Venezuelano Greivis Vasquez vira solução para armação em Nova Orleans
Giancarlo Giampietro
Por Rafael Uehara*
Greivis Vasquez tem tido um ótimo rendimento com armador do New Orleans Hornets, futuro Pelicans, o ano inteiro, mas, como seu time ganhou apenas 31% de seus jogos até o momento, muito disso tem passado despercebido. A não ser na Venezuela, imagino.
Começou quando ele foi trocado por Memphis em um negócio um tanto quanto surpreendente em 2011, pois Vasquez tinha ido bem pelo Grizzlies nos playoffs do ano anterior, quando a franquia venceu a primeira série em toda sua história e forçou o Thunder até o sétimo jogo do segundo round. A partir daí, puro anonimato. O técnico Monty Williams fez um excelente trabalho tirando o melhor possível de sua equipe, mas, com a saída de Chris Paul, faz sentido que muitos não tenham prestado atenção no Hornets campeonato passado, sem notar o desenvolvimento de Vasquez em um armador puro.
Então, quando o time escolheu Austin Rivers com a décima escolha no draft e depois trocou Jarrett Jack para os Warriors, muitos presumiram Nova Orleans planejava em desenvolver Rivers como uma emulação de Russell Westbrook em Oklahoma City, usando Eric Gordon no papel de James Harden como um controlador de posse mais disciplinado. Onde Vasquez se encaixaria nesse cenário seria como um terceiro ala-amador vindo do banco, capaz de ser opção de tiro quando em quadra com Rivers ou Gordon ou armando uma formação composta de reservas; papel que muitos analistas pensavam ser a melhor função para o venezuelano quando ele saiu da Universidade de Maryland.
Poucos perceberam que o Hornets estava na verdade planejando contar com Vasquez como primeira opção de armação do time, satisfeitos com o que tinham visto na temporada anterior, e que o jogador responderia a esse voto de confiança do modo que vem fazendo na atual campanha. Ele evoluiu para se tornar armador muito produtivo e consistente, provando-se merecedor de ser considerado parte do núcleo ao qual a franquia pretende construir, junto com Eric Gordon, Ryan Anderson e Anthony Davis.
Vasquez foi titular em todos os 48 jogos da equipe até o momento e o caso pode ser feito de que ele tenha sido o jogador mais produtivo do time, à frente até da grande aquisição da janela de verão, Anderson. É o segundo maior anotador do time devido à boa pontaria em tiros de três pontos e terceiro em toda a liga em assistência, postando em média 9,3 por jogo. E seu impacto é evidente. De acordo com NBA.com/advancedstats/, com Vasquez em quadra, os Hornets marcam em média 105 pontos a cada 100 posses, similar ao ataque do Houston Rockets, que é 8º nesse departamento. Porém, quando ele vai ao banco, a produção cai para 93,9 a cada 100, pior que o ataque do Washington Wizards, o ataque mais anêmico da NBA. A diferença em aproveitamento tiros de quadra é de 6%.
Não pode ser ignorado, de qualquer forma, que Vasquez tem sido parte do problema na defesa. O Hornets tem permitido 107 pontos a cada 100 posses do adversário com Vasquez em quadra, mas também não se pode ser esquecido que Davis (o jogador que faz a maior diferença para o time em prevenção) tem lidado com várias lesões e perdeu 13 jogos nessa temporada e que outros como Rivers, Anderson, Xavier Henry e Al Farouq Aminu também têm performances bem abaixo da média naquele lado da quadra, explicando um time que já soreu 33 derrotas.
Na verdade, Vasquez tem parte maior nas 15 vitórias do Hornets pra começo de conversa, levando em consideração que Gordon e Davis perderam bastante tempo com problemas físicos, enquanto Rivers vem cumprindo uma primeira temporada como profissional muito decepcionante. Vejam: 11 das 15 vitórias do time vieram em jogos nos quais Vasquez esteve em quadra em torno de 35 minutos ou mais. Havia muito frisson ao redor de Davis, Anderson tem se provado um investimento excelente, mas, no fim, é o venezuelano quem tem sido o melhor do time neste ano e estender seu contrato ao fim da temporada deve ser prioridade para o Hornets nesse processo de reconstrução. Mesmo que ninguém mais vá falar a respeito.
*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.