Lesão de prodígio pode fomentar interesse por Varejão em fase de trocas da NBA
Giancarlo Giampietro
Voltando para casa depois de uma ingrata sequência de jogos fora de casa logo de cara, o Cleveland Cavaliers ainda tinha alguma esperança de usar o maior tempo disponível para treinos para arrumar uma defesa esburacada e se recuperar de um início de temporada preocupante.
Pode esquecer. Com o anúncio da lesão do armador Kyrie Irving – uma fratura no dedo indicador que vai lhe tirar das quadras por cerca de um mês –, dá para falar que qualquer aspiração que o clube tivesse em termos de playoff nesta temporada foi devidamente empacotada e atirada rio abaixo.
E não há nada que Anderson Varejão possa fazer a respeito. Quer dizer, não dá para esperar ou cobrar que o capixaba eleve suas já infladas médias de 14,3 pontos, 13,3 rebotes 14,1 pontos, 14,7 rbotes e 3,3 assistências. Haja esmero. O cabeleira, por outro lado, que fique antenado. Dependendo do tanto de surra que o Cavs levar, seu nome vai estar certamente entre os mais cogitados a partir do momento em que começar a boataria de trocas por toda a liga.
Em um mês, seu time, que perdeu oito de suas primeiras dez partidas. Sem Irving, competiram firmemente contra times de ponta como Miami e Memphis, mas sairam derrotados de toda maneira, tendo um triunfo em quatro jogos e cerca de 15 jogos pela frente. A matemática fica por sua conta. Imagine um recorde de, vá lá, 8 vitórias e 18 derrotas. Como tentar remar depois disso?
Ainda mais que, se a defesa era um problema bastante grave, o treinador Byron Scott agora terá dificuldade também se virar para pensar seu ataque, uma vez que o jovem armador era a força-motriz do elenco. Suas opções não são muito animadoras, não:
– O novato Dion Waiters é extremamente talentoso, mas ainda teima em buscar a cesta mais difícil: gosta de arriscar chutes desequilibrados do perímetro, em vez de usar sua capacidade atlética para chegar ao aro. Mesmo ao lado de Irving, sua média de quadra é de apenas 38,8% nos arremessos. Donald Sloan parece interessante no papel, pelo tamanho e capacidade atlética como armador, mas ainda é um projeto e não dá sinais de evolução. Jeremy Pargo viveu uma grande temporada há dois anos pelo Maccabi Tel-Aviv na Euroliga, teve alguns bons jogos na última semana, mas também não é uma solução como titular.
– Nas alas, uma pobreza que só. O outro titular no perímetro, Alonzo Gee, não está tão melhor assim, com 40% de pontaria. CJ Miles se apresenta como um desastre, em mais um caso de jogador que vai se arrepender de ter saído do sistema todo estruturado empregado pelo Utah Jazz (Corbin manteve os conceitos de Sloan por lá). Omri Casspi deve parar sonhar com o Maccabi Tel Aviv a cada noite. Luke Walton daria um ótimo assistente técnico ou comentarista.
– Seus pivôs não têm muito jogo de pés para atacar no mano-a-mano. Varejão é quem se viraria melhor nessa, aliás. Tyler Zeller e Thompson têm características que podem ser bem exploradas no pick-and-roll, mas precisam de alguém que lhes passe a bola com precisão.
Embora também não tenha necessariamente um elenco em mãos, Scott já não vinha fazendo um grande trabalho em Cleveland. No fim, porém, pode ser que a diretoria do clube nem se importe. Embora não digam abertamente, os lerdos movimentos de Chris Grant nas últimas temporadas indicam aquela boa e velha estratégia de sabotar suas campanhas regulares e acumular altas escolhas de Draft até formar, ou não, um sólido time. Uma boa espiada em seu plantel mostra isso: o cartola vem agrupando alguns jogadores como aposta para o futuro e outros só para fazer número.
Acontece que Varejão não se encaixa bem nessa filosofia. Seu basquete vale para agora, ainda mais com o excesso de lesões que já sofreu. É um desperdício pegar o seu jogo ''pronto'', que seria facilmente empregado pelos mais diversos concorrentes ao título, e gastá-lo em derrotas para o Charlotte Bobcats.
Duro seria convencer uma torcida carente de referências, estraçalhada pela saída de LeBron, que uma troca pelo brasileiro seria o melhor para ambas as partes. Mas conseguir um jovem jogador ou mais escolhas do Draft faria todo o sentido. Desconsolo por desconlo, que se venda o futuro, mesmo. Porque agora, de imediato, a coisa ficou muito feia.
(Atualizado hoje às 17h18. Inicialmente, o post entraria amanhã com edição dos recentes resultados e números de Varejão. Agora tá tudo certo. Câmbio, desligando.)