Lavada, rusga e lesão: Lakers começa da pior forma possível
Giancarlo Giampietro
Sabe o pessimismo que rondava a temporada 2014-15 do Lakers?
Bem, talvez ele tenha sido até otimista. Se é que vocês me entendem.
Transmiti ao lado dos chapas Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó a estreia da imponente franquia na temporada, em derrota preocupante contra o Houston Rockets, em Los Angeles, por 108 a 90. Estivesse o San Antonio Spurs do outro lado, e o placar teria beirado os 40 pontos – digo isso pela consistência do time de Gregg Popovich.
O Rockets jogou com a terceira marcha engatada. Quando o time angelino sinalizava algum tipo de pressão, aí eles subiam para a quinta e se afastavam no placar, liderados pela barba e os truques de James Harden com a bola. Esta é uma temporada na qual o Lakers vai ter de se acostumar a ser um saco de pancadas. Mas o que eles apresentaram em quadra nesta terça esteve muito abaixo da crítica.
Qualquer empolgação que o público hollywoodiano poderia ter com o retorno de Kobe Bryant se esvaiu rapidamente. Ok, o astro se mostrou em forma, depois de disputar apenas seis partidas desde abril de 2013. Mas é a forma de um Kobe de 36 anos, entrando em sua 19ª temporada, sem muita ajuda ao seu lado. Tem limite para tudo (19 pontos, 6-17 nos arremessos, 2 assistências).
O principal momento envolvendo o jogador foi, no final das contas, a rusga com Dwight Howard. Inevitável. No quarto período, depois de o pivô pegar um rebote na defesa, o ala foi para cima dele. Pressionar, tentar o roubo de bola ou a falta. Exagerou na pressão? Um pouco. Foram uns dois tapões ali. Mas coisa do jogo. Aí que Howard perdeu a linha e acertou o desafeto com uma cotovelada no queixo, que não chegou a pegar de jeito, mas pegou. Tomou uma falta flagrante-1. Também rolou falta técnica dupla.
Até aí, para o Lakers, sinceramente? Era o melhor que poderia ter acontecido. O incidente desviaria toda a atenção de uma atuação completamente desconexa. A equipe de Byron Scott ainda não tem identidade nenhuma: não sabe se corre com a bola ou se ataca de modo metódico. Em meia quadra, a falta de movimentação de bola. Carlos Boozer se apresentou como uma boa opção oportunista no garrafão, é verdade, mas ficou difícil de encontrar outros pontos positivos. Ed Davis foi outro. Mas aí não adianta muito, já que será muito difícil que a equipe consiga ser competitiva com o veterano Boozer e o ainda jovem Davis lado a lado: a defesa sofreria demais.
De qualquer forma, numa jornada tenebrosa, nem isso foi o bastante. Minutos depois da confusão entre as duas celebridades, aconteceu algo muito mais relevante e dramático para a franquia. O ala-pivô Julius Randle sofreu uma fratura na perna direita num lance aparentemente bobo, quando buscava a infiltração, sem ter caído de mal jeito, nem nada. Ele ficou parado no ataque e apenas recolheu seu corpo para se apoiar na base da tabela do Rockets. Sem acreditar.
O garoto, número sete do último Draft, uma das poucas peças que podem ser desenvolvidas a longo prazo no atual elenco, teve de sair de quadra imobilizado. Sua expressão era muito mais de desalento, desconsolo, do que de dor. Uma cena muito triste, mas que acaba reforçando, da pior maneira possível, a tese de que será uma looooonga temproada para Kobe e Scott. Eles são dois embaixadores do orgulho Laker. Vai ser difícil sustentar essa pose e o discurso por muito tempo…