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Arquivo : Sérvia

Brasil conhece grupo. Obrigação é bater Irã e Egito para avançar
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Giancarlo Giampietro

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Extra! Extra! Saíram os grupos da Copa do Mundo de basquete!

O Brasil? Bem, o convidado e gastão Brasil caiu no Grupo A, ao lado de Espanha, França e Sérvia!

Dureza, hein?

Mas calma: Irã e Egito completam a chave. São seis integrantes, dos quais passam quatro para os mata-matas. Então, de cara, o que a gente pode dizer?

Que é obrigação bater Irã e Egito e passar de fase.

Por outro lado, era “o-bri-ga-ção” superar Jamaica e Uruguai na Copa América, e deu no que deu.

Avaliar, hoje, 3 de fevereiro de 2014, a força dos países que vão ao Mundial é nada mais que um exercício hipotético. Não temos a menor ideia de quem vai se apresentar, ou não, para o Mundial.

De certezas, mesmo, o que temos é que os Estados Unidos são os grandes favoritos ao bicampeonato. Mesmo sem LeBron, Kobe, Carmelo, Wade ou Chris Paul. E que não dá para perder do Egito. Por favor.

Um tropeço contra os faraós seria algo inimaginável. E contra o Irã? Bem… Para quem já advogou a favor da Finlândia no fim de semana, mantenho a coerência e recomendo calma, tranquilidade, paz e serenidade na hora de falar dos caras.

Obviamente seria pior ter os finlandeses na chave. Os escandinavos, pelo que praticaram no último Eurobasket, não podem ser considerados de modo algum como galinhas mortas. Agora, dá para dizer também que, entre os países mais fracos, o Irã, que ocupa a 20ª colocação no Ranking da FIBA, é bem mais encardido que Coreia, Filipinas, Nova Zelândia, Senegal e Egito.

O que sabemos sobre os iranianos?

Essa é uma boa hora para recuperar dois posts do ano passado, durante a disputa dos torneios continentais. Na Ásia, o Irã atropelou todo mundo. Foram nove vitórias em nove jogos rumo ao título. Na final, eles bateram os anfitriões filipinos por 85 a 71. Na semifinal, superaram Taiwan (que havia eliminado a China…) por 79 a 60.  Quem lidera a equipe é o pivô Hamed Haddadi, ex-Memphis Grizzlies, Phoenix Suns e Toronto Raptors. Tratado como figura cult na NBA, ele é um cara dominante no mundo Fiba. Na decisão asiática, ele somou 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos.

Esses números e o retrospecto na Ásia podem parecer assustadores, mas é preciso se levar em conta que o continente ao oriente não tem nem de perto a mesma competitividade que testemunhamos aqui nas Américas, por exemplo.

Se o Brasil tiver força máxima, ou algo perto disso, espera-se uma vitória tranquila. Como aconteceu no Mundial da Turquia em 2010. Quem se lembra? No começo de trabalho com Magnano, a então revigorada seleção, marcando bem, pressionando a bola, saiu vencedora de quadra na primeira fase por 81 a 65. O elenco tupiniquim era: Huertas, Nezinho, Raulzinho, Alex, Leandrinho, Machado, Marquinhos, Giovannoni, Murilo, Varejão, JP e Splitter. Nenê se apresentou, mas se desligou por motivo de lesão.

Não há motivos para esperar um desfecho diferente no torneio deste ano, na cidade de Granada, ao Sul da Espanha, em território que já foi dominado por uma dinastia islâmica.  Agora, de novo: é preciso quem Magnano vai convocar, aqueles que vão se apresentar e tudo isso.

A gente fala em obrigação, trabalhando na teoria. A vontade é colocar uma aspinha nisso: ‘obrigação’. Na prática, no mundo da CBB, depois dos acontecimentos de 2013, nada é garantido.

*  *  *

Sobre França, Espanha e Sérvia, o que dizer?

Bem, os franceses vão jogar cheios de confiança, como atuais campeões europeus, um título que eles comemoraram muito, mas muito, mesmo, no ano passado. Serviu como terapia para Tony Parker, além do mais. Agora, monitoremos todos como será a temporada do francês pelo Spurs. Jogar dois anos seguidos em competições Fiba, emendadas com longas jornadas na NBA, não é algo simples, fácil de se cumprir. Para a Espanha, como anfitriã, é de se imaginar que eles tenham força máxima, dependendo apenas que a enfermaria não retenha muita gente. Com os irmãos Gasol, seus excepcionais armadores, as bombas de Navarro e um Ibaka ainda melhor no ataque – mas sem abrir o berreiro? –, o time seria a segunda grande força do campeonato. Sacre bleu!, podem exclamar Parker, Batum e Noah, mas é o que acho. Por fim, a Sérvia é um dos times mais imprevisíveis da paróquia. A gente nunca sabe quem vai jogar. É como se eles trocassem de geração a todo momento. E, mesmo que os bambas joguem, controlar os egos dessa turma tem sido um problema desde que Dejan Bodiroga e Peja Stojakovic se foram. Fulanovic vai com a cara de Cicranovic? O talento é inegável, mas a química… Vai saber.

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O restante dos grupos segue abaixo:

B – Argentina, Senegal, Filipinas, Croácia, Porto Rico, Grécia.
Os asiáticos deste grupo stão fazendo questão de espalhar pelos quatro cantos: “PROCURA-SE JOGADORES COM ASCENDENCIA FILIPINA DESPERADAMENTE”. No momento, eles estão tentando naturalizar JaVale McGee, o pivô mais insano da NBA, e Andray Blatche, outro cujo cuco também não bate muito bem, ex-companheiro de McGee num time de pirados em Washington, mas muito mais talentoso e que dá trabalho para qualquer um no mano-a-mano. Agora, mesmo com essa dupla, não dá para imaginar que Argentina, Croácia, Porto Rico e Grécia estejam preocupados. Temos aqui o quarteto de favoritos óbvios. O Senegal já forneceu nove jogadores para a NBA (embora pouquíssimos tenham vingado) e eliminou a Nigéria no último torneio africano, além dos donos da casa, a Costa do Marfim, na disputa pela terceira vaga. Então não deve ser desprezado. Mas, em CNTP, ficam pelo caminho.

C – EUA, Finlândia, Nova Zelândia, Ucrânia, República Dominicana, Turquia
Aqui a briga promete pelas vagas de segundo a quarto – já que o primeiro lugar é claramente da Nova Zelândia do sensacional Steven Adams… Então, bem, como vínhamos dizendo, a Turquia supostamente seria a segunda principal força desta chave. Com Omer Asik, Ersan Ilyasova, Emir Preldzic, Semih Erden, Furkan Aldemir, entre outros, porém, o time tem uma linha de frente formidável, mas um jogo de perímetro extremamente instável. Fossem outros tempos, poderíamos dizer que se tratam dos “caribenhos” da Europa. Foram vice-campeões na última edição, mas jogando em casa e com uma ajudinha da arbitragem. Então ficam no mesmo bolo de Ucrânia (um dos times mais modorrentos do últmio Eurobasket, com um basquete arrastado, excessivamente controlado por Mike Fratello, mas que se meteu entre os sete melhores),  Dominicana (Horford consegue se recuperar a tempo? Charlie Villanueva pode estragar tudo!? Será que o Calipari vai ficar tentado??) e Finlândia (o patinho feio que ganhou dos próprios turcos no Eurobasket.

D – Lituânia, Angola, Coreia do Sul, Eslovênia, México, Austrália.
O mesmo cenário se repete aqui. Com a diferença de que a Lituânia, bastante instável nas últimas temporadas – são os atuais vice-campeões europeus, mas precisaram jogar o Pré-Olímpico Mundial para chegar aos Jogos de Londres  –, pode se ver no mesmo pelotão de Eslovênia e Austrália. Mais abaixo talvez o México, depois de chocar as Américas no ano passado, talvez tenha algo a dizer a respeito, enquanto Angola está para a África assim como o Irã, para a Ásia. E a Coreia? Bem, com apenas seis jogadores acima de 1,94 m no elenco, sem chance.

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Os cruzamentos: as seleções do Grupo A batem com as do Grupo B no início dos mata-matas. Logo, é possível, sim, que tenhamos maaaaais um Brasil x Argentina pela frente. Se os nossos vizinhos e algozes tiverem de escolher, muito provavelmente topariam de cara, sem nem saber quem vai jogar por quem. Mas está bem cedo para falar disso. De todo modo, para Rubén Magnano, ficar ao lado de bichos papões na primeira fase não deixa de ser uma boa notícia. Garantia de que eles serão evitados de cara na fase decisiva – de todo modo, se o time pensa em medalha, em boa campanha, uma hora vai ter de enfrentá-los para valer e para vencer. O que a gente também pode tirar daqui é que dificilmente vamos ver a Espanha entregar, ou cogitar entregar qualquer coisa em quadra, como naquele polêmico de Londres 2012. Para escapar de um confronto precoce com os americanos, eles basicamente precisam se classificar na primeira colocação do grupo.


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

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Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

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A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.