Vinte Um

Arquivo : LeBron

Já são 7 derrotas, e LeBron chega cercado ao Jogo 3
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Giancarlo Giampietro

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Após uma derrota pelo Jogo 3 das finais do aaaano passaaaaado, já são sete triunfos consecutivos para o Golden state Warriors em confrontos com o Cleveland Cavaliers, com ou sem Kyrie Irving e Kevin Love em quadra. Nunca um time de LeBron James havia perdido tantas partidas em sequência para o mesmo oponente. Nos últimos dez jogos, o Cavs, um dos melhores ataques da liga, não conseguiu passar da marca de 100 pontos. Nesta temporada, em quatro partidas, a defesa dos atuais campeões também limitou o astro a 33 cestas em 80 tentativas, ou 41,5%.

“Eles nos bateram em todos os quesitos, nós não vencemos nada. Em nenhum ponto do jogo levamos a melhor. Eles nos detonaram”, afirmou o ala, logo após a surra que levaram pelo Jogo 2. É difícil para mim apontar o que não está funcionando e no que poderíamos trabalhar agora. Não dá mais para ter lapsos mentais. Esses caras vão te colocar em muitas posições desconfortáveis do ponto de vista mental, em que você vai ter de procurar entender o que fazer. E eles fazem você pagar se não entender.”

Sim, parece claro que o Warriors encontrou um modo de cercar LeBron. Por maior que tenha sido o sucesso de sua equipe nos playoffs da Conferência Leste, alcançando a segunda final em dois anos sem suar muito, a verdade é que ela não iria a lugar nenhum sem que o craque fosse dominante em quadra. No momento em que foi contido, seus companheiros também se viram contra a parede. Essa é uma conclusão a que LeBron certamente não imaginava chegar dois anos depois de ter deixado Miami para, supostamente, retornar para casa – e, claro, curtir um novo ciclo de sua carreira ao lado de duas estrelas mais jovens que tinham tudo para aliviar a pressão sobre seus ombros e articulações desgastadas, enquanto Dwyane Wade e Chris Bosh envelheceriam em South Beach.

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A torcida de Cleveland estava ansiosa para a revanche contra o Warriors, dessa vez com Irving e Love em forma. A esperança e, no caso de alguns, a aposta era de que tudo seria diferente. Que a virada sofrida em 2015 só se justificava pelo fato de o time ter jogado todo despedaçado, com o camisa 23 sobrecarregado, sem pernas ou recursos para reagir. E cá estamos: com a série encaminhada para o Ohio, e o Jogo 3 marcado para esta quarta-feira, o rival californiano tem confortável vantagem de 2 a 0, ainda mais expressiva quando o placar das duas primeiras partidas apontou um saldo de 48 pontos, sem que os reforços tenham influenciado em nada o rumo do confronto. Para ser mais preciso, Love mal jogou o segundo tempo do último duelo, vetado pelo protocolo de concussão da liga. Para ser justo, a presença do ala-pivô não teria feito diferença nenhuma.

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Goste ou não, o destino do Cavs gira em torno de LeBron, e não só em termos de negócios. Em quadra, já são dois anos completos com esse núcleo, e o time ainda não encontrou uma forma orgânica de jogar sem que as ações comecem e terminem com seu veterano astro. Contra o Detroit Pistons e, depois, detonando Atlanta Hawks e Toronto Raptors, os caras praticaram um basquete realmente empolgante, solidário, dominante. Não foi um engodo. Em todas as séries, porém, não há como negar também que LBJ não enfrentou resistência nenhuma.

Na primeira rodada, foi até bonitinho o esforço corajoso do novato Stanley Johnson, com provocação e tudo. Mas nem ele, muito menos Marcus Morris e Tobias Harris tinham condições de acompanhar a estrela adversária. Em quatro jogos, James teve médias de 22,8 pontos, 9,0 rebotes, 6,8 assistências e 48,7% nos arremessos, com 3,0 turnovers. Depois, enfrentando a segunda melhor defesa da liga, o ala também não deu bola. Por mais uma varrida, foram 24,3 pontos, 8,5 rebotes, 7,8 assistências, 50,7% de quadra e 4,3 turnovers – coletivamente, o Hawks montou um forte sistema de contenção, mas, com os chutadores de Cleveland on fire, sobrou para Kent Bazemore (muito mais baixo e mais fraco) e Paul Millsap (ainda bem mais lento) o ônus de lidar com o craque em mano a mano. Na final do Leste contra o Toronto Raptors, com um DeMarre Carroll arrebentado, o estrago foi ainda maior, com 26,0 pontos, 8,5 rebotes, 6,7 assistências e impressionantes 62,2% de acerto e apenas 2,3 turnovers, em seis partidas. Em suma: Pistons e Hawks até forçaram desperdícios de posse de bola, mas não serviu para nada.

FINAIS DA NBA
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Já o Warriors conta com Andre Iguodala (e um pouco mais, claro). O experiente defensor obviamente não está anulando seu oponente. Isso não vai acontecer. Mas tem feito de tudo para atrapalhá-lo e diminuir sua eficiência. Em Oakland, os números de James continuaram volumosos em uma primeira vista: 21,0 pontos, 10,0 rebotes e 9,0 assistências. Mas aí você pega o seu aproveitamento nos chutes (42,1%) e o número de turnovers (5,5) e percebe como a marcação do Warriors tem surtido efeito. Mesmo quando força a troca, o astro do Cavs tem se enroscado com Klay Thompson ou mesmo Draymond Green.

O natural aqui é se concentrar em Iggy, e os números o favorecem. Nos últimos 10 duelos, LeBron acerta apenas 35,1% de seus arremessos quando o ala é o seu marcador primário. Foram apenas 32 cestas em 91 tentativas. Nesta final, especificamente, o aproveitamento é de 40%. No Jogo 2, foram 17 posses de bola em que o ala ex-Sixers o defendeu. Aí preparem-se, que os dados são ainda mais impressionantes: LBJ só tentou três cestas, acertando uma. De novo: apenas uma cesta em 17 jogadas. E sabe do que mais? Todos os sete turnovers que cometeu no jogo aconteceram com Iguodala em ação. Demais.

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Em sua coletiva, Tyronn Lue procurou não dar muita atenção ao cara. Fez os elogios básicos, de praxe, mas disse que as dificuldades de James tinham mais a ver com o sistema de Steve Kerr e seu assistente Ron Adams, do que pela atuação de um só jogador. Sim, no basquete é assim: são realmente cinco atletas de um lado e cinco do outro. Na defesa, então, nem se fala. O coletivo é muito mais influente que um só atleta, ainda que um só atleta possa fazer desse coletivo algo muito mais forte. O Golden State sabe o que fazer.

Kyrie Irving e Kevin Love despertam mais preocupação com Matthew Dellavedova e Timofey Mozgov, mas, ainda assim, o time tem conseguido fazer as dobras para importunar o craque. Em jogadas de post up, Andrew Bogut e Draymond Green têm feito ótimo trabalho de cobertura, fechando o aro. Em ataques frontais, o defensor mais próximo recua um pouco e tenta atacar seu drible.  O que pega para o Cavs é que a maior parte desses marcadores tem muita agilidade para recuperar sua posição rapidamente, sem perder de vista os chutadores. Mesmo quando supera a primeira barricada defensiva para entrar no garrafão, LeBron tem se complicado. Nas duas primeiras partidas, converteu 12 de 22 tentativas na área restrita (54,5%). Bem abaixo de sua média na carreira (72,5%) ou das últimas duas campanhas (72,2%).

Neste caso, porém, houve uma grande diferença entre os Jogos 1 e 2. No primeiro, acertou apenas 6 de 14 em suas infiltrações. No segundo, teve mais sucesso, com 6 de 8. Isto é, de suas sete cestas de quadra, apenas uma não aconteceu nas imediações do aro – mas foi uma bola de fora. O que nos leva a um problema destacado durante todo o campeonato: a penúria de LeBron como arremessador de longa distância. ele acertou apenas 30,9% de seus disparos de três nesta campanha. Desde 2013, ano de seu segundo título, seu aproveitamento vem caído consistentemente. Naquele ano, acertara 40,6%. Se for pegar apenas o rendimento dos playoffs, ele ainda teve 40,7% de conversão em 2014, mas agora tem acertado apenas 32,4%. Então ninguém vai contestar LBJ lá fora. Na temporada regular, você convive com isso. Nos playoffs, com os jogadores mais bem preparados, estudados, não.

Em seus primeiros mata-matas por Cleveland, LeBron também não representava ameaça no perímetro. Mas estamos falando de dez anos atrás. Naqueles tempos, não havia como ficar à frente do ala, que arrancava para a cesta com um primeiro passo absurdamente explosivo, acompanhado de crossover. Hoje, os defensores mais disciplinados e atléticos já podem acompanhá-lo mais de perto. Ainda mais dando espaço para o chute. Não quer dizer que seja fácil. Mas está bem menos complicado. A consequência? O Warriors consegue manter os demais marcadores grudados em seus respectivos pares. Aí Channing Frye e JR Smith têm de botar a bola no chão ou tentar arremessar por cima da “barreira”. Tudo muda.

Assim como o Cavs deste ano mudou em relação ao do ano passado, pelo menos no papel, com Kyrie Irving e Kevin Love. Quer dizer, esperava-se qeu iria mudar. O armador, em quem se confiava tanto como um diferencial, não criou absolutamente nada em Oakland. Com 33,3% nos arremessos e mais turnovers do que assistências (6 x 5), tem feito algo que Matthew Dellavedova cobriria com tranquilidade. Em iniciativas  individuais, a partir do drible, ele converteu apenas 4 de 27 arremessos, algo estarrecedor. Quando chutou a partir de um passe, matou 8 de 9. Já o ala-pivô estava sendo abastecido, agressivo, mas buscando a melhor forma de atacar uma defesa agressiva e versátil. Até sofrer aquela cotovelada de Harrison Barnes na parte de trás da cabeça e ser afastado pelo departamento médico da liga. E não é uma questão de individualismo. No ranking dos principais passadores desses primeiros dois jogos, Draymond Green lidera de longe, com 66 de média. Irving surge em segundo, com 54,5. LeBron é o terceiro, com 54. Love é o sexto, com 29 pouco abaixo de Curry. Ainda assim, o que vimos foi um ataque travado, previsível, e a diferença se nota no número geral de passes, com 271 em média para o Cavs contra 293 para o Warriors. (O pior: com Irving em quadra, a defesa do Cavs sofre).

Houve um tempo em que não importava quem estava ao lado de LeBron, em Cleveland. Fosse Eric Snow, Daniel Gibson, Damon Jones, Sasha Pavlovic, Delonte West… O ala era imponente o bastante para carregar o seu time, mas não rumo ao título. Até que esbarrava em Celtics, Magic e Spurs. Todo mundo tem limites. Foi a mesma coisa no ano passado. O Cavs mudou sua escalação, trocou de técnico, poupou LeBron, e nada. Já são sete partidas agora contra o Warriors, e, mais velho,enfrentando uma defesa muito forte, esperando ajuda, o craque não encontrou uma saída.

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Não é apenas o 2 a 0 para o Warriors. Mas como aconteceu
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Giancarlo Giampietro

Draymond, o MVP da série em Oakland

Draymond, o MVP da série em Oakland

Depois de um jogo desses, as finais da NBA se tornam o conto de dois times. O Golden State Warriors exuberante, exultando confiança voltando a justificar todos os seus recordes e seu lugar na história, após triunfar por 110 a 77 pelo Jogo 2, neste domingo, e abrir 2 a 0 na série. Do outro lado, um Cleveland Cavaliers desmoralizado, em frangalhos, tendo que assimilar a surra que tomou e controlar seu vestiário para evitar uma autoimplosão.

LeBron James, Tyronn Lue e Kyrie Irving vão ter que pensar em muita coisa até esta segunda-feira de manhã, quando vão pegar o voo de volta para Ohio. E aí é usar o trajeto de retorno para pensar mais um pouco. Chegando lá, tem mais vídeo para analisar, muitas coisas para acertar nos treinos até quarta-feira. E talvez nem esse tempo todo seja suficiente? É a conclusão mais precipitada que a que poderíamos chegar após um segundo tempo chocante em Oakland, vencido por 58 a 33. Isso com Stephen Curry fora de quadra, devido ao excesso de faltas, quase tendo uma convulsão no banco de reservas de tanto vibrar e curtir cada jogada maravilhosa de seus companheiros.

Os Splash Brothers conseguiram fazer mais do que 20 pontos, juntos, mas não é que tenham chegado ao nível das apresentações que perturbaram o Oklahoma City Thunder na reta final do Oeste. Dessa vez Curry e Klay Thompson acumularam 35 pontos. Uma quantia que seria excelente para qualquer dupla do Philadelphia 76ers, mas que, falando de quem estamos falando, poderia ter sido atingida em um só quarto, se tanto. E a série está 2 a 0.

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O Cavs está contra a parede, precisando lidar com o fato de que, nas últimas 16 decisões da liga em que viu uma equipe com duas vitórias em duas partidas, esta equipe saiu campeã 15 vezes. O último clube a levar um tombo desses foi o Dallas Mavericks em 2006, contra o Miami. Na história, o aproveitamento é de 28 títulos em 31 finais nesse contexto.

Para tentar ser o quarto a buscar a virada, os campeões do Leste não precisam só corrigir uma defesa porosa, que, ao final de 96 minutos de basquete, não é capaz ainda de entender quais as rotações necessárias após se fazer uma dobra contra Curry ou Thompson. Não é apenas isso. Seu ataque também despencou perante uma defesa opressora do Warriors.

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Os visitantes ficaram abaixo da crítica, ou dos 40% de aproveitamento nos arremessos novamente, com 51 erros em 79 tentativas (35,4%). Também foram mais 17 turnovers, contra 15 assistências. Kyrie Irving anotou apenas 10 pontos e converteu só 35,7%. Na série, está com 33,3%. Kevin Love tinha apenas 5 pontos em 21 minutos, até sair de quadra com sintomas de concussão. JR Smith e Channing Frye, aqueles que colocaram fogo nos playoffs do Leste, não estão produzindo nada também. Mas não é só o elenco de apoio que está em falta, ainda que devendo muito mais. LeBron James acumulou seus números, todos eles – os do bem (19 pontos, 9 assistências, 8 rebotes e 4 roubos de bola) e os do mal (10 arremessos desperdiçados em 17 tentativas e 7 turnovers).

Não vai adiantar LeBron carregar esse time das costas. Ele já fez isso no ano passado, e deu no que deu. Mais: não parece que o craque, hoje, esteja em condição de assumir uma tarefa hercúlea dessas. Andre Iguodala não sai do seu pé quando está em quadra. O Cavs pode forçar a troca defensiva, e Klay Thompson também está fazendo um bom trabalho em mano a mano. É aqui que faz falta o arremesso de longa distância para LBJ. As opções estão limitadas. Ele tem de abaixar a cabeça (metaforicamente ou não) e atacar, tentar ganhar terreno com os músculos. Funciona em uma sequência ou outra, mas, no geral, o Warriors vem fazendo ajustes, sabendo como tirá-lo dos trilhos. Esse parágrafo, nos próximos dias até o Jogo 3, vai ter de ganhar seu próprio espaço como um artigo mais abrangente.

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Pelo Warriors, já citamos com os Splash Brothers não passaram dos 40 pontos, e ainda assim a equipe californiana chegou a 110 pontos, com um extenso gargabe time no quarto final. Como? Bem, começa com um Draymond Green impossível, em sua versão cestinha desta feita, com 28 pontos em 34 minutos e 20 arremessos, com cinco chutes de longa distância convertidos. Como o jogador completíssimo que se tornou – é craque, sim –, ainda contribuiu com sete rebotes e cinco assistências. Passados oito quartos de finais, deve ser o favorito ao prêmio de MVP das finais.

Mas teve mais, como 26 assistências. Dos 12 jogadores utilizados por Steve Kerr nesta noite, só Brandon Rush não pontuou. Leandrinho foi mais uma vez fogoso que só e oportunista, para chegar aos 10 pontos, depois de converter seus cinco primeiros arremessos. O ligeirinho estava com 10-10 na série, até então, até errar os últimos dois chutes. Andre Iguodala, Shaun Livingston e até Ian Clark, no garbage time, somaram 7 pontos. Por aí foram, rumo 54,3% de quadra e 45,5% de três, com 15 conversões. Só Varejão não participou.

Talvez nem precisasse de tantos pontos assim. Quer dizer: obviamente não precisava – não quando seu adversário parou em 77. Mesmo que o Cavs tivesse acertado dois ou três chutes a mais, não teria feito diferença nenhuma, assim como seus 20 turnovers.  Aí Steve Kerr está mais do que certo em dizer, a cada entrevista, que o sucesso nessas duas primeiras partidas se deve a sua defesa. Com agressividade, esforço e consciência, de quem precisa ser contestado, de quem pode cortar para um lado e para o outro, não. Seu time seclassificou para a final com uma herança bendita entregue por OKC. Kevin Durant, Russell Westbrook, Steven Adams & Cia. testaram esses caras ao limite. Depois do sufoco que passaram, acuados, espremidos em quadra, tudo parece um pouco mais fácil.

Estaria David Blatt acompanhando tudo? No ano passado, a equipe voltou para Cleveland com um empate de 1 a 1, sendo que sua derrota aconteceu na prorrogação, em mais um daqueles últimos suspiros do Warriors, evitando a derrota certa. Ficaram muito perto de ver esse placar geral de 2 a 0 a seu favor.  Agora, não são apenas duas derrotas, mas 48 pontos de desvantagem em dois jogos, com todos tentando entender o que aconteceu

Em sua coletiva, ao menos, LeBron assumiu sua parte, seus erros. Não teve dedo apontado para Irving, reservas, Blatt, nem nada. É o primeiro passo para o Cleveland tentar uma reação. Em sua jornada pelo Leste, sempre foram seus inimigos mais perigosos. Nas três primeiras rodadas dos playoffs, não foi problema nenhum. Tem de ver se a fogueira de vaidades não vai se acender. É tudo de que não precisam agora, já que estão enfrentando muito mais do que qualquer adversidade interna. Tem um timaço na oposição, se havia dúvida ainda.

Ao final do Jogo 2, em 2015, a Oracle Arena não estava tão festiva assim

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Leandrinho voltou a ser um vulto em quadra. Na melhor hora
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Giancarlo Giampietro

Leandro Barbosa, Warriors, Game 1, NBA Finals

Antes de se mandar para New Orleans, Alvin Gentry havia nos dito como Leandrinho era uma figura importante no vestiário do Golden State Warriors. Ethan Sherwood Strauss, setorista do Warriors para o ESPN.com, também fez um perfil nesse sentido, falando sobre como o ala é adorado pelos seus companheiros, de como, numa temporada longa como a da NBA, faz bem ter um boa praça desses por perto, para desanuviar o ambiente em tempos mais tensos – se é que a coisa fica tensa para este timaço. Quando víamos Stephen Curry ensaiar, na lateral da quadra, passos que, talvez, em sua cabeça, parecessem os de samba, depois de uma cesta do brasileiro, era a confirmação visual de tudo isso.

Esse expediente não seria novo. É só pensar nos elencos do hexacampeonato do Chicago Bulls nos anos 90 e pinçar os anciões que se sentavam lá no final do banco. James Edwards, Robert Parish, Bill Wennington, mesmo. Jack Haley, John Salley… São vários personagens escolhidos a dedo por Jerry Krause e/ou Phil Jackson como ombro amigo, figuras sóbrias, que já haviam visto de tudo pela liga e davam uma força para os treinadores, ajudavam na condução dos negócios, digamos. O papel que cabe a um Kendrick Perkins ou um Nazr Mohammed hoje, por exemplo.

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Na quinta-feira, porém, pela abertura das finais da NBA, Leandrinho mostrou que tem mais o que oferecer para os atuais campeões do que a simpatia, o humor e a harmonia interna. Para um reserva, com 11 pontos em 11 minutos, acertando todos os cinco arremessos, viveu uma noite perfeita numa noite em que os Splash Brothers não jogaram nada, sendo fundamental na vitória sobre o Cleveland Cavaliers.

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Foi uma jornada como a dos bons e, glup!, já velhos tempos de Brazilian Blur, o Vulto Brasileiro, quando “Barbosa” estava construindo sua fama pelo inesquecível Phoenix Suns de Nash, Marion, Stoudemire, D’Antoni e, principalmente, de Sete Segundos ou Menos. Naquele tempo, antes mesmo de Russell Westbrook, Derrick Rose e John Wall entrarem na liga, era difícil encontrar jogador mais veloz.

Lembro sempre de uma manhã na redação do UOL Esporte, ‘abrindo’ o site – quando chegam os primeiros redatores caçando as primeiras notícias –, e sempre haveria um relato da NBA para se fazer. E teve um jogo desses entre Suns e Houston Rockets em que o cara arrebentou. Tracy McGrady, do outro lado, estava maravilhado. Na tentativa de qualificar o brasileiro, o astro o chamou de “Speedy Gonzalez”, que, vocês sabem, é o Ligeirinho na adaptação do desenho por aqui. Foi antes de “Brazilian Blur” ser oficializado. Valeu, T-Mac. Desde então, “ligeirinho”, em caixa baixa, virou adjetivo obrigatório para mim na hora de escrever qualquer texto sobre Leandrinho.

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Como Matthew Dellavedova pôde ver, o ala ainda tem, sim, arranque para pontuar nos grandes jogos. É só ver na sequência de clipes abaixo do texto. Foram algumas infiltrações completamente insanas, nas quais voltou a mostrar sua habilidade para encontrar ângulos improváveis para a finalização. Fazia tempo, confesso, que não via dessas bolas um tanto malucas, mas que funcionaram durante toda a sua carreira. Muito provavelmente em um desses lances, aliás, sentiu algum desconforto nas costas, que o obrigou a ir ao vestiário mais cedo para ser examinado. Por sorte, dele, de Kerr e dos Splash Brothers, não era nada grave.

Para cima de Delly

Para cima de Delly

“LB foi ótimo. Ele ainda é muito rápido. Talvez não tão rápido como era cinco anos atrás, mas ainda é um cara que adora correr para cima e para baixo. Ele entrou e nos deu uma grande força”, disse Steve Kerr, que foi seu gerente geral em Phoenix. “Conseguiu algumas bandejas de primeira, umas bandejas difíceis, e embalou. E aí ele fez aquela de três na zona morta. Simplesmente teve um jogo excelente. Com 11 pontos em 11 minutos e meio, dá para dizer que foi uma produção bem boa.”

Em toda a temporada, Leandrinho passou da marca de 10 pontos em 12 partidas apenas (?). Ele não chegava a dígitos duplos há quase dois meses. A última havia sido no dia 3 de abril, com 13 pontos em vitória sobre o Portland Trail Blazers, por 136 a 111, com seis cestas em oito tentativas e 23 minutos de ação. Seu recorde no campeonato foi de 21 pontos sobre o Suns, claro, no dia 27 de novembro, com oito cestas em nove tentativas, também ficando 23 minutos em quadra em triunfo por 135 a 116.

Reparem nos minutos e nos placares. Foram duas das tantas surras que o Warriors aplicou durante a temporada, abrindo espaço para a entrada e produção de seus reservas. Bem diferente de um Jogo 1 das #NBAFinals. Quem imaginava? Talvez nem Kerr, ainda mais quando ele havia feito apenas 14 pontos no total contra OKC pelas finais do Oeste. No final, fez os mesmos 11 pontos de Curry e dois a mais que Thompson.

LeBron James também não estava contando com isso. Quando Leandrinho acertou um chute em flutuação e elevou a vantagem do Warriors para 14 pontos nos dois primeiros minutos do quarto período, o craque do Cavs estava preparado para voltar ao jogo e sorria nervosamente, talvez incrédulo. Pois, Leandrinho, sozinho, havia superado todos os reservas de Cleveland em pontuação. Depois,  para variar, James detonaria a segunda unidade de seu time (caras que têm jogado tão tem o campeonato inteiro, diga-se), afirmando ser “inadmissível” que o banco do Warriors tenha vencido o embate por 45 a 10. “Quando isso acontece e você ainda cede 25 pontos em 17 turnovers, não importa o que alguém faça ou deixe de fazer, vai ser difícil vencer, especialmente fora de casa. “Não importa o que você faz com Steph, Klay ou Draymond. Permita 45 pontos ao banco e 25 pontos via turnovers, na estrada, e você não tem um bom ingrediente para vencer.”

Essa sequência arrasadora do Golden State foi propulsionada por Leandrinho, Shaun Livingston (um dos nomes do jogo), Andre Iguodala (taí o outro nome da partida…) e dois titulares: Draymond e Harrison Barnes. Uma formação alternativa de seus quintetos mais baixos, sem Festus Ezeli ou Marreese Speights para acompanhar os demais reservas. Mais uma boa cartada de Kerr, que não perdeu a confiança em seus suplentes, mesmo quando sua equipe enfrentava tamanha pressão contra OKC. “Ele vai muito bem na hora de sentir nossa temperatura e encontrar quais são os duelos favoráveis para nós e nos colocar em uma posição em que possamos brilhar”, afirmou Livingston, sobre o técnico.

No caso do ligeirinho brasileiro, o duelo nem era tão favorável assim. Dellavedova é uma desgraça (em muitos sentidos…) quando persegue alguém. Só ficou complicado para o australiano correr atrás de um vulto. Se, por acaso, o tivesse atingido, aí teria de se ver com furiosos oponentes. No banco do Warriors, melhor não mexer com Leandrinho.

*   *   *

Aqui estão as cinco cestas de quadra do ala, numa cortesia do Coach Nurse, do BBALLBREAKDOWN, estrela do Twitter em noite de grandes partidas.  Vocês têm de seguir o cara.

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Leandrinho! Livingston! É a final da NBA com reservas ditando o jogo
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 9h)

Shaun Livingston=Curry e Thompson, por uma noite

Shaun Livingston = Curry e Thompson, por uma noite

Ok, podem falar, sabichões: todo mundo sabia que, com LeBron James, Stephen Curry, Klay Thompson, Kyrie Irving e Kevin Love em quadra, o Jogo 1 das finais da NBA seria decidido por Shaun Livingston e Leandrinho. Estava óbvio isso. Não adianta ficar se gabando por aí na reunião de trabalho ou no balcão da padaria.

(…)

Pois é. Tivemos uma noite de quinta-feira de subversão com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 104 a 89, em casa. Na qual Shaun Livingston, sozinho, marcou o mesmo número de pontos dos Splash Brothers: 20. Sim, o Warriors venceu um jogo totalmente estranho de #NBAFinals em Curry e Thompson acertaram apenas 8 de 27 arremessos em conjunto. Graças a uma grande atuação defensiva e à contribuição decisiva da segunda unidade de Steve Kerr no quarto período.

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Depois de sofrer contra Dion Waiters (!) pela final do Oeste, Livingston retomou a boa forma da temporada regular e acertou praticamente tudo o que tentou da sua zona preferida de quadra, à meia distância (80%, com 8-10). Leandrinho também botou fogo no jogo ao converter todos os seus cinco arremessos e terminar com 11 pontos em 11min25s, numa média incrível. O brasileiro acertou chutes em flutuação, de média e longa distância e até contestado pelo árbitro Kenny Mauer (abaixo). Foi uma de suas melhores apresentações em muito tempo, na melhor hora. Ruben Magnano tomou nota. Os dois certamente não sentem falta dos braços enormes dos atletas de OKC ao redor na contenção.

No geral, os reservas do Warriors marcaram 45 pontos contra 10 dos suplentes do Cavs, a maior diferença em uma partida pelas finais em 50 anos. Sim, Leandrinho, por conta própria, marcou um ponto a mais que a concorrência. Ainda nessa linha bizarra de estatísticas, Curry e Thompson não constaram nem entre os quatro cestinhas do Golden State nesta noite, com Draymond Green (16 pontos),  Harrison Barnes (13) e Andre Iguodala (12) à frente. Curry anotou 12, empatando com o ligeirinho brasileiro. Klay parou nos 9. Sem os chutadores em quadra, foram 11 minutos de jogo para o Warriors e 12 cestas em 17 chutes, com 12 pontos de saldo.

“Temos falado sobre a profundidade de nosso elenco pelos últimos dois anos. Nós contamos com um monte de pessoas. Usamos um monte de pessoas, e sentimos que temos muito talento no banco que pode entrar e pontuar quando precisamos. Então foi um grande sinal que possamos vencer nas finais sem que nossos dois caras tenham grandes jogos. Mas não é realmente tão surpreendente assim para nós. Esse tem sido o nosso time por dois anos”, afirmou Kerr, que realmente tirou essa lição de suas experiências com Phil Jackson e, principalmente, Gregg Popovich.

Desta forma, os atuais campeões se tornaram a primeira equipe desde o Detroit Pistons de 2005 a ter sete atletas a ter sete atletas com 10 ou mais pontos em uma partida pelas finais. Irônico isso, considerando que o Detroit é reconhecido como a exceção da regra da liga, como um time que se sagrou campeão sem uma superestrela (no ano anterior, diga-se).

Claro que o Warriors não seria grande coisa sem Steph Curry. Mas o time não vive só dos arremessos e jogadas maravilhosas do armador, isso está claro. Que o diga Andre Iguodala, que teve mais uma dessas atuações que tende a ficar em segundo plano na manchete, mas que talvez tenha sido ainda mais importante.

Leandrinho fez um ponto por minuto

Leandrinho fez um ponto por minuto

 Não é por acaso que o ala tenha saído de quadra com o maior saldo de pontos da noite, com +22, um pouco acima se Livingston (+20) e Green (+18), que também fez uma bela exibição. O veterano cuidou de LeBron James do jeito que dá. O craque do Cavs quase acumulou um triple-double (23 pontos, 12 rebotes e 9 assistências em 21 arremessos e quase 41 minutos). Mesmo se tivesse alcançado a marca lindona com mais um passe para a cesta, seria basicamente um ouro de tolo. Na hora em que o jogo desandou, Iggy estava lá para importunar. Ele terminou 22 posses de bola como o marcador de LeBron, e o astro do Cavs tentou apenas dois arremessos nessas ocasiões, acertando um. Do outro lado, ainda deu 6 assistências. Você põe na balança os sete rebotes também, e entende como é possível um reserva ser eleito o MVP das finais.

Em tempo: acho que Matthew Dellavedova enfim descobriu que, com Iguodala, não é para mexer. O australiano, cujo fã-clube conta com minha inscrição, exagerou, digamos, em sua competitividade ao dar um soco nas partes baixas do ala, no terceiro período, iniciando, quase sem querer, uma arrancada dos campeões do Oeste. “Temos alguns caras que têm de jogar um pouco sujo e fisicamente para ganhar a vida com isso e alimentar a família. Então tenho de respeitar isso”, ironizou o ala do Warriors.

>> É revanche? Mas este é outro Ceveland Cavaliers
>> Relembre como foi a vitória do Warriors em 2015

Em que pese a atuação firme de Iguodala, LeBron foi um tanto passivo na noite, é verdade, além de também ter ido mal em duelos com Draymond Green, contra quem só acertou um de sete arremessos. Dava a impressão de que a prioridade de LBJ era inserir Kyrie Irving e Kevin Love se primeira na série, dada a expectativa gerada pela participação de ambos, devido à ausência do ano passado. Compreensível, aliás. Nenhum dos cestinhas foi bem. Irving liderou o jogo com 26 pontos, mas errou 15 de 22 arremessos e teve nove possas de bola em que o time inteiro o viu cruzar a linha de quadra e arremessar, sem efetuar sequer um passe. Compensou tanto aro, tanto bico, em tese, ao matar 11 lances livres. Já Love fez 17 pontos em 17 arremessos, pegou 12 rebotes e não conseguiu punir a defesa do Warriors quando marcado por atletas mais baixos no garrafão. Em suma: dá para visualizar um camisa 23 mais agressivo no domingo.

Do outro lado, não sei bem o que aconteceu. Os Splash Brothers não jogaram absolutamente nada, e, sinceramente, não dá para apontar um grande mérito da defesa do Cavs. Não é que tenham oferecido mais resistência do que OKC apresentou pela final do Oeste. Se foi ressaca, salto alto, distração, só eles vão saber dizer.

O que limpa a barra da dupla é que o Warriors como um todo defendeu muito mais, o que não é novidade. Os visitantes cometeram 17 turnovers e só acertaram 38,1% dos arremessos e 33,3% de fora. As panes que o Cavs têm na hora de marcar são o suficiente para que sejam punidos até mesmo pelos reservas do Warriors. São muitos lapsos em trocas de marcação que deixam os oponentes na cara da cesta. Isso tem a ver com sistema de um e a falta de para o outro. Cleveland vai ter de marcar muito mais se quiser conquistar o primeiro título da história da cidade na liga.

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Em seu camarote, cercado por milionários do Vale do Silício, o proprietário do Warriors, Joe Lacob, após sua desastrada bravata à revista do New York Times, deve ter sorrido, nervosamente. Não deixa de ser um testemunho sobre a cultura vencedora propagada pelo clube. Mérito aqui também especialmente para Kerr, pela confiança no elenco mesmo nas horas de maior aperto.

O Cavs desperdiçou uma grande chance. Mas foi apenas o Jogo 1, e bizarro. No qual os técnicos foram conservadores em suas escalações, respeitando basicamenteas rotações da temporada regular. No qual os atletas pareciam se testar por muito tempo – por mais que estudem o oponente em detalhes, há muitas teorias que só vão ser comprovadas em quadra, mesmo. No qual o Warriors sempre esteve no controle, com exceção daquele momento em que no terceiro período em que a apatia de seus titulares levou Kerr a um ato de fúria, quebrando prancheta com uma investida que deixaria o mestre Pai Mei orgulhoso. E, por fim, no qual não teve bombardeio de três, com ambos os times chutando abaixo de sua tórrida média dos mata-matas: apenas 16 se 48 tentativas. Pouco para os dois times que lideraram a temporada em cestas de longe.

O que vimos, de todo modo, é a confirmação dos temores quanto à defesa do Cavs e a diferença geral do elenco. Com múltiplos jogadores que atuam com firmeza dos dois lados da quadra, o Warriors está equipado para vencer qualquer tipo de partida. Mesmo aquela em que seus astros não estão bem dispostos assim.

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Cavs chega bastante modificado para a revanche contra o Warriors
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Giancarlo Giampietro

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“Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e…”

Quando confrontado com a derrota por 4 a 2 nas finais de 2015 para o Golden State Warriors, o  torcedor do Cleveland Cavaliers não se cansou de repetir isso, quase como um mantra.  Sim, todos nós lembramos que as duas jovens estrelas se lesionaram nos playoffs. Love não passou da primeira fase. Irving arrebentou o joelho desgraçadamente logo na primeira partida das finais.

O Cavs, então, vai para a revanche contra o Warriors, mas, de uma certa forma, podemos até dizer que este é um novo time. De lá para cá, muita coisa mudou. Irving e Love estão fisicamente prontos para a batalha. Timofey Mozgov, que o Czar o tenha, ainda estava vivo. Tristan Thompson estava jogando por um contrato. David Blatt foi para a guilhotina, depois de prolongado motim promovido pelas forças reais no vestiário.  Já Anderson Varejão, diabos, agora está no outro vestiário.  A presença do Big 3 em quadra e a de Tyronn Lue no banco sugere, de fato, uma série completamente diferente, quando confrontada com o que o Cavs tinha. O quanto essas alterações serão positivas, ou não, a gente precisa esperar para ver.

Claro que é melhor jogar com o Big 3 formado. Mentalmente, o time também parece bem mais preparado, com LeBron decidido a escutar o novo técnico e aparentemente apaziguado com os companheiros mais jovens, depois de muitas rusgas nos últimos dois anos. A questão é que o adversário segue o mesmo do outro lado, um timaço, representando os mesmos problemões. Então a conclusão a que podemos chegar é a de que, para o Cavs chegar ao título, não basta jogar melhor que a equipe do ano passado. Isso não importa muito, já que eles precisam, mesmo, jogar melhor em relação ao Golden State.

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Nesse sentido, acho que nem dá para levar em conta o que aconteceu na temporada regular, já que Blatt ainda era o comandante em janeiro, quando se enfrentaram pela segunda e última vez, com uma surra aplicada pelo Golden State. O Cavs não é o mesmo nem de cinco meses atrás. Com Lue, conforme já registrado aqui em diversas ocasiões, o time melhorou seu aproveitamento ofensivo, mas perdeu muito de sua força na defesa.

Há um ano, foi com marcação muito agressiva e dominando os rebotes que os LeBrons fizeram frente ao Warriors no ano passado. pelo menos pelas três primeiras partidas, com uma vantagem de 2 a 1 na série, roubando mando de quadra, sendo que a primeira derrota aconteceu na prorrogação. Sem dois de seus três principais cestinhas, a receita seguida no ataque foi a de um jogo lento. Cruzavam a linha central se arrastando. Aí era bola no LeBron, com poucos chutadores espalhados pela quadra, e Tristan Thompson e Mozgov devorando a tabela. Na contenção, muita pancadaria e chega-pra-lá. O que aconteceu, depois, foi que Steve Kerr encontrou um meio de liberar Curry das amarras de Dellavedova e Thompson e, em sua cartada decisiva, fez maior uso de sua “Escalação da Morte”.  Ganhou em velocidade e flexibilidade para vencer três jogos seguidos e fechar a fatura.

Para este ano, a grande questão desta revanche é, se… o Cavs vai defender bem?

É uma pergunta que parece trivial, até meio tonta, mas que precisa ser respondida de modo positivo e enfático em quadra. Do contrário, vão entrar num tiroteio com Golden State, e aí haja confiança em seus arremessos para triunfar na série. Andre Roberson, Kevin Durant, Serge Ibaka, Steven Adams são a prova viva. Esses caras todos de OKC não poderiam ter dado mais trabalho aos cestinhas do Warriors e, mesmo assim, perderam.

Dellavedova e Shumpert podem pressionar Curry e Thompson antes do chute em busca de turnovers. LeBron é outro terror em linhas. Mas a pressão está em cima de Kyrie Irving e Kevin Love, que, por mais talentosos que sejam, não chegam a esta decisão reconhecidos como grandes defensores. Love até se posiciona bem na cobertura, no fechamento de espaços. Mas é um dos piores marcadores da liga em situações de pick-and-roll, com uma movimentação lateral nada ágil, e você pode ter certeza de que o Warriors vai procurá-lo em quadra sempre que possível para agredir. Já Irving peca por uma falta de comprometimento que beira o james-hardeniano. Claro que, na hora de enfrentar um Stephen Curry, o orgulho vai falar mais alto e ele tentará fazer um bom papel no mano a mano. O que vai pegar mais são as ações em que terá de ficar grudado ao armador em movimentações longe da bola, podendo se distrair facilmente. JR Smith, por enquanto, tem se comportado como um bom soldado, mas a gente nunca sabe o que esperar do cara.

Outra: na hora de pôr as peças no tabuleiro, não adianta também pensar apenas em embates individuais, já que tanto o Warriors como o Cavs vão movimentar seus jogadores sem parar e forçar trocas, buscando desequilíbrios. Isso gera aquela disputa de gato x rato sempre interessante, com o posicionamento ofensivo influenciando diretamente o defensivo. Pensem, por exemplo, numa posse de bola que termine com LeBron atacando Draymond Green e que, por ventura, sua tentativa de tiro em flutuação gire no aro e caia nas mãos de Barnes. Pode ser que Love esteja com Iguodala, que já saiu em disparada. Obviamente o ala-pivô não vai consegui-lo acompanhar na corrida. E aí faz como? O defensor mais próximo do ala terá de se deslocar. E alguém vai ter de cuidar de quem ficou livre. Tudo vai acontecer muito rapidamente. As coberturas precisam estar automatizadas, como numa grande engrenagem.

Nesse ponto, a mudança de Mozgov para Frye na escalação faz bem, já que o pivô chutador vai correr para a defesa a partir da linha de três pontos, e não debaixo da tabela, como no caso do russo. A recomposição será mais rápida – por outro lado, Frye pode ser marcado facilmente por Harrison Barnes, e aí lá vem a “Escalação da Morte” para cima de você, complicando a transição ao mesmo tempo. Dureza.

Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a "Escalação da Morte". Impasse

Com a mão quente, Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a “Escalação da Morte”. Impasse

Em meia quadra, com os corta-luzes brutais de Andrew Bogut e Festus Ezeli, ou mesmo com os bloqueios entre os astros da “back court”, o Warriors vai tentar liberar seus chutadores. Qualquer desatenção, e lá está Klay Thompson livre na zona morta para fazer o disparo, em meia quadra, ou em transição. Como vimos na final de conferência, ele nem precisa de muito espaço para castigar uma defesa. Você pode substituir Thompson por Curry nessa sentença, que vai dar na mesma: bomba. Então o que se pede é um esforço coletivo, que se defenda como unidade. Algo que os campeões do Oeste fazem muito bem. E que ainda não vimos o Cavs fazer com consistência. Vai ser um desafio, e tanto.

Se tivermos situações de “crunch time”, com o placar apertado nos minutos finais, será curioso ver também que tipo de missão LeBron terá na defesa. No ano passado, como já dissemos, ele estava sobrecarregado, e o melhor era deixá-lo com Andre Iguodala ou Harrison Barnes, mesmo, para respirar um pouco já que todo o ataque dependia de sua energia. Agora, com Irving e Love ao seu redor, é de se esperar que ele não vá ter de fazer tudo por conta, ainda que centralize as ações do time. LBJ poderá respirar fundo de quando em quando – toma lá, dá cá. Poderia, então, assumir uma tarefa mais custosa na contenção? Tipo defender Draymond Green numa formação mais baixa?

Não que o ala-pivô preocupe tanto do ponto de vista individual. Mas é que, se assumir essa bronca, o ídolo do Cavs seria automaticamente envolvido em muitas das tramas do oponente, crescendo a possibilidade de que fique com Curry após uma troca. Kevin Durant topou esse desafio em diversas ocasiões nas últimas semanas, e teve sucesso. Cinco, seis anos atrás, LeBron fazia o mesmo diante de um infernal Derrick Rose. Tem tempo já que isso aconteceu, porém, e, mesmo que queira, talvez ele não consiga mais lidar com os tampinhas. Tyronn Lue, Mike Longabardi (coordenador defensivo) e o veterano vão ter de descobrir isso durante a série. Mas uma formação mais baixa não é justamente o que o Warriors mais quer? Elenco por elenco, os atuais campeões estão mais equipados, com muito mais versatilidade. Por essas e outras, chegam como favoritos ao título.

No que depender de Curry, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

No que depender dos Splash Brothers, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

O que não quer dizer que também não tenham tópicos espinhosos para resolver. Assim como Russell Westbrook, Kyrie Irving vai atacar Curry sem parar, tentando desgastar o MVP na defesa. Se não tem os músculos da aberração de OKC, tem velocidade para incomodar e muito mais capacidade como chutador. Vocês se lembram de como Bogut recuava no garrafão após Wess quebrar a primeira linha defensiva? A prioridade era proteger o aro a todo custo e induzir o armador ao chute em flutuação. Na sequência final da série, funcionou muito bem. Contra Irving, essa tática seria impossível. Irving e Love dão muito mais poder de fogo ao Cavs. Detroit, Atlanta e Toronto estão aí para concordar. Channing Frye só reforçou essa artilharia e chega à decisão como a encarnação do Tocha Humana.

A movimentação de bola também avançou bastante. Os chutadores e os deslocamentos constantes tendem a inibir a dobra para cima de LeBron e abrem corredores. No ano passado, o craque era acionado quase sempre de costas para a cesta, próximo ao garrafão, sujeito até, sem exagero, a marcação quíntupla, com todos os defensores recuados, um pouco distantes de seus atletas, para tentar pressioná-lo. A tendência é que tenha mais facilidade para agir agora. E isso é um problema. Ele já está no clube dos trintões, mas segue como o jogador mais dominante fisicamente em toda a liga. Isso causa impacto geral no desempenho ofensivo do time, devido a sua visão de jogo. Uma coisa abastece a outra: os chutadores dão espaço para LeBron, e LeBron é o homem certo para abastecer esses chutadores. Os marcadores de Golden State estão cientes de que vão precisar se movimentar bem mais do que faziam contra o Thunder. Vão sentir cansaço? Mas não foi para eles renderem nas finais que o time administrou os minutos da temporada regular? Talvez eles cheguem num nível de intensidade ainda maior, catapultados por OKC.

Por isso, a tendência é que o Cavs ainda tente jogar da forma mais lenta, controlada possível, com a diferença de que seu ataque já não é mais tão previsível. Quanto mais arremessos eles converterem, melhor. Antes de responder com “dãr”, pense que isso vale não só para aumentar a contagem do time no placar, mas também para tentar frear o contra-ataque do Warriors. No caso de erro, de aro, temos um dilema: o Cavs tem Kevin Love como um grande reboteiro ofensivo. Tyronn Lue vai preferir que ele ataque a tabela, como fizeram de modo incessante os superatletas de OKC, ou que volte para a defesa imediatamente após um disparo? O mesmo raciocínio vale para Thompson, que não fez uma boa série contra o Toronto de Bismack Biyombo, mas tem a oportunidade para se redimir agora. Basta jogar com a voracidade que apresentou no ano passado, antes de ser premiado com um contrato de mais de US$ 80 milhões. Há uma brecha para ser aproveitada. Bogut estava caindo aos pedaços contra OKC – pelo menos foi o caso contra o imponente Steven Adams. Ezeli voltou a ser um pivô extremamente inseguro com a bola em mãos. Anderson Varejão é uma incógnita. Será que Mozgov poderia dar as caras na final para tentar pressionar esses grandalhões?

Agora, pode ser que Steve Kerr nem mesmo use tantos pivôs assim. Existe a dúvida se Bogut será mantido no time titular. É certo que Iguodala, depois de aquecer contra Kevin Durant, vai dedicar boa parte de seu tempo a LeBron, procurando ao menos atrapalhar o craque, como aconteceu contra KD pelo Jogo 6 da final do Oeste, já que é impossível anulá-lo. Talvez o mais prudente seja realmente utilizá-lo desde o início, e aí precisa ver se o australiano ou Harrison Barnes lhe fariam companhia. Foi com sua “Escalação da Morte”, com Iguodala, Barnes e Green, que desequilibrou na final de 2015, valendo o título. A eficácia desse quinteto contra o Cavs já está comprovada. Mas aquele era outro Cavs. Né?

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Com astros de volta e boa defesa, Raptors dá graça ao Leste
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Giancarlo Giampietro

Lowry fez grande jogo para ajudar Biyombo

Lowry fez grande jogo para ajudar Biyombo

Havia duas premissas ainda pendentes pelos #NBAPlayoffs do Leste:

– Uma hora a bola de três pontos do Cleveland Cavaliers iria parar de cair. Pelo menos com aquela frequência que castigou o Atlanta Hawks, com a segunda melhor defesa da liga, pelas semifinais.

– Uma hora Kyle Lowry e DeMar DeRozan iriam reencontrar o rumo pelo Raptors, de preferência juntos. Nem que fosse na próxima temporada (risos).

Calhou que, para dar graça à final de conferência, ambas se realizaram nos últimos dias em Toronto, com o time canadense empatando a série em 2 a 2 ao bater o Cavs por 105 a 99, nesta segunda-feira, num jogão. A primeira era realmente inevitável. A segunda? Sinceramente, um enorme mistério para mim, de tentar entender como a dupla de All-Stars pudesse cair tanto assim.

*   *   *

O Cavs converteu 50,7% de suas 152 tentativas de longa distância, em quatro partidas, pela varrida. Dá para dizer até que seria impossível sustentar um rendimento desses por uma longa sequência. Contra o Toronto, nestes mesmos quatro jogos, a mira já caiu para 33,3% em 123 chutes. Isso tem um pouco a ver com sorte, como naqueles em que a bola gira, gira e espirra. Mas não acontece só ao acaso.

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Numa liga com o nível da NBA, há grandes arremessadores, claro. Se eles ficarem sozinhos em quadra, o aro nem será incomodado. É justamente esse o problema: há grandes arremessadores, mas também existem excelentes defensores do outro lado, que, durante os playoffs, são abastecidos de relatórios de scouting ultradetalhados.

Os jogadores da casa estavam bem informados para este Jogo 4. Não é só uma questão de empenho, embora sem movimento, não há como parar nenhum adversário da liga. Que os jogadores correram muito, não há dúvida, em movimentos muito bem sincronizados. Mas também souberam contra quem é quando correr. Que LeBron James e Kevin Love tenham tido mais liberdade, relativamente, em relação a Kyrie Irving e JR Smith, é plano. Dos males, o menor. Os dois melhores chutadores do time titular de Cleveland foram obrigados a por a bola no chão em diversas ocasiões devido à atenta aproximação e contumaz contestação dos defensores pelo perímetro.

Cercando LeBron nos arredores do garrafão, com Biyombo vindo na dobra. Só cuidado com o pick-and-roll

Cercando LeBron nos arredores do garrafão, com Biyombo vindo na dobra. Só cuidado com o pick-and-roll

Isso só foi possível também pelo fato de Dwane Casey, que em 2011 havia lidado com LeBron como coordenador defensivo do Mavericks, ter maneirado nas dobras ostensivas para cima do craque. Parece arriscado, depois de o veterano, mesmo cinco anos mais velho, ter feito estragos nas duas primeiras partidas. O ataque do Cavs, porém, fica muito mais perigoso quando o bombardeio de três funciona. O elenco vai te punir se você fizer a dobra com frequência, devido à artilharia ao seu redor. Não tem jeito.

Você obviamente não vai deixá-lo operar no mano a mano sempre, especialmente quando recebe a bola de costas para a cesta, na entrada do garrafão. Aí tem de vir a ajuda, mesmo, de preferência quando LBJ já tenha iniciado o movimento, para tentar no mínimo anuviar sua visão de quadra.

No geral, porém, o melhor é designar um marcador para o camisa 23 (DeMarre Carroll, mesmo baleado, e o indisciplinado James Johnson), e manter os demais atletas posicionados entre seu caminho para a cesta, sendo Bismack Biyombo a referência aqui, e a linha de passe para os chutadores. É um modo de montar uma espécie de parede em torno da zona pintada, sem perder de vista a linha perimetral. Não precisa ser tão apertado assim :

Com esse bloqueio bem armado e coordenado em suas coberturas, o time canadense levou 16 pontos de LeBron, mas só deixou que uma só cesta de quadra ocorresse após passe direto do astro. O Cavs, como um todo, só matou 3 em 22 chutes de fora. Nos dois jogos em casa, o Raptors levou apenas 91,5 pontos e permitiu ao Cavs apenas 41,4% nos arremessos e 32,9% de fora.

*   *   *

Do outro lado, talvez o segredo tenha sido que o aro estava bem mais largo que o normal. Só assim para entender. Lowry e DeRozan se tornaram os primeiros companheiros de equipe a passar da marca de 30 pontos e 60% de aproveitamento pelas finais de conferência desde Charles Barkley e Dan Majerle pelo Suns em 1993.

Técnica ou taticamente, podemos falar de alguns ajustes. Patrick Patterson e Luis Scola capricharam nos corta-luzes para liberar seus cestinhas. Lowry, no primeiro tempo, foi acionado mais vezes fora da bola, deixando a criação com DeRozan. O ala-armador, por sua vez, fez de tudo para poder partir à cesta contra JR Smith, em vez de LeBron. Mas, obviamente, isso não explica tanto.

Assim como Lowry fez durante a série contra o Miami, DeRozan resolveu dar uma esticada em suas atividades em quadra, arremessando até tardão, para ver se recuperava seu ritmo. O horário era tão estranho que chegou a ser barrado por uma segurança do ginásio. Foi isso que virou o jogo? Como fato isolado, claro que não. Aí tem aquela coisa de confiança, momento, uma zona cinzenta em meio à qual nem mesmo os atletas conseguem se expressar com precisão. Só sabemos que, por uma noite, tudo voltou a funcionar como antes, como na temporada regular.

“Tem uma coisa sobre nós: convivemos com o que tem de mau e bom em qualquer dia. Isso é a vida. Não dá para ficar muito cabisbaixo quando as coisas não estão funcionando, mas você entende que o treino que faz durante as férias, durante toda a temporada,  é para momentos como este. Você tem de estar pronto”, filosofou DeRozan, sobre quem Toronto tem o seguinte dado: nos seis jogos em que o ala fez 25 pontos por estes playoffs, a equipe está invicta. “Sempre disse a este cara (Lowry) que, enquanto tivéssemos uma oportunidade de seguir jogando, temos uma oportunidade de nos redimir. E acho que chegou a hora. Tudo acontece por um motivo.”

Foram 35 pontos para Lowry e 32 para DeRozan. Ambos fizeram 14 cestas de quadra e, juntos, erraram apenas 15 chutes em 43 tentativas. É só ver o quadro abaixo e ver também que eles não alteraram tanto assim sua seleção de arremessos:

Mesmo nos minutos funcionais, não teve pane, histeria, nem nada.  Os dois cestinhas conseguiram controlar a situação, em ataques individualistas, da mesma forma como fizeram em todo o campeonato.

Quem precisa, de todo modo, tomar um pouco de cuidado com a sanha no ataque é DeMarre Carroll. O ala forçou a barra na vitória desta segunda-feira, terminando com mais arremessos (12) do que pontos (11, quantia que poderia até ser menor se não tivesse sido brindado com uma falta de JR Smith quando tentava um de seus sete chutes de longa distância). Não que o ala esteja proibido de olhar para a cesta. Não pode ser mais um Andre Roberson. Mas houve um momento no terceiro período em que ele decidiu que era o caso de ralar com Kyrie Irving por quatro posses de bola seguidas, e essa não foi uma boa ideia. Foi num momento em que o time da casa perdeu a concentração, se desarranjou em quadra e quase pôs tudo a perder.

*    *    *

De tão habilidoso, Irving dá um jeito de driblar e converter seus disparos mesmo pressionado e desequilibrado. Se for de dois pontos, porém, o Raptos tem de conviver com isso, e aconteceu diversas vezes com Cory Joseph, por exemplo.

Nesse terceiro quarto, causou estragos por toda a quadra, ajudando a reduzir a larga vantagem de 18 pontos do Raptors pela metade. Depois, a segunda unidade com Channing Frye, Richard Jefferson e Matthew Dellavedova terminou o serviço.

Frye, por sinal, é o chutador que manteve o embalo desde o duelo com Atlanta. O veterano pivô está acertando 57,5% de seus disparos. Nos dois jogos em Toronto, ele matou 7 em 12 chutes de três, dando toda a razão à decisão de David Griffin de contratá-lo para o lugar de Anderson Varejão.

Sua presença em quadra foi fundamental para o Cavs até mesmo assumir a liderança do placar pelo quarto final, no qual os visitantes acertaram seus primeiros 11 arremessos, de modo incrível. O primeiro erro aconteceu só a 4min12s do fim. Sete desses arremessos foram de Frye, na zona morta, e Jefferson, se aproveitando dos espaços abertos, resultando em 17 pontos dos 27 pontos da equipe.

A presença de um pivô com esse tipo se habilidade pode bagunçar toda uma defesa. Mas Casey também falhou em fazer algum ajuste aqui. Mesmo depois de pedidos de tempo e de mais de sete minutos levando cesta após cesta, manteve Bismack Biyombo como o marcador de Frye, o que significava que estava muito longe da cesta, deixando a defesa interior do Raptos órfã, desguarnecida. Era o caso de colocar o congolês em LeBron na meia quadra ou em Jefferson, para ficar mais próximo do garrafão. Steve Kerr já fez muito disso com Andrew Bogut.

Nesta sequência quase demolidora para as pretensões de Toronto, o ataque do Cavs se alternou em duas jogadas simples que não encontravam simplesmente nenhuma resistência, devido ao afastamento do pivô africano no perímetro.

O pior, quando Biyombo foi enfim deslocado, era ver os defensores de Toronto ainda dando liberdade ao pivô nos minutos finais, ignorando não só a mão quente como sua altura. Para contestar um cara de 2,11m de altura, não dá para sair atrasado. De modo que foi irônico que o primeiro chute errado do Cavs tenha saído justamente de suas mãos.

Casey precisa mudar sua abordagem nesse tipo de situação para o decorrer da série. Mesmo que seu time tenha sobrevivido e levado apenas três pontos nos últimos 4min12s de jogo (1-10 nos arremessos). Uma questão nesse sentido envolve Biyombo: neste momento, o congolês está empolgado pacas, tendo coletado 40 rebotes e dado sete tocos nas últimas duas partidas . Mas é de se pensar quanto ele tem de gás sobrando para encarar a resposta dos oponentes em termos físicos. Fato é que o Toronto, se quiser avançar, vai precisar vencer ao menos um jogo em Cleveland – na temporada, clube canadense leva melhor no confronto direto por 4 a 3, mas ainda não triunfou na condição de visitante.

Da parte do Cavs, depois de belas apresentações e 10 vitórias seguidas, agora é a hora de administrar dois reveses consecutivos. Poderia ser muito pior, convenhamos, se o Raptors tivesse completado sua lavada. Se existe algo que esse elenco nos ensinou nos últimos dois anos, é que não têm as melhores cabeças para enfrentar adversidades. Dessa vez souberam lidar com os problemas de imediato, reagindo já em quadra. De zum-zum–zum, só rola algo em torno de Kevin Love, mesmo, pelo fato de o ala-pivô ter ficado no banco durante todos os 12 minutos do quarto período. Estava com o pé direito colorido ao pisar sobre o de um árbitro (!), mas o técnico Tyronn Lue disse que não foi esse o motivo pelo chá de cadeira. Love errou alguns arremessos completamente livre no primeiro tempo, mas seguiu agressivo na segunda metade, ainda que pouco efetivo (10 pontos em 14 arremessos e 31 minutos).

Não vale individualizar nada aqui, todavia. Os problemas no retorno a Cleveland passam mais por um acerto coletivo. O Cavs arremessou 41 bolas de longa distância neste Jogo 4, mesmo contra uma defesa mais ligada. Se vão insistir no bombardeio, precisarão encontrar outros ângulos e possibilidades. Sorte não é tudo nessa vida. Ou, sei lá, de repente Lowry e DeRozan voltam a amassar o aro. Aí fica tudo mais fácil, claro, para LeBron jogar sua sexta final seguida pelo Leste.

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Biyombo faz a limpa no garrafão para encerrar série invicta do Cavs
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Giancarlo Giampietro

Biyombo sobe para contestar e coletar tudo perto do aro

Biyombo sobe para contestar e coletar tudo perto do aro

Sabe quanto Bismack Biyombo está recebendo pelos serviços prestados ao Toronto Raptors nesta temporada? Coisa de US$ 2,8 milhões. Uma boa grana para quem não tem média nem de 6,0 pontos por jogo, certo?  Mas uma pechincha para quem pode pegar 26 rebotes numa partida de playoffs e ainda dar quatro tocos para levar o Toronto Raptors a uma vitória por 99 a 84, encerrando a série invicta do Cleveland Cavaliers pelos playoffs da NBA.

Contra adversários do Leste, os LeBrons não perdiam há 17 partidas. Dessa vez o astro supremo da conferência e seus comparsas esbarraram na muralha Biyombo e numa defesa surpreendentemente consistente em geral do único time canadense da liga. O pivô congolês está se sentindo tão bem como patrulheiro de garrafão que decidiu adotar aquele célebre (ou infame?)  gesto de Dikembe Mutombo Mpolondo Mukamba Jean-Jacques Wamutombo ao bloquear um arremesso, balançando o dedo indicador enorme de um lado para o outro: “Não vem, que não tem, mermão”.

(Para constar, Mutombo autorizou o compatriota a fazer essa galhofa toda. Para quem andava sumido, este parece ser o ano de revival para o aposentado pivô, que já havia dado às caras em jogos do Atlanta pelos playoffs e ainda ‘adivinhou’ que o Sixers ganharia a primeira escolha do Draft na semana passada.)

Neste sábado, os atacantes do Cavs só decidiram encarar a marcação direta de Biyombo em oito ocasiões. Em 39 minutos de ação, muito pouco. Isso se chama intimidação. Destas oito tentativas, só conseguiram a cesta duas vezes. Todos os arremessos foram contestados.

Não à toa, os visitantes só anotaram 20 pontos no garrafão. Segundo um dado impressionante da ESPN, essa foi a menor quantia para Cleveland desde que LeBron retornou na temporada passada. Nos primeiros dois jogos, o craque havia feito praticamente o que bem quisesse, e seu time teve avassaladora média de 53 pontos na zona pintada. Em 19 tentativas de infiltração, o Cavs conseguiu apenas uma (!) cesta, contra 17-29 pelos Jogos 1 e 2.

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Você fecha o garrafão, não deixa LBJ criar tanto assim (cinco assistências em 38 minutos) e, assim, impede que chova bolas de três na sua cabeça. O Cleveland errou 27 se 41 arremessos de fora (34,1%). Pela primeira vez nestes mata-matas, saiu de quadra com menos de 100 pontos e 40% de aproveitamento nos chutes – e foi bem abaixo disso, na real, com 35,4%.

Primeiro o africano contestou, inibiu. Depois, tratou de fazer a coleta do que sobrou. No caso, seus 26 rebotes, igualando Dwight Howard e Hakeem Olajuwon pela maior marca dos playoffs nas últimas 30 temporadas. Foram 18 defensivos. Sozinho, Biyombo pegou apenas dois a menos que todos os seus companheiros juntos ou três a menos que o time titular do Cavs, que conta com dois excepcionais reboteiros como Tristan Thompson e Kevin Love (médias de 11,5 e 8,5 pela carreira). Foi um esforço fundamental para o Raptors se recuperar na tábua, depois de perder as duas partidas anteriores por uma média de 15 rebotes.

O congolês foi tão dominante que o veterano Dahntay Jones, 15º homem da rotação do Cavs, tentou desestabilizá-lo no quarto período com um gesto no mínimo estranho. Para sorte de Dwane Casey, seu pivô manteve a calma.  O técnico reclamou: “Não estão dando faltas nele. Ele tem sido atingido. Teve uma jogada em quase tivemos uma briga, e foi numa jogada de matar. Não sei se isso está acontecendo pelo modo tão físico duro como ele joga, mas ele está apanhando. Mérito para ele, pois achei que ia perder a cabeça quando recebeu a falta técnica, mas seguiu jogando. Para tentar empatar a série, provavelmente ainda sem Jonas Valanciunas, Casey não poderia perder o congolês de modo nenhum, mesmo que ele ainda não incomode muito no ataque (o que levou o Charlotte e Michael Jordan a desistirem dele muito cedo).

Não tem muito como dar voltas aqui: desde a época pré-Draft, há boas suspeitas entre os scouts sobre a real idade de Biyombo, de 23 anos. Haveria tempo para ele progredir como arma ofensiva, em tese. Mas não parece que ele tenha instintos e habilidades para avançar tanto assim, e isso já nem importa mais. Sua força defensiva já é o suficiente para lhe sustentar em times ambiciosos da liga, como provou durante toda a temporada, como uma das grandes pechinchas da liga. Para pontuar, depois de a dupla Kyle Lowry e DeMar DeRozan somarem 52 pontos, com 51% de aproveitamento de quadra, a equipe canadense só espera que seus All-Stars produzam com um mínimo de qualidade e consistência nas próximas partidas – algo que, de modo até perplexo, não vem acontecendo.

Dessa vez, contra o Cavs, Biyombo contou com uma força de DeMarre Carroll e da turma do perímetro nesta empreitada. Um pivô atlético, determinado, confiante pode fazer a diferença no centro do garrafão, mas não vai cuidar de tudo sozinho. Não foi ele quem limitou Kyrie Irving e Kevin Love a 4-28 (14,3%) se quadra. Foi um esforço de sua equipe, do qual foi parte essencial.

Biyombo sai de pivô menosprezado em Charlotte para peça importante em final de conferência

Biyombo sai de pivô menosprezado em Charlotte para peça importante em final de conferência

Com salário de US$ 15 milhões – cinco vezes mais, aliás, que o congolês –,  o ala foi contratado justamente para isso: atrapalhar os LeBrons, Carmelos e Georges do Leste. Acontece que não se recuperou devidamente de uma lesão no joelho sofrida nos playoffs do ano passado. Há momentos em que parece se arrastar em quadra, sem a agilidade que o levou ao sucesso em Atlanta. Contra Carroll, James acertou apenas duas de sete tentativas. Contra os demais defensores, teve aproveitamento de 70% (7-10). De acordo com a ESPN, em Cleveland, LBJ não havia tomado conhecimento de Carroll, convertendo 9-10 contra ele.

Ainda pensando em custo x benefício, Amir Johnson, o jogador substituído por Biyombo na rotação de Casey, saiu de Toronto para embolsar US$ 12 milhões em Boston, mais de 400% a mais que o africano. Spencer Hawes, que chegou ao Charlotte em troca por Lance Stephenson, ganha quase o dobro. Já escrevi aqui, mas o gerente geral Masai Ujiri acertou tanto na contratação de Biyombo, que talvez seja difícil mantê-lo no elenco para a próxima temporada. O Raptors vai atrás de reforços, assim como qualquer outro clube que precise de ajuda na defesa. Independentemente do desfecho da série contra o Cavs, o pivô está muito valorizado.

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Cavs destroça a Conferência Leste, e não há do que duvidar aqui
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Giancarlo Giampietro

Tem sido um atropelo

Tem sido um atropelo

À medida que Stephen Curry vai acertando os parafusos em confronto com o Oklahoma City Thunder, a grande pergunta que fica no ar para os #NBAPlayoffs é sobre o Cleveland Cavaliers e sua assustadora dominância. O quanto isso tem mais a ver com o alto nível de rendimento que os LeBrons têm apresentado ou com a fragilidade de seus adversários? Parece ser o tópico mais intrigante por aí. Depois de o time espancar o Toronto Raptors pelo segundo jogo seguido, por 108 a 89, nesta quinta-feira, talvez já não seja mais relevante questionar isso.

A equipe se tornou apenas a quarta na história a somar dez vitórias em seus dez primeiros jogos. Se for pensar apenas em duelos com times da conferência, já são 17 triunfos seguidos desde o ano passado, que é a maior sequência da história dos mata-matas. Abrir um placar de 2 a 0 pelas finais de conferência não é algo tão raro assim de acontecer: 11 já haviam feito. Todos os 11 saíram vencedores rumo à decisão da liga. Quando reúne LeBron James a Kevin Love e Kyrie Irving, o Cavs também está invicto, com 14 vitórias.

Esse sucesso todo, acho que está claro, passa pelo sistema ofensivo, que é o mais eficiente destes playoffs, e de longe. Na média, são 116,9 pontos por 100 posses de bola, contra 112,7 do Golden State Warriors, o segundo colocado. A defesa não é tão de elite assim. Entre os 16 times classificados para a segunda fase, estão apenas em nono. Mas quer saber? Não está fazendo a menor diferença. Seu ataque tem trucidado a oposição.

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Em dez partidas até aqui, apenas três jogos foram decididos por menos de 10 pontos de diferença, dois deles contra o Detroit Pistons pela primeira rodada (106 a 101 pelo Jogo 1, bem parelho do início ao fim, e 100 a 98 pelo Jogo 4, quando o time da Motown lutava contra a varrida) e um contra o Altanta Hawks (100 a 99 pelo Jogo 4, também com os anfitriões lutando em vão para evitar o 4-0). Isto é: dois desses duelos mais equilibrados aconteceram quando já estava tarde demais nas respectivas séries.

Tem muita gente dizendo que isso se deve à fragilidade da conferência. Não acho que seja mais o caso de bater nessa tecla — e, se for para irritar o torcedor do Cavs, é só ficar falando sobre isso sem parar. O aproveitamento de seus concorrentes dos playoffs do Leste nesta temporada foi de 58,7%, com uma média de 48,1 vitórias. No ano passado, tiveram, respectivamente, e 56,4% e 46,2. Vale lembrar que dois times chegaram aos mata-matas em 2015 tiveram rendimento abaixo dos 50%, como o Boston Celtics, derrotado na primeira rodada. O oitavo colocado deste ano foi o Detroit Pistons, já com 44 vitórias. E outra: se os números lhe parecem similares, é porque houve a influência do excepcional rendimento do Hawks de 2014-15, de 60 triunfos. Tudo para ser varrido por Cleveland na final regional, com quatro de seus titulares jogando no sacrifício.

Irving está acertando 56% de seus arremessos em situação de pick-and-roll. A média da NBA é de 40%

Irving está acertando 56% de seus arremessos em situação de pick-and-roll. A média da NBA é de 40%, segundo o Synergy

Essa é a ironia: pela segunda temporada seguida, os LeBrons pegam um adversário completamente desestabilizado na hora de disputar o troféu do Leste. Se é para falar de fraqueza do adversário, ao contrário daquele Hawks, as mazelas do Toronto Raptors são no momento técnicas e/ou psicológicas — por mais que Jonas Valanciunas faça falta, não dá para imaginar que só o lituano faria tanta diferença assim para compensar um saldo negativo de 50 pontos em duas partidas. Após uma belíssima campanha, a equipe canadense  se esfarelou em questão de semanas. Kyle Lowry e DeMar DeRozan já erraram, juntos, 374 arremessos em 16 partidas (23,3 por jogo). Estão acertando apenas 36,3% no total. Isso não é número para uma dupla de All-Stars.

Mas o Cavs não tem nada com isso. E, mesmo que Lowry e DeRozan estivessem jogando o máximo, o Raptors não seria páreo para o que o seu adversário vem apresentando. Um tipo de basquete que não tomou conhecimento nem mesmo da segunda melhor defesa da liga, a do Atlanta, pelas semifinais. Nem mesmo os hiperativos marcadores de Mike Budenholzer puderam impedir que o Cleveland chegasse aos 100 pontos em todas as suas partidas, incluindo contagens de 123 e 121 pelos Jogos 2 e 3 da série. Que isso fique claro: o Atlanta era um oponente em ascensão, que prometia dar trabalho graças a seu empenho na contenção, mas não teve chance nenhuma.

Não há quem tenha feito mais splash do que o Cavs. Em termos de aproveitamento efetivo dos arremessos de quadra (eFG%, que dá mais valor aos tiros de três), eles têm 56,2%, acima dos 54,8% do Golden State. O Spurs se despediu com 51,9%. O Thunder tem 51,1%. O Raptors, só 45,4%. Cheio de confiança, o Cavs vem arriscando 33,1 chutes de fora nos playoffs, acertando 44,7%, contra 40,8% do Warriors, para comparar.  É o segundo time que gera mais assistências por posse de bola, aí atrás dos atuais campeões, e o quarto em percentual de assistências para cestas de quadra.

Dando uma boa olhada nos números dos playoffs — com a devida ressalva de que eles são um pouco desequilibrados, pelo simples fato de que os times não têm se enfrentado entre si, mas só contra alguns adversários específicos –, houve algo que me surpreendeu, em relação ao que vemos em quadra. Sabe aquele papo de que Tyronn Lue queria ver seu time acelerando geral? Esqueça. Nos playoffs, eles só têm o quinto ritmo mais lento dos mata-matas, só correndo mais que Raptors, Pacers, Grizzlies e Pistons. Ainda assim, estão destroçando os oponentes, com este aproveitamento altíssimo.

A excelência coletiva ao mesmo tempo passa por e gera a excelência individual. E aí tudo começa com LeBron James, né? Embalado, com 23 pontos, 11 rebotes e 11 assistências nesta terça-feira, o ala passou Magic Johnson no ranking histórico de triple-doubles pelos playoffs, ocupando a liderança agora, e também deixou Shaquille O’Neal para trás na lista de cestinhas, assumindo o quarto lugar. Seu desempenho contra o Raptors é digno de um MVP e de quem não quer se distanciar da chata conversa sobre quem-é-o-melhor-do-mundo:

É, são 69,2% na conversão dos arremessos de quadra, algo devastador. O mais legal, porém, é entender como ele está chegando a esse aproveitamento. O departamento de estatísticas da ESPN levantou dados curiosos sobre o rendimento de LBJ e Stephen Curry após dois jogos pelas finais de conferência. Cada um converteu 18 arremessos de quadra. Ao medir a distância do ala para o aro quando fez suas cestas, você acumula até agora apenas 8,8m. Para Curry? São 105,4m. Demais o contraponto, né? Não dá para ter abordagens mais diferentes. Na área restrita, o trator do Cavs converteu 17 de 19 tentativas. Não tem Bismack Biyombo que o atrapalhe.

As coisas caminham juntas também. LeBron só consegue chegar à área restrita para castigar o aro por ter grandes chutadores ao seu lado, espaçando a quadra. E esses chutadores também se beneficiam da atenção que o craque chama, ganhando alguns instantes valiosos para receber o passe e olhar para a cesta — ou fazer a bola girar, como tem acontecido constantemente nesta fase decisiva, num avanço que chega a ser até milagroso, quando comparado ao que vimos na temporada regular. E aqui você tem de elogiar o trabalho de Tyronn Lue, conseguindo convencer seus astros a reparar o estrago, mas também não dá para não criticar a postura do elenco nos tempos de David Blatt.  

Channing Frye está com um aproveitamento efetivo de 85% nos arremessos com os pés plantados. Impressionante, e não é nem mesmo o maior do time. O inabalável (!?) JR Smith está com 87%. No geral, Frye tem convertido 78,3% na soma de chutes de dois e três, enquanto JR tem 67,9%. Para termos uma ideia do que isso significa, Curry teve 64,3% durante a temporada regular. Klay Thompson, 56,9%. Isso para não falar de Irving e Love. Então chegou a hora de marcar LeBron individualmente, o tempo integral, e ver no que dá. Não pode dobrar mais. O problema do Raptors é que, debilitado, DeMarre Carroll não dá conta disso. OKC e Warriors estariam mais bem equipados. Mas obviamente é um risco a ser corrido. Hoje, com o Cavs acertando tanto nos disparos de fora, você tem de assumi-lo. Seria a sexta final seguida para LeBron, aliás.

Das três equipes anteriores que venceram seus dez primeiros jogos pelos playoff, só uma chegou ao título — o Lakers de 2001, com Shaq e Kobe arrancando cabeças para muito perto de concluir sua campanha pelo mata-mata com 100% de aproveitamento, sofrendo apenas um revés na abertura das finais contra Allen Iverson. Sim, aquele jogo pelo qual Tyronn Lue é lembrado até hoje. O Lakers já havia vencido 11 jogos seguidos em 1989, mas ficaria com o vice-campeonato ao ser superado pelo Detroit Pistons na decisão, com lesões limitando seu poder de fogo na hora decisiva. O outro caso foi o do San Antonio Spurs, em 2012, quando o esquadrão de Gregg Popovich estava barbarizando desde as últimas semanas da temporada regular até esbarrar no Oklahoma City Thunder numa das séries mais emocionantes da década.

Quer dizer, aqueles que não foram campeões só pararam em adversários especiais.  Acho que ninguém imagina que o Cleveland vá atropelar qualquer time que saia do Oeste, por mais desgastante que possa ser o confronto entre Warriors e Thunder.  Mas parece claro que aquela equipe que está jogando o basquete mais eficiente, bonito e, caceta, avassalador é o Cavs.

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Trio de estrelas do Cavs se entendeu, mas time ainda sofre para vencer
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Giancarlo Giampietro

Deu certo, pela abertura dos playoffs em Cavs

Deu certo, pela abertura dos playoffs em Cavs

O Cleveland Cavaliers não fez uma partida perfeita ao vencer o Detroit Pistons por 106 a 101, pelo segundo dia de playoffs da NBA. Restando apenas 11 minutos, se via atrás no marcador, por sete pontos. Mas, como deve acontecer muitas vezes ainda nesta primeira rodada pela Conferência Leste, bastará que seu Big 3 tenha uma noite superprodutiva para que a vitória aconteça, independentemente do quão porosa é a sua defesa no momento.

LeBron James foi dominante, mas não do jeito que poderíamos supor, a julgar pelo que fez nas últimas semanas da temporada. Em vez de partir como uma locomotiva rumo à cesta, soube dosar as investidas. Reativou sua versão de facilitador, num movimento interessante. Terminou com 11 assistências e tentou 17 arremessos para 22 pontos em pouco menos de 41 minutos.

Se o craque teve um volume de jogo relativamente contido, isso basicamente significa que seus companheiros tiveram mais espaço para se afirmar em quadra, no início da segunda campanha deste núcleo tão pressionado, para qual vale o título ou o título. Deu certo, a princípio. Kevin Love teve uma de suas melhores atuações desde que se mudou de Minnesota, com 28 pontos, 12 rebotes e muita agressividade, algo que se cobra demais dele, em 38 minutos. Kyrie Irving chutou 24 vezes para anotar 31 pontos em 37 minutos.

Fazendo as contas aqui, temos 81 pontos para os três astros (76,4% do total), além de 18 assistências (72%) e 24 rebotes (60%). Os caras esolveram a parada. Foi a oitava vez em que a trinca atingiu os 80 pontos a serviço do Cavs e a oitava vitória nessa circunstância.

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Pois não é que todo mundo precise ser Spurs ou Hawks nesta vida. Uma divisão mais igualitária entre cestinhas não acontece nem mesmo para o Warriors, pelo qual os Splash Brothers são responsáveis por mais de 40% dos pontos. Ao montar este trio, o gerente geral David Griffin (com muitos sussurros de você sabe quem) certamente vislumbrava uma grande uma concentração de jogo. A integração entre eles, de todo modo, na segunda temporada juntos, esteve longe da ideal. Tudo isso foi devidamente registrado por diversos veículos, em diversos capítulos, e não precisamos perder tempo aqui.

Neste domingo, usando aquela famosa expressão inglesa, dá para dizer que estiveram na mesma página. Que jogaram juntos. Graças ao maravilhoso NBA.com/Stats, foi possível conferir, por exemplo, quantos passes LeBron, Love e Irving trocaram entre si. O resultado, comparando com o que os três apresentaram durante todo o campeonato, é de abrir os olhos – tanto pelo volume muito maior de tramas de um com o outro, como pelos dados da temporada regular. Vamos lá:

Kyrie-passing-Cavs

Quer saber de um dado um tanto assustador? Durante a temporada regular, enquanto armador, Kyrie deu apenas 43 assistências para LeBron em 53 partidas. Seus passes para cesta são muito bemd istribuídos, entretanto. Foram 55 para Love, 34 para JR Smith e 28 para Tristan Thompson, além de 23 para Timo!!!

Lebron-passing-Cavs

LeBron tampouco interagiu muito com Irving: foram 41 assistências para o armador durante o ano. Para comparar, JR Smith recebeu 105, aberto para o chute e desafogar a defesa, e Love, 126. Mas Irving também chuta muito, ué

Love-passing-Cavs

O ala-pivô deu apenas 12 assistências para Irving na temporada. Isso é inconcebível para um jogador que tem no passe e na visão de quadra justamente dois de seus principais atributos

Bom, antes de mais nada, fica o aviso: estamos falando de apenas um jogo, comparado com o que se viu por meses e meses. A tal da amostra pequena. De qualquer forma, o torcedor do Cavs e o Coach Lue esperam que esse boom nas estatísticas de passes entre os três seja bom presságio e duradouro. Para enfrentar o arrojado jovem elenco do Pistons, soube souberam compartilhar a bola e elevar o potencial de cada um. Pois não adianta apenas escalar nomes, se, em quadra, esses caras não conseguem executar aquilo que costumeiramente fizeram de melhor em suas carreiras. Aí você tem um produto com a grife impressa, mas talvez oriundo de lugares suspeitos. O famoso “falsiê”. Os resultados idealizados no momento em que o trio foi formado só vão acontecer se eles cooperarem. Foi o que aconteceu contra o Pistons. Se a receita se repetir, talvez a oposição não tenha muito o que fazer a respeito.

De novo: não que tenha sido uma partida perfeita. Eles podem ser muito mais eficientes. O Cavs, como um todo, acertou apenas 44,3% de seus arremessos, mesmo que, em sua linha de frente, Stan Van Gundy não tenha escalado defensores tão excepcionais assim, como Marcus Morris e Tobias Harris. LeBron e Love podem se esbaldar contra eles, se souberem se movimentar e forem abastecidos no momento certo, têm tudo para explorar as deficiências de seus marcadores. Até SVG admitiu isso, ao dizer que deveria ter usado o calouro Stanley Johnson por muito mais tempo no quarto período de virada para o time da casa. Não estranhem se Anthony Tolliver não pintar por aí também (veterano que nem saiu do banco).

A seleção de Irving ainda pode ser problemática. Não tem jeito: de tão talentoso, o armador ainda é daqueles que prefere criar suas situações de ataque por conta própria, no um contra um, em vez de se aproveitar de um sistema. Terminou com 10-24 nos arremessos, ao menos descolando oito lances livres nesse processo. No total, no domingo, ele deu apenas dois passes a menos que LeBron, para constar (63 a 61). Seu aproveitamento de arremessos também não foi tão inferior assim ao de Love, que que acertou as mesmas dez cestas, mas com dois chutes a menos.

Mas, durante o jogo, é perceptível como, por vezes, ele não deixa o jogo fluir. É saber quando passar e quando atacar. Tendo dois craques ao seu lado, não existe motivo para tentar ser Allen Iverson. Além do mais, no caso de Love, depois de se cobrar por meses e meses que ele fosse mais agressivo, seria hipocrisia reclamar de seus 22 chutes agora. E outra: foram poucas as ações forçadas da sua parte, buscando pontuar num contexto mais construtivo, ainda mais quando ele mata quatro de oito tentativas de longa distância. Outro ponto importante para se destacar é o fato de Lue, quando se viu sete pontos atrás no placar, ter arriscado a formação com Love sendo o único pivô, mesmo que Andre Drummond estivesse em quadra. O time reagiu de imediato, com Love esgarçando a defesa do Pistons e dando mais velocidade ao ataque – foi neste momento em que Richard Jefferson ressurgiu das cinzas para brilhar e no qual o quinteto finalizou uma das posses de bola mais bonitas de todo o campeonato:

(Foram oito passes neste clipe, com os cinco atletas envolvidos, saindo da mão de Dellavedova até retornar para ele. Sim, Irving não estava em quadra neste momento…)

Dito tudo isso, a questão é se mais para a frente, daqui a algumas semanas, contra adversários muito mais complexo, se esse time vai conseguir se sustentar desta maneira. Primeiro se os caprichos serão colocados de lado e essa interação mais orgânica e intensa entre os três será mantida. O segundo ponto é se o time como um todo não der um jeito de restaurar sua defesa.

Desde que David Blatt foi deposto e Lue assumiu, a defesa do Cavs naufragou. De top 5, caiu para a 12ª posição no ranking de eficiência, numa contagem a partir de 22 de janeiro, em 41 partidas, precisamente a metade de um campeonato. Ou seja, com uma amostra justa para se criticar. A história da NBA mostra que, para ser campeão desta forma, você precisa compensar no ataque, com um sistema que produza de modo avassalador. E Lue pode muito bem nos lembrar que, neste mesmo período, sua equipe terminou em terceiro, muito perto do Oklahoma City. Se formos menos criteriosos, dá para falar em empate técnico pelo segundo lugar.

Acontece que, tal como registramos em um resumo da temporada de OKC, para chegar ao título – e é só isso que importa para Dan Gilbert, LeBron, Maverick Carter, Rick Paul e a torcida do Cavs a essa altura –, eles vão ter de passar muito provavelmente por Warriors (líder em defesa neste mesmo período e oitavo em defesa) e Spurs (respectivamente sétimo e quarto). Isso para não falar de um eventual confronto com o perigoso Miami Heat (justo quem!), que vem jogando muito desde o All-Star Game, com o sexto ataque mais eficiente e a oitava melhor defesa.

Ok, temporada regular é uma coisa. Playoff? Outra. Em sua estreia em casa, porém, o Cavs permitiu que o Pistons convertesse 50,7% de seus arremessos e 15 tiros de três, com 51,7%. É o preço que se paga para fazer de tudo para frear o pick-and-roll entre Reggie Jackson e Andre Drummond, que é o ganha-pão do ataque do Pistons, tal como SVG fazia com Hedo Turkoglu/Jameer Nelson e Dwight Howard em Orlando. Pode ter sido sorte dos visitantes, que, na temporada, converteram apenas 34,5%, ficando em 21º no ranking da liga e que, depois do All-Star, com Tobias Harris, melhorou um pouco, ficando em 14º, com 35,9%. É pouco provável que Reggie Bullock, Kentavious Caldwell-Pope e Johnson acertem, juntos, nove disparos.

A confiança de diretores e torcedores de Cleveland sempre foi a de que, chegados os mata-matas, os jogadores dariam um jeito de colocar de lado suas diferenças e se engajarem. Por um jogo, pelo menos de um lado da quadra, funcionou. Toda a sua campanha, porém, foi pautada por altos e baixos.  O desafio para eles sempre foi repetir um padrão de atuação por longo tempo. O começo foi bom, pelo menos na questão mais complicada, que é o equilíbrio de egos. A Conferência Leste vai monitorar.

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Os prêmios de sempre e os alternativos da NBA 2015-16. Warriors na cabeça
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Giancarlo Giampietro

O que você acha que acontece quando um time vence 72 partidas num campeonato? Sucesso também nas premiações individuais. É só conferir os arquivos históricos da liga. Em 1996, o Chicago Bulls elegeu MVP (você sabe quem), técnico (idem) e sexto homem (Kukoc) e também deveria ter ganhado o de defensor também, seja com Pippen e Rodman, que foram afanados por Gary Payton — não à toa seu apelido era Luva. Que fique de aviso. De resto, o texto está imenso, com mais de 3.400 palavras, então chega de onda:

MVP: Stephen Curry

Número 1

Número 1

Te juro.

(Há quem ainda questione se Curry é o melhor jogador da NBA. Talvez nos playoffs LeBron James mostre quem manda ainda. Kevin Durant, 100% fisicamente, também pode construir boa argumentação. Mas não resta dúvida sobre quem foi o melhor jogador da temporada, e de muito longe. Curry é baixote, magrelo, não é o melhor defensor da paróquia — mas marca muito mais do que seus críticos lhe dão crédito –, faz parte de um esquadrão, mas… Foi o jogador mais influente do campeonato. Um número que não ganha tanta publicidade assim e que mostra o valor de Curry numa equipe de 73 vitórias: com ele no banco, o Warriors faz 13,6 pontos a menos por 100 posses de bola e toma 8,7 pontos a mais. Por melhores que sejam Draymond Green, Klay Thompson e Andre Iguodala, está claro quem faz a diferença aqui, e não exatamente por seu volume de pontos.

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Curry esteve acima da clássica marca de 30 pontos por jogo até este mês, mas agora caiu para a extremamente decepcionante marca de 29,8. Né? Foi o mais eficiente da temporada de ponta a ponta. Seus percentuais de arremesso: 50,2%, 45,2% e 91%, registrando mais uma campanha no belíssimo clube de 50-40-90. Para comparar, Klay Thompson, um grande chutador ao seu modo, terminou com 47%, 42,5% e 87%, respectivamente. Foram cinco conversões de longa distância por partida. Nunca um cestinha com mais de 25 pontos em média foi tão eficiente assim em seus arremessos. Com dois títulos em sequência, Steph se junta a Russell, Wilt, Kareem, Moses, Bird, Magic,  Jordan, Duncan, Nash e LeBron como atletas que conseguiram o repeteco em duas temporadas seguidas.)
Quem mais? Pela ordem, iria de Kawhi Leonard (subiu mais alguns degraus na escada rumo ao estrelato, sendo muito consistente e o melhor defensor dessa lista disparado), LeBron James (a despeito de todas as intempéries, dos diversos jogos em que se recusava a marcar, num papelão compensado por uma reta final avassaladora de temporada), Russell Westbrook-Kevin Durant (difícil separar a dupla, sendo que individualmente eles recuperaram um nível absurdo de dominância; posto isso, a equipe deles terminou com campanha inferior à dos concorrentes aqui citados).

Seleção da NBA 1
Curry, Westbrook, Kawhi, LeBron e Draymond

Seleção da NBA 2
Paul, Lowry, Durant, Millsap, Aldridge

Seleção da NBA 3
Lillard, Harden, Crowder, Paul George, Jordan

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

(Estaticamente, Harden ainda está na elite da liga. Aqui, ele conta como uma espécie de LeBron light: alguém que deu muito trabalho desde a pré-temporada, se apresentando fora de forma, sem fazer questão nenhuma de defender Kevin McHale. Agora, vem jogando muito desde janeiro. Experimente tirá-lo do Houston para ver onde iriam parar.

Boogie Cousins tem praticamente todas as suas métricas a seu favor. Mas chega uma hora que tantas derrotas assim pesam mais. A franquia é uma bagunça gigantesca, claro, mas não dá para dizer que ele não contribua para a confusão. Na hora de escolher apenas 15 nomes, isso pesa. Outro que perde pontos nessa linha é Jimmy Butler, com pesar.

Chris Bosh poderia entrar aqui, mas sua preocupante condição médica o afasta. O Miami fica sem um indicado, apesar da ótima campanha. É que não dá para pinçar Dwyane Wade, apenas para ter um deles. Whiteside jogou muito desde fevereiro. Dragic enfim disse a que veio, Luol Deng também se reencontrou. Os calouros ajudaram demais. Enfim, um conjunto muito forte. Assim como o de Boston, com Crowder ganhando destaque pela sua contribuição dos dois lados. O breve período em que ficou fora de ação provou sua relevância.

De qualquer forma, estamos falando da NBA, né? Talento não falta. Klay Thompson, Kemba Walker, Tim Duncan, Dirk Nowitzki, Kevin Love, Ricky Rubio, Al Horford, Andre Drummond bem sabem.)

Técnico do ano: Steve Kerr

De Luke para Steve, com carinho

De Luke para Steve, com carinho

O principal argumento contra Kerr talvez seja, na real, seu principal trunfo. Que é o fato de ter ficado afastado do banco por 43 partidas oficialmente, ainda que desse as caras no ginásio aqui e ali, para os jogos em casa. Ué, mas se ele nem era o estrategista em mais de meia temporada, como é possível ganhar um prêmio? Justamente por seu time ter assimilado tão bem seus conceitos, podendo, sei lá, jogar sozinho. Ou sob a orientação interina de Luke Walton, que não deve ser menosprezado de modo algum. O Warriors viveu suas melhores semanas na temporada quando arrebentou a concorrência logo no início de campanha, vencendo 24 partidas seguidas. Uma sequência que valorizou demais o passe de Walton no mercado.

Mas o mais relevante neste processo todo não foi justamente foi a cultura estabelecida por Kerr? Desde a temporada passada, essa cultura só ganhou força depois do título, com a confirmação de que seguiam o rumo certo Uma cultura com impacto fora e dentro de quadra. Em vez de se acomodarem, seus principais jogadores evoluíram, enquanto, isolando o estouro de Draymond Green em OKC, nenhuma tensão parece ter florescido nos bastidores. Chegaram a 72 vitórias, podendo garantir a de número 73 nesta quarta, a saideira. O recorde histórico da liga. Como não aclamar isso, ainda mais depois de testemunharmos o quão penosa foi a luta nas últimas semanas?

Não que os ajustes durante uma partida não importem. É que, por muito tempo, o Warriors simplesmente não se envolvia em tantos jogos parelhos assim para o intelecto de Walton ser testado. Na metade final da temporada, à medida que se aproximavam do recorde e que a tabela ficava mais complicada (com longa sequência como visitante e múltiplos duelos com Spurs e Thunder), Kerr estava de volta para ajudar seus jogadores a enfrentar a turbulência.

Aqui, a questão maior, claro, é saber o que pesa mais num voto? A campanha surpreendente, os ajustes em meio ao campeonato, com mudanças forçadas por lesões ou trocas, a reformulação de um sistema, tirar o máximo de cada atleta do elenco… Todos fatores que uns vão considerar mais relevantes que outros.
Quem mais? Gregg Popovich mudou de modo substancioso o estilo de jogo do Spurs, assimilou LaMarcus sem interromper a curva de ascensão de Kawhi Leonard e coordenou a defesa mais eficiente da temporada. Do ponto de vista da cultura, o trabalho de Brad Stevens em Boston é especial, levando seus jogadores ao limite de suas capacidades. Steve Clifford também reformulou seu ataque, indo na direção contrária de San Antonio, migrando para o exterior, e colheu grandes resultados. E aí tem a turma que tirou leite de pedra, com campanhas surpreendentes pensando no material que tinham: Terry Stotts, Rick Carlisle e Dave Joerger. Mais Brad Stevens e Dwane Casey. Que fase.

Defensor do ano: Draymond Green

Braço comprido, né, CP3?

Braço comprido, né, CP3?

É, foi o mesmo voto no ano passado. Mas vamos deixar claro que não embarco em nenhuma campanha contra Kawhi Leonard. Não há como não ficar boquiaberto com a pressão defensiva que o endemoniado ala do Spurs exerce sobre os adversários, com o par de mãos mais rápido do Oeste. No ranking defensivo de “Real Plus-Minus” do ESPN.com, Kawhi é o único jogador de perímetro que aparece entre os 30 primeiros colocados, com um honroso quinto lugar. É provável que ele ganhe de novo, se tornando apenas o segundo jogador de perímetro a levar o troféu por dois anos seguidos — e não dá para dizer que não seja justo. Os dois mereciam.

Então, se for para escolher um só que seja, ainda sustento a opinião de que Draymond é mais importante para o sistema defensivo do Warriors, que ainda é um dos cinco mais eficientes da liga. Kawhi, por sua vez, é o defensor mais assustador, individualmente, da liga. Recuperando o texto de 2015 levemente editado: “Green é quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso,  seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01m oficialmente, mas não chega a tanto) permitem a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura fora de série, o centro de gravidade mais baixo (e forte) e o senso de posicionamento impecável, consegue marcar grandalhões numa boa. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Um canivete suíço defensivo que é a segunda principal ferramenta para o Warriors ser este timaço. Além disso, vale registrar que a defesa da equipe sentiu o desfalque de Iguodala, Bogut e Barnes por mais de 12 partidas cada. Para constar, no ranking acima citado, Green também aparece logo acima de Leonard.
Quem mais? Tim Duncan, que mal consegue correr de uma cesta para a outra, mas sabe preencher espaços como ninguém em meia quadra, Paul Millsap, que, entre os homens de garrafão, é aquele das mãos mais ágeis, Ian Mahinmi, aquele que apagou Hibbert da memória coletiva em Indiana. 

Jogador que mais evoluiu: CJ McCollum

Pode atacar, CJ

Pode atacar, CJ

Deve ser o favorito ao prêmio no mundo real.  Uma coisa é ter seu brilhareco numa série de playoffs que se encerrou em cinco jogos, anotando 17,0 pontos, dando 4,0 assistências e matando 47,8% de seus tiros exteriores. Outra é sustentar esse ritmo durante todo um campeonato, enfrentando defesas muito mais atentas em relação a suas jogadas favoritas, especialmente quando o elenco ao seu redor perdeu alguns nomes expressivos. No caso de McCollum, desde já uma das fontes favoritas de toda a mídia enebeana, por ter se formado em jornalismo. O armador do Blazers, na verdade, superou seu rendimento dos mata-matas do ano passado contra o Grizzlies, tanto em números absolutos como na média por minutos, finalizando sua campanha com 21,6 pontos e 4,4 assistências. Não foi só o caso de elevar os números simplesmente por ter ganhado mais tempo de quadra. Mais minutos traduzem em mais confiança, claro. E, com a moral elevada e a licença de Stotts e Lillard para chutar, o atleta de de 24 anos passou a disparar (17,9 chutes por jogo) e com qualidade (44,8% no geral, 42,1% de três e 82,7% nos lances livres, todos recorde em sua carreira). O próximo passo agora é se esforçar um pouco mais na defesa e procurar a linha de lance livre.
Quem mais? E não é que dava para colocar alguém do Warriors  também aqui? Steph Curry (anotou quase 5,0 pontos a mais por 36 minutos e superou em muito seu aproveitamento nos arremessos de quadra e de três) e Draymond Green (máquina de triple-doubles) evoluíram demais. Demorou, mas Kemba Walker enfim descobriu o que um bom arremesso de longa distância pode fazer para seu jogo e seu time. Giannis Antetokounmpo vai gradativamente realizando todo o seu potencial. Will Barton. Ian Mahinmi jogou tanta bola este ano que pode ter virado um problema para o Pacers: se a liga reparou, vai ganhar um aumento de mais de 200% salarial (ganhou US$ 4 milhões este ano).

Sexto homem: Andre Iguodala

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Ok, repetindo a brincadeira de fevereiro, quando o timing era mais propício. Mas isso é como se fosse o Oscar, com um filme gigante de bilheteria e aclamado pela crítica fazendo a rapa. O time já igualou um recorde histórico de vitórias que 99% da liga julgavam inatingível. Então é bem por aí, mesmo. O cara foi MVP da última final saindo do banco de reservas, sendo recompensado por todos os sacrifícios que os treinadores esperam na hora de se compor uma rotação. Está certo que seus números não se equiparam aos daquela série decisiva, e nem poderiam ser, mesmo. Mas seu papel continua o mesmo. Assim como Green, Iggy oferece maleabilidade tática a Steve Kerr, por sua capacidade defensiva acima da média, a facilidade para organizar o jogo e fazer a bola rodar e, num bônus que poucos apostariam há dois anos, pela habilidade que desenvolveu para matar o chute de três da zona morta, convertendo 26 de suas 56 tentativas nesta temporada. O principal argumento contrário ao veterano e versátil ala é o de que perdeu 17 jogos até aqui. No geral, porém, ele acumulou mais de 1.700 minutos, superando, por exemplo, Shaun Livingston nessa contagem.
Quem mais? Patrick Patterson está envolvido em quase todas as escalações mais produtivas do Toronto Raptors; Enes Kanter arrebentou com as linha de frente de segunda da liga, mas ainda precisa melhorar a defesa; Will Barton apresentou seu cartão de visitas aos oponentes e foi um cestinha mais eficiente e regular do que Jamal Crawford, que, de todo modo, merece sua menção por seu espírito decisivo e via de desafogo para os titulares; Evan Turner, demos o braço a torcer, não se tornou um jogador que justificasse a segunda escolha do Draft, mas teve a sorte de Brad Stevens cruzar com o seu caminho, podendo explorar seus medianos, mas amplos recursos da melhor maneira que dá. 

Novato do ano: Karl-Anthony Towns

O Wolves tem sua jovem superestrela

O Wolves tem sua jovem superestrela

Além da categoria MVP, este é o único troféu que não exige muito da gente. Já  nem cabe mais comparar o garoto dominicano com os colegas de classe. Daqui para a frente, ele vai entrar na discussão sobre quem são os melhores da liga. Towns tem chute de média distância e logo mais vai matar de fora também. Nos arredores da cesta, tem força, munheca, movimentos e incrível calma para se impor contra gente muito mais experiente. E ele ainda sabe como é quando passar a bola. Na defesa, já se comporta como um alicerce dentro do garrafão. Meses atrás, David Thorpe, analista da ESPN e técnico dedicado ao trabalho individual com diversos atletas da liga, chegou a propor a tese de Towns seria ainda mais promissor que Anthony Davis. Muitos acharam que era conversa de maluco. Hoje, não soa nada absurda.
Quem mais? Jokic é o darling dos estatísticos, com produção por minutos extraordinária e um jogo ofensivo muito vistoso. Seus fundamentos de passe e chute vão deixar qualquer professor sérvio orgulhoso. Suas métricas avançadas são de arrebentar. Kristaps Porzingis, por mais que o Knicks tenha esfriado, ainda é uma das histórias mais legais da temporada. Justise Winslow não tem os números, mas já adquiriu respeito dos veteranos por sua capacidade como defensor. Devin Booker, Myles Turner, Jahlil Okafor e D’Angelo Russell tiveram seus lampejos, mas não a consistência para desafiar nenhum deste top 4.

Seleção dos novatos 1
(Tentando respeitar minimamente a formação)
Russell, Winslow, Porzingis, Towns e Jokic

Seleção dos novatos 2
TJ McConnell, Josh Richardson, Booker, Turner e Okafor

(Foi, de fato, uma classe de calouros bastante produtiva. Emmanuel Mudiay tem tudo para ser uma estrela, desde que aprenda a usar seu corpanzil para concluir jogadas perto da cesta, além, claro, de refinar seu arremesso. Willie Cauley-Stein merece mais do que o desleixo total de George Karl. Assim como o pivô, Rondae Hollins-Jefferson tem tudo para fazer parte de quintetos defensivos por anos e anos. Frank Kaminsky provavelmente vale menos do que quatro escolhas de Draft — se é que Danny Ainge ofereceu tudo isso, mesmo, a Charlotte –, mas se mostrou uma peça valiosa no tabuleiro de Clifford. Bobby Portis já tem um culto em Chicago. Justin Anderson pode muito bem ter salvado a temproada de Nowitzki. Trey Lyles casa muito bem com Rudy Gobert e Derrick Favors. Enfim… looonga a lista.)

Executivo do ano: Gregg Popovich/RC Buford

Gostou do almoço, Pop?

Gostou do almoço, Pop?

oSim, eles conseguiram. Depois de quase duas décadas em torno de Tim Duncan, sem o superastro nem mesmo ter parado ainda, a dupla conseguiu tocar adiante a transição para um novo amanhã (é brega pacas isso, mas você nunca sabe quando vai ter a chance de usar).

Tudo começa com a descoberta de Kawhi Leonard, há um tempinho já, mas a chegada de Aldridge vem para ratificar. E a franquia fechou o negócio sem precisar sacrificar muito de sua base. Ele chegou para a vaga de Splitter, e pronto. Cory Joseph foi outro que saiu, para sorte de Dwane Casey, mas o Spurs sobrevive tranquilamente sem ele. Aí você também põe na conta as pechinchas por David Wesley, Jonathon Simmons e, claro, Boban Marjanovic. A base é tão forte que talvez não importe se Kevin Martin vai entrar no esquema a tempo para os playoffs.

E por que colocar Pop acima? Ele é o presidente do departamento. Na hora em que o Phoenix Suns realmente surgiu como ameaça para levar LaMarcus, quem apareceu para dar umas voltinhas com o pivô?

De qualquer forma, aqui está mais um prêmio complicado de avaliar por apenas um ano. O que o Warriors fez para esta temporada? Selecionou Kevon Looney no Draft, contratou Anderson Varejão de última hora, na vaga de Jason Thompson, que veio no negócio que os livrou do contrato de David Lee. Preferiram Ian Clark a Ben Gordon. Nada muito drástico. Mas precisava?

Quem mais? Neil Olshey não perdeu tempo em lamentar a saída de tanta gente boa, formou uma nova base mais jovem e muito mais barata, descolou mais escolhas de Draft e ainda vê o time seguir nos playoffs. Pat Riley gabaritou no Draft, ainda deu um jeito de escapar da multa da luxúria e ainda arquitetou a contratação de Joe Johnson. Coisa de mestre. Rick Cho, sempre pressionado por Jordan, mas que acertou demais na troca por Batum e Jeremy Lamb, além da subestimada contratação de Jeremy Lin. Masai Ujiri, pelas trocas que não fez em Toronto.

***PRÊMIOS ALTERNATIVOS***

Melhor jogador sub-23: Karl-Anthony Towns, que só vai chegar aos 21 no dia 15 de novembro e terá esse troféu assegurado até o ano que vem. Ponto.

Melhor segundanista: Andrew Wiggins, que cresceu no decorrer do campeonato. Mas estamos de olho em você, Jabari. Força aí.

Melhor estrangeiro: Dirk Nowitzki, com seu esforço heroico para conduzir um elenco bizarro do Mavs rumo aos playoffs. Al Horford acaba desclassificado aqui por ter jogado o universitário americano. As regras a gente inventa assim, na hora.

Melhor brasileiro: olha… difícil, hein? Sabemos que não foi a temporada mais produtiva para a legião de Magnano. Muito difícil separar um do outro. Leandrinho talvez? Por ter mantido seu papel regular no esquadrão do Warriors. De resto… Nenê ainda é o mais eficiente, mas voltou a perder mais de 30 jogos e dessa vez não passou nem dos 20 minutos de quadra. Splitter teve sua campanha sabotada por uma lesão séria no quadril. Anderson Varejão foi despachado por Cleveland e não encontrou espaço no Warriors. Demorou sete meses para Byron Scott perceber que Huertas faria mais bem ao Lakers do que Nick Young. Raulzinho era o titular de ocasião do Utah Jazz, mas foi derrubado por Shelvin Mack justamente quando estava se soltando. Cristiano Felício é uma grata surpresa nos minutos finais do campeonato.

Melhor importação da D-League: Tim Frazier. era para ele estar se preparando para a disputa dos playoffs em Portland, como assessor de Lillard e McCollum. Mas, quando Neil Olshey se envolveu em algumas trocas em fevereiro, para acumular mais escolhas de Draft, acabou sobrando para o armador de 25 anos, um dos salários mais baixos do elenco. Frazier teve de voltar à liga menor, então, mas sem se deixar abater. Depois de algumas semanas com o Maine Red Claws (filial do Boston), foi chamado novamente pela NBA para um serviço voluntário em New Orleans, que precisava da ajuda da Cruz Vermelha. Alvin Gentry ao menos encontrou um motivo para sorrir novamente. O baixinho se encaixou bem no esquema tipo “7-segundos-ou-menos” e vai terminar sua campanha pelo Pelicans com números interessantes (numa projeção por 36 minutos, são 17,0 pontos, 8,7 assistências e 5,6 rebotes, com 44,8% de três e 47,4% de quadra no geral). Se por alguma razão o clube não aproveitá-lo na próxima temporada, certamente aparecerão interessados.

Melhor resultado de troca: num ano de movimentações pouco alardeadas, dois pequenos negócios seriam fortes candidatos aqui. O primeiro foi a aquisição de Mario Chalmers pelo Memphis. De renegado em Miami, o armador estava virando figura salvadora em Memphis, cobrindo a ausência de Mike Conley com muita personalidade, até sofrer uma ruptura no tendão de Aquiles em Boston. A outra opção seria a ida de Ish Smith para Philadelphia (sendo que ele poderia ser o Tim Frazier do Pelicans neste final de temporada, vejam só). O ligeirinho  mudou a rotina do Sixers por pelo menos um mês, injetando ânimo, arrojo e maturidade em um jovem elenco. Mas esse efeito já não era mais sentido depois de um certo tempo. Então… Bem, vamos pensar a longo prazo aqui, e apontar a contratação de Tobias Harris pelo Detroit Pistons. O ala não só ajudou o time a chegar aos playoffs, como será uma figura relevante para os próximos anos sob o comando de SVG. A ver se Channing Frye apronta alguma coisa nos playoffs para entrar na conversa.

Time mais azarado: Memphis Grizzlies.

Maior decepção: Houston Rockets.

PS: obviamente não fui capaz de atualizar o blog diariamente nesta temporada, então talvez nem precisasse avisar, mas a rodada desta quarta-feira é tão especial, que… Tem de ser feito o registro. Nesta quinta, não vou conseguir publicar nada, por motivos de viagem a trabalho, com evento que paga o pão de cada dia logo cedinho pela manhã. Então vamos com algo sobre Kobe ou Warriors na sexta apenas, ok? Enquanto isso, de repente bate alguma inspiração para escrever algo minimamente decente sobre a aposentadoria de um dos atletas mais fantásticos e controversos da história da NBA.

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