Chances de Scott Machado crescem com o mau início de Lin pelo Rockets
Giancarlo Giampietro
Mesmo que distante das luzes de Nova York, um dos jogadores que será mais observado na próxima temporada da NBA deve ser o armador Jeremy Lin.
Tem muita gente que busca uma resposta: na linsanidade, foi tudo um conto de fadas?
Em Houston, Lin vai para quadra para tentar confirmar que essa coisa de conto de fada não existe. Que tem, sim, talento e cacife para ser um armador de ponta na liga, diante de muitos críticos – atletas e ex-companheiros de time inclusos – que juram que tudo não passava de euforia forjada pela mídia nova-iorquina. Muitos alegam que foi apenas um lance de sorte para um jogador com números inflados pelo sistema de Mike D'Antoni e que apenas virou queridinho devido a sua ascendência asiática e o diploma de Harvard.
Por enquanto, com três partidas de pré-temporada disputados pelo Rockets, os restultados devem animar o povo do contra. Ainda em recuperação de uma cirurgia no joelho, Lin tem falhado em coordenar o ataque da equipe – ou mesmo em criar as jogadas individuais que executou em um mês e pouco de sucesso pelo Knicks.
Essa é a parte que mais interessa aos brasileiros nascidos em Nova York: se a produção do titular seguir desta forma, só vai crescer a chance de Scott Machado fazer parte do elenco final do técnico Kevin McHale.
''Como venho dizendo desde o início, temos de correr com a bola, jogar com velocidade. Temos de fazer também a bola ir de um lado para o outro. Não podemos aceitar arremessos de longe e contestados'', afirmou o treinador após a derrota em duelo texano com o San Antonio Spurs, por 116 a 107, domingo.
Lin converteu apenas um arremesso em dez, o último deles, aliás, e terminou com quatro pontos e uma assistência. No geral, suas médias são de 5,3 pontos e 4,7 passes para a cesta. Mesmo considerando o tempo reduzido de quadra e a inconsistência habitual de jogos de pré-temporada, é óbvio que dirigentes e técnicos do Rockets e o próprio armador esperam mais.
Contra o Spurs, o Rockets teve apenas dois pontos de contra-ataque, e McHale quer ver seu time produzindo muito mais desta forma. ''Tive um jogo ruim. Não tomei realmente decisões rápidas com a bola, não conseguia converter as bandejas ou arremessos. Estou apenas tentando encontrar meu ritmo e me sentir confortável em quadra de novo. Estou feliz de ser apenas um jogo de pré-temporada, para ser honesto. Não posso aceitar isso na temporada'', disse o armador.
Uma fraca e insegura atuação de Lin repercute em todos os seus companheiros, naturalmente. No primeiro quarto, tirando o pivô turco Omer Asik – candidato desde já a surpresa do campeonato –, os demais titulares acertaram apenas três em 19 arremessos. No geral, o quinteto terminou a partida apenas com 15 cestas em 43 tentativas.
E sabe do que mais?
Os reservas, liderados por Scott Machado tiveram um rendimento bem superior, somando 23 tiros convertidos nos 45 que tentaram, diminuindo consideravelmente a vantagem do Spurs no placar. Certamente as 11 assistências do brasileiro têm a ver com isso.
Na atual configuração inchada do elenco do Rockets, Scott seria o único armador puro, tradicional, nos moldes antigos, muito mais preocupado em fazer seu time engrenar do que ver sua contagem de pontos estufar. São essas cartas que o levaram ao contrato não-garantido com o time texano e que ele precisa mostrar mais e mais nos próximos amistosos para poder sobreviver ao corte derradeiro ao final do mês.
Para acelerar seu ritmo, com um elenco tão renovado e jovem, McHale vai precisar de um armador com pulso firme em seu plantel. E, quando você assiste a Machado em quadra, percebe que, embora inexperiente, ele age instintivamente com a bola, de um modo que é difícil de ensinar. Tudo sai muito natural, devido a sua ampla visão de quadra. O tipo de jogo que Lin ainda não está conseguindo mostrar.
Aguardamos as cenas dos próximos capítulos.