Vinte Um

Arquivo : Mike D’Antoni

Mesmo sem KGB, segue a guerra fria por Steve Nash
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Giancarlo Giampietro

Quando Deron Williams divulgou sua decisão, de modo bem mais tímido que LeBron James, apenas com um logo bem tosquinho do Brooklyn Nets via Twitter, foi pura lamentação aqui no QG 21.

Mas não pelo fato de termos aversão ao Mark Cuban Mutante Russo ou por torcer mais para o Mark Cuban de verdade e seu Mavs. O chororô foi mais porque a piada ia levar menos graça.

Queríamos falar da guerra fria travada entre algumas franquias por Steve Nash. Sem o Nets na parada, não daria para meter a KGB de Mikhail Prokhorov na história.

Steve Nash

Steve Nash, de saída do Suns

Agora, com essa enrolação toda, ao menos conseguimos passar a meia-piada.

Então, como íamos dizendo… A guerra fria. Que rola entre Knicks e Raptors pelos serviços do armador canadense, surpreendentemente desprezado pelo Phoenix Suns.

Tá certo que o clube do Arizona precisa se renovar, retomar o rumo após aparentemente buscar o genocídio de seu time nos últimos anos. Aos 38 anos, no entanto, Nash ainda era seu melhor jogador, sem dar sinais de que estava diminuindo a velocidade. Se tivesse melhores cestinhas ao seu lado, poderia voltar ao topo no Oeste, era a crença.

Não foi o que pensaram e, antes mesmo de o mercado se abrir, o canadense já deixava escapar que havia compreendido o recado e que talvez sua época de Sun havia chegado ao fim, mesmo. E aí que Raptors e Knicks se animaram todos.

Por razões óbvias,no caso da franquia canadense. Para os nova-iorquinos, pode ser mais difícil de entender, considerando aquele sino-asiático que dominou o mundo por duas semanas só há alguns meses, mas o fato é que eles investiram para ter Nash, sim – ele seria o mentor de Lin e colocaria Amar’e Stoudemire para cravar todas novamente.

Acontece que Bryan Colangelo não ia deixar isso barato, não. O Knicks já havia lhe roubado Mike D’Antoni um tempo atrás. Agora queria surrupiar o Nash? Tá de sacanagem?

Pois o manda-chuva do Raptors deu um golpe daqueles. Mandou uma proposta absurda para o ala Landry Fields, xodó de Spike Lee, que deve ter caído como uma bomba no Garden. Muito menos pelo status cult de Fields, do que pelas possibilidades de negócio que os Bockers tinham para contratar Nash.

Bryan Colangelo

Bryan Colangelo

Grana por grana, Toronto tinha mais disponível para oferecer. O clube de Manhattan precisava, então, encontrar outros meios para elevar sua proposta e reduzir uma diferença de até US$ 8 milhões para convencer Nash a ficar na cidade para andar de skate não só em suas férias. Uma opção seria dar um aumento para Fields, outro agente livre, e repassá-lo para o Arizona. Agora, com a oferta canadense em mãos, suas opções ficaram bem limitadas. A não ser que queiram incluir o promissor Iman Shumpert no negócio. Oh-oh.

Foi uma cartada ousada e caríssima por parte de Colangelo, que ofereceu algo em torno de US$ 19 milhões para o ala que pode nem ser titular do Raptors na próxima temporada. Se eles querem tanto o Nash assim, talvez o retorno comercial de contar com o canadense valha a pedida.

Mas não está garantido, de modo algum, que o armador vá retornar para casa. Já tem boato indicando que o Lakers se mostra interessado. O Dallas também poderia mandar um telegrama, agora que ficou sem Deron. O Suns, vai saber?

Agora podem tirar a KGB dessa parada. Só no caso de Nash, claro.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Steve Nash em sua encarnação passada.


Calma, Scott: veja a lista dos renegados que ganharam US$ 380 milhões na NBA
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Giancarlo Giampietro

Não é o fim do mundo, Scott. Pode ser um baque, com tanta expectativa criada, mas não sobra muito tempo para chutar choramingar, pois as Summer Leagues já vêm com tudo, os clubes estão montando seus elencos, e seu agente sabe disso.

Nesta sexta, o armador brasileiro deu as caras no Twitter com uma metáfora toda videocassetiana (na falta de melhor palavra): “Não há STOP para o meu sonho, apenas PAUSE. VOU FFW passando por isso porque só quero PLAY e, uma vez que eu mostrar a eles o que posso fazer, eles todos vão querer RECORD ISSO, e eu nunca vou RWD”. Entenderam, né?

Para dar uma força, lembramos, agora, dez  casos de atletas que não foram draftados, mas saíram por cima. Juntos, sabe quanto eles ganharam em contratos durante suas carreiras? Mais de US$ 385 milhões. E isso não leva em conta o fato de que alguns deles ainda estão em atividade.

Confira a turma dos renegados que prosperaram:

1. Ben Wallace

Ben Wallace

O pivô do Detroit Pistons, que ainda não sabe se vai se aposentar este ano… Caso decida que sim, chegará ao fim a carreira de um dos melhores defensores da história da NBA, após 16 temporadas e 130 partidas de playoffs. Wallace começou sua jornada no Washington Wizards de 1996, como reserva de Chris Webber. Ficou um ano em Orlando até ser envolvido em uma troca por Grant Hill com o Detroit. Na época, parecia que o Pistons iria de mal a pior. Engano. Big Ben capitaneou o revival dos “Bad Boys” na Motown, ao lado do bro Rasheed Wallace, sendo campeão em 2004. Foi duas vezes o melhor reboteiro da liga em 2002 e 2003 (quando apanhou 15 por jogo). Quatro vezes All-Star. Quatro vezes eleito o melhor defensor do campeonato. Porrada.

2. Brad Miller
Antes de entrar na NBA, Miller, tinha como grande destaque de sua carreira a medalha de bronze conquistada no Mundial de 1998, aquele que caiu num limbo da USA Basketball – era ano de loucaute e os astros da NBA ficaram fora. Considerado lento, pouco atlético, foi desprezado ao sair de Purdue em 1998. Acabou descolando um bico no Charlotte Hornets (bons tempos!), foi contratado pelo Bulls em sequência, repassado ao Indiana até que assinou com o Sacramento Kings em 2003 por uma bolada: em 2010, já ganhava mais de US$ 12 mi. Foi duas vezes para o All-Star. No auge, teve médias de 15 pontos, nove assistências e quatro assistências pelo Kings.

3. Avery Johnson
Não era necessariamente um craque, tendo um arremesso de três pontos bastante questionável. Mas foi um verdadeiro general em quadra em uma carreira que durou de 1988, quando Scott Machado e Fab Melo ainda não haviam nem nascido, a 2004. Distribuiu 5.846 assistências em jogos de temporada regular, em 1.054 partidas. Marcou época pelo Spurs, pelo qual foi campeão em 1999. Hoje é o técnico do Brooklyn Nets.

John Starks enterra contra o Bulls

John Starks enterra contra o Bulls

4. John Starks
Houve uma vez que o explosivo ala do Knicks voou por toda a defesa do Bulls de Phil Jackson para uma das enterradas icônicas da NBA, que, vira e mexe, aparece nos clipes promocionais da liga. Jogou de 1988 a 2002, terminando com média de 12,5 pontos. Em 1993-94, foram 19,0 por jogo, culminando em convocação para o All-Star e no vice-campeonato sob o comando de Pat Riley. Eleito o melhor sexto homem em 1996-97.

5/6. Bruce Bowen, Raja Bell
Dois alas que foram uma verdadeira peste na marcação na década passada – e, sim, usamos propositalmente o passado em referência a Bell, que hoje já seria um ex-jogador em atividade. Bowen foi tricampeão pelo Spurs, tendo aparecido na seleção defensiva da liga por cinco anos seguidos – embora, injustamente, nunca tenha ganhado o prêmio individual. Raja Bell segue essa estirpe, talvez um pouco mais light, mas ele que não nos ouça. Nos dias de Phoenix Suns, era um dos inimigos prediletos de Kobe Bryant, se é que isso faz sentido.

7. Udonis Haslem
O guarda-costas de Dwyane Wade, um guerreiro nos rebotes que saiu da universidade de Florida em 2002 um tanto gordinho e sem chamar muita atenção. Remodelou seu corpo, descolou um convite do Heat, em sua cidade natal, e o resto a gente já sabe. Ótimo reboteiro, defensor, jogador de poucos erros e vencedor. Bicampeão.

8. David Wesley
Patinou por dois anos em Boston em 1993 e 94 até ganhar respeito, entrar na rotação e emplacar uma carreira que acabou em 2007, com 12,5 pontos e 4,4 assistências. Viveu seus melhores anos pelo Hornets, pegando a transição de Charlotte para New Orleans.

9. JJ Barea
Ainda na metade do caminho, o portorriquenho já tem seu título da NBA, um contrato de mais de US$ 4 milhões com o Minnesota Timberwolves, para correr com Ricky Rubio. Veloz, forte, inteligente e corajoso, consegue finalizar no garrafão apesar da estatura diminuta.

10. Jeremy Lin

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O pôster dessa turma toda agora, né? A história você já conhece, cujas palavras-chave são: sino-americano, Harvard, economista, show em Summer League contra John Wall, Warriors, Rockets, dispensas, waiver, Knicks, D’Antoni, Linsanidade, Manhattan, Forbes, Hollywood.

Outros armadores que têm/tiveram carreiras duradouras sob as mesmas condições: Carlos Arroyo, Robert Pack, Jannero Pargo, Chuck Atkins, Darrell Armstrong, Troy Hudson, Damon Jones e Mike James. E mais outros atletas de outras posições como Louis Amundson, Joel Anthony, Reggie Evans e Reggie e Aaron Williams.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Scott Machado em sua encarnação passada