Brasil barbariza na bola de três. Vai ser sempre assim?
Giancarlo Giampietro
Em geral, antes de fazer seu comentário, na tentativa de ser o mais original possível, recomenda-se ao blogueiro que não bisbilhote por aí na rede, para não ser influenciado.
Depois de assistir ao VT de Brasil x Espanha B nesta quinta de manhã, porém, infringimos essa regrinha aqui ao abrir o Basquete Brasil, do professor Paulo Murilo. E o que acontece? Claro que se influencia.
Como de praxe, o ex-técnico do Saldanha da Gama levanta um ponto importantíssimo a respeito do modo como o brasileiro tem atacado. Diante de tantos chutes de três pontos do time em jogadas de cinco contra cinco, ele comenta desconfiado: “Hmm… Sei não”.
Reforçamos essa reticência aqui. Quando encarando uma defesa plantada, a seleção tem jogado muito pouco com seus pivôs. Seja Nenê, Splitter, Varejão, Caio ou Guilherme. Eles precisam ser alimentados muito mais vezes, gente. Talento não falta ali.
Creio que a contestação é válida mesmo depois da surra que os caras deram nos espanhóis ontem. Não é todo dia que vai chover bola de três pontos na cesta deste jeito (aproveitamento de 64%). Isso é um fato. Mesmo que muitos desses tiros de longa distância tenham sido/sejam bem trabalhados, não se pode trabalhar excessivamente para isso: há muitos momentos em que eles parecem a única finalidade do time.
O número de 25 chutes pode não parecer muito para alguns. Mas, se for o seu caso, considere o seguinte: com a forte defesa e diversos contra-ataques, boa parte de nossos arremessos totais foram meras e ótimas bandejas livres. Resulta que, em termos de posse de bola com o relógio andando normalmente, digamos, o volume de bolas de longa distância cresce consideravelmente.
Em Londres, quando enfrentarem uma defesa mais bem armada e ativa no perímetro do que os espanhóis ‘bês’ apresentaram, como vai ser? Vão fintar e buscar a infiltração? Vão dar mais um passe para tentar um arremesso ainda mais equilibrado? Antes desse possível chute, vão ao menos procurar estabelecer um jogo interno qualquer? Essas perguntas podem ser importantes muito em breve.
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Tirando Guilherme, não parece, realmente, que nossos pivôs estão um pouco enferrujados? Splitter deu uma parada ao final da temporada. Nenê vem sofrendo com seus problemas no pé. E Varejão ficou muito tempo inativo por causa da fratura sofrida no pulso. Bem, para eles deslancharem, nada melhor do que abastecê-los nesses jogos preparatórios.
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Depois de uma sacolada dessas, não dá apenas para levantar dúvidas. Tem de elogiar também, e o ponto mais positivo até aqui é a intensidade da equipe. Defendendo sem parar, perseguindo a bola, quebrando o ritmo dos adversários que haviam conseguido muito mais contra a Argentina na semana passada. A diferença na abordagem brasileira, comparada com a dos vizinhos, em termos de pressão na bola, fica gritante. Para manter esse ritmo, Magnano vai rodando seu time de modo constante. É um plano de jogo bem agressivo e interessante, que já virou padrão. E essa abordagem dá uma boa segurança para a equipe se ajeitar no ataque – sem contar as inúmeras bandejas acima citadas.
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Se já não faz parte do seu hábito, durante toda a temporada, é meio que obrigatório conferir as análises do professor Paulo Murilo.