Proximidade do Draft e 2 trocas num dia! A NBA está uma loucura
Giancarlo Giampietro
(Post atualizado nesta quinta-feira, 11h20)
Bem, amigos, é hora de evocar o galvão-buenismo mais uma vez. Haaaaaaja… vocês sabem. Mal o Golden State Warriors comemorou seu grande título, e a liga já está de pernas para o ar. Pois a noite de recrutamento de calouros da NBA promete ser um estrondo, mesmo. Não só a classe de candidatos tem diversos talentos intrigantes, como boa parte das franquias parece empenhada em fazer negócios. Trocas atrás de trocas, imaginem.
''Está tendo muita conversa. Muito mais que o normal. Acreditamos que vai haver muita atividade na noite do Draft. Vai ser divertido. Então fiquem ligados'', afirmou Danny Ainge, o gerente geral do Boston Celtics que adora um fuzuê. Foi o cara que fechou algo em torno de 39 transações durante a temporada e, agora, está, presumidamente, animadíssimo ao ver o telefone tocar sem parar. Ele só espera que a fumaça toda seja justificada por um tremendo fogaréu. ''Acho que talvez eu esteja esperançoso que haja alguma movimentação. Temos diversas coisas caminhando separadamente, um monte de possibilidades. Geralmente nada acontece. Mas estou esperançoso.''
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Estamos todos, Danny. Estamos todos. E, a julgar pelo que testemunhamos nesta quarta-feira, vai ser uma loucura, mesmo. A pouco mais de 24 horas para o Draft, três duas negociações foram fechadas, duas delas envolvendo o Charlotte Hornets. A transação mais bombástica foi com o Portland Trail Blazers, que abriu mão dos serviços de Nicolas Batum. Em troca, cederam o ala Gerald Henderson e o jovem ala-pivô Noah Vonleh. Ainda um adolescente aos 19 anos, Vonleh é visto por muitos como um jogador de muito futuro, embora tenha tido dificuldade para assimilar os sistemas de Steve Clifford em sua primeira campanha. Estaria o Blazers já conformado com uma eventual saída de LaMarcus Aldridge e já se preparando para uma reconstrução? Segundo Adrian Wojnarowski, não. Difícil de acreditar nessa, mas vale lembrar que o ala foi uma grande decepção para o Blazers neste campeonato, com problemas fora de quadra (e o desgaste devido a sua participação na Copa do Mundo). Mas a frustração foi tamanha assim? Depois do All-Star Game, o francês já havia elevado sua produção.
Dorell Wright ficou chocado e Damian Lillard, triste, a julgar pela reação em tempo real no Twitter:
— Dorell Wright (@DWRIGHTWAY1) June 24, 2015
Toughest part of the business… — Damian Lillard (@Dame_Lillard) June 24, 2015
Ao mesmo tempo em que fechava com o Portland, os dirigentes de Charlotte acertavam a contratação do ala Jeremy Lamb, do Oklahoma City Thunder, que poderia se reunir com Kemba Walker, com quem foi campeão universitário por Connecticut. Acontece que o blogueiro aqui se precipitou e não esperou a oficialização do negócio por Matt Barnes. Resultado: no fim, as coisas evoluíram e se tornaram mais complexas, com o Memphis Grizzlies entrando na parada. Para adicionar Barnes, seu velho rival de conferência, o Grizzlies cedeu o armador Luke Ridnour.
Mas… Como assim? O Ridnour não era do Orlando Magic? Pois então. A primeira negociação do dia havia envolvido o veterano, sem chegar a comover. O Orlando mandou o jogador para o Memphis e ganhou os direitos sobre o ala letão Janis Timma, de 22 anos, que está jogando pelo VEF Riga. Um jogador que foi a última escolha do Draft de 2013, mas que pode ter um futuro na liga americana. Com Mike Conley Jr. e Beno Udrih sob contrato, era de se imaginar que o Grizzlies não tinha interesse em Ridnour. Aos 34, o andarilho já andou dizendo que pode se aposentar. Seu vínculo, inclusive, não é garantido. Então, em tese, a franquia poderia estar se preparando para mais uma transação. Ficamos no aguardo, e a troca por Barnes foi fechada. Se o Grizzlies já tinha a pele grossa de urso pardo, agora ainda vai ter o desbocado ala ex-Clippers ao lado de Tony Allen e Zach Randolph. Melhor não mexer com esses caras.
De qualquer forma, imagino que o enigmático Jeremy Lamb, com todo o seu talento e uma cara de soneca daquelas, ainda interesse ao Charlotte. E o OKC precisa se desafazer de seu salário para abrir espaço no elenco e ainda poupar dinheiro para tentar renovar com Enes Kanter e Kyle Singler. Talvez o negócio seja estendido e Ridnour seja repassado, já que seu contrato também não é garantido para a próxima temporada. Quando se livrar do ala, o Thunder terá, melancolicamente, despachado mais uma das peças recebidas por James Harden. Só restaram Steven Adams e Mitch McGary para contar algumas histórias sobre essa cada vez mais desastrada.
O que percebemos é que, com ou sem Jeremy Lamb, Michael Jordan está botando o povo em Charlotte para trabalhar, hein? Na semana passada, já haviam dado um jeito de se livrar de Lance Stephenson, que foi encaminhado para o Los Angeles Clippers, valendo o próprio Barnes e o pivô Spencer Hawes. No saldo, ficam com um time muito mais equilibrado, tendo ainda a nona escolha do Draft para reforçar a rotação. (Sobre Stephenson em Los Angeles? Não acho que valha a dor-de-cabeça e também não considerdo uma boa combinação técnica ou tática. O ala-armador já mostrou que precisa da bola nas mãos para produzir. No Clippers, ela está sempre com Chris Paul e Blake Griffin. O espaçamento de quadra fica, logo, comprometido e, no final das contas, Doc pagou dois homens por um, sendo que o ideal era buscar o outro rumo nessa, reforçando o banco. A falta de plantel foi o que derrubou seu time nestes playoffs.)
Mais relevante que esta foi a troca entre Detroit Pistons e Milwaukee Bucks divulgada na semana passada. Stan Van Gundy acredita ter encontrado o strecht four ideal para fazer companhia a Andre Drummond ao acertar com Ersan Ilyasova. O ala-pivô turco teve rendimento bastante irregular nos últimos dois campeonatos, mas tem um talento inegável e, em teoria, representa um encaixe perfeito para o Pistons, cobrindo a vaga de Greg Monroe, cuja saída é dada como certa. O Bucks levou Caron Butler e Shawne Williams, mas ninguém espera que os veteranos sejam aproveitados. Serão dispensados, para que o emergente clube (batendo na madeira, por favor, em nome de Jabari Parker) possa, talvez, fazer uma contratação (literalmente) de peso em julho. Brook Lopez e Tyson Chandler seriam os principais alvos. Zaza Pachulia jogou bem pacas, de acordo com suas capacidades, mas um pivô deste nível tornaria o Bucks um time já muito perigoso.
Tantas movimentações assim não são muito comuns e devem fazer Danny Ainge sorrir e acelerar o coração em Boston. O chefão do Celtics só espera agora que possa receber um convite para a festa.