Quem diria? Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam Clippers
Giancarlo Giampietro
Na verdade, o título deveria estar acompanhado de muitos pontos de exclamação e interrogação. Algo como: ''Quem diria?!?!?!?!?!?!?!?!?!?! Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam o badalado Clippers''.
Mas não caberia. Temos um limite de 75 caracteres agora para produzir uma manchete apelativa e sensacionalista para fisgar você, leitor. Somos todos uns aproveitadores, admitamos.
O post não fica nisso, claro. Todas as arrobas de exclamações que poderíamos inserir na frase acima teriam a ver com o fato de que, sim, hoje, qualquer vitória do Lakers para cima do Clippers será algo completamente inesperado – algo que, para os mais tradicionalistas, ainda é muito difícil de assimilar. Então seria a surpresa da surpresa, sabe?
E foi o que rolou na noite de abertura da temporada 2013-2014, com o time de Mike D'Antoni marcando incríveis 41 pontos no quarto período para vencer por 116 a 103. Ainda sem Kobe Bryant. Com Steve Nash e Pau Gasol marcando, juntos, 18 pontos. Nenhum dos dois astros jogou por mais de 30 minutos. Por essa só esperava aquele torcedor mais tapado, mesmo.
Dentro do elenco, porém, o resultado não chega a ser nenhum absurdo. O próprio D'Antoni vem falando constantemente sobre como estariam subestimando a equipe – claro que ele não poderia jogar a toalha antes de o campeonato começar, mas ele realmente tem insistido sobre em como o ambiente estaria significativamente mais otimista no lado amarelo e roxo do Staples Center. ''Nesta pré-temporada, tudo foi muito mais positivo que no ano passado, e fizemos as coisas de um jeito muito melhor'', afirma Gasol. ''A atmosfera, a atitude e a união dos jogadores tem sido realmente positiva. Agora, temos de ver se isso vai nos ajudar.''
Não dá para tirar muitas conclusões com apenas 48 minutos dos 3.936 que o Lakers ainda vai disputar nesta temporada. Mas não deixa também de ser uma primeira partida que sublinha essa percepção animada nesses primeiros meses sem Dwight Howard – e, necessário dizer, Kobe Bryant no dia-a-dia dos treinamentos.
Contra o Clippers, quem decidiu a parada foram os reservas. A equipe entrou no quarto final com desvantagem de quatro pontos. O que, levando em conta as expectativas em torno de ambas as franquias, já estaria supostamente de bom tamanho. Só esqueceram de combinar com os reservas de D'Antoni. Os reservas, gente. Contra o que os rivais têm de melhor.
Jordan Farmar, Jodie Meeks, Xavier Henry e Jordan Hill botaram para quebrar e compensaram todos os esforços de Wesley Johnson (1-11 nos aremessos) para acabar com a festa. Foi com esse quinteto que eles chutaram o traseiro de Chris Paul e Blake Griffin, para carimbar a estreia de Doc Rivers em Los Angeles.
Os cinco, juntos, terminaram com um saldo de pontos superior a 15, com Meeks, tão apagado no ano passado, liderando com +19. Juntos, eles mataram mais de 50% de seus tiros de três pontos (9-17), deram 13 assistências (das 23 do time), recuperaram a bola em quatro ocasiões e ainda apanharam 24 rebotes.
Henry deu sequência ao seu bom momento da pré-temporada, somando, em apenas 26 minutos, 22 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, com excepcionais 8-13 nos arremessos de quadra e 3-4 nos tiros de longa distância. O ala dispensado por Grizzlies e Hornets/Pelicans já vale o seu próprio post. Parece uma bela história. Jordan Farmar é outro: terminou com 16 pontos, 6 assistências e 4 rebotes, em 27 minutos. Faz um bom tempo em que o armador se apresenta de modo muito mais confiante em quadra, bem diferente daquele reserva de Derek Fisher nos tempos de Phil Jackson.
Com esse quinteto, obviamente o Lakers fica muito mais rápido e atlético em quadra, com figuras que se encaixam bem no sistema desenhado por D'Antoni que revolucionou a liga na década passada. Os números acima atestam isso. Só é difícil pensar que o time vá vencer muitos e muitos jogos dependendo exclusivamente dessa turma. Nash, ainda travado, terá de jogar mais: do contrário, seus minutos devem ser repassados a Farmar. Gasol vai precisar ser uma presença dominante no garrafão. E ainda nem sabemos exatamente o que se vai passar com Kobe.
De qualquer forma, por uma noite que seja, a hierarquia histórica em Los Angeles, aquela que não permite exclamações ou interrogações, foi restabelecida.