O Brasil na quartas, e Nocioni admite: “Deu a lógica”
Giancarlo Giampietro
Durante anos e anos, quando o assunto era Andrés Nocioni, o basqueteiro brasileiro se acostumou a reclamar barbaridade. Pudera: entre as muitas qualidades do ala-pivô argentino, destaca-se o vigor, a disciplina, a determinação e a inteligência para defender, predisposição ao sacrifício físico e para atacar os rebotes, e uma habilidade subestimada com a bola.
Além, claro, de muita catimba.
Essa é a reclamação maior: que ele não parava de bater, provocar, encher… a paciência de todo mundo quando era chegada a hora do clássico. Nas vésperas, ele adorava tirar uma frase ambígua da cartola para mexer com os nervos dos adversários.
Pois bem. Agora chegou a hora de ler o que o temido Chapu, um verdadeiro guerreiro em quadra, alguém que cuidou do serviço sujo para que Manu Ginóbili e Luis Scola brilhassem em Jogos Olímpicos, tem a dizer sobre o time que os derrotou, a seleção brasileira. Separo aqui alguns trechos de um texto de Nocioni em blog pela ESPN hermana:
''Na partida contra o Brasil deu a lógica. Havia muitos anos em que vínhamos vencendo os brasileiros, quando muitos esperavam um triunfo para eles. Uma hora chegaria esse dia. Eles, hoje, são uma equipe melhor, mais completa, chegando mais bem preparados para este jogo. Não há desculpas para a derrota. Somente nos resta felicitá-los e destacar o excelente trabalho que Rubén Magnano fez. Ele transformou o selecionado brasileiro, que agora pensa em equipe. Mudou a forma de o time jogar'', afirmou o jogador, que batalhou como sempre na defesa e na tábua de rebotes, mas sofreu no ataque – talvez até mesmo por conta do desgaste.
No texto, Nocioni, que vai jogar pelo Real Madrid na próxima temporada, fala também sobre a rara eliminação precoce sofrida pela Argentina nas oitavas de final da Copa do Mundo e o que isso representa futuro da equipe. Vale um destaque: ele não confirmou que essa tenha sido sua despedida da seleção.
''A sensação que este Mundial me deixou é bem estranha. Nunca me havia acontecido de ficar fora tão rapidamente de um torneio com a seleção argentina. Tenho uma sensação de vazio. Eu e o Leo Gutiérrez estávamos falando a respeito no quarto, e coincidíamos neste sentimento, que é novo para nós. Em outras oportunidades, na sequência de uma derrota havia sentido a tristeza, mas logo aparecia o orgulho ou a satisfação de ter chegado longe, ou de ter comprido um objetivo. Desta vez ficamos longe de nosso objetivo. É certo que, com as ausências de Ginóbili e Delfino, nossas aspirações mudaram. Mas, ainda sem eles, pretendíamos alcançar ao menos as quartas de final, e aí ver o que se passava no cruzamento'', escreveu.
''Nesta transição na seleção, não devemos apagar tudo de uma hora para a outra. Temos que acompanhar este processo e aportar nossa experiência. Este Mundial pode ter sido meu último torneio com a seleção, mas, até o momento, não tomei uma decisão definitiva. Não passa somente por uma questão esportiva. Há questões familiares, e já são muitos anos de estar com a equipe desde que fiz minha estreia em 1999. Quando o próximo torneio, o Pré-Olímpico de 2015, se aproximar, verei se vou jogar, ou não.''a