O malucão Nick Nolte de volta a um ginásio de basquete
Giancarlo Giampietro
A D-League da NBA reúne seus melhores talentos neste fim de semana em Santa Cruz, na Califórnia, para o seu chamado “showcase “. Os times se enfrentam em formato de copa, mata-mata mesmo, no ginásio da filial do Golden State.
Fora uma dúzia de gerentes gerais da grande liga e de uma banca de scouts de times do mundo todo, sabe quem deu as caras por lá?
O ator Nick Nolte, um verdadeiro maluco e que anda sumido, provavelmente de saco cheio de Hollywood (na verdade, tem filmado regularmente, mas nenhum papel que lhe renda muito destaque) e da sociedade contemporânea ocidental como um todo. Reparem bem no visual do cara na em foto do jornalista Ken Berger, do site da CBS: está pronto para se tornar um quarto integrante do ZZ Top. Obviamente ele está se lixando para o que um blogueiro brasileiro ou qualquer chupim americano pense.
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São várias as histórias hilárias, as lendas em torno da jornada de Nolte, hoje com 73 anos. Tem aquela sobre cachorros, que Barcinski já lembrou em seu blog no R7, segundo palavras do grande escritor (não só de literatura policial) James Ellroy. O ator vivia em mansão daquelas na capital do cinema e adotou um vira-lata. Gostou tanto da experiência que saiu recolhendo qualquer cãozinho que visse pelo caminho. Agora, perguntem se ele tinha alguma paciência para dar um belo jeito nos animais? Claro que não. Mas não que maltratasse também. Servia comida da boa e da melhor. Só não ia pegar pra dar banho, nem limpar o que aparecesse de m. pela frente. Mais fácil, então, era instalar uma barraca no quintal e deixar a casa para cachorrada.
O cara obviamente bate em outra rotação. Natural que sua estelar carreira estelar também seja irregular. Já foi indicado três vezes ao Oscar, mas provavelmente seu trabalho mais popular tenha sido “48 Horas“, de 1982, ao lado de Eddie Murphy. Já viram, né? Um clássico. Para o basquteiro, porém, o vínculo com Nolte se direciona para a década de 90, com “Blue Chips“, um dos filmes estrelados por Shaquille O’Neal, então com 22 anos, completando sua segunda temporada pelo Orlando Magic, pronto para dominar o marketing da NBA.
Em vez de um gênio da lâmpada ou de um super-herói de aço, nessa (ainda) película o pivô faz um papel de… Jogador de basquete. Bem, dãr, vocês sabem. Não sou que vou ficar falando aqui sobre o enredo de uma peça obrigatória em sua coleção, discutindo os percalços éticos da vida de um treinador de basquete universitário, na caça por talentos mundo afora, tentando seduzi-los, mas sem deixar que alguém saiba que passou dos passar dos limites. Nolte faz o treinador Pete Bell, fictício, que recruta o gigante imperdível que atende simplesmente pelo nome de Neon. Ô, loco. Duas décadas depois, a “denúncia” de Blue Chips continua válida. As regras da NCAA só são duras, mesmo, com os jogadores… Enquanto os programas seguem lucrando sem parar.
Confesso que realmente não me recordava de o filme ter sido dirigido por um figurão como William Friedkin (“Operação França”, “O Exorcista” e, mais recentemente, “Killer Joe”, um filme completamente demente com uma performance estarrecedora do bola-da-vez Matthew McConaughey, rodado em 2011). O que só deixa um basqueteiro cinéfilo mais contente e orgulhoso. Já o roteiro tem a assinatura de Ron Shelton, o que faz tudo ganhar mais sentido, já que ele é o cara por trás da história de “Homens Brancos Não Sabem Enterrar”. Curiosamente, Shelton chegou a jogar beisebol profissionalmente, em times filiados ao Baltimore Orioles.
Em Blue Chips – o termo vem do mercado de ações, do tipo em que você pode investir sua grana sem estressar, traduzido para o mundo do esporte como os prospectos mais badalados com Wiggins, Shaq, LeBron etc. –, temos também a participação de outros atletas como Penny Hardaway (“Butch McRae”, antes da briga em Orlando), Calbert Cheaney (formado em Indiana, jogando por Indiana), Bobby Hurley (o armador de Duke que sofreu um acidente que acabou com sua carreira), Geert Hammink (um holandês cult), Rodney Rogers (eleito melhor sexto homem da liga pelo Suns) e muitos, muuuuitos outros jogadores que estavam entrando na NBA naqueles tempos. Há também papel para Bob Cousy (interpretando!) e outras lendas como Larry Bird, Bobby Knight e Rick Pitino, como eles mesmo.
Fiz uma pesquisa aqui para saber de algum interesse especial de Nick Nolte pelo basquete. Não achei. Então a gente pode fingir que essa foi a primeira vez que ele voltou a um ginásio de basquete desde que gravou o filme com Shaq, 21 anos depois, né?
Foi para ver estes jogos aqui.
Aê.
Valeu, pelo menos, para relembrar o filme e este post aqui: Abdul-Jabbar e Wilt Chamberlain curtindo horrores em Hollywood.