Vinte Um

Arquivo : Prigioni

Notas olímpicas: a fase de Carmelo e os problemas de Prigioni e Navarro
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Giancarlo Giampietro

Juan Carlos Navarro, de fora

De agasalho e cabelo novo, Navarro não ajuda muito a Espanha

Só para desafogar um pouco:

– Isso já vem lá de trás no Pré-Olímpico de Las Vegas-2007, mas nestas Olimpíadas está impossível: como o jogo de Carmelo Anthony se traduz para o basquete Fiba de maneira perfeita. Com a linha de três um pouco mais próxima, contra jogadores menos atléticos do que os que vê regularmente na NBA e os diversos astros ao seu redor, o ala da seleção norte-americana vira uma arma mortal toda vez que recebe a bola, não importando o ponto em que está da quadra. No mano-a-mano, ele pode girar rapidamente e fazer o arremesso. Pode driblar de frente para a cesta, frear e subir, devidamente equilibrado, para chutar sobre os braços estendidos do marcador. Se quiser, também pode levar seu oponente para o garrafão e exibir seu jogo de pés consistente e a base muito forte para chegar até a tabela e completar a bandeja. Então, fica aberto aqui o bolão: quando será que Melo vai errar uma cesta daqui para a frente no torneio?

– A aura de invencibilidade e a vaga previamente garantida na final para a Espanha foram para o buraco de vez com a derrota para a Rússia. Na verdade, sua imagem já estava tudo severamente arranhada pela campanha que vinham fazendo nesta primeira fase, bem mais fraca quando comparada ao que executaram no último Eurobasket com o time completo. Faz muita falta para a seleção um Juan Carlos Navarro inteiro. Com as Bombas caindo, fica mais complicado para o adversário se acertar: como parar seus chutes em flutuação, como subir a defesa até o perímetro e ter de conter ao mesmo tempo o jogo interior com os Gasol e Ibaka? Sem Rubio, sem Navarro, o time espanhol perde muita criatividade em seu ataque, além de dois jogadores que colocam pressão na defesa. Calderón é um ótimo jogador, mas seu jogo é muito menos vertical. Contra a Rússia, Navarro jogou por 23 minutos, mas foi pouco efetivo, com apenas nove pontos, uma assistência e 27% nos arremessos.

– Você imaginaria que o jovem Facundo Campazzo poderia se tornar o principal jogador da Argentina numa Olimpíada? Nem eu. O armador teve de batalhar até o fim para garantir seu lugar no grupo de Julio Lamas, concorrendo com Nicolás Laprovittola e, agora, se vê numa situação  de pressão, dependendo da condição física do veterano Pablo Prigioni. O armador, recém-contratado pelo Knicks, vem sofrendo com cólicas renais nos últimos dias, não deve nem estar treinando direito, e como esses percalços vão influenciar seu basquete para os mata-matas?

 


Tony Parker representa um desafio diferente ao Brasil neste sábado
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Giancarlo Giampietro

Na Argentina, Pablo Prigioni prima como um armador muito mais cerebral, que sabe controlar o relógio como poucos, mas que não agride muito a defesa adversária. Por outro lado, Chris Paul pode fazer um carnaval para cima de qualquer defesa. Deron Williams também se infiltra feito um trator. Mas ambos mudam um bocado pela seleção norte-americana, considerando o tamanho do arsenal com que jogam nessas ocasiões, diminuindo bastante suas responsabilidades como matadores.

Tony Parker, de óculos, FrançaEm seu penúltimo amistoso antes das Olimpíadas, contra a França de Tony Parker, a seleção brasileira vai enfrentar um desafio totalmente diferente: um armador que fica muito tempo com a bola em mãos, mas buscando sempre o ataque, tentando de modo agressivo vencer a primeira barreira adversária.

O que a França não tem muito são exímios chutadores de longa distância – ainda mais se o ala Nicolas Batum estiver fora de ação ou sintonia, visto que sua preparação para as Olimpíadas foi atrapalhada pela negociação arrastada com o Minnesota Timberwolves que, no fim, não deu em nada. Ele teve de encarar, por exemplo, uma looooonga viagem nesta semana de Paris até Portland para ser examinado pelos médicos da franquia, que cobriu a oferta milionária encaminhada. O outro companheiro de perímetro de Parker, Nando De Colo, recém-contratado pelo Spurs, tem média de apenas 34% em sua carreira na Liga ACB, com 36% na última temporada.

Então, teoricamente, dá para congestionar o garrafão e ver o que acontece. Se fosse tão fácil assim, contudo, muitos clubes da Conferência Oeste da NBA não teriam sofrido tanto para anular Parker. Uma vez que ele passa, as ramificações são diversas e perigosas: ele pode avançar rapidamente até o aro para a bandeja com velocidade. Se essa bola lhe for tirada, seu floater de curta distância é um chute muito difícil de ser marcado. Além disso, os pivôs franceses são na maioria ótimos atletas capazes de reagirem com rapidez para aproveitar as assistências e estufar a redinha.

Não dá para pedir que Huertas jogue tanto no ataque e ainda fique com uma incumbência defensiva pesada dessas. Então… Magnano vai deslocar Alex para marcar o armador? Larry vai ganhar mais tempo de quadra? Vamos ver qual caminho o argentino vai seguir, sem ignorar o fato de que ele talvez não esteja assim tão disposto a mostrar todas as suas cartas em uma partida preparatória a poucos dias dos duelos que realmente importam.


Pânico em NY: Knicks contrata armador, e Linsanidade pode ir para Houston
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Giancarlo Giampietro

A gente vem repetindo aqui no Vinte Um a pergunta: “Você se lembra do Jeremy Lin, né?”, em tom de brincadeira. Mas essa brincadeira, nesta tarde de domingo, parece ter ficado muito séria, com a especulação histérica em Nova York sobre a possível partida do jogador para o Houston Rockets, o mesmo clube que o havia dispensado em dezembro do ao passado.

Jeremy Lin negocia com o RocketsRecapitulando: or dois meses neste ano o armador sino-asiático formado em economia em Harvard e recolhido nas sobras da NBA peo Knicks foi o maior nome do esporte. Ele era o evento de um homem só no maior centro econômico do mundo, deixando Manhattan em polvorosa.

Vieram, então, quase que de uma só vez: a demissão do técnico Mike D’Antoni, cujo sistema alavanca a carreira de armadores com impressionante facilidade, a incompatibilidade com Carmelo Anthony  e uma lesão no joelho, e o conto de fadas foi congelado. O Knicks seguiu competitivo rumo aos playoffs, o clima de euforia em torno do armador deu uma boa esfriada e no ar ficou em algo como: “Em breve, nos melhores cinemas, Lin retornará. Por ora, segue a vida”.

Desde o sábado, porém, os tablóides e blogueiros não sabem o que pensar da vida, a partir do momento em que vazou a notícia de que o clube nova-iorquino estava negociando o retorno de Raymond Felton em (mais uma!) troca maluca com o Portland Trail Blazers. Não demorou nem um segundo para que eles, então, juntassem as peças: ué, se Jason Kidd e Pablo Prigioni já estão sob contrato, com a chegada de Felton, já são três armadores… E o que fazer com Jeremy?

Jeremy, aquele mesmo da Linsanidade, recebeu uma nova proposta venenosa do Houston Rockets: os texanos estão dispostos a pagar algo em torno de US$ 25 milhões por três anos. Os ‘Bockers poderiam cobrir facilmente esse valor pelo agente livre restrito, não fosse um detalhe caríssimo: o terceiro ano de contrato vale cerca de US$ 15 milhões – em vez da oferta anterior discutida, de quatro anos e duas parceias de US$ 8 a 9 milhões nos terceiro e quarto anos, que essa, sim, o Knicks considerava “tranquila” de resolver. De acordo com o contrato que Lin assinou, as contas nova-iorquinas explodiriam na temporada 2014-2015, por conta do que já pagariam a Carmelo, Stoudemire e Tyson Chandler e o clube teria de pagar uma multa muito alta. Até mesmo pros padrões elevados deles.

(Um causo engraçado dessa trama toda foi a direção do Knicks evitar os representantes do Rockets por dias. Não responderam telefonemas, e-mails por um tempão até serem encontrados e receberem a papelada. Piada. Quando veio o acerto por Felton, aí essa “fuga” fez mais sentido.)

Jeremy Lin, ex-Houston Rockets

Lin, que já foi um ex-Rocket, agora pode ser ex-Knick. E quem imaginaria uma coisa dessa?

São três dias, agora, para pensar a respeito e, ao mesmo tempo, sentir a repercussão pública. Ainda não há nenhuma palavra oficial a respeito. Eles podem cobrir a oferta, apostando no potencial de Lin – tanto em quadra como, principalmente, no mercado (vendeu muito merchandising, elevou o preço dos ingressos do clube, aumentou a cotação do grupo MSG na bolsa etc). Mas a contratação de Felton parece apontar a franquia para outros rumos, a não ser que decidam atuar com dupla armação e Jason Kidd marcando na posição 2, descongestionando, assim, sua rotação de perímetro. Se Terry e Barea atuaram juntos com  Kidd em Dallas, por que não tentar com o queridinho de Chinatown e demais vizinhanças? O Bala, agora há pouco, escreveu para estranhar esse desinteresse.

O ala-pivô Jared Jeffries, envolvido no negócio com o Portland, já fala como se Lin fosse passado: “Nunca imaginei que eles o deixariam ir”. O New York Post evoca “fontes” (anônimas) que garantem a saída do sino-americano.

Será que Lin vai, mesmo, para o Rockets?

Seria mais uma virada incrível em sua trajetória já cinematográfica.


Prigioni assina com o Knicks, e ficamos pensando em Huertas
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Giancarlo Giampietro

Prigioni x Huertas

Pablo Prigioni, nosso velho conhecido e rival da véspera, vai experimentar, aos 35 anos, aquele gostinho de NBA. E vai logo de New York Knicks. O veterano armador resolveu deixar a Liga ACB para trás e fechou um contrato de um ano com o time de Carmelo Anthony. Ou do Amar’e Stoudemire? Ou do Jeremy Lin? Enfim.

Espécie rara esses dias, sendo um armador puro que pensa dez vezes em passar a bola antes de arriscar seu chute – até porque ele nem é muito bom nisso –, o argentino fechou pela mixaria de US$ 473 mil, o salário mínimo deles.

Diz que está empolgadão por jogar no Knicks, claro. Agora: vai conseguir jogar muito? O clube também acabou de contratar Jason Kidd. Então seriam dois os mentores para Jeremy Lin na próxima temporada, considerando que o Knicks vá cobrir a oferta do Rockets, claro. Sobram poucos minutos na rotação, quase nada.

Ok, problema dele e do time nesse caso.

E sabe do que mais? Essa negociação nos faz pensar em Marcelinho Huertas. Mais um sul-americano a fazer carreira duradoura e vitoriosa no basquete espanhol, o brasileiro tem mais três anos de contrato com o Barcelona e não sabe se tentará a liga norte-americana no futuro. Talvez não valha sempre.

Huertas, lá atrás, chegou a treinar até mesmo na academia de Tim Grover, personal trainer de Michael Jordan, Kobe Bryant e Dwyane Wade tentando a sorte no Draft. Passou batido no recrutamento, mas hoje tem cacife, se quiser, para cruzar o Atlântico. Quem sabe no futuro em um negócio como o de Prigioni? Ou até algo mais vantajoso?

Tem tempo ainda, mas a decisão do argentino está aí como um exemplo para ser seguido ou melhorado.

Atualização importante: saiu uma declaração no mínimo peculiar do técnico Mike Woodson a respeito da contratação de Prigioni. “Assisti a uma fita dele, nós o trouxemos e ele fez um teste. Acho que ele fez um grande treino para nós. Este jovem (“young man”) pode fazer muitas coisas  em termos de cumprir a função de um armador, e é por isso que ele chegou aqui. Ele vem jogando bem por lá (Europa) por um bom número de anos, provavelmente como um dos melhores armadores na liga europeia.”

Assim… Dá para encarar de dois modos essa fala. 1) Woodson, de 54 anos, trata como  young men, jovem qualquer um que esteja abaixo de sua idade, num sentido mais informal, menos preciso; ou… 2) o técnico do Knicks talvez pense que Prigioni é sete anos mais novo. Vai saber. Escolham aí.


Brasil x Argentina e questão de estratégia
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Giancarlo Giampietro

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Ótimo que a seleção brasileira já tenha a chance de enfrentar a Argentina nesta sexta-feira. A final do Super 4 em Buenos Aires apresenta dois times candidatos a pódio nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Em confrontos desse tipo, há todo o tipo de estrateégia envolvidos, e não só apenas em termos de pranchetas riscadas.

Dá confiança vencer um adversário direto – e se for contra um arquirrival histórico, tanto melhor. Não só interna, para o grupo, como repercute também internacionalmente. Vai tomar nota, por exemplo, o Sergio Scariolo, técnico da Espanha, ainda mais tendo gente  da FEB presentes na capital portenha para ver tudo de pertinho. Pode funcionar como uma espécie de recado: ei, galera, estamos aí, com tudo e sério.

Agora, até que ponto vale brigar por uma vitória dessas? O quanto das suas cartas você mostra e o quanto guarda na manga?

Claro que não há muitos segredos, em termos técnicos, entre brasileiros e argentinos. Quantas vezes Alex marcou Ginóbili em sua vida? Quantas vezes Scola teve de trombar com Splitter ou Varejão? E o Leo Gutiérrez já soltou quantas bombas de três na nossa cabeça? E o Prigioni já ficou comendo poeira atrás do Huertas também.

No aspecto tático, porém, ambos os lados esperam, torcem para que haja alguma novidade, a despeito da adesão de ambos ao sistema único, que o professor Paulo Murilo dscute sempre tão bem.  E quantos desses truques podem ser mostrados agora, de forma tão precoce assim, tendo em vista o grande jogo de verdade, daqui a algumas semanas, em Londres? Duvido que Magnano ou Llamas o façam. Ainda mais no caso do brasileiro – 😉 –, que enfim conta com sua equipe completa.

Outro detalhe é que os argentinos começaram sua preparação cerca de duas semanas depois. Para um time que já é (bem) menos atlético que o brasileiro, isso pode fazer bastante diferença.