Vinte Um

Arquivo : Nikola Mirotic

Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Final Four da Euroliga: os jogadores vinculados a clubes da NBA
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Giancarlo Giampietro

Ante Tomic faz farra

Ante Tomic crava contra os ex-companheiros de Real Madrid. Deixaram escapar…

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar mais um post sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana. Aqui, seguem alguns atletas que já foram selecionados no Draft:

Sergio Llull (Real Madrid): o armador espanhol de 25 anos  foi a 34ª escolha do Draft da NBA de 2009, via Denver Nuggets, mas para o Houston Rockets, que desembolsou US$ 2,25 milhões (!!!) só para adquirir seus direitos. Essa é a compra mais cara de um pick na segunda rodada do recrutamento de calouros da liga. Então, sim, dá para dizer que Daryl Morey aguarda ansiosamente o dia em que poderá por as mãos neste explosivo jogador, um atleta de calibre da NBA que vem melhorando a cada temporada. O problema? Existe a possibilidade de que ele demore muito para cruzar o Atlântico, se é que vai fazer um dia. Seu contrato com o Real vai até 2014 e ele já deu a entender que não veria impedimento para estender esse vínculo. Estatísticas.

Nikola Mirotic (Real Madrid): o ala-pivô naturalizado espanhol tem 22 anos apenas, mas já é uma estrela na Europa e estaria pronto para defender o Chicago Bulls (que o selecionou em 2011 com a 23ª escolha) agora mesmo nos playoffs não tivesse um detalhe: o contrato com o Real até 2016. Mas os fãs do Bulls podem ficar tranquilos: a expectativa é que, no meio do caminho, ele negocie uma rescisão para tentar a NBA. Ainda precisa melhorar como um passador, mas sabe colocar a bola na cesta com tiros de média e longa distância e movimentos mais desenvolvidos próximo do garrafão. Sólido reboteiro e presença incômoda na defesa devido a sua envergadura. Estatísticas.

Kostas Papanikolau (Olympiakos): inicialmente draftado pelo New York Knicks no ano passado em 48º, teve seus direitos adquiridos pelo Portland Trail Blazers na negociação que mandou Raymond Felton e Marcus Camby de volta a Manhattan. Tem contrato até 2014 com o clube ateniense e estaria na mira do Barcelona. Eleito “a estrela ascendente” da temporada, aos 22 anos, é um ala muito forte e atlético que refinou seu arremesso a tal ponto que chega ao Final Four com aproveitamento de absurdos 52,7% na linha de três pontos. Bom reboteiro e defensor na posição. Estatísticas.

Ante Tomic (Barcelona): croata de 26 anos e 2,17 m de altura, escolhido pelo Utah Jazz na 44ª posição do Draft de 2008. Eleito o melhor pivô da temporada, com justiça. Vestindo a camisa do Barça, em muitos momentos relembra Pau Gasol em seus movimentos no garrafão. Tem um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados, em direção ou no sentido contrário da cesta, podendo compensar algum desequilíbrio com munheca certeira (aproveitamento de 66,7%, terceiro melhor do ano). Tem contrato até 2015. Não está claro se tem interesse em jogar na NBA, mas seria um desperdício o Utah não tentar. Estatísticas.

Sasha Kaun (CSKA Moscou): existem lenhadores canadenses e existem lenhadores russos também, claro. Formado na universidade de Kansas, pela qual foi campeão ao lado de Mario Chalmers e Darrell Arthur em 2008, Kaun regressou para Moscou para construir uma firme carreira como uma força defensiva. Agora, se apresenta também como um jogador que precisa ser marcado perto do aro, tendo convertido 72,8% nos arremessos de dois pontos, algo elevadíssimo. Só uma coisa: na hora em que ele for cobrar lances livres, melhor fechar os olhos (51,6% e 49 air-balls segundo estatísticas extraoficiais). Kaun poderia dar uma força para Anderson Varejão em Cleveland, mas renovou seu contrato por três anos com o CSKA. Estatísticas.

Há também o caso de Erazem Lorbek, que hoje tem seu “passe” vinculado ao San Antonio Spurs, que está numa outra lista de jogadores que a NBA não conseguiu aproveitar:

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Transmissões na sexta e sábado a partir de 12h45 (horário de Brasília). Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Há muito basquete além da NBA: a Euroliga começa a pegar fogo
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Giancarlo Giampietro

Sonny Weems, da NBA para o CSKA

O superatlético Sonny Weems substitui Andrei Kirilenko em Moscou

Por Rafael Uehara*

(Nota/Ótima notícia no Vinte Um: convidado do blog durante o mês de dezembro, o Rafael veio para ficar. Semanalmente, ele vai publicar um artigo por aqui. Aproveitem!)

O mundo não acabou, mas 2012 sim, e, com a virada do calendário, as principais ligas do mundo começam a pegar fogo nessa arrancada em direção ao fim da temporada. No caso da Euroliga, principal competição de clubes do continente Europeu, isso é sinalizado pelo TOP 16, que teve sua segunda rodada disputada na semana passada. Com a mudança de formato a partir dessa temporada, a segunda fase da Euroliga terá 14 rodadas para definição dos oito classificados para as quartas de final, ao invés de apenas seis em anos anteriores. Há ainda muito chão pela frente, mas já é possível se ter uma ideia de quais times são concorrentes legítimos ao título e quais precisam de mudanças drásticas para voltar à briga.

O Barcelona de Marcelinho Huertas foi à Rússia na semana que passou e perdeu apenas pela segunda vez na competição, 65-78 para o BC Khimki, mas não há dúvida de que a máquina catalã é a força mais respeitável do basquete europeu no momento. Mesmo com um elenco composto de menos jogadores de pedigree defensivo como no ano passado, liderado pelo técnico Xavi Pascual, o Barcelona está a caminho de igualar marcas históricas registradas em 2011-2012. De acordo com o site gigabasket.org, o Barcelona tem permitido apenas 88,8 pontos a cada 100 posses do adversário, marca muito similar ao 87,3 da temporada passada, o que é fantástico especialmente considerando que o time substituiu Boniface N’Dong, Fran Vázquez e Kosta Perovic por Ante Tomic e Nathan Jawai no pivô.

Juan Carlos Navarro, La Bomba

Um Barça menos dependente de Navarro no ataque para tentar o título

Tomic e Jawai foram incorporados ao time em uma tentativa de adicionar maior criatividade ao ataque, que sofreu demais contra o Olympiacos no Final Four do ano passado. Pascual fez as mudanças necessárias, incluindo maior envolvimento de Huertas, e o resultado tem sido um time muito menos dependente de Juan Carlos Navarro e Erazem Lorbek e que tem marcado em média três pontos por cada 100 posses a mais do que na temporada anterior. Graças à boa química entre Huertas, Jawai e Tomic no pick-and-roll, o Barcelona lidera a Euroliga em pontos no garrafão. Com esse ataque renovado e uma defesa histórica, o time catalão é, em minha opinião, o principal favorito ao titulo.

Talvez os rivais de Madri estejam no mesmo nível. O Real Madrid de Pablo Laso também está tendo um ano fantástico. Entre supercopa da Espanha, campeonato espanhol e Euroliga, os merengues perderam apenas quatro jogos até o momento, sendo um deles para o Barcelona semana passada. Com uma filosofia oposta aos inimigos catalães, o Real tem se estabelecido como o ataque mais feroz do continente. No momento, é apenas o terceiro classificado em pontos por posse (marcando em média 109,7 a cada 100), mas isso é porque o Montepaschi Siena e o Zalgiris Kaunas estão fazendo campanhas históricas em termos de eficiência. Com a adição de Rudy Fernandez (um talento fora de série no continente) e o desenvolvimento de Nikola Mirotic (a caminho de se tornar o melhor ala-pivô na Europa), o Real não tem como ser parado, apenas contido. Mas esse já era mais ou menos o caso na temporada passada. O que faz do time merengue um concorrente legítimo ao titulo este ano é a melhoria em prevenção, setor no qual o time subiu de 13º para terceiro em pontos permitidos por posse.

É o que diferencia o Real Madrid do Montepaschi Siena, por exemplo. O Siena tem o melhor ataque do continente, marcando em média 115 pontos a cada 100 posses de bola. Bobby Brown tem sido fantástico e lidera a competição com 252 pontos em 12 jogos após uma exibição magnífica de 41 pontos em apenas 18 tiros de quadra contra o Fenerbahçe, em Istambul semana passada. O Siena tem superado as expectativas pra esse ano. Devido a problemas financeiros do patrocinador, Banco di Monte Paschi, o time teve que se despedir de medalhões como Simone Pianigiani, Bo McCallebb, Rimantas Kaukenas, David Andersen, Nikos Zisis e Ksystof Lavrinovic e remontar um elenco com soluções mais baratas do que a torcida estava acostumada. O Siena começou o TOP 16 com duas vitórias, sobre Maccabi e Fenerbahçe, mas ainda é difícil vê-lo como concorrente ao título. Com a terceira pior defesa da competição, e a expectativa é que em algum momento sua falha retaguarda pesará.

Kaukenas fazendo das suas

Kaukenas encontra espaço para a bandeja pelo ataque sensacional do Zalgiris

Já o Zalgiris Kaunas de Joan Plaza não pode ser visto da mesma forma. Havia muitas dúvidas com relação à idade avançada do elenco e como esse time defenderia, mas o atual campeão lituano é o sexto colocado em pontos permitidos por posse, mesmo que apenas Tremmell Darden e Ibby Jabber sejam atletas de porte físico invejável. Essa aplicação no setor defensivo, mesmo que não seja de elite, tem sido o suficiente para dar suporte ao segundo melhor ataque do continente. É uma dinâmica curiosa e fenomenal: o Zalgiris marca a segunda maior taxa de pontos por posse e, ao mesmo tempo, tem a menor taxa de posses por jogo. Isto é, faz o máximo com menos. Plaza formatou uma maneira de jogar que minimiza os fatores idade e a falta de porte físico do time. Será interessante ver se o clube lituano conseguirá impor seu ritmo de jogo contra Real Madrid e CSKA Moscow, dois dos times mais atléticos do continente e dos poucos com atletas ao nível de NBA. Mas o que eles já têm feito até agora é suficiente para se estabelecer como força a ser respeitada.

Falando em CSKA Moscou, o time de Ettore Messina (que voltou pra casa após três anos divididos entre o Real Madrid e o Los Angeles Lakers) vem, quietinho em seu canto, fazendo a melhor campanha da liga até o momento. O CSKA tem sido muito menos dominante do que aquele time liderado pelo fantástico Andrei Kirilenko ano passado, mas venceu 11 de seus 12 jogos até o momento e é o quinto colocado em ataque e segundo em defesa. Talvez sejamos nós que tenhamos prestado menos atenção. Sonny Weems também é talento de NBA, mas empolga menos do que o sempre enérgico e impactante Kirilenko. A combinação de Weems e Dionte Christmas nas alas é o que diferencia o CSKA dos demais times do continente. Poucos têm a capacidade atlética da dupla. O sistema ofensivo ao redor de Nenad Krstic mudou, mas o pivô sérvio tem mantido sua excelência. Tem saído do banco apenas porque seu companheiro de posição Sasha Kaun está totalmente recuperado de uma lesão séria no joelho sofrida 18 meses atrás e Messina agora apresenta uma sutil uma queda por atletas de primeiro nível, depois de sua experiência nos Estados Unidos.

Em Israel, o Maccabi Tel Aviv de David Blatt começou o TOP 16 com duas derrotas para o Siena e o Caja Laboral, a última por um ponto em casa na semana passada. Vindo pra temporada, a dúvida era como esse time iria marcar pontos após as saídas de Keith Langford e Richard Hendrix. Mas, com um ataque certeiro em tiros de meia distancia e uma defesa que tem permitido o menor número de pontos no garrafão, a potência israelense está a caminho de fazer o papel que fez ano passado; timinho difícil de bater nas quartas de final. Mais que isso será uma surpresa considerando as limitações do elenco, mesmo que se há alguém capaz de tirar um final four desse time, esse alguém é David Blatt.

E por último, mas não menos importante, o atual campeão Olympiacos. A temporada começou meio estranha para os vermelhos de Piraeus, com duas derrotas nos primeiros três jogos e a saída do pivô Joey Dorsey do time após desavenças com o novo técnico Georgios Bartzokas, que substitui o legendário Dusan Ivkovic, aposentado. Mas as coisas se acertaram a partir dali. O Olympiacos ganhou sete jogos seguidos na Euroliga para terminar a primeira fase com vitórias em 10 jogos. Além disso, bateu o rival Panathinaikos no campeonato grego. A defesa se endireitou e o importantíssimo Kostas Papanikolaou se apresentou melhor depois de um primeiro mês muito tímido. O TOP 16 começou com derrota em Vitória para o Caja Laboral, rejuvenescido depois da demissão Dusko Ivanovic, mas os vermelhos se recuperaram com vitória sobre o Besiktas em casa. É difícil saber, porém, o quanto Dorsey fará falta nas fases finais. Ele foi peça fundamental na corrida ao título ano passado e seu substituto Josh Powell é um jogador de características totalmente diferente.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Diferentemente do futebol, Real Madrid é líder em início equilibrado da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Nikola Mirotic, estrela emergente na Europa

O jovem astro Mirotic lidera um ataque que está nos trinques

No Campeonato Espanhol de basquete, a Liga ACB, as coisas estão invertidas em relação ao de futebol, La Liga (de las Estrellas, coisa cafona). Para a bola que quica, nesta temporada quem manda por enquanto é o Real Madrid, enquanto o Barcelona aparece no pelotão intermediário. Isso, claro, depois de um blogueiro aí ter eleito o time catalão como o grande favorito ao título.

São sete vitórias em sete rodadas para o clube merengue, o único invicto até o momento. Sob o comando de Pablo Laso, um pouco mais solto de que seu antecessor, o cerebral Ettore Messina, a equipe da capital também tem disparado o melhor ataque da competição, com 627 pontos convertidos, sendo que o segundo é o Estudiantes, do Lucas Bebê, com 579. Seu saldo de pontos também é o maior, com 94 pontos (média de +13,4 por jogo).

Para comparar, o Barça tem até o momento surpreendentes três derrotas no campeonato, ocupando um ainda mais inacreditável sétimo lugar. Com 558 pontos marcados e 476 sofridos, tem a terceira melhor defesa, atrás de Bilbao (456) e Unicaja Málaga (469) e saldo de +82 pontos, 11,7 por confronto, de todo modo também uma margem confortável, embora ainda não traduzida diretamente para a tabela de classificação.

A equipe catalã está situada no enorme pelotão de cinco concorrentes com o mesmo número de vitórias e reveses, que se estende até a 12ª posição, ocupada pelo Valladolid. Outro agrupamento engloba do segundo ao sexto colocados, no qual estão Baskonia (Caja Laboral), Valencia, Málaga, Gran Canaria e Bilbao. Nesse bolo todo, apenas uma vitória separa o vice-líder do 12º lugar.

*  *  *

O Real conta com quatro jogadores com duplos dígitos na pontuação (o jovem Nikola Mirotic, ultratalentoso é o cestinha com 15,1 pontos), e poderia ter um quinto não fossem os 9,9 de Jaycee Carroll, astro do Azerbaijão. Para o mundo Fiba, especialmente na Liga ACB, é bastante coisa. A equipe tem média geral de 43% nos tiros de três pontos (líder), 56% nos dois pontos (quarto) e 17,1 assistências (líder). Um ataque que realmente está nos trinques e ainda vai ganhar o reforço do pivô brasileiro Rafael Hettsheimeir, que ainda trabalha para recuperar a melhor forma depois de uma cirurgia no joelho.

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Naturalizado espanhol, draftado pelo Bulls, Mirotic aparece como o jogador mais eficiente da Liga em sete rodadas, com 19,3 pontos de valoração, pouco acima dos 19 do canadense Levon Kendall e do ala americano Tariq Kirksay. Kendall, aliás, faz uma dobradinha do Canadá no topo da lista dos cestinhas, que tem o experiente ala Carl English na dianteira, com 17,9 por partida, acima dos 16,4 de seu compatriota. Por curiosidade, o espanhol mais bem ranqueado é Alberto Corbacho, ala do Obradoiro (Blusens Morbús), em sexto, com 14,7. O pivô argentino Leo Mainoldi é quem vem dominando a tábua de rebotes, com 8,57 de média, acima do brasileiro Vitor Faverani (7,71).  Marcelinho Huertas aparece em terceiro nas assistências, com 4,43, abaixo das 6,57 de Andrés Rodríguez, do Obradoiro, e das 5,0 de Llull.


Barcelona abre temporada na Supercopa para tentar estender hegemonia
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas, Barcelona

Huertas abre mais uma temporada com perspectiva de títulos pelo Barça

No futebol, virou praxe nos últimos anos dividir o Campeonato Espanhol em duas competições distintas: uma travada entre Barcelona e Real Madrid e a que fica para o resto da cambada (saiba, neste caso, que o Valencia seria tricampeão nacional!).

No basquete, ainda que não exista um abismo como nos gramados, o poderio financeiro dos dois clubes gigantes do país começou a fazer a diferença. O problema, só para aumentar a agonia dos merengues, dos seguidores do time da capital, é que, na verdade, a hipotética polarização entre Barça e Real não se concretizou. Porque só dá Catalunha nessa, algo muito bom para o currículo de Marcelinho Huertas.

A temporada espanhola começa oficialmente neste fim de semana, com a disputa da Supercopa. E os barcelonistas jogam pelo tetracampeonato do torneio. Um, dois, três seguidos eles já têm. Agora querem o quarto.

Dá para dizer que não é a competição mais badalada. Mas ainda é um caneco nacional. E, de todo modo, nos certames de maior prestígio,  o Barcelona conquistou também duas Ligas ACB e duas Copas do Rei nos últimos três anos. Eles não param, entende? Não é apenas a galera de Lionel Messi que irrita os madridistas.

A má notícia para a concorrência: no início desta campanha 2012-2013, o Barça ainda tem o elenco mais equilibrado e, por isso, mais forte. Na armação, Huertas tem a companhia de Sarunas Jasikevicius e Victor Sada. Juan Carlos Navarro também entra nessa rotação. Nas alas, o talentosíssimo australiano Joe Ingles, o veterano norte-americano Pete Mickeal, o promissor Alex Abrines (olho nesse, xodó de muitos scouts europeus) e Xabi Rabaseda. Os pivôs são o croata Ante Tomic, um de nossos preferidos, o craque esloveno Erazem Lorbek, que recusou o Spurs, o força-bruta australiano Nathan Jawai e o americano CJ Wallace.

Além de nomes consolidados no mercado europeu, são peças que se encaixam naturalmente. Diferentemente do que observamos no Real Madrid, que possui gente muito gabaritada no perímetro (Sérgio Llull, Sérgio Rodríguez, Dontaye Draper, Jaycee Carroll, Rudy Fernández e, ufa!, Martynas Pocius), mas deixa a desejar em seu jogo interior (Nikola Mirotic só vai melhorar, mas Felipe Reyes já não é mais o mesmo de três temporadas atrás e Mirza Begic e Marcus Slaughter ainda precisam se provar alto nível no continente).

Um degrau abaixo aparecem Caja Laboral, que é o Baskonia, Valencia, de Vitor Faverani, Unicaja Málaga, de Augusto Lima e que perdeu terreno recentemente, e Bilbao, clubes que vão precisar de excelentes química e trabalho tático para fazer frente aos dois gigantes.

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As semifinais da Supercopa são as seguintes: Barcelona x Valencia e Real Madrid x Zaragoza, que joga em casa. Os vencedores se enfrentam na semifinal, no domingo, 14h (horário de Brasília). O Bandsports deve transmitir tudo.

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É muito difícil escrever qualquer coisa sobre esses resultados obtidos pelo técnico Xavi Pascual nos últimos anos. Ele teve seu contrato renovado até 2015. Quem sabe, porém, se ele não chega ao final de seu vínculo com um basquete um pouco menos robótico do que obriga o seu clube praticar… Pascual é daqueles “control freak”, regulando toda e qualquer ação de seus atletas do lado de fora da quadra. Só Navarro pode ser Navarro. O resto que se enquadre, e assim ele vai vencendo. Mas não é de encher os olhos, não.

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Vitor Faverani terminou a Liga ACB passada como um dos atletas mais quentes no mercado europeu e acabou estendendo seu contrato com o Valencia, onde enfim encontrou um meio de fazer seu imenso talento valer.  Ele encara agora uma temporada muito importante para confirmar esse status.


Jogos patrióticos: a praga da naturalização no basquete
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Giancarlo Giampietro

Se eles fazem, nós fazemos também. Se você tem, eu quero também.

E por aí a gente segue, com Larry Taylor armando a seleção brasileira e comandando uma virada – de final frustrado – contra a Rússia. E vamos com Serge Ibaka enterrando todas e bloqueando adversários que não estão habituados a enfrentar um pivô tão atlético assim.

Esses são os dois casos mais óbvios para se discutir. Mas o problema vai muito além: hoje até o Azerbaijão –  o Azerbaijão!!! – recruta quatro jogadores americanos para defender sua seleção nas eliminatórias para o Eurobasket. Virou uma praga.

A cidade de Laramie, no Wyoming, não chega a ser um pólo turístico atraente, não deve ser referência para muita coisa, mas uma coisa dá para cravar: está a mundos de distância, cultural e geograficamente, de Baku, a capital azerbaijana. A identificação entre o Wyoming e o Azerbaijão deve ser a mesma entre um são-paulino e um corintiano. Nenhuma. Então como explicar que um de seus rebentos, o ala Jaycee Carroll, um cestinha de mão cheia pelo Real Madrid, tenha o passaporte do longínquo país situado na Eurásia? Ele nunca jogou por um clube de lá – sua carreira europeia passa por Itália e, agora, Espanha.

É a mesmíssima situação de Bo McCalebb, que ajudou a eliminar algumas potências tradicionais do esporte no último campeonato europeu, jogando pela Macedônia que ele visitou pela primeira vez justamente apenas para tirar o seu passaporte.

Não há como justificar uma coisa dessas.

Serge Ibaka, do Congo

Serge Ibaka, do Congo ou da Espanha?

E aí entra a parte em que aceita-se as ressalvas: mas o Larry joga em Bauru há anos e só precisa aprender “impávido colosso” para completar nosso hino; o Ibaka foi jovem para a Espanha… Sim, não chega a ser algo tão cínico, deslavado, sem vergonha como os casos dos pontuadores McCalebb e Carroll. Há um vínculo, pequeno que seja, em seus casos. “Nunca vou esquecer de que lugar eu vim, mas estou orgulhoso de vestir o uniforme da Espanha e representar este país”, afirma Ibaka. Mas dá para ir mais a fundo nessa.

Serge Jonas Ibaka Ngobila chegou ao país ibérico em 2006, com 16 anos, estritamente para jogar basquete. Ele já havia disputado competições de clubes avalizadas pela Fiba em seu Congo natal, pelo Interclub de Brazzaville, sua cidade natal. Defendeu primeiro o time de base do CB L’Hospitalet e depois fez sua estreia na LEB Oro, fortíssima segunda divisão. De 2008 a 2009, passou a jogar pelo Ricoh Manresa. De lá partiu para Oklahoma City. Façam as contas: foram três anos. Certamente serviram para burilar uma joia rara, que avançou tecnicamente. Mas é o suficiente para ele se tornar espanhol? E mais: quando foi convocado por Sergio Scariolo, ele ainda não tinha a papelada, embora a federação do país tivesse garantias de que o processo seria acelerado e concluído para que ele prontamente jogasse no Eurobasket do ano passado.

É a mesmíssima situação de Larry, que foi convocado em 2011 e não pôde disputar o Pré-Olímpico porque a burocracia não permitiu. De todo modo, o breve contato com Magnano convenceu o argentino de que valeria, sim, brigar para ter o americano em Londres, e a CBB promoveu intenso esforço para contar com o estrangeiro. Esse é o ponto importante no causo: nunca partiu dele o pedido de cidadania e de uma convocação.

Os dois assumiram novas nacionalidades estritamente por razões profissionais, esportivas. Pela forma que os processos foram tocados, não dá para negar: foram dois jogadores contratados por suas seleções, não importando o quão identificados estivessem com a nova terra. Ainda que mais amenos que os reforços do Azerbaijão, são casos diferentes e mais graves, por exemplo, que o de Luol Deng.

Larry Taylor, de Bauru

Larry Taylor, de Chicago e Bauru

O ala do Chicago Bulls, líder da seleção britânica, que nasceu em Wau, no Sudão (agora território do Sudão do Sul). Mas calmalá: enquanto o pai, um parlamentar, ficava para trás, sua família deixou a cidade foragida durante guerra civil e chegou ao Egito, em Alexandria. A mãe e oito filhos, Luol com três anos. Eles foram reencontrar o Deng sênior apenas cinco anos depois, em Londres, com o devido asilo político arranjado.

O garoto aprendeu tudo muito rápido, a começar pela nova língua. Começou a jogar basquete para valer e, aos 14, já tinha um convite para atuar por um colegial dos Estados Unidos, onde estudou e jogou até chegar ao time de Duke e, posteriormente, ao Bulls.

As constantes migrações deixam sua história um pouco mais cinzenta. Talvez o ala deva mais aos EUA por sua carreira de atleta. Mas qual passagem foi mais importante para que ele e seus irmãos prosperassem? Pelo que podemos ler neste artigo aqui do Guardian, dá para chutar que foi na Inglaterra em que sua família encontrou paz e estabilidade. Foi um claro recomeço.

Nas Olimpíadas, vimos que a Grã-Bretanha tinha bons pivôs, mas dependia quase que exclusivamente do talento do ala para sobreviver em meio a rivais de muito mais tradição. Não que isso importe muito em termos de regulamento, preto-no-branco. Mas, eticamente, não custa perguntar: como se virariam sem Larry e Ibaka o Brasil, com a turma da NBA toda reunida, e a Espanha, vice-campeã olímpica em 2008 sem nenhum reforço extracomunitário? Pode ser que caíssem um pouco de rendimento, mas seria algo tão drástico? Eles realmente precisavam apelar para esta via?

A resposta, como sempre, cai para o cinismo. “É assim que as coisas funcionam”.

Então tá, né? Esperem só até ver, então, a seleção olímpica do Turcomenistão em 2032.

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Dia desses, o chapa Jonathan Givony – diretor do serviço de scouting Draft Express, cara mais do que viajado no basquete – saiu em uma cruzada contra alguns de seus seguidores no Twitter que não toleravam suas observações irônicas sobre os procedimentos adotados pela FEB.

Começou assim:  “E isso sem o benefício de ‘recrutar’ qualquer mercenário do Congo e de Montenegro”, em referência ao ouro dos Estados Unidos em Londres. Aí pegou fogo. Foi torpedeado.

Luol Deng, Grã-Bretanha

Luol Deng, um contexto mais cinzento

Muitos defenderam que Ibaka e o ala Nikola Mirotic, montenegrino também importado e que já defendeu o país até mesmo em categorias de base, podem ser espanhóis, sim, senhor, por terem chegado como adolescentes. O problema é que eles vão exatamente para serem jogadores de basquete e ficarem a serviço de um novo país.

 “Linas Kleiza e muitos outros jogaram no basquete colegial e universitário nos EUA. Deveríamos também recurtá-los para jogar na nossa seleção? E por que motivo?”, perguntou. “Desculpem, mas Mirotic deveria estar jogando por Montenegro contra Sérvia e Israel. Ele só não está porque não fazia sentido financeiramente.”

Com o passaporte espanhol, naturalizado, Mirotic tem muito mais facilidade para descolar bons contratos na liga espanhola, e o Real Madrid também agradece. “É a definição de um mercenário. E haverá muitos mais como ele nos próximos anos. E está errado.”

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Em entrevista ao Daniel Neves, aqui do UOL Esporte, a diretoria do departamento feminino da CBB, Hortência, afirma sobre a possibilidade de importar uma armadora: “Se aparecer uma jogadora que se encaixa ao nosso estilo, não vejo porque não naturalizar. Mas não vamos naturalizar qualquer uma. Estamos acompanhando tudo o que está acontecendo e vamos avaliar a capacidade das jogadoras, que não precisam necessariamente jogar na LBF. Aí decidiremos se vamos trazer uma estrangeira ou não.”