Contra o Irã, a vitória anunciada, mas reforçando percepções
Giancarlo Giampietro
Não tem muito para escrever depois de um jogo contra o Irã. O Brasil se atrapalhou um pouco no primeiro quarto, em qual perdeu por 18 a 17 . Mas digamos que tenha sido o tempo de aquecimento necessário. Dez minutos, e pronto: começou a sacolada, com a seleção vencendo por 77 a 50.
Os iranianos são os chefões na Ásia, mas não têm consistência, nem talento para segurar a onda com um time que sonha com medalha na Copa do Mundo de basquete. Era jogo para Marcelinho Machado (16 minutos) acumular mais milhas num torneio desse nível, para Guilherme Giovannoni (14 minutos) bater uma bola e desenferrujar etc.
Por outro lado, considerando os números finais da partida, a pelada deste domingo acaba reforçando algumas impressões sobre o time de Rubén Magnano: a defesa é intensa, está muito bem preparada. A contagem atingida pelos asiáticos foi a menor do torneio até aqui – na jornada de abertura, os Estados Unidos haviam segurado a Finlândia com 55 pontos – a mesma quantia que a Coreia do Sul fez neste domingo contra a Austrália.
E o ataque? Nem tanto.
Mas como nem tanto? Não marcaram 79 pontos?
Sim, e digo mais: com aproveitamento alto nos arremessos de quadra: 54%.
Bem, uma boa parte destes pontoas saiu em contra-ataque: 28, na sequência de diversos desperdícios de bola do adversário (24!). A defesa que gerou o ataque, e não há nada de errado com isso – é o jeito mais fácil de encestar. Agora, contra equipes de ponta, com armadores um pouco – ou muito – mais qualificados, esses pontos em transição caem dramaticamente. Na véspera, contra a França, foram apenas quatro. Contra a Espanha, que tem a melhor combinação de armadores do Mundial – Calderón, Rubio, Rodríguez, Llull, quatro jogadores que seriam titulares em praticamente todas as seleções do torneio –, as oportunidades também serão limitadas.
Aí tem de produzir em meia quadra, e até agora as coisas não têm funcionado muito bem nesse tipo de situação. Mesmo hoje, diante de uma defesa baixíssima, pouco atlética, a seleção cometeu 19 turnovers. Boa parte deles no início preguiçoso de partida, é verdade. Mas a movimentação reduzida de bola – e fora da bola – se sustentou, com elevado número de erros de passes, de fundamentos. Nos tiros de fora, mesmo com toda a liberdade do mundo, o aproveitamento foi baixo: 33%. Vale destacar, contudo, que o volume dos arremessos do perímetro foi reduzido (15 dos 59 arremessos), mesmo sem contestação alguma na linha perimetral.
Daqui para a frente, só resta mais uma baba: o Egito. De resto, será só pedreira, só times de ponta, contra os quais o Brasil vai competir para valer, por conta de seu revigorado ímpeto defensivo. Houve um tempo em que chorávamos por um time que protegesse melhor sua cesta. Ele está aí agora, mas com carências do outro lado. Essa combinação deixa as previsões um pouco mais turvas. Nada tão seguro como um triunfo contra iranianos.