Mariano se apresentou em Treviso por dois anos seguidos, Caboclo não deu as caras, e nem Mundiais de base disputou. A familiaridade que têm com seu jogo é, em geral, mínima. A despeito disso, a decisão de manter o nome na lista de candidatos vai de encontro rumor que o blog ouviu há mais de um mês. O de que ele já teria a promessa de uma franquia de que seria draftado. De um time que disputou os playoffs da Conferência Leste. Fiquem de olho especificamente em Indiana Pacers (#57) e Toronto Raptors (#59).

Veja bem: não li nenhum documento que comprove isso. Na verdade, as coisas nem funcionam assim. Mas ouvi de fontes diferentes da liga, no início de maio, a suspeita de que o o ala do Pinheiros já havia recebido a garantia de que seria escolhido na segunda rodada – sobre Mariano, não tenho informações a respeito. Na época, entrei em contato com o agente brasileiro de Bruno, Eduardo Resende, da EW Sports, que trabalha em parceria com a Octagon, gigante do marketing esportivo dos Estados Unidos. Resende me disse que o ala havia sido inscrito apenas para chamar a atenção dos  clubes de lá. Ganhar exposição. De que não havia a menor intenção de mandar o atleta para os Estados Unidos para já. Que ele ficaria no mínimo mais um ano no Pinheiros, para ganhar cancha, rodagem e trabalhar fundamentos. Que seria bobagem pensar nisso.

Acontece que, no caso de um jogador ser draftado, não há obrigação nenhuma que ele se apresente de imediato ao time que o escolher. Tiago Splitter e Serge Ibaka estão aí para comprovar isso, mesmo tendo sido selecionados na primeira rodada, com maiores expectativas. Na segunda ronda, então, os times tendem a agir com ainda mais liberdade – ou flexibilidade, o termo que preferem. Podem apostar num menino ultratalentoso, pouco burilado, de olho no futuro. Em dois ou três anos, pode não dar em nada. Ou, quiçá, pode vir por aí um novo Manu Ginóbili ou Luis Scola, dois craques que não saíram nem mesmo entre os 50 primeiros de seus respectivos Drafts, e hoje são o que são. Nunca se sabe exatamente, mas pode-se projetar e apostar.

Então temos a seguinte questão: se, desde que o companheiro aqui de UOL Esporte, Fabio Balassiano, deu o furo sobre sua inscrição, havia chances reduzidíssimas – “quase 0%” era a impressão passada – de que  ele continuaria no Draft, o que mudou desde então para que pudesse permanecer ? Ou: será, mesmo, que mudou alguma coisa?

Uma coisa é certa: a partir do momento que o nome de “Bruno Correa Fernandes” apareceu entre os inscritos no recrutamento, a NBA ficou ouriçada. Os profissionais de lá não gostam de se deparar com o desconhecido. Não por medo, mas simplesmente porque, num ambiente extremamente competitivo, com 30 clubes procurando qualquer trunfo possível sobre os concorrentes, a busca por informação é grande. Não saber = fraqueza, posição de desvantagem. Então quem diabos seria esse menino Bruno Caboclo?

Pode parecer estranho, não? Afinal, no ano passado mesmo o ala do Pinheiros foi eleito o melhor jogador do “Baketball without Borders”, camp oficial da liga realizado na Argentina. Foi um sinal de fumaça, e a partir daí alguns clubes começaram a sondar o Pinheiros e jogador – pelo menos cinco franquias o fizeram por meio dos canais oficiais durante a temporada. Mas não foi o suficiente para colocá-lo oficialmente no radar de dirigentes. Daí que os clubes inicialmente fora da alçada tiveram de sair em busca de qualquer informação, qualquer novidadena respeito do jogador. Queriam vídeos, queriam saber sobre o comportamento do jogador e tudo o mais. No caso de um adolescente brasileiro, que nem bem jogou no campeonato principal de seu país? Estamos falando de termos como “obscuro” e, ao mesmo tempo, “intrigante”.

O que os clubes estão vendo nas gravações de jogos a que têm acesso é um garoto ainda muito cru tecnicamente, mas com potencial absurdo. Destacam sua envergadura, altura e atributos físicos incomuns. “A história mostra que prospectos da segunda rodada não vingam. Então por que não apostar em um garoto  assustadoramente atlético?”, pergunta retoricamente um scout, que pede para não ser identificado, em contato com o blog.

Nesse processo, descobre-se que o agente responsável pelas negociações de Bruno em solo norte-americano é Alex Saratsis, o mesmo que representou o grego Giannis Antetkounmpo no Draft do ano passado e que já trabalhou com Jonathan Tavernari, do Pinheiros. Ao entrarem em contato com Saratsis, porém, os clubes tiveram uma ingrata surpresa. O agente não cooperou muito em termos de divulgação de informações de seu cliente. Só souberam que Bruno não faria treinos privados com os clubes no Estados Unidos. Bruno também não participaria do Nike Hoop Summit, em Portland (na época estava contundido), nem do adidas Euro Camp, no qual competiram Cristiano Felício, Lucas Mariano e Rafael Luz. (E aqui cabe um esclarecimento: por terem nascido em 1992, Felício e Luz participam do Draft automaticamente. Eles não entram, nem saem do Draft. Os times podem escolhê-los se bem entenderem. O caso de Mariano é diferente: nascido em 1993, ele teria a opção de retirar o nome nesta segunda, sendo que 2015 seria o limite para ser recrutado.)

A pergunta que muitos clubes fizeram: se Bruno quer ganhar exposição, por que sumiria do mapa desta forma? Por que seguir treinando em dois períodos no Pinheiros, com os meninos de sua idade, mantendo a rotina, em vez de ao menos exibir seus talentos mais perto dos olheiros e aguçar de vez o interesse deles? Sniff, sniff, alguma coisa não batia nessa.

Ainda mais porque Saratsis havia apresentado uma conduta completamente diferente no ano passado, na condução da candidatura de Antetokounmpo – hoje uma sensação do Milwaukee Bucks. “Giannis pelo menos convidou todos os times para irem vê-lo na Grécia e inclusive fez treinos para eles. Agora eles simplesmente evitam? Não falam nada nem sobre contrato etc.”, afirmou um scout. É nesse contexto que as suspeitas sobre uma eventual promessa a Bruno ganham força.

O outro cenário possível na estratégia da Octagon seria o seguinte: a recusa em passar informações sobre Bruno teria simplesmente o intuito de realmente criar o burburinho em torno de seu nome e aí, sim, colocá-lo na lista de alvos para o Draft de 2015, de modo a forçar que todo santo time da liga a viajasse ao Brasil para assisti-lo. Inclusive, a expectativa interna no Pinheiros, aliás, é (era?) a de dar não só a ele, mas também ao ala Lucas Dias e ao armador Humberto mais tempo de quadra, inseri-los para valer na rotação.

Seria um caminha realmente plausível. Os mesmos times da NBA que passariam a acompanhar Bruno com atenção, na verdade, já buscaram informações de imediato sobre ligas para jovens aqui no Brasil. Calendário, o nível de competição. E se até mesmo haveria a chance de assisti-lo in loco ainda neste mês de maio que passou. Com o Pinheiros eliminado do NBB e alguns jogos do Paulista sub-19 largados, ficava mais difícil. Ainda existe a especulação de que alguns clubes tenham vindo para São Paulo para vê-lo de perto mesmo assim, em treinos. Algo que não consegui confirmar.

São conjecturas, temos de admitir. Mas o simples fato de Bruno seguir inscrito dá outra cara para esse relato. Das duas, uma: ou os agentes do garoto se sentem realmente confortáveis de que ele será escolhido por um time, ou estão fazendo uma aposta imensa. Até porque este Draft promete ter uma presença maciça de estrangeiros. Uma breve consulta ao DraftExpress mostra isso: em sua confiável projeção, constam nesta segunda 13 atletas de fora dos Estados Unidos (sem contar canadenses e outros que venham da NCAA ou NBDL). Desses 13, nove sairiam na segunda rodada, justamente a área que imaginamos para Caboclo. A expectativa entre as franquias é de que Bruno seja escolhido realmente entre as posições 50 e 60. Qual poderia ser o time interessado no ala do Pinheiros? Podem anotar: Indiana Pacers e Toronto Raptors são candidatos seríssimos.

Outra opção natural seria o Philadelphia 76ers – mas não por qualquer informação que eu tenha recebido, neste caso, e, sim, por uma questão de lógica. O clube simplesmente tem CINCO escolhas de segunda rodada no recrutamento deste ano – sem contar mais duas no top 10 –, depois de tantas trocas que fez nos últimos anos. Em processo de renovação, a equipe pode juntar todos esses picks e fechar mais transações. Ou simplesmente poderia sair colhendo a torto e a direito jogadores internacionais, sem compromisso ou necessidade de aproveitá-los a curto prazo.  Mais: o San Antonio Spurs, bastante famoso por seus projetos no exterior, também tem duas escolhas no final da segunda rodada. Com um elenco formado e pouco espaço para apostar em calouros para já, poderiam muito bem investir em um adolescente como Bruno, tal como aconteceu como já fizeram com o ala-armador francês Nando de Colo, o ala letão Davis Bertans, entre outros.

E outra: os picks hoje têm dono, mas durante uma noite de NBA, o que não faltam são negociações. Lucas Bebê e Raulzinho, por exemplo, foram draftados no ano passado, usaram o boné de Boston Celtics e Atlanta Hawks e foram dormir como apostas de Hawks e Utah Jazz, respectivamente. É uma área movediça pacas – “como se fosse uma nova loteria”, nas palavras de outro scout.

Resta saber apenas se Caboclo estará disponível para eles ali no final da segunda rodada.

E, de novo: se (quando?) o ala for draftado, isso não quer dizer que vá ser aproveitado de imediato. Ele pode muito bem seguir carreira no Pinheiros. Pode ir para a Europa. Tudo depende da contingência da franquia: espaço no plantel, negociações com agentes livres e, tão ou mais importante, perfil da comissão técnica. Além, claro, do seu progresso.