Mesmo com derrota nos EUA, seleção encontra um padrão de jogo para seguir
Giancarlo Giampietro
Por cerca de 15 minutos, mas especialmente no primeiro quarto, o Brasil jogou uma partida impecável. O ataque rodando bem a bola, procurando os pivôs, para atacar adversários mais baixos e, aí, abrir a quadra para chutes ou fintas seguidas por infiltrações. Sem sentir a pressão, Marcelinho Huertas ditava o ritmo.
A defesa muito disciplinada, se recompunha com velocidade, impedindo os contra-ataques atléticos e indefensáveis. Uma vez estabelecida, se colocava de modo bem compacto, forçando os tiros de fora dos adversários, seu ponto fraco. Eles morderam a isca e se precipitaram muitas vezes (6/24), com aquela confiança tipicamente brasileira de que matariam as bolinhas.
Parcial: Brasil 27 x 17 EUA.
No segundo quarto, a defesa ainda funcionou bem. Mesmo nos momentos em que os anfitriões conseguiam escapar para um contragolpe, os brasileiros não titubeavam e paravam o lance cedo, na falta, para impedir qualquer estrago maior. O time permitiu apenas 20 pontos ao potente ataque da casa.
Por outro lado… Depois de muitas mexidas do Coach K, o golpe foi assimilado por seus atletas. Russell Westbrook deu o tom, desarmando dois ataques, na metade da quadra, em seguida. Chris Paul e Kobe Bryant saíram do banco babando, partindo para o abafa, desestabilizando a armação brasileira, ainda mais quando Huertas estava fora. Os dribles de Raulzinho e Larry ficaram muito expostos. Nesses dez minutos, a seleção cometeu 12 turnovers, quatro vezes a mais do que no primeiro período.
Parcial: EUA 20 x 5 Brasil, virada de cinco pontos no placar (37 x 32).
Por cinco minutos no terceiro quarto os EUA mantiveram essa intensidade sufocante, dificultando a movimentação de bola brasileira e elevando sua vantagem para a casa de duplo dígito. Dessa vez, porém, as substituições jogaram contra.
E sabe por quê? Simplesmente porque seu armador reserva, Deron Williams, o homem de USS 98 milhões, não consegue segurar Huertas. Encarando um oponente mais lento, que nunca foi famoso por sua habilidade na defesa, aliás, o armador voltou a sobrar em quadra, agressivo, servindo aos companheiros ou fazendo ele mesmo a bandeja.
Parcial: EUA 22 x 19 Brasil (59 x 51).
Huertas realmente controlou muito bem o ataque. A defesa com Nenê e Varejão lá dentro voltou a apertar. Foi apenas nos cinco minutos finais, contudo, que o jogo exterior dos Estados Unidos começou a funcionar, pelas mãos do inspirado LeBron James, que terminou com 30 pontos. Se em Pequim, quando a coisa complicou, foi Kobe Bryant que chamou a responsabilidade, dessa vez esperem isso de LeBron. Sua confiança não podia estar mais alta.
Parcial: EUA 21 x 18 Brasil (80 x 69).
Foi um duelo parelho. O que já foi um grande mérito para a seleção: os jogadores mantiveram a compostura dos dois lados da quadra, num gesto bastante promissor pensando nos desafios que vêm pela frente. O mais interessante talvez seja isso: provavelmente eles não vão ficar felizes por terem “jogado para o gasto”.
Barack Obama, família e vice-presidente estavam em quadra. Jogo em Washington, contra os melhores do mundo. Maior palco não tinha. O mais importante é que o comportamento e o nível de concentração apresentados nesta segunda-feira, daqui para a frente, virem o padrão, não importando contra qual equipe e quem estiver na plateia. O potencial é imenso.
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Vi o jogo aqui do QG 21, não estava no ginásio e, mais importante, houve pouquíssimos replays: logo, não me sinto nada confortável em culpar a arbitragem pela virada dos norte-americanos. Contra a Argentina, na derrota em Buenos Aires, os homens de cinza também foram os culpados. Só o apito nos segura agora, é isso?
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Em termos de rotação: o tempo de quadra de Marcelinho Machado e Guilherme Giovannoni caiu neste jogo, mesmo com a ausência de Marquinhos, ainda sentindo efeitos da pancada que tomou contra a Grécia em São Carlos. Caio Torres não saiu do banco. Ainda assim, Magnano trocou bastante o time.
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Alex marcou dez pontos apenas no primeiro período, mostrando que, mesmo aos 32 anos, sua capacidade atlética se traduz num nível altíssimo, enfrentando Kobe e LeBron, muito maiores, em jogadas individuais.
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Nenê foi bem na defesa, na medida do possível, ainda mais considerando que era ele que sobrava com Carmelo Anthony, seu ex-companheiro de Denver, ou por vezes com LeBron James, ambos muito mais hábeis e ágeis. No ataque, porém, ainda está bastante enferrujado, sem fluidez alguma nos seus movimentos, tanto no jogo de pés como no chute de média distância.