Vinte Um

Arquivo : Pat Riley

Projeto Beasley: Riley aposta na reabilitação de seu próprio refugo
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Giancarlo Giampietro

B-easy? Não mais

Poderia Michael Beasley colocar a cabeça em ordem e deixar o Miami ainda mais forte? NBA aguarda

Garoto-propaganda da Armani por não sei quanto tempo, Pat Riley só pode ser um homem seguro de si. Ajuda também, imagino, o fato de já ter sido campeão da NBA como jogador, técnico e dirigente.

Pois, rumo ao campeonato 2013-2014, em busca do tricampeonato pelo Miami Heat, o presidente da equipe esbanja confiança de um jeito que até assustaria. Daria medo, sim, não contasse existisse no mesmo grupo com um certo LeBron James. Primeiro foi Greg Oden, o lesionado. Depois Michael Beasley, o desmiolado e um refugo da própria franquia da Flórida.

Não dá para dizer qual é o negócio mais arriscado. Para termos uma ideia da fama que o ala construiu com esmero, uma vez que o pivô não pisa em quadra desde 2009. É como se ele tivesse comprado, na loja online da Acme, um manual com o passo-a-passo de como se arranhar a imagem pública de alguém que, em 2008, estava envolvido em um ferrenho debate sobre a escolha número um do Draft, concorrendo com aquele tal de Derrick Rose. Até mesmo o armador sabia disso.

E, acreditem, para muitos olheiros não era nenhum absurdo essa proposição. Beasley, talento puro, fez uma temporada excepcional como calouro na NCAA, segundo qualquer perspectiva. Compare os seguintes números, num exercício de adivinhação que adoram fazer lá fora, especialmente o Sports Guy:

Jogador A: 35,9 min, 25,8 pts, 11, 1 reb, 1,9 blk, 1,9 st, 47,3% FG, 40,4% 3pt.

Jogador B: 31,5 min, 26,2 pts, 12,4 reb, 1,6 blk, 1,3 st, 53,2% FG, 37,9% 3pt.

Em 2013, fica difícil aceitar isso, mas o Jogador A é Kevin Durant, e o B, Michael Beasley. E não é que isso seja uma fraude estatística: um jogando contra as Dukes da vida e o outro, no circuito do Telecurso 2000 Nebraska. Ainda que em anos diferentes, Beasley, por Kansas State, na sequência de Durant, por Texas, os dois produziram essas estatísticas na mesma conferência, a Big 12.

Era esse tipo de craque que muitos esperavam quando o já rodado ala entrou na liga em 2008, com o aval de Riley. Aos poucos, contudo, o alarme foi tocando. Já no primeiro encontro dos calouros, numa semana, digamos, educativa promovida pela equipe de Stern e pelo sindicato dos atletas, Beasley foi multado em US$ 50 mil dólares por violar alguns protocolos ao lado do companheiro Mario Chalmers (e de Darrell Arthur, eternamente coadjuvante). O incidente teria envolvido “mulheres” e “odor de maconha”. A droga apareceria em reportagens de outras três ocorrências policias envolvendo o jogador, tendo a última delas resultado em sua dispensa pelo Phoenix Suns, depois de ser preso em Scottsdale.

“O Suns se dedicou muito pelo sucesso de Michael Beasley em Phoenix,” disse o presidente do clube, Lon Babby, em comunicado. “No entanto, é essencial que exijamos os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional à medida que desenvolvemos uma cultura de campeão. A ação de hoje (a dispensa) reflete nosso compromisso com essas normas. O tempo e a natureza desta decisão e de todas as nossas transações recentes são baseadas no julgamento da nossas metas de basquete, assim como na melhor forma de alcançar o nosso objetivo singular de reconstruir e formar uma equipe de elite. “

Pegou?

E a questão aqui não é nem apelar para princípios moralistas. Os problemas vão muito além das questões legais. Em quadra, o jogador ainda não encontrou seu nicho – é um jogador que trabalha melhor do perímetro para dentro, ou do jogo interior para fora? Em meio a essa discussão, promovida pelos diversos técnicos com quem já trabalhou, o ala regrediu em diversos quesitos estatísticos desde seu ano de novato. As quedas mais sensíveis são detectadas no aproveitamento de arremessos de quadra: 47,2% em 2008-2009, 40,5% em 2012-2013 – e se refletem também nas métricas mais avançadas. Em Phoenix, o plano era que ele pudesse expandir seu jogo no ataque, ficando mais com a bola, desde que procurando passá-la um pouco mais, para variar. Meio que deu certo, com o jogador assistindo em 12,5% das cestas que os companheiros (a média de sua carreira é de 9,7%). O efeito colateral? Sua média de turnovers subiu, claro.

De tudo o que já se falou sobre Beasley, um discurso o acompanhou em  uníssono: a de que o jogo parece muito fácil – e parece, mesmo –, mas que ele não faria sua parte, entrando com o mantra do basquete (e do sonho) americano. De que tem de ralar a poupança, respeitando os adversários e o grande jogo, enquanto, ao mesmo tempo, deveria entender as limitações e trabalhar duro em cima delas. Antes de ser demitido, Lance Blanks, ex-gerente geral do Suns, confiava em tudo isso: que seria possível guiar o jogador rumo ao Éden e, com ele, iria o time junto. Nenhum dos dois durou mais de uma temporada a partir da assinatura do contrato. Mesmo com a franquia ainda precisando pagar US$ 12 milhões em salário.

Fim da linha?

Não. Pat Riley resolveu fazer a aposta. Justo ele, o primeiro a abrir mão do atleta em uma negociação com o Minnesota Timberwolves – recebeu, em contrapartida, uma quantia não especificada de dinheiro e duas escolhas de segunda rodada no Draft, pacote conhecido também por “troco de pinga” na NBA. Naquela época, precisava se livrar de qualquer centavo que julgasse supérfluo em sua folha de pagamento, para abrir espaço para a contratação de LeBron e Bosh, além da renovação de Wade. O ala ganharia US$ 4,9 milhões. Então foi “rua!” para ele.

“Estou feliz que ele esteja de volta, e acho que ele é a vela de ignição de que este time precisava do ponto de vista de talento”, afirmou Wade, que acompanhou de perto os altos e baixos do atleta entre 2008 e 2010. “Sempre digo que a grandeza de Michael depende só dele. O quão bom ele quer ser. Agora vamos nós todos ver no que dá.”

Três anos depois, o ala retorna para South Beach. “Todo mundo me acolheu. D-Wade ficou no meu ouvido o tempo todo”, disse Beasley após seu primeiro treino com o time, num início de pré-temporada… Nas Bahamas! Vamos ver se a turma se comporta.

Será que o Miami Heat andava tão entediado assim? Conquistar a NBA estava muito fácil? Era preciso mais emoção? Não, brincadeira. Aí seria muito sádico de sua parte – e não vão se esquecer tão cedo do sufoco que passaram perante Tim Duncan e Tony Parker.

A verdade é que Riley não tinha muito o que fazer, mesmo. Já tinha sido obrigado a anistiar Mike Miller para economizar e evitar as multas pesadas de gestão da liga. De novo foi uma questão de economia. Desta vez Beasley chega com desconto, recebendo o salário mínimo, e ão havia ninguém disponível no mercado com o “potencial” (sempre ele) deste problemático jogador para se adequar a essa mixaria. “Michael teve os melhores anos de sua carreira conosco. Sentimos que ele pode ajudar”, disse o presidente do clube.

Para fechar, porém, só um adendo: o contrato  de Beasley não tem garantia para toda a temporada. Aprontou, dançou. Aí não tem terno bem cortado e currículo vitorioso que passe tanta confiança assim.


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


Bulls usa cartilha anti-Heat para encerrar sequência de vitórias dos astros de Miami
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Giancarlo Giampietro

Boozer x LeBron

LeBron tentou de tudo, fez mais um grande jogo, mas conheceu a 1ª após 27 jogos

Faltavam 2min41s para o fim, e Chris Bosh pegou um rebote ofensivo após arremesso errado de três pontos de LeBron James. O ala-pivô do Miami Heat havia feito a captura na zona morta, pela direita do ataque e mal teve tempo de reagir quando Kirk Hinrich deu o bote. Feito um leão, agarrou a bola com tudo e a arrancou das mãos de um jogador cerca de 20 centímetros mais alto e 20 quilos mais pesado.

No ataque seguinte, o armador do Bulls partiu com tudo para a cesta, pelo centro do garrafão sem se importar (aparentemente) que havia acabado de tomar dois tocos seguidos de LeBron e Bosh nas posses de bola anteriores. Subiu resoluto a tentar mais uma bandeja. Pelo menos foi o que os atléticos defensores dos atuais campeões pensaram – na última hora, já no alto, Hinrich flexionou o corpo para a frente e, por trás dos defensores, fez o passe para Taj Gibson, posicionado à sua esquerda. O ala-pivô subiu confiante para o arremesso, com boa elevação, e matou a bola. Nas palavras de Mike Breen, “Bang!”. Eram nove pontos de vantagem no placar.

Não há sequência em quadra que defina mais esta versão do Chicago Bulls, de operários, nada de egoísmo, com um esforço fantástico para encerrar a série histórica de vitórias de LeBron James, Dwyane Wade e sua badalada e formidável equipe com um placar de 101 a 97.

Quando Pat Riley, com a conivência de suas estrelas, manipulou todo o mercado de agentes livres em 2010, a diretoria de Chicago, que se considerava no páreo pelos serviços de James, Wade e/ou Bosh, teve se voltar a um plano B, com jogadores mais baratos, mas aguerridos, que formariam a defesa mais sufocante da liga sob a orientação minuciosa e beligerante de Tom Thibodeau. Os dois times estavam destinados a combater nos playoffs. O Heat, obviamente, teve mais sucesso até aqui, com duas aparições nas finais e um título.

Mas os homens de Thibs obviamente não entregariam os pontos nesta quarta-feira ou na temporada. Mesmo sem Derrick Rose durante todo o ano e sem Joakim Noah para o clássico. Mesmo com um banco severamente enfraquecido com as saídas de Asik, Korver e Watson, devido ao corte de despesas imposto pela chefia – os homens de terno e gravata, sim, nunca chegaram a acreditar que seus jogadores teriam alguma chance este ano sem a presença de Rose, optando, então por baratear o elenco, agradando ao proprietário Jerry Reinsdorf. Que o técnico se virasse, então, contando com um bem-vindo retorno de Hinrich, o incansável Luol Deng e o progresso de Jimmy Butler.

Brigaram do início ao fim, ciente da quantidade extra de holofotes que a partida pedia devido ao momento incrível vivido por Miami e se alimentaram de uma torcida enloquecida, preparada para a briga, de um modo bem raro de se ver nas arenas pomposas, predominada por yuppies, ao redor do país.

Espertamente, atacaram os adversários no ponto em que são mais frágeis, os rebotes, apanhando 12 na tábua ofensiva e 31 na defensiva, com 12 a mais no geral. Além disso, conseguiram conter os tiros de três pontos (35%, 7-20), baixando também o aproveitamento geral da equipe de Spoelstra (48,1%, índice relativamente baixo frente ao que eles vinham produzindo, ainda mais o elenco de apoio; se descontarmos o rendimento de LeBron, a conta despenca para 43,3%).

No ataque, mexeram a bola com astúcia, conseguindo 27 assistências em 40 cestas de quadra, num esforço coletivo tremendo: quatro jogadores deram mais de cinco passes para cesta: Hinrich, Deng, Butler (!) e Gibson (!!), e outros dois ainda contribuíram com três quadra (Boozer e Robinson). Demais. Individualmente, contaram com linhas excelentes de Boozer (que também teve 21 pontos e 17 rebotes) e Deng (28 pontos, 7 rebotes). Deu tudo certo no plano de Thibodeau, a não ser pelo excesso nos desperdícios de posse de bola (18, que poderiam ter custado uma nota contra um time de contragolpe tão devastador como o que enfrentaram).

O Chicago Bulls já reinou na NBA absoluto nos anos 90 com o melhor jogador de todos os tempos, respaldado por mais uma grande estrela e diversos exímios especialistas que os complementavam. Naqueles tempos, o Bulls, de uma cidade blue collar, tinha um elenco baseado na maior estrela da liga. Tal como o Miami Heat. Nada mais significativo, então, que, com essa fórmula subvertida, fossem os trabalhadores de hoje a parar em 27 a arrancada de vitórias do time da Flórida.

*  *  *

Kirk Hinrich chegou à em 2003, no mesmo Draft de LeBron, Bosh e Wade (e Carmelo). Tirando essa deliciosa coincidência, pensando nos acontecimentos desta quarta, ele, contudo, nunca esteve no mesmo grupo de fato da trinca. Eram os quatro, o pobre Darko e os outros. Não que Chicago se importasse com essa distinição. Até 2008, o armador prestou inestimáveis serviços ao clube, ajudando a recuperar sua imagem depois dos desastrosos anos pós-Jordan. A partir daí seu rendimento foi caindo aos poucos, com o acúmulo de problemas físicos e a ampulheta sendo virada e revirada sem parar. Foi despachado para o Washington Wizards no Draft de 2010, justamente para o Bulls economizar salários e investir no mercado. Acabou repassado ao Atlanta Hawks, até retornar este ano, sem muito alarde.

A recepção por parte de torcedores, treinadores e antigos companheiros, porém, não poderia ter sido melhor – diziam que voltava para casa. Tem médias de 7,1 pontos, 5,3 assistências e 37,2% nos tiros de quadra. Números que não contam de modo algum sua relevância para o time, como um autêntico líder em quadra, sacrificando o corpo já todo arrebentado, com um espírito dos mais combativos do campeonato.

*  *  *

Não é uma questão de eleger o bem contra o mal, em termos de gestão. Ao tentar contratar LeBron, o Bulls idealizava o mesmo modelo de Miami, com o ala jogando ao lado de Derrick Rose e Noah. Com a mudança da regulamentação financeira da liga, ficou muito mais complicado agora de se reprisar os movimentos feitos por Riley há três anos. O presidente do Heat, porém, tem um trunfo a seu favor: tanto James como Wade não exigiram o salário máximo, permitindo que ele pudesse investir nas contratações pontuais e essenciais de Shane Battier e Ray Allen.


Um ano atrás, chefão do Heat duvidava que recorde histórico de vitórias do Lakers poderia ser quebrado
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Giancarlo Giampietro

 “Acho apenas que o jogo é muito diferente agora. Mentalmente, não acho que os jogadores de hoje têm a disciplina suficiente para manter aquele tipo de concentração e foco por tanto tempo. Há muito mais coisas para distrair você. Se algum time tiver entre 20 e 25 vitórias em sequência, os jogadores talvez digam: “Ah, que se dane, vamos acabar com isso’. Haveria um nível tão grande de escrutínio e tanta cobertura de mídia, que seria algo na linha de: ‘Vamos apenas encerrar isso e recuperar a normalidade. Não consigo ver isso acontecendo (sobre a possibilidade de o recorde de 33 triunfos consecutivos do Lakers em 1971-72).”

Quem disse isso?

Pat Riley versão contracultura

Riley, futuro garoto-propaganda de Armani, em ação nos anos 70 pelo Lakers

Pat Riley, ala-armador reserva daquela equipe histórica do Lakers e presidente/gerente geral do Miami Heat hoje, a mesma equipe que já passou da casa das “20 para 25 vitórias” seguidas, tendo chegado a 27 nesta segunda-feira. Estão agora a apenas seis de atingir a marca registrada por Jerry West e Wilt Chamberlain quarenta anos lá atrás.

A declaração foi dada durante a temporad passada da NBA, antes da conquista do título pelo Heat. Mas não importava: a partir do momento em que Riley conseguiu aplicar um senhor golpe de bastidores em toda a liga, reunindo LeBron James e Chris Bosh com Dwyane Wade, a expectativa foi sempre a de dominação por completo pela equipe da Flórida.

No primeiro ano, já fizeram a final contra o Dallas Mavericks e acabaram surpreendidos um pouco por questão de arrogância, mas muito mais porque a química entre LeBron James e Dwyane Wade, em quadra, ainda estava longe da ideal – também não ajudou toda a postura de “nós contra eles, somos os vilões mesmo” adotada pelo elenco, que ficou com o emocional bastante abalado, e, claro, Dirk Nowitzki estava acertando tudo, Rick Carlisle é um estrategista travesso etc. etc. etc. Mas, que o Heat ainda não havia encontrando seu melhor jogo, disso não havia dúvida.

Na tempora passada, com Wade recuando um pouco, LeBron fazendo algum tipo de terapia e a chegada de Shane Battier para solidificar uma proposta de jogo mais agressiva e transgressora, conseguiram calar a oposição e pintar seu banner de campeão.

(Um parêntese sobre Wade: é engraçado como o estafe do jogador tem se empenhado em vender a história de que ele “se sacrificou como um verdadeiro campeão” em prol do time, deixando que LeBron tomasse conta da bola e da situação… Epa, mas não foi o próprio Wade que lá no verão de 2010 trabalhou intensamente para trazer seu “melhor amigo” para a Flórida ao lado de Bosh? Então qual era exatamente o mal-entendido para ser resolvido? Se eles planejaram tudo isso desde 2008, com muita gente garante ter acontecido, o simples fato de o astro ter demorado um ano todo para pereceber que o novo companheiro era o melhor jogador ali, todo o discurso adotado com atraso na virada da temporada passada para esta, emplacando até uma pauta na capa daSlam, não passa de balela. Wade é um baita jogador? Sem dúvida. Mas não precisa também querer a santificação.)

Agora, livres de pressão, depois de se aquecerem na primeira metade da temporada, enfim chegou o momento hegemônico. Aniquilando adversários, ou precisando de viradas nos últimos minutos, construíram uma sequência impressionante de vitórias, concretizando a profecia (quer dizer, parte dela, afinal LeBron falava em não apenas um, como múltiplos títulos). Nesta quarta-feira, o time vai a Chicago enfrentar o pretenso arquirrival Bulls (sem Rose? sem Noah? sem Hinrich?). No domingo, talvez o maior desafio: o San Antonio Spurs. Depois, o Knicks em casa.

Há todo um suspense agora para ver se o recorde vai ser igualado ou batido. Mas o mais importante, para Riley, talvez seja ver que, depois de tantas distrações, LeBron James e seu Miami Heat agora só estão concentrados, mesmo, em vencer.

*  *  *

LeBron

LeBron James contra o enfraquecido Orlando Magic

Jerry West, sujeito que era um maníaco em quadra, extremamente competitivo, hoje não liga se o seu recorde de vitórias seguidas será derrubado. Até Bill Russell deve ter ficado abismado de ver seu velho inimigo admirado pelo que vem acontecendo. “Acho que faz bem para a liga. Estou animado por meu amigo, Pat Riley, ser capaz de replicar isso agora como um executivo. Mas é mais especial como um jogador”, afirmou. O Logo, então, cogitou que o Miami pode não perder mais nenhum jogo até o final da temporada, o que seria um fenômeno completamente absurdo. “Pode não ter um fim. E isso que acho notável. Olho para a tabela deles e vejo um time ali que é excelente, obviamente o Spurs. Esse seria um jogo que me preocuparia, jogando em San Antonio, e eles vão ter Tony Parker de volta por lá.”

Por outro lado, só não peçam para West comparar diretamente o que o Lakers fez com o que vem acontecendo com o Heat. E faz sentido. Muita coisa mudou: antigamente, se viajava na classe econômica, como passageiros regulares em aviões menores. Hoje, os clubes têm seu próprio jato. Salário, regalias, preparação física, estrutura de scout e comissões técnicas, uma infinidade de coisas evoluíram.

Há também a questão sobre o produto apresentado em quadra. LeBron já apontou o fato de que, em 1972, a NBA ainda não reunia todos os melhores talentos dos Estados Unidos, já que enfrentava a concorrência da ABA, liga com a qual iria se fundir alguns anos mais tarde. Hoje os jogadores são muito mais atléticos também e todo o aparato de estudo do jogo pode facilitar ou dificultar a vida de qualquer craque. Por outro lado, talvez a mesma NBA hoje tenha jogadores até demais. “Li um comentário um dia desses dizendo que a liga hoje é muito melhor do que naqueles tempos. Pode ser o caso. Mas vejo alguns times bem pobres por aí”, afirmou West. Ele não citou ninguém, mas nenhum torcedor de Bobcats, Kings, Pistons e Suns vai se fazer de desentendido. “Vejo muitos jogadores na liga que não são nada bons. A expansão diluiu o talento. Então é difícil juntar muitos bons jogadores em um time hoje. E aí que você tem de dar muito crédito ao Pat e ao Heat. Eles juntaram três jogadores que a maioria dos times não tem. Dois deles são All-Pro. Não acontece muito”, completou. Gostou, Chris Bosh?


Nova NBA não impede concentração de forças
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Giancarlo Giampietro

Eles brigaram por mais de seis meses. Teve advogado que se passou por racista em discurso inflamado, Dwyane Wade apontando o dedo para David Stern e deixando a sala de reuniões furioso, Michael Jordan eleito vilão pelos jogadores que o veneravam, donos de clube quase se estapeando com objetivos completamente diferentes. Foram perdidos 16 jogos de cada time e umas seis semanas de temporada graças ao lo(u)caute da NBA no ano passado.

Mas sabe o que é o pior?

A julgar pelas negociações do mercado deste ano, de pouco adiantou tanta brigaiada, choradeira e revisão minuciosa no acordo trabalhista da liga, pelo menos que se refere e a um dos motivos da confusão toda: a composição dos “supertimes” – esse, o termo usado pelos proprietários de oposição ao sistema em voga. Das principais contratações realizadas até agora, grande parte delas envolve os famigerados e temíveis grandes mercados, clubes como a dupla de Nova York e os mais odiados de todos: Los Angeles Lakers e Miami Heat (embora Miami seja mais atraente pelo clima, vida noturna e pelos baixos impostos do que por ser uma metrópole do tamanho das demais).

Steve Nash, do Lakers

O novo camisa 10 do Lakers

Vamos lá:

– O Heat vai adicionar mais dois veteranos experimentados a sua dupla de estrelas e Chris Bosh – 😉 : Ray Allen e Rashard Lewis, que, seguindo os passos de Shane Battier, decidiram receber menos do que poderiam obter no mercado pelo privilégio de lutar (que luta, hein?) pelo anel de campeão. No caso de Allen, é ainda mais inexplicável, considerando que ele já ganhou o dele e tinha o dobro na mesa para ficar em Boston.

– Já o Lakers adiciona Steve Nash a seu ataque, para tentar facilitar a vida de Bryant e servir melhor seus grandalhões. De nada adiantou para o Raptors fazer uma proposta superior em até US$ 9 milhões. O armador alegou que, na Califórnia, estaria mais próximo das filhas em Phoenix, mas isso não quer dizer que teria assinado com Warriors ou Kings, né?

– Kidd saiu do Mavs para ganhar menos pelo Knicks também, e Camby também havia limitado suas opções apenas a os times nova-iorquinos e o Miami Heat – para ser justo, sua prioridade era ficar em Houston, sua casa, mas os texanos não tinham mais interesse em seus serviços.

– Deron Williams só aceitou ouvir propostas cdo Nets ou do Dallas, já que fez sua carreira colegial no Texas.

Aí, ok, você pode interpelar e dizer que: “Poxa, mas vão reclamar dessa cambada de velhinhos? Larga mão”.

Tem isso, sim. Ninguém sabe até quando vai durar a saúde desses reforços, todos já bem desgastados por longas carreiras. Só tenham em mente que, nesses supertimes, a carga deles diminui bastante, tanto em minutos como em responsabilidade.

Mas não são apenas os veteranos que mexem com a balança de competitividade. A saga de terror protagonizada por Dwight Howard em Orlando tem o maior cartaz nessa discussão. O pivô sorridente e imaturo do Orlando Magic esperneia e exige que seja trocado para o Nets. Simples assim. Ele quer, e pronto: não falem em outro nome além de Brooklyn, onde se juntaria a Deron Williams, Joe Johnson e Gerald Wallace para formar um novo esquadrão. A diferença é que, dessa vez, o David Stern não poderia vetar.

A demora nas negociações, porém, levou o Nets a seguir, temporariamente, outra direção e optar por continuar com Brook Lopez e tentar renovar também com Kris Humprhies. Por conta de implicâncias do telto salarial, a ida de Howard para o ponto mais hipster do mundo ficou dificultada. Mas a insistência em querer um só time em eventual troca deixou muita gente irritada e frustrada na liga. Até mesmo alguns jogadores, como o ala Jared Dudley, questionaram publicamente o comportamento do superpivô.

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Ray Allen, do Miami Heat

Ray Allen assina por menos com o Heat

Não há como comparar a formação do elenco do Miami Heat de hoje com a do Boston Celtics de quatro anos atrás ou as franquias históricas dos anos 80. Naquela era de ouro, Magic Johnson, Kareem Abdul-Jabbar e James Worthy não tramaram para se unir no Lakers, assim como Bird, McHale e Parish no Celtics. Diversas trocas no decorrer dos anos deram a essas duas franquias a possibilidade de construir tais elencos. Ninguém decidiu por conta que seria assim. Bem diferente da costura entre Wade, LeBron e Bosh, que praticamente acertaram que jogariam juntos de tal modo que Pat Riley não titubeou em limpar toda a sua folha salarial ao extremo numa grande engenharia, para fazer a festa em 2010.

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De algo seviu a reformulação do pacto trabalhista da NBA: como muitos agentes temiam, boa parte da classe média e da baixa dos jogadores vem sentindo os efeitos das novas restrições orçamentárias. Os Derons e Kobes ainda vão ser bem pagos, mas a vida dos Nick Youngs e Shannon Browns vai ficar mais difícil: ou eles se viram com contratos razoáveis de apenas um ano, ou se contentam com um valor (bem) mais baixo do que imaginavam, mas com maior segurança em termos de tempo.


Ray Allen manda um até breve para Rondo e Boston. Traição?
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Giancarlo Giampietro

Ray Allen, agora do Miami

Houve um dia em que Rajon Rondo e Ray Allen eram inseparáveis. Mentor e pupilo. O veterano teria posto o armador debaixo da asa e contribuído para o desenvolvimento de sua carreira. Desde uma tentativa heróica em melhorar o arremesso do rapaz, até alguns macetes pequenos sobre o jogo e a vida na NBA. Rondo não era necessariamente o mais querido do vestiário de cascudos.

Bem, esse dia não podia estar mais distante agora, ainda mais depois de noticiado o acerto verbal entre Allen e os arquirrivais do Miami Heat.Múltiplas reportagens dão conta de que o relacionamento dos dois companheiros de “backcourt” estava irremediável. O que aconteceu entre eles ainda não é muito claro. Sabe-se que o armador é famigerado como uma figura temperamental, enquanto Allen é conhecido como um sujeito bem sério e durão.

Bajudado por Pat Riley, Alonzo Mourning, LeBron James e Dwyane Wade, ainda ressentido com as negociações em que Danny Ainge tentou envolvê-lo, o ala optou por essa mudança drástica, qualificada como “traição” pelo desbocado Jarret Jack no Twitter. Quem achar que a NBA é só negócio, que o mercado é assim, mesmo, mas vou apelar ao purista que existe dentro de mim e lamentar a decisão do jogador. Só muito rancor, mesmo, contra Rondo ou Ainge para justificar esse tapa na cara, sem pelica, de Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers e ainda aceitar por metade do preço (US$ 9 milhões em três temporadas).

“Estou muito decepcionado. Ele deveria ter ficado. Nós o recrutamos seriamente. Conversamos e foi uma boa conversa”, disse Rivers, que perde seu principal chutador e agora trabalha com Jason Terry e Avery Bradley para a posição.

A contratação leva a crer que Spoelstra e Riley esperam aproveitar LeBron cada vez mais como um ala-pivô. Só assim para sobrar um tempo de quadra aceitável para seu novo reforço. O time da Flórida ainda vai atrás de um pivôzão, ficando extremamente forte. Ai.