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Euroligado: que comecem as batalhas
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Giancarlo Giampietro

euroleague-playoffs-2014-15

A Euroliga abre nesta terça-feira sua fase de playoffs, sem grandes surpresas entre os oito finalistas. Agora o que isso quer dizer? Que a tendência é que tenhamos alguns confrontos bastante equilibrados na fase de quartas de final, com camisas de peso em quadra – são 31 títulos acumulados entre os participantes.

Mas obviamente não é só isso. Não adianta ter a sala cheia de troféus do passado. E os elencos que vão para a quadra nestes playoffs são, em geral, estelares. São 26 jogadores com experiência de NBA (sem contar os diversos atletas que já foram Draftados e eventualmente farão a transição), além de 29 atletas que disputaram a Copa do Mundo do ano passado.

(Embora aqui valha uma observação: há casos como o do armador americano-croata Oliver Lafayette, que disputou apenas uma só partida pelo Boston Celtics. A NBA está em seu currículo, fato. Mas quem vai dizer que isso significa mais do que todos os prêmios e títulos de uma lenda viva como Dimitris Diamantidis, que nunca pensou em jogar nos Estados Unidos? Enfim, a sigla é valiosa, mas não significa tudo na carreira de alguns caras.)

>> A cobertura da Euroliga 2014-2015 no VinteUm
>> A temporada europeia de Marcelinho Huertas

Nesta terça, a brincadeira começa com o CSKA e o Fener jogando em casa. Na quarta, entram os gigantes espanhóis em cena, também com mando de quadra. O Sports+, canal 228 da SKY, vai transmitir tudo com exclusividade. Vou comentar a primeira leva de jogos. Como gosta de dizer o companheiro Decimar Leite, é a melhor competição de basquete do mundo. Já que a NBA não conta.

Sem mais delongas, algumas observações sobre as séries:

CSKA MOSCOU X PANATHINAIKOS

– Títulos: 6 para cada um.
Passagem pela NBA: Nando De Colo, Sonny Weems, Andrei Kirilenko, Viktor Khryapa, Demetris Nichols (CSKA); Esteban Batista, DeMarcus Nelson, Antonis Fotsis, Gani Lawal (Panathinaikos).
Na Copa do Mundo: Milos Teodosic (CSKA). PS: a Rússia ficou fora, né? Em Londres 2012, 5 atletas do CSKA foram medalhistas de bronze; já o legendário Dimitris Diamantidis se aposentou da seleção grega.
Campanha: CSKA 22-2; Panathinaikos 12-12.

Como podemos notar pela discrepância entre as campanhas de ambos, dá para dizer que este deve ser o confronto menos equilibrado. Não duvido que pinte uma varrida para o clube moscovita, que só perdeu um jogo para Fenerbahçe e outro para Olympiakos – isto é, perdeu para quem podia, na fase Top 16. É um CSKA muito mais forte que o do ano passado, quando precisou do quinto jogo para despachar o mesmo Panathinaikos pelas quartas de final. É a única revanche aqui.

O time de Dimitris Itoudis chegou a vencer 15 partidas consecutivas nesta temporada. No geral, termina com o melhor aproveitamento da fase de grupos, com impressionantes 91,6%. Tem sido um trabalho excepcional do treinador grego, que, até o momento, perdeu apenas cinco partidas na temporada – as outras três aconteceram pela Liga VTB, o equivalente ao campeonato russo nesses dias, mas com participação especial de tchecos, letãos, estonianos e outro).

Está certo que o técnico tem um timaço ao seu dispor. Basta reparar com mais atenção nos nomes citados acima. É sempre um desafio pegar tantos jogadores de ponta e cuidar da química em quadra. Pegue um cara como Andrei Vorontsevich, por exemplo. O ala-pivô fez um grande campeonato. Na reta final, porém, teve de aceitar o retorno de Andrei Kirilenko, vindo da NBA, e de Victor Khryapa, recuperado de lesão. Apenas os principais nomes do basquete russo hoje, prontos para receber uma boa carga de minutos.

Desta forma, não deixa de ser curioso que o Panathinaikos, justamente o clube que deixou Itoudis escapar de seus domínios, vá agora testar suas habilidades de estrategista num mata-mata. Em Atenas, o grego foi braço direito de Zeljko Obradovic por 13 anos. Não se sabe se o clube grego permitiu sua saída sem muito esforço, ou se o treinador não tinha a intenção de seguir por lá depois de tanto tempo, mesmo que fosse o assistente.

O comandante da vez do Panathinaikos é o sérvio Dusko Ivanovic, bastante experiente e competente. Mas o treinador vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua carreira para derrubar o CSKA, um time que tem mais velocidade, mais tamanho e mais elenco. Chumbo grosso. Para ter alguma chance, o time grego vai precisar defender demais e ainda converter seus arremessos de três pontos com um aproveitamento superior aos 37,6% que teve até agora – os russos mataram 41%. Pelo menos um entre os jovens Nikos Pappas e Vlantimir Giankovits também deve jogar em alto nível, para fortalecer a rotação de Ivanovic. Pappas, por exemplo, teve uma exibição incrível na melhor partida dos verdes na temporada, quando trucidaram o Real Madrid em Atenas. Duro é repetir esse padrão por pelo menos três partidas na série melhor-de-cinco.

Dimitris Diamantidis ainda tem um truque ou outro para oferecer como marcador, mesmo um passo mais lento. Isso se deve ao seu tamanho, envergadura e, claro, inteligência. Talvez seja o responsável por marcar Milos Teodosic, que faz a melhor Euroliga de sua vida. O sérvio, porém, não é a única força criativa no elenco dos russos. Nando De Colo também curte ótima fase, enquanto Sonny Weems, refugo do Denver Nuggets e do Toronto Raptors, se fixou com um dos grandes alas do basquete europeu. Para não falar do arranque do armador Aaron Jackson.

FENERBAHÇE X MACCABI TEL AVIV

Títulos: 6 para Maccabi, 0 para Fener.
Passagem pela NBA: Andrew Goudelock, Semih Erden, Jan Vesey (Fener); Jeremy Pargo, Joe Alexander (Maccabi).
Na Copa do Mundo: Bogdan Bogdanovic, Nemanja Bjelica, Emir Preldzic, Oguz Savas, Luka Zoric, Nikos Zisis (Fener).
Campanha: Fener 19-5; Maccabi 16-8.

No papel, também é difícil de imaginar o Maccabi fazendo frente ao Fenerbahçe. Por outro lado, este embate talvez sugira aquele debate de sempre sobre o peso da tradição num mata-mata. É muito simples dizer, por exemplo, que no ano passado o Olimpia Milano fraquejado contra os israelenses, caindo nesta mesma fase e abrindo caminho para o título da equipe então dirigida por David Blatt.

Que Blatt tenha acertado sua rotação externa, encontrando o papel ideal para o tampinha Tyrese Rice, que os veteranos Guy Pnini e David Blu tenham esquentado a mão nos arremessos de três pontos e qualquer outra sacada tática parecida não importar. Porque é sempre mais fácil falar de coragem, coração, garra – ou, claro, de amarelar, porque é sempre mais prazeroso, hoje em dia, detonar alguém.

De qualquer forma, o Fener realmente entra pressionado – apenas o Real Madrid tem responsabilidade maior. O clube investe demais há pelo menos três anos para tentar ser o primeiro clube turco a enfim conquistar a Euroliga. Esse é um fator que não pode ser subestimado. Considere que a maior companhia aérea do país é o principal patrocinador da competição. A primeira barreira, no entanto, já foi rompida: a equipe não disputava os playoffs há sete anos.

Foi para isso que eles contrataram Obradovic, o técnico com o assombroso currículo de oito títulos continentais. O sérvio teve carta branca para contratar quem bem entendesse, incluindo o armador Nikos Zisis já durante a temporada. Com o grego no seu elenco, o time ganhou estabilidade e consistência. Especialmente em jogos mais cadenciados. Sua presença se tornou ainda mais importante depois da lesão de Ricky Hickman – justamente o armador ex-Maccabi, o único atleta do elenco que já ergueu a taça. A despeito de o elenco ser caríssimo, a rotação de armadores ficaria seriamente comprometida sem ele. Ainda assim, o jovem Kenan Sipahi, de apenas 19 anos, ainda terá seus nervos testados aqui e ali. Se não estiver bem, é de se imaginar que o faz-tudo Emir Preldzic, um ala de 2,06 m, e Bogdan Bogdanovic conduzam a bola para dar um descanso ao titular.

O Fener continua tendo muita versatilidade em seu jogo. Tem pivôs altos, fortes e rodados como Savas e Erden para trombar com Sofoklis Schortsanitis e também tem espigões flexíveis como Jan Vesely e Nemanja Bjelica, que deverão fazer duelos interessantíssimos com Alex Tyus, Joe Alexander (aquele, ex-Bucks e Bulls) e Brian Randle, três dos homens de garrafão mais explosivos do campeonato. Bjelica merece uma vaga no quinteto ideal da competição, com um empenho notável nos rebotes, para não falar de toda a sua versatilidade no ataque.

Para o Maccabi, a corrida parece o melhor caminho, mesmo. Espaçar a quadra e procurar definições rápidas antes que a agora poderosa defesa turca se estabeleça. Para isso, depende bastante da criatividade e do temperamento do armador Jeremy Pargo. O torcedor do Flamengo se lembra dele, né?

A questão é que o americano perdeu muito do seu rendimento no decorrer da temporada. Por vezes, tenta o lance mais difícil e se atrapalha. Obviamente, o clube israelense espera contar mais com seus altos (quando está agredindo as defesas, invadindo o garrafão e servindo aos pivôs) do que os baixos (quando força a barra nos arremessos de três pontos e ignora os companheiros de modo inexplicável, uma vez que acerta apenas 28% dos chutes de fora). Num duelo com Andrew Goudelock, um cestinha muito mais qualificado, pode se perder caso queira “ralar” em quadra.

Outro embate interessante deve acontecer entre o jovem Bogdan-Bogdan e o veterano Devin Smith, um dos destaques do campeonato. Aos32 anos, o americano disputa a sua melhor Euroliga e teve seu contrato renovado até 2018. Na atual configuração do clube, é um dos poucos remanescentes da rotação que ganhou o título ano passado, ao lado de Schortsanitis, Tyus e do sempre regular Yogev Ohayon. E chega aos mata-matas com a confiança lá em cima, após ter anotado 50 pontos nas últimas duas rodadas para classificar o Maccabi. O ala-armador sérvio, contudo, tem muita personalidade e talento para lhe fazer frente.

A torcida em Tel Aviv está acostumada com grandes e tensas batalhas. A de Istambul, no basquete, nem tanto. Se o Fener perder um dos dois primeiros jogos, como vai reagir? Se depender de seu retrospecto como visitante, não será problema: o clube venceu 10 de 12 partidas fora, ficando cinco meses invicto nessas condições.

BARCELONA X OLYMPIAKOS

– Títulos: 3 Olympiakos, 2 Barça.
Passagem pela NBA: Juan Carlos Navarro, Maciej Lampe, Bostjan Nachbar (Barça); Othello Hunter, Vassilis Spanoulis, Oliver Lafayette (Olympiakos).
Na Copa do Mundo: Alejandro Abrines, Edwin Jackson, Mario Hezonja, Marcelinho Huertas, Ante Tomic, Navarro (Barça); Kostas Sloukas, Vangelis Mantzaris, Georgios Printezis, Lafayette (Olympiakos).
Campanha: Barça 20-4; Olympiakos 18-6.

Do ponto de vista brasileiro, a prioridade aqui é monitorar o desfecho de temporada de Marcelinho Huertas, que foi para o banco do jovem Tomas Satoransky em fevereiro e viu sua produção despencar desde então. Nas últimas oito rodadas, o brasileiro anotou 33 pontos e distribuiu 26 assistências. Seja por baixa confiança ou devido a problemas físicos, acertou nestes mesmos jogos apenas 8 em 22 arremessos de dois pontos e 4 em 22 de longa distância. Individualmente, talvez seja sua pior fase com a camisa blaugrana. Contraditoriamente, depois de ter jogado muito na virada da primeira fase para o Top 16.

A queda de rendimento do antigo titular, porém, não abalou o sistema ofensivo do clube catalão que venceu todas essas oito partidas e só não atingiu a casa de 80 pontos no triunfo sobre o Estrela Vermelha (77 a 73). Com Satoransky, Xavier Pascual ainda ganha um defensor mais ágil e mais comprido em seu perímetro, resguardando Juan Carlos Navarro. Isto é: fica difícil de imaginar uma alteração aqui. Quer um resumo de como foi a temporada do brasileiro?

A grande atuação de Huertas contra o Fenerbahçe

Huertas vai reagir nos playoffs?

Caberá muito provavelmente ao tcheco e ao americano Brad Oleson, aliás, a grande missão da série: brecar Vassilis Spanoulis. Afinal, a importância do armador grego para sua equipe já se tornou um mantra da Euroliga: o Olympiakos só vai até onde o astro puder carregá-lo. Pelo segundo ano seguido, no entanto, o clube de Pireus vê sua grande referência chegar aos mata-matas longe de sua melhor forma. Está afastado das quadras desde o dia 13 de março, mas treinou por uma semana e vai para o jogo em Barcelona. A questão é saber qual o seu estado físico. Terá estabilidade e explosão para coordenar o jogo de pick-and-roll que faz tão bem? Todo o sistema ofensivo depende de seu talento para isso. A ideia é que ele quebre a primeira linha defensiva e vá lá dentro para atacar a cesta, municiar seus pivôs atléticos ou abrir a bola na zona morta para o tiro de três.

Se não conseguir ganhar o garrafão, Spanoulis acaba virando um mortal – ainda com um arremesso perigoso e boa visão de quadra, mas um mortal. Nesse cenário, cresce a relevância do americano-belga Matt Lojeski, um grande chutador (46,3% de três), que deveria até mesmo ser mais envolvido no plano de jogo da equipe. Oliver Lafayette, mais um armador americano-croata, também teria maior responsabilidade, uma vez que Kostas Sloukas não curte seu melhor momento. Fica aqui, de qualquer forma, pelo bem do basquete, a torcida para que o camisa 7 alvirrubro esteja bem. Afinal, pode ser um dos seus últimos duelos com “La Bomba”. Navarro e ele ocupam, respectivamente, as primeira e terceira posições no ranking de cestinhas da Euroliga.


A chave para o Olympiakos parece estar nessa turma de perímetro, mesmo. Que eles conseguirem um rendimento superior ao de seus concorrentes. No garrafão, a despeito da instigante diferença de perfis a estatura, técnica e leveza de Ante Tomic e Tibor Pleiss e a velocidade, força física e impulsão de Bryant Dunston e Othello Hunter, o Barça deve levar vantagem. A tendência é a de jogos amarrados, decididos em meia quadra. O Olympiakos teve a segunda melhor defesa do campeonato, enquanto o Barça teve a quinta.

REAL MADRID X ANADOLU EFES

– Títulos: 8 para Real Madrid, 0 para Anadolu
– Passagem pela NBA: Rudy Fernández, Andrés Nocioni, Sérgio Rodríguez, Gustavo Ayón (Real); Nenad Krstic, Stephane Lasme (Anadolu).
– Na Copa do Mundo: Fernández, Nocioni, Rodríguez, Ayón, Ioannis Bourousis, Sérgio Lllull, Felipe Reyes, Facundo Campazzo, Jonas Maciulis (Real); Cedi Osman, Krstic, Thomas Heurtel, Dario Saric (Anadolu).
– Campanha: Real 19-5; Anadolu 12-12.

Os dois times já haviam se enfrentado na primeira fase, com uma vitória para cada lado. A diferença é que o Anadolu pastou para vencer em seu ginásio, por 75 a 73, com cesta da vitória em tapinha no último segundo de Matt Janning, enquanto, na volta, os espanhóis arrasaram: 90 a 70.


o clube espanhol, basicamente, é aquele que joga mais pressionado. Não só por ser o maior vencedor do campeonato europeu de basquete, com oito títulos, e não levantar uma taça desde 1995, mas também pelo fato de ter perdido as últimas duas e finais e, principalmente, por saber que Madri é a sede do Final Four deste ano. Imagine o desespero merengue num caso de eliminação? Tão questionado – de modo injusto, ao meu ver –, o técnico Pablo Laso não pode nem pensar nisso.

Algo vital: cuidar para que Rudy Fernández esteja inteiro e saudável para o confronto. O genioso e talentoso ala lesionou as costas em jogo contra o Zaragoza e não vai nem enfrentar o Barça no Superclássico de domingo. Se Sergio Rodríguez foi o MVP da temporada passada, na atual é Rudy quem tem dado as cartas pelo time, atacando com eficiência (12,8 pontos, 38,4% nos arremessos de três, 3,3 assistências x 1,3 turnover) e ajudando ainda mais na defesa, pressionando as linhas de passe com muito perigo. Ao dos Sérgios, promovem um abafa no perímetro, buscando a tomada de bola e a saída em velocidade. O Real perdeu Nikola Mirotic, mas ainda é muito eficiente no contra-ataque.

Controlar os turnovers é algo fundamental para o Anadolu de Dusan Ivkovic. Se o jogo fugir do controle, um abraço. O que pega é que o Real também tende a levar a melhor no jogo interior. Quer dizer: tudo vai girar em torno de Nenad Krstic, o veterano do Anadolu que vive excelente momento. Se o sérvio mantiver o pique e não se complicar com faltas, pode até inverter esse panorama. Do contrário, não haverá como competir com as numerosas opções madridistas – outro time que possui pivôs para todos os gostos (Bourousis é alto, forte e chuta de fora; Ayón é dos jogadores mais inteligentes que você vai encontrar em quadra e faz um pouco de tudo, e o mesmo pode ser dito sobre Reyes; Slaughter e Mejri entregam capacidade atlética e vigor).

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Rudy Fernández, o líder do Real 2014-2015: mais basquete, menos teatro

Stephane Lasme pode ter feito boa partida contra o Fener na última rodada, mas claramente não é o mesmo jogador dos tempos de Panathinaikos, com mobilidade reduzida. O jovem Dario Saric, em seu primeiro campeonato de ponta, será testado por Gustavo Ayón e Andrés Nocioni – bons duelos para o Philadelphia 76ers observar. Milko Bjelica vai bem no ataque, com sua capacidade para colocar a bola no chão e atacar o aro, mas não tem muita disposição para os embates defensivos.

O pivô sérvio, ex-CSKA, Thunder, Celtics e Nets, vem com média de 14,6 pontos nas últimas seis rodadas, se tornando a referência ofensiva. Isso, aliás, representa quebra no padrão apresentado até então pelo clube turco, uma vez que, no geral, o ala grego Stratos Perperoglou ainda é o cestinha, com apenas 10,6 pontos. Essa quantia ínfima reforça a noção de uma equipe equilibrada, com diversas opções. Um time perigoso, mas sem tanto poder de fogo também.

Levou um tempo para o armador Thomas Heurtel se entrosar com seus novos companheiros, o que é natural: ele se transferiu do Laboral para o Anadolu em meio ao campeonato. O reforço vai precisar chegar ao auge, mesmo, contra Rodríguez e Llull, dois dos melhores armadores da Europa, que atazanam a vida de qualquer um no ataque e na defesa. Para tanto, conta com a ajuda de Dontaye Draper, ex-Real, ganha uma motivação a mais para ajudar seu companheiro francês. É um excelente defensor e conhece os rivais como poucos. Também por isso, sabe que tem uma tarefa ingrata pela frente. A dupla orquestra o ataque mais solidário da história da Euroliga, com 22,0 assistências em média por partida.

O Anadolu chega aos playoffs capengando, precisando de uma ajudinha do Unicaja Málaga até. Ninguém vai subestimar as capacidades de Ivkovic numa situação dessas. Mas admito que me espantaria ver o Real fora do Final Four. No retrospecto, o clube espanhol venceu 13 dos últimos 14 confrontos.


Euroligado: status quo nas quartas de final
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Giancarlo Giampietro

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

Devin Smith: 28 pontos (7/10 de três) e 7 rebotes para garantir o Maccabi em Berlim

No final, depois de uma boa dose de suspense, a Euroliga chega aos seus playoffs com oito equipes tradicionalíssimas. Oito equipes que qualquer apostador talvez pudesse acertar sem problemas caso registrasse seus palpites no início da temporada. Não houve espaço para surpresas, de fato. Pelo Grupo E, passaram, pela ordem: Real Madrid, Barcelona, Maccabi Tel Aviv e Panathinaikos. Pelo Grupo F, tivemos CSKA Moscou, Fenerbahçe, Olympiakos e Anadolu Efes.

O cruzamento é o tradicional, agora: primeiro contra quarto, segundo contra terceiro, tendo mando de quadra os cabeças-de-chave 1 e 2. Dá o seguinte:

Real x Anadolu
Barça x Olympiakos
CSKA x Panathinaikos
Fener x Maccabi

Só jogaços, mesmo. Difícil até escolher qual a série mais intrigante. A princípio, talvez Barça x Olympiakos. Mas qualquer uma dessas séries pode chegar ao quinto e derradeiro jogo tranquilamente. Ou melhor: nem tão tranquilo assim, né? Com muito estresse para ambas as torcidas.

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Juntos, os oito finalistas somam 31 títulos continentais. Os únicos que não venceram a competição são Fenerbahçe e Anadolu Efes, a dupla turca. Isso pode apontar uma “falta de tradição” em suas camisas, é verdade. Mas não se iludam: são dois dos maiores orçamentos da Europa. Orçamento que valeu para tirar do ostracismo as mentes geniais dos sérvios Zeljko Obradovic e Dusan Ivkovic, técnicos que, por conta própria, somam dez troféus. São oito para “Zoc” e dois para o “Duda”, o aprendiz e o mentor, comandantes respectivamente de Fener e Anadolu.

Como chegamos aqui?

Bem, havia três vagas em aberto na última rodada, vocês sabem. No Grupo E, Maccabi e Panathinaikos se garantiram depois de o clube israelense ter vencido o Alba Berlin, fora de casa, por 73 a 64. Os visitantes, atuais campeões, controlaram o placar praticamente o jogo inteiro, mas tiveram de suar para assegurar o triunfo no quarto final. A quatro minutos do fim, a vantagem era apenas de três pontos. Foi aí que o ala Devin Smith desequilibrou as ações, com chutes de longa distância. O americano, que teve seu contrato renovado, será daqueles que, ao se aposentar, vai poder se estabelecer em Tel Aviv, caso queira, e virar dirigente/embaixador do clube.

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Estrela está fora, mas se despede fazendo festa com sua torcida fanática

Com o resultado, o Panathinaikos foi para a quadra em Belgrado já classificado. Ufa! Pois, no que dependia de seus próprios esforços, as coisas poderiam ter complicado: os gregos perderam para o jovem e eliminado Estrela Vermelha por 69 a 68. Tivesse o Alba vencido, e o revés na capital sérvia teria resultado em sua eliminação. Mas, ok, damos um desconto aos verdes: a sensação de relaxamento é inevitável – mesmo que eles tenham batalhado até o final da partida e saíram derrotados.

Foi mais uma grande exibição de Boban Marjanovic, com 12 pontos, 16 rebotes e 3 assistências. O gigante sérvio deveria receber o prêmio de MVP do campeonato – mas talvez fique para trás na votação devido ao fato de sua equipe ter parado no Top 16. Resta saber se o Estrela Vermelha vai conseguir manter sua base para a próxima temporada. Marjanovic, Nikola Kalinic (14 pontos e 4 rebotes), Luka Mitrovic (11 pontos, 8 rebotes, 6 assistências e 3 roubos de bola) e Jaka Blazic (11 pontos) são todos caras de muito futuro e que vão certamente chamar a atenção dos clubes mais ricos – ou mesmo da NBA.

Pelo Grupo F, somente a quarta vaga esteve em jogo, e o Anadolu precisou de uma tremenda força do Unicaja Málaga para evitar um vexame. Por mais que Ivkovic anunciasse que seu elenco estava sendo moldado para lutar pelo título daqui a um ano, cair na segunda fase seria um fiasco indiscutível.

No clássico turco, seu time foi derrotado pelo Fenerbahçe por 83 a 72. Foi um duelo muito parelho. O Fener, jogando em casa, abriu 11 pontos no primeiro quarto. Mas o Anadolu chegou a assumir a liderança, por 61 a 59, no quarto período. Acontece que os cestinhas Andrew Goudelock (24 pontos em 26 minutos, sensacional, acertando quase tudo que atirou para a cesta) e Bogdan Bogdanovic, nosso estimado Bogdan-Bogdan, (17 pontos) desequilibraram nos minutos finais. Para anotar: este foi o 37º duelo entre times dirigidos por Obradovic e Ivkovic. “Zoc”, que já foi armador de Ivkovic em seleções iugoslavas dos anos 80, agora leva a melhor no retrospecto, num retrospecto equilibradíssimo: 19 x 18.

Com isso, o Laboral Kutxa tinha a chance de completar sua reação minutos mais tarde. Mas o Málaga de Joan Plaza, lanterna da chave, mostrou caráter e competitividade diante de seus torcedores, vencendo por 93 a 84. O líder da Liga ACB controlou o placar do início ao fim. Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, marcou 17 pontos e comandou um ataque solidário, que teve todos os seus 12 jogadores relacionados fazendo ao menos uma cesta. Em grande fase, o ala-armador francês Fabien Causuer somou 21 pontos, 7 rebotes, 2 assistências e 2 roubos de bola em vão. Tivesse vencido, o clube basco avançaria.

Veja as 10 melhores jogadas da fase Top 16:


Euroligado: são 3 vagas para 5 clubes. Campeão pode sobrar
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Giancarlo Giampietro

Nesta semana, a Euroliga fecha seu Top 16 ainda com três vagas em disputa para os playoffs: duas pelo Grupo E, que estão entre Maccabi Tel Aviv (hoje em 3º), Panathinaikos (4º) e Alba Berlin (5º), e uma pelo Grupo F, entre Anadolu Efes Istambul (4º) e Laboral Kutxa (5º). Aqueles que já estão classificados? Real Madrid, Barcelona, Fenerbahçe, CSKA Moscou e Olympiakos. Só timaços – veja como andam as coisas para eles.

O site Eurohoops detalha (em inglês) todos os cenários possíveis para o emparelhamento das quartas de final. Resumo aqui, porém, o que está em jogo apenas para a definição dos oito melhores da temporada, sem se preocupar exatamente qual a posição que cada um terá. Afinal, para suas torcidas, imagino, o mais importante, mesmo, é assegurar a classificação. Depois, vida nova.

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

O Alba Berlin de Jamel McLean já bateu o Panathinaikos em sua 1ª final, na semana passada

Primeiros, os jogos de cada um deles, todos na quinta-feira:

GRUPO E
Alba Berlin x Maccabi Tel Aviv
Estrela Vermelha x Panathinaikos

GRUPO F
Fenerbahçe x Anadolu Efes
Unicaja Málaga

A partir daí, temos o seguinte:

– o Maccabi depende de uma vitória sua ou de uma derrota do Panathinaikos
– o Alba Berlin só avança em caso de vitória em casa
– o Panathinaikos se classifica no caso de sua vitória ou derrota do Alba

– o Anadolu depende de um triunfo no clássico turco. Simples.
– o Laboral Kutxa/Baskonia precisa vencer de qualquer forma e ainda torcer pelo Fener

Olha… Veja bem.

Sinceramente… Hã…

Não tenho a menor idéia do que vai acontecer.

Fico bem confortável aqui em cima do muro: é tudo muito parelho.

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

Thomas Heurtel jogou demais em vitória sobre o Olimpia Milano: 26 pontos e 5 assistências

O Anadolu Efes, pelo Grupo F, tem vantagem no confronto direto sobre o Laboral – algo que o deixa acima na tabela hoje, mesmo que tenham as mesmas seis vitórias e sete derrotas (venceu como visitante por cinco pontos, perdeu em casa por apenas três… Detalhes, detalhes). Supostamente, então, seria o favorito. Além do mais, em Málaga, seu concorrente não vai ter vida fácil, mesmo que o Unicaja esteja eliminado, com a pior campanha da fase. Mas é amplamente possível a classificação da equipe basca. Um ponto curioso – ou revoltante para a torcida do Anadolu – é que o Fener tomou um vareio justamente contra o Laboral na semana passada, encerrando uma sequência de nove rodadas com vitória. Tivessem vencido, teriam classificado os rivais.

Já a chave E… Afe. O Panathinaikos em teoria também está em situação mais favorável, pois também enfrenta um time que não tem mais pretensão alguma. Agora: fechando sua campanha em Belgrado, o jovem elenco do Estrela Vermelha, liderado pelo monolítico Boban Marjanovic, vai querer brigar. E outra: o próprio plantel da potência grega hoje não é tão forte assim. Não são favas contadas. Enquanto, na capital alemã, esse valente time berlinense, que já bateu de forma dramática o Panathinaikos em sua primeira decisão na rodada passada, tem uma chance de ouro para despachar os atuais campeões – ou fazê-los suarem frio, aguardando o desfecho do jogo de mais tarde.

Detalhe: os jogos não serão disputados simultaneamente. Um tremendo equívoco da organização. Na quinta, o jogo na capital alemã será disputado às 14h (horário de Brasília), enquanto o Panathinaikos encara o Estrela Vermelha às 14h45. Isto é, quando entrar em quadra no segundo tempo, o time grego vai ter, no mínimo, uma boa ideia de sua situação. Isso se já não estiver classificado.

Do outro lado, o clássico em Istambul começa às 14h, enquanto o duelo espanhol está marcado para 15h45 – podendo ser, no final, um amistoso. Vai entender…

No Sports+, vamos transmitir na quinta, ao vivo, Fener x Anadolu. Estou nessa ao lado do companheiro Marcelo do Ó. Imperdível, vai?


Euroligado: Fenerbahçe, o time do momento; Huertas reserva
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Giancarlo Giampietro

CSKA, de Milos, ainda está no páreo, mas Fener é o time da vez

CSKA, de Milos, ainda está no páreo, mas Fener é o time da vez

Entre viagens para o All-Star Game da NBA e o Jogo das Estrelas do NBB, a pausa tradicional para as Copas europeias e o atropelo geral de agenda, estava devendo um resumo sobre o que se passa pela Euroliga, o maior campeonato de basquete do mundo, como gosta de dizer o chapa Decimar Leite, narrador do Sports+. “Porque a NBA é outra coisa, outro esporte, não conta”, diz. É isso aí.Então, aqui, correndo atrás do tempo perdido, vamos com um panorama da competição, em vez de apenas se apegar ao que aconteceu durante a semana.

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É favorito, mesmo?
Sim, os favoritos em geral já encaminharam suas vagas para a fase de quartas de final, a duas rodadas do desfecho do Top 16. Mas isso não quer dizer que a segunda fase tenha sido moleza para eles. E quem são esses clubes, para retomar? As duas superpotências espanholas, Real Madrid e Barcelona, além de CSKA Moscou, Fenerbahçe e o Olympiakos. Eles estão todos garantidos nos mata-matas. Restam, então, três lotes para serem adquiridos. Dois estão no Grupo E, disputados basicamente por Panathinaikos, o atual campeão Maccabi Tel Aviv e o Alba Berlin – o Zalgiris Kaunas até tem chances, mas é mais fácil encher a Cantareira até a boca do que eles se classificarem. Pelo Grupo F, o da Morte, sobrou um, que está entre Anadolu Efes, Laboral Kutxa e Olimpia Milano.

(O quê?)

(Palpites?)

Nada como uma aposta conservadora, né? Panathinaikos, Maccabi e Anadolu devem avançar, a despeito de suas irregularidades.  (Vamos tirar a limpo isso depois.)

Alba tenta desbancar camisas pesadas pelo Grupo E

Alba tenta desbancar camisas pesadas pelo Grupo E

Seria até bacana ver o Alba Berlin criar um fato novo derrubar o clube grego ou o israelense – juntos, esses caras somam 12 troféus, seis para cada. O lado bom aqui é dar mais uma força para o basquete alemão que, gradualmente, vem subindo a ladeira. Os alemães dependem apenas deles, aliás, já que vai enfrentar nas próximas duas rodadas justamente seus dois concorrentes diretos. Se vencer ambos, pode gerar uma situação de empate tríplice. Para os gregos, basta uma vitória em casa, na próxima rodada, contra os alemães. Caso isso aconteça e o Maccabi derrotar o vexatório Galatasaray, aí o Alba está eliminado.

Do outro lado, o Anadolu, de certa forma um candidato ao título no início da campanha, tem a chance de encerrar a reação do Olimpia Milano em um confronto na próxima sexta-feira, em casa. Além do mais, se vencer os italianos e o Fenerbahçe bater o Laboral Kutxa, aí já terá a vaga no papo. Agora, se perder em Istambul, pode se meter numa enrascada, já que que tem seu rival Fener pela frente na última rodada.

E o Fener é o time do momento…

Goudelock: média de 16,8 pontos na temporada

Goudelock: média de 16,8 pontos na temporada

Vocês se lembram do oba-oba para o CSKA Moscou, certo? Quando os caras venceram os primeiros 15 jogos da temporada? De lá para cá eles ainda ganharam um Andrei Kirilenko de presente, além do retorno de seu parceiro de seleção russa, Viktor Khryapa – ambos com a mobilidade bastante comprometida, diga-se. Mas o timaço de Dimitris Itoudis, enfim, perdeu. Duas vezes. E acabou destronado pelo clube turco na liderança. Ambos têm a mesma campanha, mas a equipe de Zeljko Obradovic, o padrinho do Itoudis, leva a melhor no saldo de pontos do duelo.

O Fenerbahçe está no meio de uma sequência de nove triunfos – a segunda maior da competição nesta temporada, atrás apenas do CSKA. O detalhe mais interessante é que, desses nove triunfos consecutivos, cinco foram como visitantes. De má notícias para o irado Obradovic nesse meio-tempo, apenas duas. Eles perderam a final da Copa da Turquia para o Anadolu. Além disso, o armador Ricky Hickman sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles nesta quintas, em vitória sobre o Unicaja Málaga. Sendo um atual campeão, poderia ajudar o time nos playoffs. De todo modo, para a sua função, Andrew Goudelock está lá para assimilar os minutos. São atletas diferentes – Hickman busca muito mais a infiltração, enquanto Goudelock é um excepcional arremessador –, mas paciência.

A equipe turca tem um elenco poderoso, isso não é novidade. A diferença é que o treinador octacampeão continental conseguiu enfim uma química respeitável em quadra, usando toda a versatilidade do plantel. Eles podem correr a partir de uma defesa forte, com pivôs bem mais ágeis que o que se encontra por aí – seja com as bandejinhas comportadas de Nemanja Bjelica ou com as trovoadas de Jan Vesely. Mas também têm aquele pivô tipo guarda-roupa que desce a lenha num jogo mais truncado, com Semih Erden e Oguz Savas. A movimentação de bola melhorou com a chegada do grego Nikos Zizis.

Mas pode ficar de olho no Real

Relaxa, Sérgio, tem quem brigue pelo rebote para você

Relaxa, Sérgio, tem quem brigue pelo rebote para você

A mudança de Nikola Mirotic para Andrés Nocioni e Gustavo Ayón leva tempo para assimilar, claro. Conforme os torcedores do Chicago Bulls estão vendo e admirando, o montenegrino de passaporte espanhol tem um pacote raro de velocidade, agilidade para alguém de seu tamanho (2,08 m). Com ele em quadra, ao lado de Rudy Fernández, Sérgio Llull e Sérgio Rodríguez, o Real tinha o arranque de um time de NBA. Corria pela Euroliga sem que ninguém lhe pudesse acompanhar.

Nocioni e Ayón são evidentemente grandes jogadores, mas moldados de outra forma. Hoje, são homens voltados para o jogo de meia quadra, que dão ao clube merengue mais presença física no garrafão e na defesa em geral. Literalmente, o time ganhou corpo e vem sendo eficiente dessa maneira também, abrindo um saldo de 181 pontos em 12 partidas do Top 16 (média de 15,01). As duas derrotas sofridas até o momento vieram contra o Maccabi em Tel Aviv, por apenas quatro pontos, e uma surra contra o Panathinaikos, em Atenas (85 a 69), no jogo do ano para o limitado, segundo seus padrões, elenco grego.

Lembrando: o Final Four deste ano será realizado na capital espanhola. Seria um fiasco tremendo que os caras de Pablo Laso não chegassem lá. A julgar pelo que Anadolu, Baskonia e Milano vêm produzindo nesta fase, se o Real confirmar a condição de cabeça-de-chave número um do Grupo E, não deverá ter problemas para passar pelas quartas e encontrar sua torcida na busca por seu primeiro título continental desde… 1995!

Ainda na Espanha, Huertas vira reserva
Enquanto Juan Carlos Navarro, Brad Oleson e Alejandro Abrines frenquentavam a enfermaria, Marcelinho Huertas teve a incumbência de carregar o Barça em quadra. E jogou tudo o que podia. Quando retornou a cavalaria, o que aconteceu? O armador foi premiado com um lugarzinho no banco. O clube catalão vinha numa trilha de altos e baixos, e Xavier Pascual decidiu promover o jovem Tomas Satoransky ao quinteto inicial, provavelmente de olho em ganho no setor defensivo.Com 2,01 m de altura e agilidade, o tcheco supostamente casa melhor ao lado de Juan Carlos Navarro.

O 'gigante' Satoransky. Gigante, para um armador

O ‘gigante’ Satoransky. Gigante, para um armador

A promoção, que aconteceu durante a Copa do Rei, não foi  pura formalidade: Satoranksy vem acumulando mais minutos desde a 17ª semana de competição, com 25 minutos em média – restando algo em torno de 15 para o brasileiro. Contratado nesta temporada, o jogador respondeu, com média de 11,5 pontos e 5,0 assistências. Mais relevante para a equipe é o fato de que foram seis vitórias seguidas.

Ainda assim, em entrevista para a Radio Catalunya, Huertas revelou estar com negociações abertas para renovar seu contrato com o Barça – o vínculo atual expira ao final da temporada. Se realmente assinar, a perspectiva de uma passada pela NBA se reduz drasticamente. Na mesma entrevista, o brasileiro afirmou que deixou o time titular na Copa do Rei devido a dores no pé. Mas que agora estaria se sentindo muito bem. Para constar, o jornal ABC noticiou após a derrota para o Real que o armador e o treinador teriam discutido no vestiário. Pascual ficou pê da vida com a reportagem e a desmentiu de modo veemente.

A jogada da temporada
Essa, sim, aconteceu na semana passada – por sorte em jogo que transmiti ao lado do Decimar no Sports+. O Fener recebia o Málaga. No desfecho de um primeiro tempo surpreendentemente equilibrado, o garoto Bogdan Bogdanovic recebeu a bola na reposição do fundo da quadra, e…


Euroligado: as coisas ficam mais nebulosas
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Giancarlo Giampietro

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Dentre tantas possibilidades de “Mal do Século” do jornalismo, no Brasil, na Suécia ou na Cochinchina, a capacidade de reagir de modo exagerado a uma notícia lá na parte de cima do ranking. Então não é porque o CSKA Moscou sofreu a segunda derrota nas últimas três rodadas, que tudo o que o time construiu até este momento precisa ser demolido pela crítica. Mas que as coisas na Euroliga ficaram mais nebulosas e, por isso, mais interessantes? Ah, se ficaram.

De líder e favorito disparado um mês atrás, com 15 vitórias seguidas, o clube russo agora se vê na terceira posição do Grupo F, o Grupo da Morte que, com o perdão da confusão, já não parece mais tão mortal assim – mas, de repente, pode ser, sim. Hoje, nos despedindo de fevereiro rumo a março, temos nas duas chaves do Top 16 um clima de suspense no ar.

(Clima de suspense no ar: taí um clichê que não pode ser descartado, né? A sonoridade da frase supera o desgaste do uso corrente.)

Responsável pela quebra da invencibilidade do CSKA há três semanas, o Olympiakos agora lidera o grupo, com sete vitórias e uma derrota, no início do returno, restando seis partidas pela frente. Protagonista da segunda derrota moscovita, o Fenerbahçe agora pulou para segundo, com as mesmas seis vitórias e duas derrotas de sua vítima, mas levando a melhor no saldo de pontos do duelo. Lembrem-se que os dois primeiros ganham mando de quadra nas quartas de final – e, numa série melhor-de-cinco, isso conta muito. Mas este não é o único drama a ser explorado: na quarta posição, tendo perdido o confronto direto nesta sexta, Anadolu já se vê incomodamente pressionado pelo Laboral Kutxa, algo que parecia impensável há pouco tempo atrás.

Do outro lado, no Grupo F, a história para ser acompanhada é a tentativa de reação do Barcelona de Huertas. Depois de sofrer três derrotas no primeiro turno, estando no quarto lugar, o clube catalão tem a missão de superar o Panathinaikos e o Maccabi Tel Aviv dentro da zona de classificação. Ao menos o dramático triunfo diante do Alba Berlin rende um pouco de conforto em relação a sua vaga nos mata-matas.

O jogo da rodada: CSKA Moscou 75 x 81 Fenerbahçe

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Foi a partida que passamos ao vivo pelo Sports+ nesta sexta, ao lado do Mauricio Bonato. Daquelas que, ao final da transmissão, você se sente um sortudo de ter participado. Apelamos aqui a mais um clichê, então: aquele que evoca o boxe para fazer metáforas em outros esportes. Pois foi como uma luta franca de pesos pesados, mesmo, cada um trocando golpes até que, no minuto final, um ato de descontrole de Milos Teodosic pois tudo a perder para os anfitriões. Foi para estragar a festa de Andrei Kirilenko.

Sim, o Kirilenko! Quem se lembra dele? Relegado ao ostracismo da NBA após sofrer com dores crônicas nas costas e também bater de frente com Lionel Hollins, o astro russo foi mandado para Philadelphia. O que hoje, a liga americana, é o mais próximo que temos da Sibéria. AK47, claro, nem mesmo se apresentou ao clube. Até que, passada a data final para trocas, sem que ninguém demonstrasse interesse significativo em tirá-lo do Sixers, ele assinou sua rescisão contratual enfim e fechou prontamente com o CSKA, clube pelo qual foi o MVP em 2012. Resta saber se o craque vai conseguir entrar em forma para ajudar a equipe na reta final europeia. Outra questão fica por conta da tão sagrada química: o ala-pivô Andrei Vorontsevich, por exemplo, está jogando muito bem e seria uma tremenda injustiça se lhe tirassem muitos minutos. Vamos acompanhar.

Contra o Fener, o veterano jogou por apenas cinco minutinhos, claramente enferrujado. Marcou dois pontos e deu uma bela assistência para cravada de Sasha Kaun, que lhe prestou todas as homenagens e reverências em quadra. Tem moral, claro. De destaque, mesmo, fica seu corte de cabelo bem comportado. Era até difícil de identificá-lo em quadra.

Não foi a melhor partida para se estrear. O clube turco chegou a Moscou disposto a jogar duro, conseguindo a proeza de limitar o ataque adversário a míseros dez pontos no primeiro quarto. Na segunda parcial, porém, tudo mudou, com o CSKA marcando 27 pontos para tirar o atraso. No intervalo, os visitantes venciam por dois pontos (39 a 37).

Apesar de ver o rival deslanchar, Zeljko Obradovic deve ter ficado satisfeito pelo que seus rapazes fizeram em quadra. No duelo com seu pupilo, ex-braço direito e compadre Dimitris Itoudis, o sérvio optou por um jogo truncado, de meia quadra, anulando as possibilidades de jogo em transição para a equipe russa, algo que faz tão bem. Também soube preparar um esquema para limitar os tiros de três pontos, com muito sucesso (levou apenas cinco em 20, 25%). Outro setor que funcionou: a disputa pelos rebotes, com 16 ofensivos e 43 no geral.

Em termos de destaques individuais, também vale mencionar  Jan Vesely, que, com sua sua capacidade atlética invejável, também marcou presença no garrafão, com 14 pontos, 5 rebotes e inacreditáveis 80% nos lances livres (4/5, sendo que sua média na temporada de 39%). Voltando de lesão, Bogdan Bogdanovic se desdobrou na defesa e ainda contribuiu com 13 pontos. Nemanja Bjelica somou um duplo-duplo de 11 pontos e 13 rebotes em apenas 25 minutos e teve muito sangue frio no final para selar o triunfo.

Foi necessário, já que no segundo tempo as equipes se alternaram constantemente no placar. Perdi a conta de quantas vezes trocaram uma liderança de um só pontinho no quarto período. Até que, no minuto final, Teodosic reclamou uma barbaridade de uma falta marcada em disputa de rebote ofensivo e foi expulso de quadra – um raro momento de destempero para o genioso armador nesta temporada, a melhor de sua carreira. Foi um estrago daqueles: seu compatriota Bjelica teve quatro lances livres para cobrar, matando três. Na posse de bola seguinte, Bogdanovic acertou mais um lance livre, e a vantagem do Fenerbahçe chegou a 78 a 72. Aí já era.

Na trilha de Huertas

Satoransky, agora titular

Satoransky, agora titular

Já havia acontecido na decisão da Copa do Rei contra o Real, com o Barça saindo derrotado, mas a notícia aqui é que o armador brasileiro perdeu seu posto de titular para Tomas Satoransky. O jovem tcheco abraçou a chance que ganhou de Xavier Pascual e ajudou o clube espanhol a vencer o Alba Berlin, apenas na prorrogação, com 11 pontos e 8 assistências em 28 minutos. Huertas jogou por apenas 16 minutos e terminou com 5 pontos e 2 assistências. Juan Carlos Navarro retornou, com 14 pontos em 19 minutos, com 6/6 nos lances livres.

Lembra dele? Samardo Samuels (Olimpia Milano)
É, a gente poderia falar que Samuels foi aquele brutamontes que acompanhou Anderson Varejão nos anos de pindaíba do Cleveland Cavaliers pós-e-pré-LeBron. Mas, no fim, depois de uma fatídica Copa América de 2013 para o basquete brasileiro, a referência obrigatória ao atleta se tornou a Jamaica, que terminou de humilhar a seleção de Rubén Magnano na Venezuela com uma vitória/derrota histórica. Dureza. Pois bem. O pivô está hoje em sua segunda temporada Olimpia Milano. Na quinta, teve talvez aquela que seja a partida de sua vida, ao acumular 36 pontos (27 no primeiro tempo!), 9 rebotes e um índice de eficiência de 47 pontos, completamente anormal para os padrões da liga, em vitória sobre o Nizhny Novgorod por 85 a 76. Ele converteu 14 de seus 16 arremessos de dois pontos, um recorde na fase de top 16. Como diria o Bonato, saca só:

Em números
119 – É o saldo de pontos do Real Madrid após oito rodadas do Top 16. O mesmo Real que já suscitou textos e textos na imprensa espanhola sobre uma suposta crise interna no departamento de basquete do clube, sobre a possível demissão de Pablo Laso e tudo mais. O time realmente fez alguns jogos preocupantes na temporada, mas, no geral, vai se acertando desde o retorno de Rudy Fernández de uma cirurgia na mão direita. Para relativizar o saldo, o CSKA é aquele que mais se aproxima dessa marca nessa fase, com 64.

10 – Mais uma rodada de Euroliga, mais uma atuação formidável de Vassilis Spanoulis, que liderou o Olympiakos a uma vitória por 77 a 72 sobre o lanterninha Unicaja Málaga. O armador grego teve aproveitamento de 100% nos lances livres, acertando todas as duas 10 tentativas. Também distribuiu 10 assistências em um duplo-duplo com 18 pontos.

9 – Juntos, os ‘armadores’ Darius Adams e Mike James somaram 9 turnovers pelo Laboral Kutxa, justamente no confronto com Thoma Heurtel, o antigo titular da posição no clube basco, hoje no Anadolu. Ainda assim, com uma excelente partida do pivô Colton Iverson, a equipe espanhola conseguiu uma importantíssima e surpreendente vitória, por 87 a 84. O grandalhão, cujos direitos na NBA pertencem ao Boston Celtics, marcou 17 pontos e pegou 11 rebotes em 24 minutos. Do seu lado, Heurtel saiu de quadra com 17 pontos e 5 assistências em 26 minutos. Juntos, os esfomeados Adams e James ficaram com 8 pontos e 6 assistências. Que coisa.

7 – Talvez o Fenerbahçe nem se importe com isso de mando de quadra nas quartas de final. Em Moscou, o time de Obradovic chegou a sua sétima vitória consecutiva fora de casa.

As jogadas da semana


Euroligado: um quarto inesquecível para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Dentre todos os brasileiros que estão em atividade no exterior, o pivô Augusto Lima é aquele que vive a melhor temporada, no geral. Já contamos essa história. Mas aquele que vive a melhor fase é Marcelinho Huertas, conforme notado há algumas semanas também. Nesse excelente momento individual por que passa o armador,  os dez minutos mais vultuosos aconteceram nesta sexta-feira, no terceiro período da vitória providencial do Barcelona sobre o Panathinaikos, por 80 a 76. Foram, talvez, sem exagero, os dez melhores minutos de sua carreira – algo que só ele pode confirmar, claro.

Anotem essa: no confronto transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o paulistano matou seis bolas de longa distância depois do intervalo, sendo cinco delas de modo consecutivo. A sequência só foi interrompida por um pedido de tempo de Dusko Ivanovic, técnico do time grego e seu comandante por duas temporadas no Baskonia (hoje Laboral Kutxa). O sérvio pode ter tentado “marcar” o ex-pupilo, uma vez que sua defesa não conseguia pará-lo de modo algum, mas não deu certo.

Os dois primeiros arremessos caíram para dar ao Barça a liderança no início do terceiro quarto (45 a 40), depois de fal-e-cesta em cima de Esteban Batista. O americano DeMarcus Nelson converteu uma bandeja em infiltração para descontar. O ataque do Barça teve, então, bela movimentação de bola – destaque aqui para o pivô Ante Tomic, excelente passador a partir de marcações duplas – para encontrar o brasileiro novamente no perímetro. Livre, deu cesta. Na posse de bola seguinte, para desespero de Ivanovic, lá estava Huertas novamente sozinho para encaçapar a quarta, abrindo vantagem de nove pontos. Aí veio o pedido de tempo. O ala Vlantimir Giankovitz acertou um gancho. No ataque seguinte… Nova bomba de três para Huertas,  a quinta em menos de três minutos. Ao final da parcial, no último ataque catalão, ele contou com um pouco de sorte num chute de muito longe, a partir do drible, para fazer a sexta cesta de longe. Saíram, deste modo, 18 de seus 22 pontos.

(O Panathinaikos ainda apertou o jogo e vendeu cara a derrota, ficando a um ponto do empate no finalzinho, mas o time da casa sobreviveu, para somar sua primeira vitória na fase de Top 16.)

Na temporada, Huertas estava com um aproveitamento de 45,1% nos arremessos de fora. Já era o melhor rendimento de sua carreira na Euroliga, superando os 44,2% de 2010-11, pelo Baskonia, justamente sob a orientação de Ivanovic – e bem mais produtivo que os 33,8% do campeonato passado ou que os 35,6% da carreira, por exemplo. Depois da formidável jornada, no entanto, elevou este número para 51,3%. Nos últimos cinco jogos, são 66,6% (12/18).

Quando o armador está com uma pontaria dessas, seu jogo simplesmente vira um pesadelo para a concorrência, já que eles não podem se descuidar de suas infiltrações. Não apenas por sua capacidade para matar aqueles chutes lindos em flutuação, como também pela destreza nos passes, para deixar Tomic e os pivôs do Barça em ótima posição para finalização, ou para encontrar arremessadores como Navarro e Oleson abertos na zona morta. Rubén Magnano deve estar empolgado.

PS: neste domingo, numa partida que a Liga ACB já define como “apoteótica”, o Barça derrotou o Unicaja Málaga por 114 a 110, com mais 19 pontos e 8 assistências de Huertas, em 27 minutos. O jogo foi definido na prorrogação apenas, na Catalunha.)

O jogo da rodada: Anadolu Efes 74 x 70 Unicaja Málaga
Foi daquelas vitórias que deixa o time vencedor em êxtase, ao passo que os perdedores entram em luta contra a depressão. Vindo de uma sequência de cinco reveses pela competição – embora lidere a Liga ACB de forma surpreendente –, a equipe malagueña, com sua proposta de jogo acelerado, venceu o primeiro tempo em Istambul por 15 pontos de vantagem (49 a 34). Mas marcou apenas 21 pontos depois do intervalo, com um desempenho ofensivo tenebroso.

A diferença foi construída com base em bom desempenho dos pivôs Will Thomas e Vladimir Golubovic na linha de frente, assessorados pelo armador Jayson Granger, todos reservas na rotação volumosa de Joan Plaza. No terceiro período, contudo, não houve quem conseguisse superar uma defesa muito bem armada por Dusan Ivkovic, que forçou uma série de chutes desequilibrados de seus oponentes, levando apenas oito pontos em dez minutos. Com múltiplas conversões de três do outro lado, a jovem equipe turca empatou o placar em 57 a 57.

Por mais substituições que fizesse, Plaza não conseguiu encontrar uma resposta, e o Anadolu chegou a abrir 67 a 59 no placar, numa parcial impressionante de 33 a 10 desde o final do primeiro tempo. Foi só com o veterano islandês Jon Stefansson, após um pedido de tempo, que o treinador espanhol ganhou algum suporte em quadra, voltando a equilibrar as coisas para os dois minutos finais, ficando três pontos atrás (69 a 66). O armador naturalizado croata Dontaye Draper, no entanto, foi decisivo nas últimas posses de bola com uma bandeja e um chute de fora para definir o primeiro triunfo do time de Dusan Ivkovic (aquele que não gosta de americanos meia-boca, diga-se) no Top 16.

Dario Saric não teve dos jogos mais empolgados no ataque (5 pontos e 2 assistências em 29 minutos, com 2/4 nos arremessos), mas o jovem ala Cedi Osman voltou a produzir bem, com 12 pontos em 16min54s, matando 5/10.

O que os cartolas pensam
Na segunda parte de sua enquete com os gerentes gerais dos times que disputam o Top 16, a Euroliga se concentrou nos jogadores – algo sempre mais interessante (neste link e neste também). Vamos a alguns dados:

euroleague-survey-mvp-2015-teodosic

– Marcelinho Huertas foi apontado como o quarto melhor armador do campeonato, com 8,3% dos votos, atrás de Milos Teodosic (CSKA, 41,6%), Sérgio Rodríguez (Real Madrid, 25%) e Vassilis Spanoulis (Olympiakos, 16,6%). Páreo duro, mesmo. Na hora de responder sobre quem seria o melhor passador, Huertas voltou a aparecer em quarto, ao lado do francês Thomas Heurtel, do Anadolu, com o mesmo percentual, atrás de Rodríguez (29,1%), Teodosic (25%) e Dimitris Diamantidis (Panathinaikos, 20,3%).

– Teodosic recebeu 33,3% dos votos na hora de palpitar sobre o eventual MVP dessta temporada, superando Boban Marjanovic (20,8%) e Tomic (12,5%). Andrew Goudelock, do Fenerbahçe, Nando De Colo e Sonny Weems, ambos do CSKA, Rudy Fernández, do Real, James Anderson, do Zalgiris, e Spanoulis também foram citados.

– Goudelock foi apontado com o melhor americano da competição, com 33,3%, acima de Weems, Anderson e Keith Langford, do já eliminado UNICS Kazan.

– Os alas-pivôs Stephane Lasme, do Anadolu, e Kyle Hines, do CSKA, foram apontados com os melhores defensores, com 16,6%. Hines ganhou a votação de jogador mais durão, mais chato de se lidar, com 16,1%.

– Agora, se eles tivessem o direito de assinar com qualquer jogador da Euroliga, sem nenhuma restrição, o alvo seria Spanoulis, com 33,3%, seguido por Tomic (12,5%), Bogdan-Bogdan, Weems e De Colo (8,3%).

Lembra dele? Felipe Reyes (Real Madrid)

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

O eterno coadjuvante. Reyes, 34, sempre foi mencionado na segunda linha de todos os textos sobre a era dourada espanhola, depois de Pau Gasol, Navarro, Calderón e até de Garbajosa. Pois o país já praticamente trocou de gerações, e o veterano  ala-pivô do Real se aprofundou na sua condição de coadjuvante. Em termos de esforço, consistência e fundamentos, porém, estamos falando de um craque, realizando uma Euroliga sensacional (sua 11ª!). Em vitória por 93 a 78 sobre o Galatasaray, na quinta, ele marcou 22 pontos e pegou 11 rebotes em apenas 22 minutos, acertando 9 de 13 arremessos, atingindo índice de eficiência de 29, para dividir o prêmio de MVP da jornada com o americano Brian Randle, do Maccabi Tel Aviv. Estraçalhou, num ritmo ainda mais forte do o que vem imprimindo na temporada (médias de 11,3 pontos e 6,1 rebotes em 17 minutos).

Em números

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

23 – O total de pontos anotados por Goudelock em apenas 24 minutos, na vitória do Fenerbahçe sobre o Nizhny Novgorod, por 78 a 60, guiando uma arrancada do clube turco no segundo tempo. O que vale ressaltar aqui: a flexibilidade que Zeljko Obradovic tem em seu elenco. Sua defesa melhorou muito após o intervalo, quando ele abriu mão de jogar com seus pivôs mais pesados (Savas, Erden e Zoric), emparelhando Jan Vesely, Emir Preldzic e Nemanja Bjelica. Que trio, não? Versáteis, ágeis, espichados, podendo trocar na marcação sem problemas, tapando o garrafão.

12 – O CSKA chegou a 12 triunfos consecutivos, sustentando sua invencibilidade, ao bater o Laboral Kutxa por 99 a 90 – partida que transmiti pelo Sports+. O clube russo claramente jogou para o gasto, ciente de sua superioridade em relação ao time espanhol, aquele que mais trocou peças durante a competição. Juntos, Teodosic e De Colo contribuíram com 35 pontos e 13 assistências, com 10/21 dos arremessos.

1 – Apeas um time do Grupo E conseguiu duas vitórias nas duas primeiras rodadas do Top16: o Real. De resto, temos seis times empatados com 1-1 e o Estrela Vermelha na lantetrna, com 0-2. No Grupo F, Olympiakos, CSKA e Anadolu estão com 2-0, com o time grego liderando a chave com base no saldo de pontos (+32).

Tuitando


Euroligado: Barça de Huertas atropela, Limoges de JP batalha
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Giancarlo Giampietro

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Bongou-Colo (d): pura energia para o Limoges de JP

Enquanto o Barcelona de Marcelinho Huertas segue invicto e arrasador, o Limoges de JP Batista faz de tudo para ainda se manter no páreo. Na oitava semana da Euroliga, os dois representantes brasileiros saíram de quadra satisfeitos com os resultados de suas equipes. Mesmo que eles tenham sido bastante diferentes. Acompanhem.

O jogo da rodada: Limoges 67 x 64 Unicaja Málaga
Não foi o duelo mais bonito, como o placar baixo não deixa mentir. Mas a maneira como chegamos a esse resultado foi para fazer levantar da cadeira até mesmo o torcedor francês mais contido. O Málaga chegou a abrir 20 pontos de vantagem ainda no primeiro tempo, fora de casa, e levou a virada.

Para ser mais preciso: o placar apontava 32 a 12 a favor do time espanhol com 16 minutos de jogo, depois de uma bandeja do ala Will Thomas. Mas os atuais campeões franceses batalharam pelo placar e conseguiram uma grande vitória que os mantém com chances de classificação para o Top 16, mesmo que numa situação ainda desfavorável.

João Paulo Batista já estava em quadra quando os espanhóis tinham essa larga diferença. O pivô, todavia, foi importantíssimo na reação dos donos da casa. Com quatro pontos e uma assistência, ajudou os donos da casa a reduzir a desvantagem para 13 pontos antes do intervalo.

No terceiro período, então, ele brilhou. O pernambucano foi mantido no quinteto inicial e marcou dez pontos na parcial, sendo sua quinta cesta de quadra justamente aquela que valeu pelo 41 a 41, o primeiro empate desde que os espanhóis abriram larga vantagem, com 28 minutos rodados no cronômetro.

A despeito da pressão, o Unicaja de Joan Plaza não ruiu. Controlou os nervos e fez um jogo parelho no quarto final, defendendo bem, ainda que seu ataque funcionasse aos tropeços. Aí foi a vez de o ala-armador Jamar Smith despontar. O americano, que chegou a assinar contrato com o Boston Celtics nos tempos de Fabrício Melo, converteu três bolas de longa distância e, junto com as cravadas de um sempre agressivo Nobel Boungou-Colo, foi instrumental na vitória.

Smith somou 18 pontos, cinco assistências e quatro rebotes. Bongou-Colo também contribuiu de modo versátil, com 12 pontos, sete rebotes e quatro assistências. O arremessador Ryan Toolson, sobrinho de Danny Ainge, anotou 15 pontos em 29 minutos pelos espanhóis.

O Málaga pode ter perdido, mas assegurou sua vaga na segunda fase, ao lado de CSKA Moscou e Maccabi Tel Aviv. Resta, então, só o quarto lugar em jogo, e o Limoges ainda sonha. Os franceses estão na lanterna do grupo, com dois triunfos e seis reveses, mesma campanha do Cedevita Zagreb. A equipe croata, por ora, leva a melhor tanto no saldo de pontos (-41 a -66) como no confronto direto (por ter vencido o segundo duelo por mais pontos). O ALBA Berlin é quem está mais bem posicionado, com três vitórias e cinco derrotas. Um detalhe, no entanto: o clube alemão encara o Limoges na próxima rodada e o Cedevita na última. A disputa promete.

Os brasileiros
Bem, já falamos do papel decisivo de JP Batista na virada. Então aqui ficam os números finais dele na partida: 14 pontos em 23 minutos, com uma jornada perfeita nos arremessos (6/6 nos chutes de quadra e 2/2 nos lances livres). Ele ainda pegou dois rebotes ofensivos, deu uma assistência e conseguiu uma roubada de bola.

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Huertas contra Tony Taylor, jovem armador americano do Turow

Marcelinho Huertas pouco jogou na vitória do Barcelona sobre o Turow Zgorzelec, na Polônia. Isso tem pouco a ver com o basquete do armador, que somou cinco pontos e três assistências em apenas 15 minutos. É que essa foi a partida mais fácil do Barça na competição, mesmo, com placar de 104 a 65, dando a chance para o técnico Xavi Pascual preservar seus principais atletas. Até mesmo o adolescente Ludde Hakanson, sueco de apenas 17 anos, foi para quadra, jogando os últimos 8 minutos, com três pontos e duas assistências. O jovem croata Mario Hezonja marcou 15 pontos em 17 minutos.

Somente o CSKA Moscou se equipara ao clube catalão em termos de sequência de vitórias no campeonato. São os únicos invictos. O time moscovita, no entanto, tem melhor saldo de pontos: 129 a 112, depois de ter batido o Cedevita Zagreb em casa, por 97 a 79.

Um causo
O armador Daniel Hackett se meteu em uma enrascada durante a temporada de seleções deste ano. Insatisfeito com seu papel na Squadra Azzurra do basquete, o ítalo-americano simplesmente abandonou a concentração da equipe, sem avisar ou pedir permissão para ninguém. A atitude, claro, não pegou nada bem. A ponto de a confederação italiana suspender o atleta por seis meses de qualquer atividade basqueteira no país. Arrivederci!

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

Daniel Hackett, numa das atuações mais impressionantes da temporada. Perdoado

O Olimpia Milano, seu clube, estudou rescindir seu contrato, sem pagamento. Afinal, com um gancho desses, ele perderia 26 jogos da liga local. O jogador, porém, pediu desculpas aos diretores e encontrou um meio termo: seu salário para a atual temporada foi reduzido, enquanto o contrato de 2015-2016 segue validado, integralmente. Mas por que bancar um cara que nem vai jogar?

O que pega é que, em jogos da Euroliga, em outra esfera, Hackett está liberado para atuar. Além disso, o Olimpia sabe que estava lidando com um atleta que pode fazer a diferença. Com 1,99 m, é alto e bastante ágil em sua posição para os padrões do Velho Continente. Pressiona os adversários demais em cima do drible e, no ataque, tem facilidade para concluir suas jogadas, embora seu arremesso ainda seja suspeito, especialmente quando em movimento.

Contra o Bayern de Munique, na quarta-feira, porém, caiu praticamente tudo, e na principal hora. O esquentadinho jogador anotou 19 de seus 25 pontos no quarto período e liderou o clube italiano a uma vitória no sufoco sobre o Bayern de Munique, em casa, por 83 a 81. Foi dele a cesta decisiva a 1s5 do fim. E agora? Estão todos satisfeitos com o acordo? O Olimpia Milano ficou muito perto da classificação no Grupo da Morte.

Em números
2.535
– Vassilis Spanoulis chegou a essa quantia de pontos para superar Jaka Lakovic e se tornar o terceiro maior cestinha da história da Euroliga, atrás apenas de Juan Carlos Navarro, o líder disparado, e de Marcus Brown, ala americano que defendeu sete clubes diferentes na Europa, com destaque para CSKA e Maccabi. Navarro tem 3.496 e ainda está em atividade. É praticamente impossível que qualquer atleta o supere. Já Brown tem 2.739 pontos, algo mais plausível para o craque grego. Spanoulis, por outro lado, já tem um recorde memorável a seu favor: é o único a integrar tanto o top 5 de pontos como de assistências da competição. Ele já deu 710 passes para cesta. Acima dele aparecem Sarunas Jasikevicius (4º), Pablo Prigioni (3º), Theo Papaloukas (2º) e Dimitris Diamantidis (1º). Só. Ah, e o Olympiakos, líder do Grupo D, bateu o Neptunas Klaipeda, da Lituânia, por 89 a 79 em casa.

98 – O Real Madrid se recuperou da derrota sofrida para o UNICS Kazan na semana passada. Ou quase isso. Contra outro rival russo, o Nizhny Novgorod, o time blanco venceu e marcou 101 pontos. Perfeito, certo? Não fossem os 98 pontos que sua defesa sofreu contra um time que não havia feito mais que 89 pontos até aqui – e contra o lanterninha Dínamo Sassari. O Real lidera o Grupo A, com seis vitórias e duas derrotas, mas seu desempenho jogo a jogo certamente já inspira preocupação para a torcida merengue. Nos últimos quatro confrontos, foram dois reveses e dois triunfos que combinaram para um saldo de apenas cinco pontos.

43 – Foi o índice de eficiência obtido pelo pivô D’Or Fischer, do UNICS, na vitória sobre o Sassari, com 23 pontos, 15 rebotes e 3 assistências, tendo errado apenas um arremesso em 11 tentativas. O americano de 33 anos vive fase excepcional. Contra o Real, sua linha estatística já havia sido de 25 pontos, 8 rebotes e 11-17 nos arremessos. Até aqui, o pivô errou apenas 11 de 55 chutes em oito partidas, para um aproveitamento absurdo de 80% de quadra. É o mesmo que ele mata nos lances livres.

2 – O Zalgiris Kaunas foi limitado a apenas dois pontos no primeiro quarto de uma derrota por 66 a 57 para o Anadolu Efes, um recorde negativo do torneio, que o próprio clube lituano compartilhava com outros três times. Na reta final do terceiro quarto, o Zalgiris, jogando em casa, havia convertido apenas sete cestas de quadra, uma dureza, com a defesa da equipe de Dusan Ivkovic sufocando. No final, os anfitriões terminaram com 15/53 nos chutes.

1 – Depois de quatro tentativas, Laboral Kutxa conseguiu a primeira vitória fora de casa, derrotando justamente um adversário que estava invicto como mandante: o Galatasaray, em Istambul, por 89 a 82. O veterano ala Fernando San Emeterio conseguiu sua maior contagem individual pelo torneio, com 25 pontos, mas foi o armador americano Doron Perkins quem decidiu o jogo no fim, com inesperados 9 pontos nos últimos minutos (mais do que ele havia feito nos últimos seis… jogos!). O clube basco, que já demitiu o técnico Marco Crespi durante a campanha, chega agora a dois triunfos seguidos e se posiciona bem na briga por vaga, assumindo a terceira posição do Grupo D, com 4-4. O Galatasaray está em quarto, com 3-5, superando o Neptunas nos critérios de desempate.

Tuitando

A mídia turca e a galera na Espanha estão dando como certa a transferência de Thomas Heurtel para o Anadolu Efes antes do Top 16 da Euroliga. O armador francês vai se tornar agente livre ao final da temporada, com a cotação em alta. É mais um jogador de que o clube basco vai ter de se desfazer para faturar uma graninha, depois de ajudar a desenvolvê-lo.

É, ao que parece o Olimpia Milano já concedeu perdão a Daniel Hackett.


As 10 melhores jogadas da rodada!


O técnico que prefere revelar jovens a usar um americano meia boca
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Giancarlo Giampietro

Dusan "Duda" Ivkovic e um projeto para ser acompanhado de perto

Dusan “Duda” Ivkovic e um projeto para ser acompanhado de perto

Não é falta de ideia, juro. É que vale a pena ser lido e pode ter ficado perdido no site oficial da Euroliga se você não tem o hábito de dar uma passada por lá. Então tomo mais uma liberdade de tentar traduzir abaixo, deixando uma ou outra frase de fora, um depoimento do técnico sérvio Dusan Ivkovic, atual comandante do Anadolu Efes, de Istambul.

Esse é um clube turco que decidiu investir pesado para esta temporada, pensando também no futuro. Um clube com grana, mas tambeem com um projeto interessante que conta com algumas estrelas do basquete europeu, como Nenad Krstic, Stratos Perperoglou e Stephane Lasme, sem deixar de abrir espaço para jovens apostas.

O croata Dario Saric, selecionado pelo Sixers no último Draft da NBA, é uma das revelações contratadas. Não se trata de uma promessa: já uma realidade, tendo sido eleito o MVP da competição em novembro. Entre os demais garotos, vale destacar Cedi Osman, ala-armador turco de apenas 19 anos, eleito o melhor jogador do último Europeu Sub-19 e já convocado para a última Copa do Mundo, assim como Saric. Ele só estará fora de ação nas próximas semanas devido a uma torção de tornozelo.

Dario Saric, jovem estrela sob a tutela de Ivkovic

Dario Saric, jovem estrela sob a tutela de Ivkovic

Em seu texto, Ivkovic fala sobre como a chance de trabalhar novamente com atletas mais jovens foi um dos fatores que o convenceu a aceitar o cargo. Muitos já davam o veterano treinador como aposentado. Abaixo, ele diz que não era bem assim.

Esse é um dos pontos que motiva a tradução. Na busca pelo novo, não se pode esquecer as mentes colaboradoras do passado. No caso de Ivkovic, não havia esse risco, claro. Ainda é uma figura muito respeitada na Europa – conquistou sua segunda Euroliga, inclusive, não faz muito tempo, em 2012.

Todavia, o mais importante, mesmo, que acho que tem relevância e ressonância para o mercado brasileiro é o modo como ele fala a respeito de suas motivações no trato com atletas mais jovens, para desenvolvê-los. E sobre como nem sempre a válvula de escape norte-americana é a mais viável. Aquela coisa de: “Seu time está com problemas? Então tasca um gringo aí, mermão”. Com esse treinador em específico, não cola. No Brasil, quais são os clubes que estão efetivamente abraçando os jogadores mais jovens, dando a eles a chance de aprender em quadra, com seus próprios erros? Erros que podem ser corrigidos com um trabalho atencioso, dedicado, durante a semana? Quantos americanos são contratados por DVD, sem nem mesmo que se considere a possibilidade de trabalhar com os jovens da base?

Derrick Carater teria vez com Ivkovic?

Derrick Carater teria vez com Ivkovic?

Recentemente, vimos o Flamengo cair nessa, num exemplo célebre que atende pelo nome de Derrick Caracter. Um veterano cheio de problemas que quase tirou de quadra um talento como o de Cristiano Felício, na excursão rubro-negra pelas quadras da NBA. Este é um caso recente e que teve repercussão. Mas obviamente não foi um fato isolado.

Cada um interpreta e assimila o depoimento da forma que quiser. Não se trata de uma Verdade Absoluta, de um 11º Mandamento irrevogável. É apenas uma visão interessante, de uma das personalidades mais influentes e vencedoras do esporte, que ajudou na formação de diversos talentos nas últimas décadas.

Com a Iugoslávia/Sérvia e Montenegro/Sérvia, ele foi tricampeão europeu, campeão mundial, vice olímpico. Pelo Olympiakos, ganhou duas Euroligas, com 15 anos separando uma conquista da outra. O currículo completo está aqui para apreciação.  Tendo isso em mente, vamos ao texto, com o seguinte título: “Não existem atalhos”. Confira:

“Primeiro de tudo, gostaria de expressar minha satisfação com meu retorno à Euroliga, a melhor competição na Europa. Já participei dela por muitos anos com algumas equipes. Desde o AEK Atenas ao CSKA Moscou, Dínamo Moscou, Olympiakos e agora o Anadolu Efes. Por que retornei? Simplesmente porque sinto que ainda sou capaz de trabalhar bem. Minha filosofia é que, se alguém ainda sente que pode trabalhar, tem de fazer isso, desde que possa garantir qualidade ao seu esforço. Tive algumas ofertas quando estava dirigindo a seleção sérvia, mas não queria dividir funções, porque uma das partes sempre vai sofrer, seja o clube ou a equipe nacional.

Cedi Osman, uma das grandes promessas do basquete turco. Olho nele

Cedi Osman, uma das grandes promessas do basquete turco. Olho nele

Não é uma questão de cansaço físico – houve anos em que trabalhei por 12 meses –, mas, sim, de todo o processo que envolve o trabalho. Há coisas para se fazer nos clubes que acontecem durante o período de férias, coisas da qual você não pode tomar parte se estiver com uma seleção nacional. Havia diversas opções para eu me manter conectado ao basquete, que é a minha vida, sem retornar ao banco, para treinar. Mas, com o apoio da minha família, decidi voltar à lateral da quadra com um novo projeto em um país que tem um grande futuro em todos os sentidos. Um grande trabalho vem sendo realizado com os jogadores jovens aqui na Turquia, e o progresso fica evidente a toda hora. A Turquia começou a vencer medalhas nas categorias menores, e isso é a melhor garantia para o sucesso do basquete turco no futuro.

O maior desafio para qualquer treinador no início de temporada é montar um time e dar química, um alto grau de entendimento entre os jogadores. É um processo longo que requer tempo, trabalho e a paciência de todos. No basquete, não existem atalhos. Alguns jogos podem ser vencidos por inspiração ou um pouco de sorte, mas chegar ao ponto em que os jogadores se entendam com um simples olhar é um processo que leva, no mínimo, cerca de dois anos de trabalho coletivo. Você precisa formar um conjunto entre ataque e defesa de uma forma de colaboração praticamente automática.

Comparado com a campanha passada, o Anadolu Efes manteve apenas alguns jogadores. Além disso, tenho alguns garotos que nem mesmo pensavam que estariam com o time principal nesta temporada, mas minha ideia é usar estes jovens talentos turcos o máximo que puder, algo que já fiz no Olympiakos com jogadores gregos. Para compensar essa juventude e falta de experiência, assinamos com algumas estrela que já lutaram em diversas batalhas nessa competição. Vamos levar as coisas adiante passo a passo, com paciência e trabalho duro. Uma mudança de geração é algo difícil nos esportes coletivos. No meu ponto de vista, o Anadolu Efes precisa ter um papel relevante na Euroliga de 2015-2016. A única fórmula possível para isso é dar confiança aos garotos e fazer um bom trabalho individual com cada um dos jogadores.

Acho que todos os treinadores conhecem essa fórmula, mas eles não a aplicam em uma atmosfera de pressão, seja de diretores do clube, da imprensa, da torcida. Felizmente, este não é meu caso. Psso lidar com qualquer tipo de pressão e dar essa oportunidade aos jogadores jovens: quero que eles assumam a responsabilidade. Outro tipo de pressão que muitos técnicos enfrentam é a enxurrada de jogadores medianos da América, que muitas vezes tiram o lugar de jovens europeus, cortando seu desenvolvimento. Por um lado, a qualidade duvidosa de alguns desses jogadores não é o bastante para se vencer jogos, e, por outro, perde-se muito ao manter os talentos mais jovens no banco ou até mesmo fora do elenco. Há vezes em que os danos aos jogadores mais jovens são irreparáveis. Isso caminha junto com problema geral do basquete europeu de ver seu talento migrar cedo para a NBA.  Já dirigi muitos jogadores que tiveram sucesso na NBA porque saíram no momento certo, com maturidade e experiência. Porém, muitos deles saem bem jovens e despreparados, e aí retornam piores. Perderam tempo por terem sido impacientes.

Ivkovic e Divac em algum ponto dos anos 90. História para contar

Ivkovic e Divac em algum ponto dos anos 90. História para contar

Vale gastar umas palavras para falar sobre o que chamo de “preparação mental”. Isso também é um processo de trabalho diário. Eu pessoalmente prefiro trabalhar sozinho, sem um psicólogo, porque acredito que uma terceira pessoa entre o jogador e o técnico jogador não seja necessária. O técnico também precisa ser um psicólogo e entender a alma dos jogadores e entrar na cabeça e no coração deles para saber o que têm por dentro. Você tem de conversar bastante com eles, sozinho ou com todos reunidos no vestiário, mas tem sempre de pedir mais dos melhores jogadores. Já foi acusado de não ser capaz de lidar com estrelas, mas acho que é o contrário: sempre fui mais crítico com os melhores jogadores porque sabia que eles poderiam lidar com isso, e é por isso que chegamos juntos ao topo muitas vezes. Não posso cobrar tanto assim dos mais jovens. Com eles, você tem de ensinar e ser paciente.”

(Fim.)


Revelação da Jordânia chama a atenção de Ivkovic
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Giancarlo Giampietro

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Al Dwairi levou a Jordânia ao quinto lugar na Copa da Ásia, contra o Japão

Glo-ba-li-za-ção. Já faz tanto tempo que a gente fala e ouve a respeito, que parece coisa do passado, né? Mas no basquete ainda se sente os efeitos dela diariamente. Como quando você acorda, checa as fontes básicas do Twitter e dá de cara com isto aqui, via Sportando:

“Anadolu Efes está interessado no pivô Ahmad Al Dwairi”

Ahmad quem?

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Al Dwairi levanta a galera

Al Dwairi levanta a galera

Pois é: aí taca fazer uma pesquisa rápida, para checar a procedência. E aí descobre-se que se trata de um pivô jordaniano. Considerado um prospecto para as ligas de ponta. Com especulação até de NBA. Vindo da Jordânia. E por que não?

De 21 anos e supostos 2,09 m de altura, Al Dwairi teve médias de 12,7 pontos e 10 rebotes por jogo na última Copa da Ásia. Agora, saibam que não foi muito fácil achar mais informações a respeito do cara. Pudera: não é que seu país esteja plenamente inserido na rede mundial do basquete. O pivô joga pelo Al Ittihad Schools na liga nacional de seu país.

Nem mesmo sua ficha Fiba é muito detalhada. De qualquer forma, seguem aqui seus dados da última copa continental, jogo a jogo. Contra o Irã, adversário brasileiro no Mundial, foi excluído com cinco faltas em apenas 28 minutos, terminando com 14 pontos e 7 rebotes. Bom destacar que o glorioso Hamed Haddadi não jogou. Contra os carismáticos filipinos, sem Andray Blatche, foram 13 pontos, 14 rebotes, 2 tocos e 2 roubos de bola em 30 minutos. A seleção jordaniana terminou com uma honrosa quinta colocação.

Deem uma espiada logo abaixo em um compacto (de melhores momentos, claro) do jogador num torneio amistoso nesta temporada. Obviamente o cara é um atleta de ponta. Por outro lado, não dá para ignorar o baixo nível da concorrência. É um gigante em meio a baixinhos, seguido os passos de Haddadi e Salah Mejri, pivô do Real Madrid.

O Anadolu Efes seria um ótimo clube para o jovem pivô – já até está treinando por lá. Sob o comando de Dusan Ivkovic, o porjeto enfatiza de hoje enfatiza o desenvolvimento de jovens atletas. Além do mais, as particularidades culturais de Istambul podem facilitar sua adaptação fora de casa – impacto muito menor, claro, do que o de uma eventual viagem para os Estados Unidos.  Além disso, sua mãe é truca e ele nasceu nessa metrópole. Vamos monitorar no que vai dar essa história toda. Promessa é dívida.


Euroligado: juventude nada transviada na 5ª semana
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Giancarlo Giampietro

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Quando o legendário Dusan Ivkovic decidiu voltar de prolongadas férias para assumir o comando do Anadolu Efes, ele fez questão de dizer que chegava para fazer a garotada do clube jogar. Não foi questão de falácia, não. Num time com investimento pesado para a temporada, os atletas mais jovens ganharam mais espaço com o técnico sérvio, e os frutos já começam a ser colhidos pelo clube turco. Nesta sexta, Cedi Osman, 19, Furkan Korkmaz, 17, e o prestigiado Dario Saric, 20, receberam minutos importantíssimos no quarto final e viram – ou fizeram – sua equipe vencer o poderoso Real Madrid naquele que foi o…

O jogo da rodada: Anadolu Efes 75 x 73 Real Madrid
O ginásio em Istambul já estava bombando antes de a bola subir. A empolgação do público para receber, com vaias e impropérios, o Real, que vinha de 12 vitórias seguidas, contando supercopa e liga espanholas. O tipo de sequência que já fazia o torcedor merengue cogitar a possibilidade de repetir o inesquecível início da temporada 2012-2013., no qual atingiu a incrível marca de 31 jogos sem derrota. Mas eles pararam bem antes disso.

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O Anadolu jogou com muita energia, sem se incomodar em correr a quadra toda contra o veloz time do Real, buscando os desarmes no perímetro para sair em transição. Uma proposta que propiciou uma partida frenética e agradável. A correria, claro, favorecia a molecada, com Osman, que já disputou a Copa do Mundo adulta, sendo o destaque do jogo. O garoto produziu demais no contra-ataque, com aproveitamento perfeito na linha de três, mas também atacando a tábua ofensiva com ferocidade. Ele terminou com 16 pontos, seu recorde pessoal na Euroliga. Foram também sete rebotes para ele – o mais importante deles nos segundos finais do jogo. Dario Saric também foi muito relevante em quadra na segunda etapa, com 13 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco de tudo.

Na última posse de bola, Milko Bjelica foi barrado em sua tentativa de bandeja. Osman invadiu o garrafão para tentar o tapinha, mantendo a bola viva. Na sequência, o ala Matt Janning deu mais um toque na bola para vencer o cronômetro – e a partida. Um herói inesperado: o ala americano, que nem havia entrado em quadra no segundo tempo, não faz uma boa bem temporada, pecando no seu principal fundamento (o tiro de três pontos). Ele acabou se consagrando num rebote ofensivo ainda mais improvável para fechar um jogo que tive o prazer de transmitir pelo Sports+.

Para constar, o Real, cujos defensores assistiam a toda essa farra em seu garrafão passivamente, jogava sem Rudy Fernández, que operou a mão direita e não tem previsão de retorno, mas o Anadolu também foi para a quadra sem Nenad Krstic, seu principal pivô, afastado devido a uma fratura no braço esquerdo.

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Os brasileiros
Marcelinho Huertas tem, no Barcelona, a missão de fazer a bola rodar, de dar estabilidade e ritmo de jogo. É o seu papel na equipe, que ele faz muito bem. Por isso é preciso cuidado na hora de ver sua linha estatística na vitória sobre o Panathinaikos: 8 pontos, 5 assistências e 3 rebotes em 27 minutos. Ah, mas só isso de assistências? Bem, mas lembrem-se que a computação da Euroliga é bem mais rígida que a da NBA. Além disso, uma boa armação não precisa ser medida obrigatoriamente pela quantidade de passes direto para a cesta. Depende de cada time. O Barça tem um ritmo bem cadenciado, com a bola girando bem entre todos em quadra.

JP Batista acabou passando batido no duelo com o fortíssimo e invicto CSKA Moscou, que venceu o Limoges, fora de casa, por 86 a 76. Mas não se enganem com o placar: foi uma vitória suada para o clube russo, com uma virada avassaladora no quarto final, vencido por 27 a 5. Sim, foram 22 pontos de vantagem para os visitantes. O pivô pernambucano jogou por 13 minutos e ficou zerado em pontos e rebotes. Enfrentar um garrafão com Sasha Kaun e Kyle Hines é uma dureza.

Um causo
O Laboral Kutxa tomou um sacode surpreendente do Estrela Vermelha, em casa, perdendo por 86 a 66, ainda no vestiário, o técnico italiano Marco Crespi foi comunicado sobre sua demissão. Foi a chamada demissão sumária, mesmo, para um cara que trabalhava fora de seu país pela primeira vez, tendo sido contratado para este campeonato. Os jogadores só foram saber em contato com a imprensa na zona mista, na saída do vestiário. O clube basco tem duas vitórias e três derrotas na Euroliga. Na liga espanhola, dois triunfos e quatro reveses. Começo ruim de campanha, ok. Mas era pouco mais de um mês de trabalhado… Acontece lá também. O destaque da partida foi o ala Luka Mitrovic, de apenas 20 anos, mais um jovem sérvio que ainda vai dar o que falar. Ele teve 17 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco. Crespi já foi diretor do departamento de scout internacional de Suns e Celtics.

Arrivederci, Marco

Arrivederci, Marco

Lembra dele? MarShon Brooks (Olimpia Milano). Ele mesmo, o ala que já se comparou a Kobe Bryant ao sair da universidade e iniciar sua carreira como profissional pelo Nets e passou por Boston Celtics, Golden State Warriors e Los Angeles Lakers. Sem mercado na NBA, Brooks teve de seguir sua carreira profissional na Europa, com uma boa oferta do Olimpia Milano, clube italiano que tenta voltar ao patamar dos grandes no Velho Continente. Na vitória sobre o Turow Zgolarec por 90 a 71, essencial para um time que vinha penando na temporada, o ala americano anotou 10 pontos e pegou 4 rebotes. Nada espetacular, mas pelo menos é alguma coisa num momento delicado para o jogador, que corre risco de ser dispensado. A imprensa italiana já especula que o Milano vem vasculhando o mercado para um possível substituto. A diretoria está frustrada com o lateral.

Em números
27 – Olho no Olympiakos: os bicampeões da Euroliga em 2012 e 2013 vai muito bem, obrigado, na primeira fase. Nesta quinta, o time bateu o Galatasaray, em casa, por 93 a 66, com 27 pontos de vantagem. Um resultado impressionante. O pivô Othelo Hunter, que já teve breve passagem pelo Atlanta Hawks, anotou 17 pontos e pegou 10 rebotes. O craque Vassilis Spanoulis somou 16 pontos e 7 assistências. Oito atletas do clube grego marcaram mais de 7 pontos.

16 + 12 – Milos Teodosic conseguiu nesta sexta seu terceiro double-double em apenas cinco jogos pelo CSKA, com 16 pontos e 12 assistências em 32 minutos. De novo: o sérvio vai jogando talvez o melhor basquete de sua carreira, empolgadíssimo depois da ótima participação na Copa do Mundo. Rubén Magnano que o diga.

10 – Assim como Robert Day, Andrew Goudelock matou uma dezena de bolas de longa distância em 12 tentativas, na vitória do Fenerbahçe sobre o Bayern de Munique, fora. Foi o recorde da competição. Apelidado de “Mini Mamba” nos Estados Unidos, depois de ter acompanhado Kobe Bryant em sua temporada de novato pelo Lakers, ele anotou 34 pontos e atingiu um ranking de eficiência de 40 pontos, ganhando o prêmio de MVP da jornada mais uma vez.

6 – O americano Brian Randle fez das suas novamente, dando sete tocos na crucial vitória do Maccabi Tel Aviv sobre o Unicaja Málaga, na Espanha. Os dois clubes estão agora empatados no Grupo C, com 3-2. Os espanhóis levam a melhor apenas no saldo de pontos (10 contra 6). Com a grave lesão de Guy Pnini, mais um a lidar com uma ruptura de tendão de Aquiles, cresce a importantância de Randle, um atleta bastante dinâmico, o para o atual campeão. Ele ainda contribuiu com 12 pontos, 7 rebotes e 2 assistências. De 2,03 m de altura, ele tem agora 2,4 bloqueios em média por partida.

3 – Com a derrota do Real em Istambul, restam três times invictos na temporada: Barcelona, na frente do Grupo B, CSKA liderando o C e o Olympiakos encabeçando o Grupo D.

Tuitando

O ala australiano foi dispensado pelo Clippers, mas descolou uma vaguinha no Utah Jazz para ajudar no progresso de Dante Exum – e também pelo fato de o time de Salt Lake City contar com um técnico que o conhece da Europa, Quin Snyder, que trabalhou com Ettore Messina no CSKA. De longe, segue sua ex-equipe ainda de perto. Devin Smith jogou demais contra o Unicaja, com 24 pontos e 10 rebotes.

Imaginem a bagunça no quarto 313, com tanta gente grande dentro, ainda mais depois de uma grande vitória do Estrela Vermelha sobre o Laboral Kutxa. O ala Nikola Kalinic, vice-campeão mundial, veio bem do banco de reservas, influenciando a partida com sua energia e capacidade atlética. Ele ainda tem muito o que evoluir em leitura de jogo e arremesso, mas segue um prospecto interessante, como pudemos testemunhar na Copa.

As 10 melhores jogadas da semana, galera. Aproveitem.