Knicks inicia a temporada arrasando já com a influência do quase quarentão Jason Kidd
Giancarlo Giampietro
Enquanto Steve Nash ainda tenta se enquadrar no ataque de Princeton proposto por Mike Brown e Eddie Jordan em Los Angeles – e se entrosar com todos seus diferentes companheiros –, outro armador quase quarentão vai muito bem, obrigado em seu ajuste a uma nova equipe: Jason Kidd já vai deixando sua influência num New York Knicks repaginado.
Foram apenas dois jogos, então não dá para seguir com hipérboles. Mas os 96 minutos praticados pelo time nova-iorquino neste início de temporada mostram, ao menos, uma predisposição jogo coletivo que só foi praticado na campanha passada durante algumas poucas semanas mágicas e linsanas. Com Carmelo Anthony dando todas as cartas, a queda de Mike D'Antoni e um Amar'e Stoudemire fora de ritmo, os Bockers chegaram aos playoffs com um ataque estagnado que se resumia em boa parte a ações isoladas de sua (presumida) autoestrela e de um doido como JR Smith.
A ponto de a franquia da contratação de um armador seus Planos A, B, C, e D no mercado. Eles tentaram o mesmo Nash com muita determinação. Quando o Suns fechou seu repasse para o Lakers, conseguiram em Kidd o que – neste comecinho de campeonato – vai se confirmando como um ótimo prêmio de consolação. Ainda mais da forma que fecharam o pacote.
Com seu aniversário de 40 anos marcado para março de 2013, o veterano não teria condições de conduzir o Knicks por conta própria, ficar com a bola por tanto tempo em mãos de maneira eficiente. Em Dallas, um time que operava com mais cadência no ataque, até por não ter o tipo de elenco que permitisse apostar corrida com as equipes mais jovens. Especialmente contra um Miami Heat. Então, se em Nova York Woodson quere um pouco mais de aceleração, entra aí o investimento em Raymond Felton. Se tivessem mantido Jeremy Lin, daria na mesma. O importante era ter alguém com pernas mais jovens e fôlego para atuar em parceria com um dos melhores armadores da história, mas que já está bem distante de seu auge físico e precisa ser preservado.
''Fica sempre mais fácil com menos responabilidade, acho'', afirmou o armador. ''Felton é o motor. O que sempre digo para ele antes do jogo é que é ele quem deve forçar o jogo para fazer as coisas acontecerem.''
O pivô Kurt Thomas concorda e diz que vê Kidd mais solto: ''Ele está levando a bola, acertando chutes de três, marcando do outro lado da quadra. Acho que, desde que conseguiu aquele título, ele só está se divertindo''.
Como uma espécie de ''assessor'' ofensivo, Kidd vai facilitando a vida de todo mundo. Tyson Chandler vai receber seus passes pelo alto para completar a ponte aérea. Carmelo pode ser abastecido nos pontos da quadra em que se sente mais confortável. Felton tem a quem recorrer nos momentos em que a marcação apertar. Steve Novak e Smith devem ficar atentos para os petardos em suas mãos quando estiverem livres para o chute de três pontos. Gira todo o carrossel.
''Já tinha me cansado de treinar times contra aquele cara (Kidd) nos últimos anos. Ele é um profissional exemplar. Sabe como jogar e como tornar os outros melhores. Muitos caras vão se beneficiar de jogar com Jason Kidd, prometo isso a você'', afirmou o técnico Mike Woodson.
Na vitória por 100 a 84 sobre o Philadelphia 76ers neste domingo, ele contribuiu com seis assistências em pouco mais de 25 minutos, um terço dos passes do time que resultaram em cesta. Na estreia contra o Miami Heat, o desempenho coletivo foi bem mais impressionante, com 27 assistências para 36 cestas. ''É muito complicado marcá-los. É um time muito difícil de se enfrentar porque eles podem jogar no garrafão e também podem se espalhar pela quadra e mexer a bola realmente bem. Estão jogando um basquete bastante altruísta'', definiu o técnico Doug Collins, do Sixers.
Altruísmo? É sério?
Quem imaginou que a temporada do Knicks poderia ser associada, de modo positivo, a uma coisa dessas?
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Neste contexto, a contratação de Pablo Prigioni pelo salário mínimo da NBA, tamanha era a vontade do argentino de se testar na liga, também se torna uma tremenda de uma barganha para o Knicks. Sozinho, com um time só seu, talvez enfrentasse dificuldade. Em minutos reduzidos, com um escolta na armação, ele também fica mais livre para usar aquilo que tem de melhor, o cérebro, e manter a equipe organizada em quadra enquanto os armadores titulares descansam. Em 31 minutos nos primeiros dois jogos, ele já deu sete assistências.
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Não custa lembrar: Jason Kidd tem 56 vitórias em 56 partidas pela seleção principal norte-americana, incluindo amistosos. Ele foi campeão olímpico em Sydney-2000, no auge, e Pequim-2008, na qual foi titular a despeito da presença de Chris Paul e Deron Williams no elenco. Impunha respeito e organização tática ao time.
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Kidd tem média de 9,0 assistências na carreira, num total de 11.845 passes para a cesta – segundo, atrás apenas das 15.806 de John Stockton (confira o ranking). Quer dizer, então, que ele gerou no mínimo 23.690 pontos diretos de sua armação – contando apenas cestas de cois pontos, isto é. Coloque nessa conta aí os inúmeros passes para chutes de três ou as infiltrações de companheiros que resultaram em falta e lances livres, e chegamos a uma contagem absurda.
Confira dez assistências especiais do armador: