Copa Intercontinental e suas incógnitas: chance para o Flamengo
Giancarlo Giampietro
É difícil dizer qual é o Maccabi Tel Aviv que enfrenta o Flamengo neste final de semana pela Copa Intercontinental, no Rio de Janeiro. Porque já era muito complicado definir qual era a equipe que havia conquistado a Euroliga da temporada passada, com sua formação camaleônica, irregular, que acabou surpreendendo ao ser campeão continental. Você soma aí o fato de que eles trocaram de técnico, perdendo o genial David Blatt, e mudaram mais da metade de seu elenco, e os jogos desta sexta-feira e domingo ganham um aura de incógnita.
É um clima bem diferente da decisão do torneio de 2013, no qual o Olympiakos aparecia como amplo favorito. Isso tinha muito a ver com a consistência do clube grego, que havia conquistado dois títulos europeus seguidos e também contava com Vassilis Spanoulis, um cara que obviamente estava um degrau acima dos demais atletas em quadra.
Em termos de acúmulo de resultados positivos, dessa vez é o Flamengo que chega embalado, vindo de dois NBBs e sua primeira Liga das Américas – me desculpem, mas não dá para incluir aqui os recordes recentes do estadual, a despeito da tradição do torneio. O difícil é traduzir o jogo de cá com o de lá: o quanto um Fla dominante no Brasil e, por um ano, nas Américas é poderoso para enfrentar um campeão europeu meio acidentado. Um campeão justo, é verdade, porque levou a melhor em quadra – mas que definitivamente não foi o melhor time europeu de 2013-2014
Você jamais pode subestimá-lo – e certamente o Flamengo não vai correr esse risco. Eles têm camisa, história, com seis títulos continentais, uma base de torcedores das mais entusiasmadas do mundo todo. Então é claro que o time de José Neto vai respeitar seu adversário, e bastante. Só, acredito, não precisa se colocar em situação de inferioridade. Estivessem o Real Madrid ou o Barcelona do outro lado, aí a coisa mudaria de figura – estes, sim, os times com melhor campanha na Euroliga, até o Final Four.
Para comparar, durante a temporada regular (primeira fase e Top 16 somadas aqui), a agremiação israelense teve 16 vitórias e 8 derrotas, contra 21 e 3 do Real e 19 e 5 do Barça – sendo que o time de Huertas bateu de frente com Fenerbahçe e CSKA pela etapa inicial e, depois, ainda precisou lidar com Fener, Olympiakos, Panathinaikos, Olimpia Milano por um grupo duríssimo. Além do mais, o próprio Blatt admitiu que, num confronto de playoff, sua equipe dificilmente teria derrubado o Real, ou até mesmo o CSKA. Em um jogos únicos, porém, foi uma tarefa plausível, graças em muito ao seu domínio do tabuleiro.
Para considerar também: os dois adversários chegam ao confronto em fase inicial de preparação. É apenas a pré-temporada. Os rubro-negros, nesse sentido, levam a vantagem de terem uma base muito mais bem entrosada. Um craque como Walter Herrmann, já mais velho, mas ainda de uma categoria acima da média, foi adicionado, e deve ser peça fundamental da equipe. Derrick Caracter é outra história, aqui discutida. De resto, a rotação está intacta. Já o seu adversário realmente passou por uma reformulação drástica em seu plantel, algo que sempre pode acontecer, mas não estava nos planos.
O Maccabi é bem mais vulnerável do que o título de campeão europeu pode sugerir. Não quer dizer que seja fraco, ok? Longe disso. Mas a expectativa é de um confronto muito interessante, desde que os flamenguistas estejam fazendo a lição de casa direitinho.