Vinte Um

A renascença de OJ Mayo salva o Mavs enquanto Nowitzki não joga

Giancarlo Giampietro

OJ Mayo, foi de três

Por Rafael Uehara*

Selecionado com a terceira escolha do Draft de 2008, e trocado por Kevin Love naquela mesma noite, a carreira de OJ Mayo em Memphis foi decepcionante. O ala-armador era projetado como um atirador de top de linha, que complementaria Rudy Gay no perímetro como uma luva e faria dos Grizzlies um time com uma das alas mais letais de toda a liga. Mas isso não se materializou.

Mayo foi tão irrelevante em seus primeiros dois anos e meio com o time que uma vez ele foi trocado por Josh McRoberts e Brandon Rush, exceto pelo fato de que Memphis e Indiana não oficializaram a negociação com o escritório da liga dentro do prazo determinado e a operação foi cancelada. Em sua última temporada, Mayo ainda trouxe algum valor para a franquia, vindo do banco como sexto homem e proporcionando importante espaçamento de quadra como um dos poucos membros do time capaz de acertar tiros de três pontos com alguma consistência.

Mas, ao entrar no mercado com apenas um ano de produção satisfatória em seu currículo, Mayo recebeu poucas ofertas e menos ainda com o valor que tinha em mente. Acabou assinando com o Dallas Mavericks por dois anos e $8,2 milhões de dólares, com uma opção de ir ao mercado novamente na próxima janela de verão caso queira. Desde que ganhou o título quase dois anos atrás, o Dallas tem optado por manter sua flexibilidade financeira como objetivo número um e viu em Mayo uma chance de adicionar um talento relativamente barato que  poderia ajudar agora, enquanto também não danificaria a visão do clube para o futuro.

E Mayo tem sido uma aposta fenomenal. Dirk Nowitzki passou por uma artroscopia no joelho antes do começo da temporada e ainda não jogou nesta campanha. Em sua ausência, Mayo tem se apresentado como líder da equipe dentro de quadra, fazendo o suficiente para mantê-los na briga pelos playoffs, a despeito da ausência de seu principal atleta. O objetivo é esse mesmo: segurar as pontas enquanto Nowitzki não volta.

Mayo está em  uma ótima temporada, atualmente postando 20,9 pontos em média, com um excepcional rendimento de 62,2% em ‘true-shooting’ (estatística que também leva em consideração os lances livres quando calculando o aproveitamento de um jogador em tiros de quadra). Grande parte desse sucesso ocorre porque tem sido muito complicado para os adversários lidarem com sua pontaria incrível de fora do arco: ele vem acertando em média 52,5% de seus tiros de três pontos (contra 38,8% da carreira), isso em 122 tentativas (um número expressivo).

Com Mayo em quadra, o Dallas marca em média um ponto por posse de bola a mais e tem aproveitamento em tiros de quadra 5% melhor do que com ele no banco, de acordo com NBA.com/advancedstats/. Mas talvez a melhor surpresa seja seu impacto no lado do outro lado. Em um time que põe ênfase em defesa coletiva, Mayo tem feito a diferença. Com ele em quadra, os Mavericks tem permitido cinco pontos a menos a cada 100 posses  do que com ele no banco. Seria um padrão de acordo com as melhores defesas da liga.

A renascença de OJ Mayo tem chamado a atenção. Um jovem com muitas expectativas ao sair da faculdade, Mayo parece ter finalmente encontrado o seu melhor basquete em seu quinto ano como profissional. Com o retorno de Nowitzki eminente, Dallas ainda é um time que exige respeito, em grande parte porque tem em Mayo um jogador postando uma das melhores performances em toda a liga.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.