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Arquivo : Kobe Bryant

Drama em LA: Lakers vence, mas perde Kobe; mídia americana já teme por fim de carreira do astro
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Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Pode parecer que falta assunto, né?

(Mas não falta, e tenho de arrumar um tempo para comentar de modo apropriado o triunfo do Pinheiros na Liga das Américas.)

Rapidinho, então, comentando a possível despedida de Kobe Bryant da temporada – e, de repente, glup!, de sua carreira.

Sim, pode parecer que falta assunto e também pode parecer sensacionalismo. Mas os primeiros relatos que vêm de Los Angeles informam que o superastro teria rompido seu tendão de Aquiles no pé esquerdo em mais uma vitória dramática do Lakers na tentativa de se apegar ao oitavo lugar dos playoffs no Oeste.

Ninguém tem ainda o diagnóstico correto ainda, não antes de se realizar uma ressonância magnética neste sábado, mas o setorista Dave McMenamin, do ESPN.com LA, diz que “você pode ver a lesão de Kobe no rosto de todas as pessoas no vestiário do Lakers: jogadores, técnicos, assessores, bicões e até mesmo na mídia”.

Tipo velório, mesmo.

O Lakers venceu por 118 a 116 – aiaiai, Stephen Curry, e se me cai aquele chute???? – e ainda mantém uma vantagem de uma vitória para cima do Utah Jazz,.

(O Jazz, aliás, bateu o Minnesota Timberwolves em casa, restando apenas duas partidas para ambos na temporada. A equipe de Salt Lake City precisa vencer apenas uma partida a mais para assegurar sua própria dramática vaga nos mata-matas – lembrem que, independentemente de uma eliminação já nas primeiras rodadas, a mera participação nos playoffs rende uma baita grana para os clubes, uma soma que, para Utah, seria ainda mais preciosa).

Ok, voltando: o Lakers venceu, se mantém em oitavo, e tal, mas pode ser que tudo tenha chegado ao fim, de todo modo, nesta sexta. Vai sempre ter esse temor de que, a essa altura, uma lesão dessas, que pediria cirurgia, possa encerrar uma das carreiras mais gloriosas do esporte, e esse foi o tom predominante na repercussão imediata na mídia norte-americana.

Por sua conta, Kobe sendo Kobe, ele fugiu de qualquer pegada apocalíptica, mas não conseguiu esconder a decepção pelo acontecido. Chorando – sim, Kobe Bryant chora! –, afirmou que “só esperava que a lesão não fosse o que ele já sabia que era”. Uma bela frase que podia se encaixar em qualquer canção de rock, né?

Em uma entrevista tocante, disse ainda que já consegue se irritar com quem pense que sua carreira terminou por aqui, que não conseguia andar, que se sentia simplesmente como alguém que não tinha mais um tendão de Aquiles e que, agora, só resta fazer o exame, passar por uma cirurgia e se recuperar.

E o Lakers?

Consegue seguir em frente depois de algo tão chocante assim? O time agora pode botar em prática a movimentação de bola com a qual Pau Gasol (triple-double contra o Warriors, com 26 pontos, 11 rebotes, 10 assistências, genial) sempre sonhou?

Nesse ponto, francamente, pouco importa.

Você pode odiar o Lakers. Odiar Kobe Bryant. Torcer para o Celtics. Ou para o Spurs. Você pode detestar tudo o que é notícia da NBA em geral. Mas você só não pode esperar que essa realmente tenha sido a última apresentação do craque.

*  *  *

Antes de se retirar de quadra, depois da lesão, dando lugar a Ron Artest com 3min05s de jogo, Kobe converteu seus dois lances livres, empatando o jogo em 109 a 109. Não havia conseguido, desta vez, colocar seu time na frente. O Lakers bateu o aguerrido, mas ainda inexperiente Warriors, lembrando, por dois pontos.

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É meio que absurdo, mas era o preço que Kobe concordara em pagar. O sujeito teve média de 45,2 minutos por jogo neste mês de abril, o maior tempo de quadra de TODA a sua carreira em um mês, aos 34 anos, 17 de NBA.

 


Mais um jogo incrível de Kobe para o Lakers, que vai se segurando em oitavo
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Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant no limite

Aguenta aí, Kobe

Imagine todo este esforço em vão?

Kobe Bryant, sinceramente, não pode nem pensar numa coisa dessas.

Não quando, aos 34 anos, no jogo de número 1.238 de sua carreira em temporadas regulares, a 77ª partida no atual campeonato, com média absurda de 38,4 minutos por embate, vindo de uma desgastante apresentação na véspera, ele ainda tira forças sabe-se lá de onde para somar 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 3 roubos de bola e 4 (!!!) tocos, convertendo todos seus 18 lances livres e matando 14 em 27 arremessos, para liderar o Lakers em (mais uma) dura vitória, dessa vez contra o Portland Trail Blazers, por 113 a 106.

A essa altura, nem importa mais contra quem e como, o que o superastro só quer saber é de uma vitória atrás da outra, restando muito pouco para o final da campanha, e seu time brigando do jeito que dá por uma suada-ao-mesmo-tempo-obrigatória-ao-mesmo-tempo-humilhante oitava colocação e classificação no Oeste.

Kobe, recorde no Rose Garden

Mais 47 pontos e contando para Kobe Bean

Está certo que não há mais nenhum resquício de rivalidade entre Lakers e Blazers, mas vencer no Rose Garden ainda é um páreo duro, e Bryant precisou de uma apresentação histórica para guiar seu time nessa, registrando mais um recorde na sua carreira: ninguém havia feito 47 pontos no ginásio de Portland até esta quarta. Muito menos alguém de 34 anos com a rodagem que os joelhos de Kobe têm.

Ao contrário do que fez contra o Hornets na terça, com uma atuação exuberante no quarto período, no qual 23 pontos, o ala dessa vez participou de mais uma virada angelina como distribuidor, na última parcial, dando três assistências para o velho companheiro Pau Gasol (também decisivo) nos primeiros cinco minutos, coloacando enfim seu time na frente. Ainda anotou oito pontos, claro.

Por mais controvérsias que a estrela do Lakers (ainda) possa despertar, esse tipo de jogo não tem como ser contestado. Dentro de alguma das grandes apresentações que vimos neste campeonato, a dele nesta quarta-feira seguramente está entre as cinco ou três melhores. Levando em conta o contexto do jogo, da temporada e de que ponto está na carreira, é simplesmente inacreditável, mesmo Kobe sendo Kobe.

*  *  *

Com duas vitórias seguidas, o Lakers volta a abrir um jogo de vantagem para o Utah Jazz na disputa pela última vaga dos playoffs do Oeste: são 42 vitórias e 37 derrotas, contra 41 e 38, respectivamente, de seu concorrente. Lembrando que, caso dê empate entre as campanhas, o time de Salt Lake City ganha o oitavo lugar devido ao retrospecto no confronto direto.

Em sua tabela, restam só mais três jogos, todos contra times já classificados para os mata-matas: Golden State Warriors, San Antonio Spurs e Houston Rockets. Os três em casa. Warriors e Rockets duelam no momento para ver quem fica em sexto – algo que pode ser bastante valioso, considerando que, hipoteticamente, seria melhor enfrentar o Denver Nuggets na primeira rodada do que San Antonio ou Oklahoma City. Spurs e Thunder, aliás, ainda se veem numa luta ferrenha pelo primeiro lugar da conferência. Isto é, pode ser que os três clubes ainda entrem empenhados pela vitória, sem poupar ninguém. Ainda mais o Spurs, que certamente preferiria evitar se deparar com o rival em uma série melhor-de-sete.

O Utah ainda precisa enfrentar duas vezes o Minnesota Timberwolves (uma em casa, a outra fora) e o Memphis Grizzlies na última rodada. O Wolves está eliminado de qualquer disputa, não vai ter Kevin Love de volta e vem com desempenho irregular. Ao mesmo tempo que bateram o Thunder no dia 29 de março, apanharam nesta quarta por 111 a 95 do Clippers e perderam para o Raptors entre um jogo e o outro. Já o Grizzlies ainda pode tirar do Nuggets o terceiro posto.

*  *  *

Após 12 anos consecutivos, o Dallas Mavericks está eliminado dos playoffs. Dirk Nowitzki entrou em forma tarde demais, o elenco também não correspondeu conforme o esperado, e as esperanças matemáticas da franquia texana se encerraram com uma derrota para o Phoenix Suns, outra potência da década passada da Conferência que agora encara um duro período decadente.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Um mutante
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Apenas 12 dias depois de passar por uma cirurgia devido a uma ruptura de menisco, Ron Artest, o #mettaworldpeace, afirmou que volta a jogar pelo Lakers já nesta terça-feira, contra o Hornets. Inicialmente, o clube californiano previa que o ala fosse ficar afastado de quadra por até seis semanas. Fazendo as contas, então, quer dizer que ele volaria a jogar praticamente um mês antes do previsto.

Incrível! Alucinante! Como definiu Pau Gasol:

#mettaworldartQuer dizer, além de lunático, ótimo defensor e, ao que tudo indica, um parceirão, Ron-Ron já pode ser conhecido também como um mutante. “Eu o chamo de Logan agora, ele é o Wolverine. Extremamente impressionante”, afirmou Kobe Bryant, revelando uma inesperada predileção nerd, ao citar a grande estrela dos X-Men em uma conversa de basquete. Brook e Robin Lopez já têm companhia!

Artest está com a bola toda, agora, se sentindo. “Meus companheiros ficaram surpresos ao me verem trabalhando duro e correndo. Foram 14 anos sem problema algum, isso ajuda. Adivinhem só!”, tuitou no domingo, após ter revelado que seu médico, responsável pela operação, estava surpreso pela boa condição de seus joelhos a essa altura da carreira.

O único senão disso tudo é que, em forma, nosso anti-herói vai ficar mais tempo em quadra do que no sofá, abastecendo a Internet com suas preciosidades de pensamento, alegrando a moçada. Em entrevista recente, até o comissário David Stern afirmou que checa o Twitter duas vezes por dia e que a conta do ala do Lakers é uma ótima fonte de entretenimento.

\o/


Mavs e Lakers duelam mais uma vez, e há um time aqui que merece mais a vaga
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Giancarlo Giampietro

Dirk Nowitzki, versão barba

Dallas Mavericks e Los Angeles Lakers se enfrentam nesta terça-feira em um confronto direto valendo vaga nos playoffs do Oeste. Quer dizer, a título de informação, esse embate vale tecnicamente a nona posição da conferência, fora da zona de classificação – com o Utah Jazz reagindo e ocupando o oitavo lugar agora.

Mas, ok, sem se apegar tanto ao pé da letra, dá para dizer que é “um confronto direto pelos playoffs”. E, neste duelo de dois clubes que estranhariam demais assistir aos mata-matas do lado de fora, há claramente um time que merece mais a vaga do que o outro.

De um lado, está um time afeito ao circo, extremamente inconsistente, com uma intriga por semana na mídia, uma defesa porosa e a folha de pagamento mais cara da NBA, que havia sido moldada com um único objetivo, o título, e mais nada. Do outro, uma equipe que não se perde em seus próprios caprichos, não tem um só nome de expressão além de seu capitão – ainda que Shawn Marion mereça diversos elogios, mas em outra esfera –, e de alguma forma soube superar a lesão que tirou Nowitzki do início do campeonato para, desafiando todos os prognósticos, chegar ao mês de abril com chances claras de avançar. “Disso isto para um cara algum dia desses: estamos tentando a maior recuperação da história desde Lázaro”, disse Rick Carlisle.

E o melhor dessa reação é que o Dallas encaminhou tudo com muita discrição, sem alarde ou empolgação nenhuma. Do jeito que o alemão gosta.

Kobe Bryant x OJ Mayo, Shawn Marion

Mayo, de contrato curto, e Marion, ainda um ótimo defensor, vão tentar parar Bryant

Tá certo que Dirk Nowitzki deixou bem claro há alguns meses que não estava nada feliz com a política de contratação de Mark Cuban para este ano. Uma vez que o ricaço dono do Dallas Mavericks não conseguiu convencer Deron Williams a retornar para casa, concordou com sua diretoria liderada por Donnie Nelson em assinar contratos de curto prazo, um ano de duração, com uma série de atletas, Chris Kaman e OJ Mayo entre eles. Geralmente, é o tipo de situação que gera instabilidade e pode dificultar bastante a vida de Carlisle, que até hoje não encontrou uma rotação certeira para sua equipe. (Depois, claro, o alemão disse que ainda confiava na capacidade de Cuban e Nelson de gestão e blablabla.)

Ah, também tem o fato de que Dirk Nowitzki ainda está deixando a barba por crescer. Faz tempo já. Prometeu que só a cortaria quando seu Dallas Mavericks, enfim, alcançasse a marca de 50% de aproveitamento na temporada. E, senhoras e senhores, isso é o máximo de excentricidade que Nowitzki pode cometer.

Sério: o que mais?

Qual foi o último incidente protagonizado pelo Sr. Maverick em quadra? Ou fora? Qual a grande polêmica que tenha envolvido uma carreira que já dura 14 anos, desde que estreou na liga aos 20 anos, no dia 5 de fevereiro de 1999, contra o Sonics, quando Seattle ainda tinha sua franquia e ainda tinha Gary Payton, Detlef Schrempf e Vin Baker em sua escalação inicial. Faz tempo que ele está por aí, e nada de controverso além das discussões de sempre sobre basquete podem ser atreladas a este superastro.

O jovem Dirk Nowitzki

Dirk Nowitzki, versão molecote

Porque Nowitzki só quer saber de jogar, e pronto. Ele pode não ter – ou fazer – o marketing de Kobe, mas é tão dedicado quanto em seus treinamentos, tendo relaxado apenas nos meses que sucederam seu tão esperado título em 2011, envergonhando-se depois da ‘má forma’ e pedindo desculpas. Suas sessões de verão com o mentor Holger Geschwindner já são legendárias, especialmente as que conduziam durante sua adolescência, com práticas heterodoxas para refinar seus fundamentos. Hoje, quando está em casa ou no hotel em viagem pelo país de noite, liga o League Pass e devora qualquer jogo que esteja passando, nem que seja Charlotte Bobcats x Detroit Pistons, como falou em grande entrevista ao obrigatório Zach Lowe, do Grantland. A sessão corujão pode durar mais de três horas.

Em Rick Carlisle, encontrou um treinador igualmente devoto ao jogo, sisudo até demais, depois de anos e anos de maluquices do genial, mas temperamental Don Nelson na década passada. Carlisle já costuma espernear mais, mas volta sua ira com maior frequência para a direção da liga, questionando arbitragens em geral. E qual técnico não faz? Fora isso, o armador Darren Collison ouviu poucas e boas durante a campanha também.

Cuban é o cara que quebra a monotonia, sempre alerta para provocar os adversários – ou Donald Trump – no Twitter, especialmente o próprio Los Angeles Lakers, adorando chamar a atenção. De todo modo, o método como conduz sua franquia é indefectível. Pegou um clube quebrado, sem apelo algum nos anos 90, e conseguiu transformá-lo em um dos mais valorizados da liga, com uma base de torcedores fiel, numa cidade que, antes, parecia ter olhos apenas para o Cowboys, da NFL.

Mas o mais próximo que o magnata se aproxima da quadra é nos assentos atrás do banco de reservas.

Quem joga, mesmo, são Nowitzki e seu Mavs, sem precisar fazer teatro, pirraça ou caso para nada para (tentar) ter resultado. Pode não ter o apelo de manchetes, nem nada. Mas cansa bem menos.


As estranhas relações entre duas atrações imperdíveis do Lollapalooza e a NBA
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Giancarlo Giampietro

Shaq Fu

Shaq Fu! Aaaargh

É muito mais fácil ligar o basquete ao rap, ainda mais depois da geração gansta. Existem até mesmo aqueles cestinhas que se meteram a besta como artistas fora de quadra também, e a gente sabe que quase nunca isso vai dar certo. Shaquille O’Neal, Allen Iverson e o nosso lunático anti-herói Ron Artest, justo ele, podem rimar alguma coisa a respeito.

Por outro lado, tem gente que, em outro estilo, mandou muito bem, como o finado Wayman Tisdale, que talvez tenha sido um melhor baixista de funk/jazz do que ala-pivô, embora fosse um habilidoso jogador para pontuar no garrafão – e não muito mais que isso.

Agora, com o festival Lollapalooza chegando a São Paulo com sua edição 2013 neste fim de semana de Páscoa, o blogueiro tem a chance de roubar um pouquinho e falar sobre outra coisa que lhe apetece. Mas, ok, para não soar ofensivo ao batalhador leitor que já podia reclamar do cansaço e da  perda tempo neste espaço, a gente dá um jeito de jogar o basquete no meio dessa história.

*  *  *

OS PIONEIROS CULTS DE OKLAHOMA CITY

Wayne Coyne

Flaming Lips, de Wayne Coyne, e seu ritual estão prestes a voltar ao Brasil

Kobe Bryant deve ter feito das suas. Alguma bandeja reversa por baixo do aro. Alguma mudança brusca de direção seguida de enterrada. Um arremesso em flutuação na zona morta, com o corpo já atrás da linha da tabela. Qualquer coisa desse tipo que tenha feito o esquisitão Wayne Coyne vibrar na plateia. Atitude que foi imediatamente repreendida.

“Mas aquilo foi maluco! Quem é aquele?”, perguntou o músico. Explicaram de quem se tratava e completaram que ali, na cidade deles, meu chapa, ninguém vai aplaudir alguém que jogue do outro lado, não importa quem ou o que o sujeito tenha feito.

Wayne Coyne, o líder do Flaming Lips, atração do festival paulistano na sexta-feira, é do tipo de pessoa que realmente não sabe quem seja esse tal de Kobe. Sua cabeça já anda bastante ocupada com muita coisa: as trezentas parcerias musicais que podem ser engatilhadas nas próximas semanas, com robôs que aterrorizem a pequena Yoshimi, sobre como os efeitos do ácido podem ser positivos para um ser-humano antes do almoço e de como poderia usar a próxima representação de vagina e/ou bichos de pelúcia em um palco, galeria ou kit para imprensa. É maluco, mas, no universo criado pela banda, acontece tudo de modo muito pueril, acreditem.

(Já entrei nessa isso em duas ocasiões, em 2005 aqui em Sampa, em 2011 em Santiago. É um ritual especial. O sujeito vai entrar em uma bolha de plástico e andar/rolar por cima de centenas no público. O telão sempre trazendo algo surpreendente para a apresentação. Eles vão estourar muitos confetes, serpentinas e balões de plástico. A banda emenda alguns refrões cativantes em sequência. O plano é fazer de tudo para que o show de sexta-feira seja inesquecível. Lendo assim, pode parecer apenas uma festinha tonta para a criançada mal-crescida, e talvez seja isso mesmo. Mas só vendo ao vivo para saber.)

Calha que a banda tem como base a mesma Oklahoma City do Thunder. Muito antes de Kevin Durant tomar conta dos outdoors e ser cultuado – junto com Westbrook e a barba de James Harden –,  Coyne, de 51 anos, e seu grupo eram os que mais chegavam perto de celebridades locais.

"Thunder Up", Coyne!

Wayne Coyne comemora. Resta saber apenas se foi cesta do Thunder

Ao contrário do Thunder com seus jovens superastros, o Flaming Lips nunca foi necessariamente um arrasa-quarteirão de vendas, embora tenham ganhado fama mundial no mesmo período em que sua cidade floresceu. Eles deram uma piscadela para o estrelado com a trilogia “The Soft Bulletin”(1999), “Yoshimi Battles the Pink Robots” (2002) e “At War with the Mystics” (2006), ganhando três Grammys, mas não tardaram em recuar para suas trincheiras obscuras.

Antes desse flerte com o mainstream, por exemplo, haviam gravado um disco quádruplo – “Zaireeka”, de 1997 – cujas partes deveriam ser tocadas simultaneamente numa orquestra do barulho (leiam com a voz do locutor global na cabeça, por favor, anunciando a próxima atração da “Sessão da Tarde”). Você pode entender como uma “coisa-de-lôco”, um lixo irrecuperável, mas eles sinceramente não se importam. Em um projeto mais recente, lançado no ano passado, fizeram um álbum coletivo – “The Flaming Lips and Heady Fwends” –, trocando arquivos de músicas com colaboradores espalhados pelo mundo todo, apresentando gente como Chris Martin, do Coldplay, e Bon Iver, para depois costurar tudo.

Enfim, antes da migração do Supersonics para Okahoma City, quais as referências possíveis da cidade para aqueles fora dos Estados Unidos? Para a maioria, provavelmente apenas o lamentável atendado de 1995,  que resultou na morte de 168 pessoas e em outras 684 feridas. Mas, pelas razões citadas acima, para um pequeno grupo de seguidores, havia também os Lábios Flamejantes.

Hoje, a coisa mudou. Quando o líder do grupo é abordado em turnês pela Europa, Austrália e, de repente, aqui no Brasil, o que ele mais ouve é sobre os fedelhos do Thunder, como as pessoas gostam de assistir aos jogos deles. Durant, Westbrook e, snif! snif!, James Harden haviam ultrapassado sua popularidade.

O time se tornou o símbolo perfeito para a revitalização por qual passou Oklahoma City da década de 90 para cá. De uma terra perdida no meio dos Estados Unidos, onde se encontram diversas formações vegetais, uma área de confluência climática e também de diversas culturas das diferentes regiões que a rodeiam, a cidade se tornou um pólo econômico e criativo.

Embora o grupo de Coyne tenha feito uma música que virou o hino oficial de rock da cidade – a encantadora “Do You Realize???”, do vídeo acima –, o Flaming Lips, com sua psicodelia e provações constantes, nunca seria mesmo um símbolo de nada institucional, muito menos em um território ainda bastante conservador. Um nativo que nunca deixou o local, por mais que Nova York ou Los Angeles pudessem ser muito mais convidativas e cômodas para sua carreira, Coyne reconhece a importância do clube nesse sentido, diante do ressurgimento de Oklahoma City. “Acho que as pessoas gostam da ideia de que, seja o roqueiro malucão ou o jogador de basquete, nós todos temos este espírito da cidade. É algo que eu realmente não acho que existe. Mas o Thunder provavelmente conseguiu unir isso mais do que qualquer um”, disse em entrevista ao New York Times, em abrangente reportagem sobre a relação da equipe e a cidade.

No ano passado, durante os playoffs, o Flaming Lips até regravou um de seus hits – acho que dá para ser classificado como um hit –, “Race for the Prize” como um hino para o time: “Thunder Up!”, sendo tocado minutos antes dos jogos. ‘”Kevin Durant / don’t say he can’t!”, diz um trecho da letra. Veja abaixo a versão atualizada, seguida pela original ao vivo:


Só não peçam que Wayne Coyne entenda alguma coisa de basquete. “Quando você está lá, não é que um jogo seja um evento que siga um script de Steven Spielberg. Fico meio confuso. Será que nós vencemos? Eles venceram? E, quando você olha para o placar, bem, será que o jogo acabou?”, disse ao NYT, se autodescrevendo como o torcedor mais perdido do ginásio e do planeta.

O negócio deles é no palco mesmo, território em que consegue encontrar as similaridades entre o jogo e um show. “É aquela ideia de que está todo mundo focado na mesma coisa, ao mesmo tempo, ficando juntos e fazendo da experiência algo maior. É uma tolice, mas todas as coisas são tolas assim.”

Com o Flaming Lips, é isso aí.

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OS RENEGADOS DO GRUNGE

Fundada em meados dos anos 80, mapeada pela indústria musical americana apenas em 1993 com a entrada de “Transmissions from the Satellite Heart” nas paradas, o Flaming Lips poderia ter embarcado na onda grunge que dominava as rádios naqueles tempos, mas seguiram por um caminho absurdo, completamente distante do chamado “som de Seattle”. Ironicamente, Kevin Durant poderia ter sido uma figura totalmente ligada a essa cidade do Noroeste dos Estados Unidos, mas acabou jogando lá por apenas um ano, antes do polêmico deslocamento de sua franquia para Oklahoma City.

Shawn Kemp x Jeff Ament

Jeff Ament em peça publicitária com Shawn Kemp, seu ídolo em Seattle

Foi um movimento amaldiçoado por Jeff Ament, baixista do Pearl Jam e fanático pelo Supersonics, daqueles que compravam carnês de ingressos temporada após temporada junto com o guitarrista Stone Gossard. Os dois são outros que tocam no Lollapalooza, mas no domingo.

Muito antes de conhecer Chris Cornell ou Eddie Vedder, Ament era um armador talentoso no colegial em Montana, interiorzão da América profunda. Foi eleito para seleções estaduais e tudo, a ponto de ser recrutado pela universidade de… Montana (dãr!) como jogador. Entrou para a equipe dirigida por Mike Montgomery, futuro técnico de Stanford, do Golden State Warriors e hoje da universidade de California e, rapidamente, descobriu que, como aspirante a uma carreira no basquete universitário, ele provavelmente tinha mais jeito, mesmo, para o rock. “Os mundos de esportes e música não combinavam, realmente. Onde eu cresci, eu podia ser um esportista e um punk rocker. Quando fui para a universidade, ficou aparente que eu tinha de pertencer somente a um desses grupos”, disse em entrevista interessante à ESPN americana.

Bem, a gente já sabe hoje no que deu isso tudo. O cara se mudou para Seattle, conheceu certas pessoas, as coisas demoraram para se encaixarem, mas de repente ele fazia parte de uma das bandas que se tornaria das mais populares do mundo. No início, na condição de estrela emergente do rock, Ament era obrigado a esconder do público sua outra metade. Afinal, tinha sempre quem importunasse. “Kurt Cobain e Coutrney Love sempre zoaram o fato de que eu jogava basquete. Uma vez eu parei para dizer oi antes de um show e, quando estava indo embora, Courtney gritou: ‘Vá jogar basquete com Dave Grohl!'”, recordou o baixista. Os roqueiros que foram etiquetados como grunge já eram aqueles que a sociedade não queria. Ament conseguiu ser um rejeitado dentro desse universo. 🙂

Jeff Ament, versão basqueteiro

Jeff Ament não tinha a maior pinta de basqueteiro do mundo, de todo modo

Nas turnês, porém, ele confessa que sempre havia uma bola de basquete ou futebol americano por perto. Vedder, segundo seu companheiro, era mais ligado ao beisebol. Hoje, mais maduro e consagrado, não há restrição alguma, claro, em se assumir um basqueteiro – que realmente acompanha a NBA em detalhes, ainda que em Seattle ele não tenha mais nenhum clube profissional pelo qual torcer. “(Se um novo time chegasse,) Acho que teria de namorá-lo por um tempo. Se as coisas dessem certo, poderia checar se alguém gostaria de dividir o carnê de ingressos por alguns anos”, afirma.

Avaliando a possível transferência do Sacramento Kings para Seattle, fica difícil de avaliar qual o comportamento adequado. “Seria a melhor e a pior opção ao mesmo tempo. É a melhor porque eles têm provavelmente o melhor potencial como time de playoff, se o DeMarcus Cousins conseguir entender seu cérebro de alguma forma, ou se eles conseguirem um técnico que possa treiná-lo, ou se o Tyreke Evans der as caras. Mas Sacramento é uma cidade pequena. Se você tira o Kings deles, vão ficar com o quê? Só um time menor de beisebol, algo assim”, diz.

A ligação do Pearl Jam com o basquete, desta forma, é muito mais intensa do que o normal entre os roqueiros, certamente maior que a do Flaming Lips com o Thuder. Desse vínculo, se  destacam duas histórias:

– Ament já escreveu uma canção para citando Kareem Abdul-Jabbar, chamada “Sweet Lew”, do álbum “Lost Dogs” (2003), em referência ao nome de batismo do legendário pivô, Lew Alcindor. Não foi bem uma homenagem: Jabbar foi seu técnico em um jogo de celebridades e o teria ignorado quando foi tentou puxar um papo – a propósito, ele identifica os bateristas Chad Smith, do Red Hot Chilli Peppers, e Steve Gordon, do Black Crowes, como os melhores músicos-jogadores que conheceu.

Mookie Blaylock, ex-Pearl Jam

Mookie Blaylock, ex-armador do Nets e ex-Pearl Jam. Seu número? Dez, ou “Ten”, primeiro álbum da banda que vendeu mais que água nos anos 90

– Um dos primeiros nomes da banda foi “Mookie Blaylock”, aquele armador que defendeu New Jersey Nets, Golden State Warriors, mas teve seu  melhor momento pelo Atlanta Hawks nos anos 90. Como isso aconteceu? O grupo estava em uma lanchonete para fazer sua primeira gravação em um estúdio, com uma diária de uns US$ 10. Ainda assim, conseguiam comprar alguns pacotes de cards. Em um deles, saiu o armador. Ainda não haviam decidido um um nome para o conjunto e colocaram a “figurinha” de Blaylock na capa da fita que gravaram. Depois, saíram em uma turnê de dez dias com o Alice in Chains usando esse nome. Só mais tarde que veio a combinação a ser consagrada.

Há diversas explicações para “Pearl Jam”. Uma fictícia, inventada por Vedder em uma entrevista é de que ele teria uma avó chamada Pearl, que fazia uma geleia inigualável. Outra teoria, que tem seus defensores entre biógrafos e velhos amigos, é de que “Pearl” seria uma referência ao apelido de Earl “The Pearl” Monroe, craque do Knicks e do Bullets nos anos 70, e fantástico nas enterradas. O “Jam” também teria sido unido a “Pearl” depois que os amigos compareceram a um show de Neil Young, e o figurão canadense não parava de esticar suas músicas, em “jam sessions” com os companheiros de palco.

 Por mais fanáticos que sejam, música para o Sonics Jeff Ament e Stone Gossard nunca fizeram. 🙁

*  *  *

Atração do Lollapalooza paulistano de 2012, a Band of Horses, também de Seattle, chegou a gravar uma música intitulada “Detelf Schrempf”. Mas eles juram que não tem inspiração alguma no ex-craque alemão. Investigamos isso na encarnação passada.

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#NBAbands

De vez em quando tem dessas brincadeiras no Twitter que divertem, né? Demora, mas acontece. Ótima oportunidade, então, para resgatar alguns dos trocadilhos na fusão de nomes de bandas com jogadores da NBA, a #NBAbands, que foi trending topic há algumas semanas.

– “Durant Durant” = para ficar no tema.

– “Garret Temple of Dog” = o Temple of Dog uniu os integrantes de Pearl Jam e Soundgarden, vizinhos de Seattle. Garret Temple ainda busca se firmar na NBA, fazendo dupla armação com John Wall no Wizards.

– “Rajon Against the Machine” = A fama de esquentadinho de Rajon Rondo poderia ser direcionada contra o sistema, como fez nos anos 90 os revolucionários do Rage Against?

– “30 Seconds Dumars” = Quando Joe Dumars contratou Charlie Villanueva e Ben Gordon de uma só vez, quebranco a banca, muitos torcedores do Pistons se perguntaram certamente se ele estava com a cabeça a “30 Seconds to Mars”, banda do ator Jared Leto.

– “John, Paul George, and Ringo” = Eu realmente nunca havia pensado que o prodígio do Indiana Pacers reunia dois daquele quarteto de Liverpool em um só nome.

– “The Jimmer Fredette Experience” = A experiência de Jimi Hendrix não durou muito, mas deixou um baita legado para a música. Jimmer Fredette, fenômeno univeristário, ainda batalha para deixar sua marca na liga.

– “Bryant Adams” = uma combinação insólita de um dos maiores assassinos em quadra, Kobe Bryant, com um astro pop canadense de letras bem melosas, Bryan Adams.

– “My Darnell Valentine”, “My Bloody Valanciunas” = a banda shoegaze viajandona My Bloody Valentine voltou a lancar um álbum neste ano e serviu de inspiração para dois dos melhores nomes, seja com o ex-armador de Portland Trail Blazers, Cleveland Cavaliers e que terminou a carreira na Itália, ou com o jovem pivô lituano Jonas Valanciunas, aposta do Raptors.

– “Lillard Skynyrd” = Damien Lillard pode ter vindo do interior dos Estados Unidos, mas imagino ser pouco provável que a sensação do Blazers toque em seu iPod algum sucesso setentista do Lynyrd Skynyrd.

–  “Simon & Garnett” = Se Paul Simon já brigava com alguém de voz tão bonita como Art Garfunkel, o que aconteceria se ele fizesse dupla com um psicopata feito Kevin Garnett?

– “The Artist Formally Known as Tayshaun Prince” = hoje no Grizzlies, Tayshaun ao menos quer provar que ainda pode ser uma peça útil nos playoffs, enquanto Prince pirou por completo.

– “Bon Iverson” = Iverson chegou tarde. Bon Iver já tem em Kanye West seu rapper preferido.

– “Ol’ Dirk Bastard” = Nowitzki já é praticamente um texano de Dallas, mas parece estar longe do rap nervoso (e dos pileques) de Ol’ Dirty Bastard, um dos integrantes do histórico grupo de rap Wu Tang Clan.

– “Al Jefferson Airplane” = Os movimentos de costas para a cesta de Al Jefferson são tão criativos como o som psicodélico do Jefferson Airplane? Não chega a tanto.

– “Earth, Wind & Fire Isiah” = nesta versão, a banda favorita de qualquer torcedor radical do New York Knicks que tenha vivido um pesadelo na era Isiah Thomas em Manhattan.

– “Brad Lohaus of Pain” = É do House of Pain uma das músicas mais tocadas na história dos jogos de basquete, “Jump Around”. Para Brad Lohaus, um branquelo pouco atlético, ficar saltando muito por aí, apenas na primeira versão do NBA Jam, pelo Milwaukee Bucks, mesmo.


Nenê é decisivo contra Howard e interfere na luta do Lakers pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Nenê x Kobe

Não adianta segurar, Kobe. O Nenê já foi embora

Se, por um acaso, o Los Angeles Lakers ficar fora dos playoffs da Conferência Oeste, procurem se lembrar da noite de 22 de março, e do papel que Nenê pode ter nessa eventual eliminação da badalada – e hoje conturbada – franquia.

A que ponto chegamos, então: comemorar uma possível interferência do pivô numa briga em que sua equipe não está nem envolvida diretamente. Mas é isso, mesmo. Olhando a tabela, com o Washington Wizards numa draga tão lastimável, fica difícil, quase impossível de se imaginar grandes momentos esportivos, competitivos para o brasileiro na temporada.

De todo modo, aconteceu, está registrado: Nenê tratou de dar um jeito de deixar suas impressões digitais na cena do crime quando chegar a hora de avaliar o que deu de errado nesta temporada do Lakers.

Quando o relógio marcava 2min17s para o fim, Kobe Bryant estava na linha de lances livres para deixar a equipe da casa em vantagem por três pontos, 97 a 94.

O que se viu a partir daí foram, então, três posses de bola seguidas em que o paulista de São Carlos pediu a bola, assumiu a responsabilidade e pontuou. Quando restavam apenas 43 segundos no cronômetro, o placar era de 99 a 97 Wizards, com cinco pontos consecutivos de seu caríssimo pivô. E quer saber do que mais? Todos os cinco pontos saíram com ele enfrentando um defensor chamado Dwight Howard. Foram dois pontos em um giro no garrafão, com assistência de John Wall. Depois, um gancho em corrida paralela ao aro. Por fim, em outra arrancada agressiva para a cesta, forçou Howard a fazer falta. Na linha de lances livres, errou o primeiro e converteu o segundo.

No fim, Nenê terminou com 15 pontos, cinco rebotes e dois tocos. Acertou sete de 15 arremessos de quadra. Números que poderiam ser avaliados facilmente como “modestos” ou “bonzinhos” – mas nem sempre as estatísticas vão realmente contar toda a história.

Até porque, na verdade, ainda teve muita história nos 40 segundos finais: John Wall matou quatro lances livres, Kobe Bryant errou arremessos fáceis, fez um bem difícil, mas acabou perdendo o mais importante. Com pouco mais de 1 segundo para o fim, Howard conseguiu fazer um passe sensacional de sua linha de base, encontrando o ala na linha de três pontos do outro lado. Kobe se desmarcou de Trevor Ariza, fez um drible para ajeitar o corpo e teve tempo para subir e chutar. Deu aro.

*  *  *

Por falar em Ariza, o jogador renegado pelo Lakers guardou sua melhor atuação da temporada para sua ex-equipe. Lembrem-se que ele estava na campanha do título em 2010, mas depois não teve seu contrato renovado, e sua vaga ficou com o lunático Ron Artest. Pois bem, a julgar pela expressão facial do ala durante a partida, ele foi para quadra pensando bastante a respeito. Como numa intervenção divina, ele acertou sua pontaria de três pontos e matou cinco de sete bolas de três pontos, fechando sua participação com 25 pontos, quatro assistências e quatro rebotes. Nem Phil Jackson poderia acreditar.

*  *  *

Uma derrota preocupante para o Lakers.

(Como se eles precisassem de mais coisas com que se preocupar, aliás.)

O Wizards até se mostra competitivo desde o retorno de John Wall, vencendo agora seis de seus últimos oito jogos – mas foram dois triunfos contra o Phoenix Suns, um contra o Cleveland Cavaliers, um contra o New Orleans Hornets e um contra o Charlotte Bobcats, saca? Em Los Angeles, depois de tanto tempo de descanso, era uma vitória obrigatória.

O time não jogava desde segunda-feira, podendo descansar as costas de Howard e Nash, dar mais alguns dias para a reabilitação do tornozelo de Kobe (21 pontos, 11 assistências, 8/18 nos arremessos em 28 minutos) e ainda iniciar a reintegração de Pau Gasol ao time. Sim, o espanhol barbudo voltou após algumas semanas de ausência por conta de sua fascite plantar. Jogou por 20 minutos (roubando tempo de quadra de Earl Clark, um dos mais atléticos do elenco), ainda fora de ritmo, e somou quatro pontos e oito rebotes.

Mike D’Antoni ainda consegue respirar fundo pelo fato de que sua equipe ainda ocupa o oitavo lugar no Oeste, com duas vitórias de vantagem para o Utah Jazz. Mas haja coragem para brincar tanto com a sorte assim. Oras, foi a segunda derrota seguida do clube, depois de perderem para o mesmo Suns que o Wizards bateu duas vezes nos últimos dias. Afe.

Então volta a acender a luz de alerta. Do contrário, pode ser que, nas próximas semanas, mais alguns jogadores se juntem a Nenê numa lista de caras que, pelo menos, podem dizer que deram sua contribuição para ferrar com o poderoso Lakers.


Steve Blake para o resgate! No jogo em que Kobe saiu zerado, reserva salva Lakers
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Giancarlo Giampietro

Paul George x Kobe Bryant

Paul George é bom defensor, mas só um tornozelo estourado para anular Bryant

Aí o blogueiro só errou o Steve, né?

O mesmo blogueiro que afirmava que a pressão da lesão de Kobe Bryant cairia em Nash – e, não, no Blake.

Só para deixar clara a surpresa pelo que pudemos ver hoje, repetimos de modo mal-educado, gritando: “CAIRIA EM NASH E, NAO, POR DEUS, EM BLAKE!!!”.

Pronto. Passou o choque.

Jogando contra a defesa do Indiana Pacers, a mais chata, mais combativa de toda a liga, numa atuação (que não deixa de ser) histórica de Kobe Bryant, zerado pela primeira vez em sua carreira, foi o armador reserva que apareceu para o resgate. Com 18 pontos. Com sete assistências. Com seis rebotes. E mais, acreditem, dois tocos e quatro roubos de bola. De cair o queixo, mesmo.

Com Blake em quadra, o Lakers teve saldo de 21 pontos – sendo que, no geral, a vitória foi de apenas seis pontos (99 a 93). Pesou muito nessa conta sua inspirada jornada nos tiros de longa distância, fazendo o Pacers pagar caro com cinco bolas de três pontos convertidas em sete arremessos tentados, mudando todo o panorama do confronto, fazendo algo que o Lakers não tem conseguido com frequência: bombardear os adversários de modo eficiente do perímetro.

Dessa vez, o armador reserva também teve a ajuda de dois comparsas insuspeitos: Antawn Jamison, que matou quatro de sete de fora, e do anti-herói do lunatismo, Ron Artest, com duas em quatro. No geral, a equipe matou 50% do que arriscou de fora, 13 para 26. Mike D’Antoni provavelmente deve ter chorado nos vestiários, de pura comoção.

*  *  *

Depois de torcer o tornozelo de modo grave na quarta-feira contra o Atlanta Hawks, caindo sobre o pé do ala Danthay Jones, supunha-se que Kobe ficaria uma ou duas semans, no mínimo, afastado das quadras. Mas, claro, que o astro não ia aceitar isso – estamos falando do mesmo cara que já comunicou a jornalistas, dirigentes e seja lá quem mais for que éele quem decide quandopode ounão pode jogar devido a uma lesão.

Pois, três horas antes da partida em Indianápolis, ele realizou uma atividade leve por pouco menos de meia hora com o preparador físico Gary Vitti (um tesouro do Lakers a essa altura, trabalhando pela franquia desde os tempos de Magic Johnson). E julgou que estava pronto para outra.

Durou apenas 12 minutos, tempo suficiente para ele tentar quatro arremessos, errando todos eles. De resto, foram duas assistências, um rebote defensivo e um desperdício de bola.

Exagerou, né?

Aparentemente, segundo os números.

Por outro lado, Kobe sendo Kobe, imagine o recado que ele deu aos seus companheiros. É aquela coisa de “liderar por exemplo” levada ao extremo.

Sem contar o fato de que ele permaneceu no banco ao lado dos jogadores, berrando contra os árbitros, ajudando a elaborar jogadas, apoiando, fazendo tudo o que um tornozelo contundido permite.

*  *  *

Foi uma vitória muito importante para o Lakers. Depois da derrota em Atlanta, conseguiram vencer o jogo supostamente mais difícil de sua curta viagem pela Conferência Leste. Tendo agora pela frente as dragas chamadas Sacramento Kings, Phoenix Suns e Washington Wizards (mesmo com Nenê e John Wall jogando, vai…), Mike D’Antoni tem tudo para chegar ao confronto com o Golden State Warriors, no dia 25 de março, 38 vitórias e 31 derrotas, bem mais perto de uma classificação para os playoffs.

Isso, claro, se um dos Steves não deixar a poeira abaixar.


Lesão de Kobe coloca pressão em Steve Nash na luta do Lakers pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Steve Nash, ânimo!

Conseguiria Nash replicar suas temporadas no auge pelo Suns, liderando o Lakers?

Então vocês já sabem que o Kobe Bryant, tentando mais uma cesta miraculosa em final de partida do Lakers contra o Hawks em Alanta, terminou por torcer o tornozelo, né? Que por enquanto não há previsão para quando ele poderá voltar a jogar – mas ninguém cravando também que ele vá realmente ficar fora de algum jogo da equipe. O que se sabe apenas é que a torção foi feia.

Kobe sendo Kobe, só não se espantem, por favor, se ele já estiver em quadra na sexta-feira contra o Indiana Pacers ou no domingo contra o Sacramento Kings. Estamos falando do mesmo cara que jogou longas sequências de partidas com ligamentos rompidos em seu pulso direito, com o dedo indicador da mão direita fraturado, fazendo uma infiltração depois da outra durante os playoffs de 2010 etc. etc. etc.

Com 34 vitórias e 32 derrotas, o Lakers supostamente não pode se dar ao luxo de preservar seu espetacular veterano por muito tempo, em uma briga ferrenha com o Utah Jazz pela oitava colocação do Oeste, ainda sonhando em alcançar, de repente, o Houston Rockets ou o Golden State Warriors e, tomando cuidado também com o Dallas Mavericks, que ainda está no páreo.

Agora, no caso de, glup, Kobe realmente ter arrebentado o tornozelo esquerdo, a equipe californiana pode ou dar adeus aos mata-matas, ou descobrir que Steve Nash é um armador de elite na NBA.

Sim, no caso de Kobe ficar fora por mais de uma semana, a pressão agora é toda do canadense.

Está certo que seu elenco, hoje, é bem enfraquecido. Se Mitch Kupchak e Jim Buss montaram um dos quintetos mais temidos da liga, falharam grosseiramente em encontrar jogadores baratos e decentes para o banco – enquanto um Chandler Parsons ou um Greg Smith se tornam barganhas em Houston, Darius Morris, Robert Sacre e Devin Ebanks só carregam isotônicos em LA. De qualquer forma, nas duas últimas temporadas, o cenário que Nash encontrou não era muito diferente, tendo de carregar um plantel medíocre do Suns em uma duríssima conferência. O resultado: 71 vitórias e 77 derrotas, para um aproveitamento de 47,9%, que talvez, talveeeeeez seja o suficiente para assegurar o oitavo lugar daqui  para a frente.

Seu melhor companheiro para a criação de jogadas em pick-and-roll era Marcin Gortat. Hoje, ao menos tem um Dwight Howard ao seu lado – e Pau Gasol poderá estar de volta na semana que vem. Um bom começo, não? De resto, seria torcer para que Jodie Meeks acerte a mão de três pontos e consiga elevar seu atual rendimento de 37,7%, que  é baixo para um suposto especialista, contratado apenas para isso, ocupando uma faixa salarial valiosa em um time que já não tem mais flexibilidade alguma para buscar reforços… Do contrário, ter priorizado o ala ex-Sixers em detrimento de Leandrinho pode se tornar um erro ainda mais grave e custoso nesta reta final de campeonato.

Mais importante, porém, é saber em que estágio estão as habilidades individuais de Nash com a bola nesta altura da campanha. Uma leitura difícil de se fazer. Afastado do santificado estafe de preparadores físicos e médicos do Suns, deslocado para outra função, será que ele consegue regressar no tempo e conduzir um eventual Lakers-sem-Kobe rumo aos playoffs?

Quando o Lakers contratou Nash no ano passado, foi uma bomba. Na hora de digerir a negociação, duas vertentes se desdobraram: pensando de modo otimista, o armador poderia aliviar a carga pesada que Kobe carregava em LA; por outro lado, sobravam dúvidas sobre o quanto seus estilos combinariam em quadra.

Inicialmente, uma fratura na perna de Nash não deixou outra opção: Kobe teria novamente de fazer um pouco de tudo em busca de vitórias. Quando o armador retornou, a temporada já estava toda avariada, com a troca de Mikes no comando e uma saraivada de críticas públicas dentro do elenco. No fim, foi decidido – por quem? – que Bryant continuaria dominando a bola por um tempo, com o Capitão Canadá funcionando como uma espécie de Super Steve Kerr ao seu lado. Arremessar melhor que Steve Blake, Jordan Farmar, Ramon Sessions, Derek Fisher e Smush Parker, opa!, a gente sabe que faz. Ô, se faz: somando arremessos de dois e três pontos e de lances livres, sua média de True Shooting ainda é excepcional, com 60,7% de acerto. Apenas no perímetro, ele converte 43,4% dos chutes, melhor marca nos últimos quatro anos.

De um modo geral, porém, a transição para o Lakers teve um impacto claro no jogo de Nash. Antes, ele brilhava controlando o show, chamando pick-and-rolls por toda a quadra, puxando contra-ataques mortais, chutando a partir do drible. Um pacote bem diferente do que se posicionar no lado contrário, esperando pelo passe, ou do que correr fora da bola buscando corta-luzes para ser municiado. Nos números, o impacto dessa mudança é claro: o armador toma conta de apenas 17,1% das posses de bola da equipe, bem abaixo dos 21,4% de dois anos atrás no Arizona. Além disso, suas posses de bola terminam em assistência em 31,7%, a média mais baixa de sua carreira desde 2000 – nas últimas temporadas, por exemplo, os índices foram de 50,9% e duas vezes 53,1%. Em termos de produção geral, seu valor despencou de 20,3 de eficiência para apenas 15,4, exatamente 0,4 acima da média da liga.

Sem a inesgotável criatividade de Kobe no perímetro, Nash terá de resgatar seu padrão de jogo que lhe deu dois prêmios de MVP na década passada, ou algo perto disso.

Não é da maneira como queriam, idealizavam, mas ele e Mike D’Antoni agora têm a chance de repetir as brilhantes campanhas em Phoenix. Com a diferença de que há, agora, muito mais (pressão) em jogo.


Lakers assume 8ª posição no Oeste; saiba tudo sobre a luta com o Utah pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Kobe x Paul Millsap

O Lakers de Kobe faz a ultrapassagem. Seguirá na frente?

Atos heróicos de Kobe Bryant, Dwight Howard já canta música para o ala veterano, Pau Gasol não volta, mas também parou de reclamar, e o Lakers, aos trancos e barrancos, deu um jeito de retomar a oitava colocação do Oeste, com uma vitória a mais do que o Utah Jazz Para um clube que acreditava brigar pelo título, pode não parecer muita coisa, mas, considerando o caos que tomou conta de sua campanha, a mera classificação para os playoffs talvez seja comemorada como a conquista do campeonato.

Mas calma lá também, né. Assumir a oitava posição da conferência no dia 10 de março não significa de modo algum que ela será mantida até o meio de abril, quando se encerra a temporada regular. Ou é isso mesmo?

Confira abaixo um apanhado de dados que detalham o confronto direto entre Lakers e Utah pela última vaga dos mata-matas na fração ocidental da NBA, seguidos por algumas considerações, já que os números nem sempre vão dizer tudo:

– Retrospecto do duelo: Utah Jazz 3 a 1, e os times não se enfrentam mais.

– Até o momento, o Lakers enfrentou adversários que venceram 51,2% de seus jogos. Para o Utah, 49,9%

– No último quarto (25%) de tabela, o Lakers encarou oponentes com 50,4% de aproveitamento. Para o Utah, 49,1%

– O Lakers venceu oito de seus últimos dez jogos. O Utah, apenas três.

– O saldo de pontos do Lakers no campeonato todo é de +1,1. Do Utah, -0,6.

– O Lakers disputou 32 jogos dentro de casa e 31 fora. O Utah, 30 e 33, respectivamente.

– Campanha do Lakers na estrada: 11 vitórias e 20 derrotas. Utah: 10 e 23.

– Campanha do Lakers em casa: 22 vitórias e 11 derrotas. Utah: 22 e 8.

– A tabela restante do Lakers: @ Orlando, @ Atlanta, @ Indiana, Sacramento, @ Phoenix, Washington, @ Golden State, @ Minnesota, @ Milwaukee, @ Sacramento, Dallas, Memphis, ‘@’ Clippers, New Orleans, Portland, Golden State, San Antonio, Houston. O aproveitamento médio de seus oponentes restantes é de 47,5%. São 9 fora de casa (embora um deles seja contra o Clippers, em Los Angeles, com torcida mais favorável ao Lakers sempre, independentemente da temporada de darlins dos ex-primos pobres), 9 em casa.

– A tabela restante do Utah: Detroit, @ Oklahoma City, Memphis, Knicks, @ Houston, @ San Antonio, @ Dallas, Philadelphia, Phoenix, @ Portland, Brooklyn, Portland, Denver, New Orleans, @ Golden State, Oklahoma City, Minnesota, @ Minnesota, @ Memphis. O aproveitamento médio de seus oponentes restantes é de 53,2%. São 8 fora de casa, 11 em casa.

Comentando…
Lakers enfrenta adversários mais fracos, mas o Utah conta com a vantagem de jogar mais em casa, onde é consideravelmente melhor – jogar em Salt Lake City ainda é uma das paradas mais difíceis da liga. Agora, tudo isso pode se tornar relativo. Vejamos: a) esse aproveitamento pode mudar de rodada para rodada, claro; b) teoricamente enfrentar o Memphis Grizzlies na última ou o San Antonio Spurs Spurs na penúltima rodada pode ser uma pedreira, ou não, dependendo do que está em jogo para os respectivos clubes e quem vai entrar em quadra; c) o mesmo raciocínio vale também para os jogos fora de casa: o quanto seria difícil jogar contra um time eliminado ou já garantido nos playoffs nessas condições? Quer dizer: esses números servem como um indicativo, mas não podem ser levados para nenhum teste de soro da verdade.

O momento é todo do Lakers agora, mas eles precisam fazê-lo valer em uma sequência de três jogos fora de casa que começa terça contra uma baba como o Orlando Magic – mas que pode se tornar uma arapuca, devido ao fator “Dwight-Howard-reencontra-a-turminha-na-Disneylandia” – e dois times encardidos. Além do mais, antes do triunfo seguro sobre o Chicago Bulls, não dá para esquecer que Mike D’Antoni precisou de duas noites seguidas de milagres por parte de São Kobe Vino Bryant para vencer dois times abaixo da linha da mediocridade como Hornets e Raptors. Por mais espetaculares que tenham sido as jogadas de Kobe, o fato é que o Lakers penou e teve muita sorte para vencê-los. Tudo isso para dizer o seguinte: o Lakers não está exatamente em uma posição em que possa estourar o champanhe ou dizer que qualquer jogo é fácil. Para esse time? Não é, não serão. Mais: Pau Gasol ainda está longe de retornar ainda, e qualquer pancada mais forte no lesionado ombro de Dwight Howard pode por um fim na brincadeira.

Do lado do Utah Jazz, os desfalques eventuais de Paul Millsap e/ou Al Jefferson, o retorno errático de Mo Williams, toda a confusão causada na rotação de Tyrone Corbin, a incapacidade/relutância da diretoria em fechar um negócio este ano, tudo isso num balaio só aponta para um time que viu setrem descarrilar nas últimas rodadas. O que é mais importante agora: dar tempo de quadra aos mais jovens ou conquistar a vaga nos playoffs? (Essa tem resposta: para o lado comercial da franquia, a vaga, que rende grana em pelo menos um confronto de mata-mata e desperta interesse para a temporada seguinte.) Mas…  será que o time já não é melhor com Enes Kanter do que com Al Jefferson? Ou com Derrick Favors jogando ao lado de Paul Millsap? Ou com… Enfim… Vão conseguir reencontrar o rumo e, pelo menos, vencer um jogo a mais que o Lakers, empatar na classificação e assegurar a vaga por confronto direto?

*  *  *

Na reta final, se o Los Angeles Lakers conseguir duas vitórias a mais que o Golden State Warriors, os dois times estarão empatados na tabela. Três derrotas a mais em relação ao Utah Jazz, do Warriors o deixaria atrás do Utah Jazz também. Sim, meu raro amigo sofredor viúvo de Chris Mullin, Mitch Richmond e Tim Hardaway, você também pode ficar preocupado, ainda mais quando sua equipe enfrenta o Lakers mais duas vezes e o Utah, uma.

 


Mesmo com série de vitórias, Lakers ainda luta contra probabilidades
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Giancarlo Giampietro

Dwight Howard x Kobe Bryant

Howard está melhorando, Kobe promete os playoffs… Mas o Lakers ainda está numa enrascada

Por Rafael Uehara*

Com a vitória de 103 a 99 sobre os Dallas Mavericks neste último domingo, o Los Angeles Lakers chegou a um recorde de 28-29 e está apenas dois jogos atrás do Houston Rockets na coluna de derrotas na briga pela oitava vaga nos playoffs da Conferência Oeste. Kobe Bryant foi mais uma vez fantástico, marcando 38 pontos com aproveitamento de 13-21 em tiros de quadra, pegando 12 rebotes e postando sete assistências. Steve Nash marcou 20 com aproveitamento de 7-12 em tiros de quadra.

Mesmo com a vitória em Dallas, a sétima do time nos últimos 10 jogos, as probabilidades matemáticas dos Lakers chegarem aos playoffs continuam pequenas. De acordo com o algoritmo formulado por John Hollinger, ex-analista da ESPN hoje vice presidente de operações do Memphis Grizzlies, os Lakers tem apenas 37% de chance de chegar aos playoffs no momento, enquanto o Utah Jazz tem 65,7%, o Golden State Warriors, 88,1% e o Houston Rockets, 97,2%.

Isso se dá porque a formula de Hollinger leva em consideração força de tabela recente – acumulando o aproveitamento de cada adversário. E de acordo com o power ranking de Hollinger, o Lakers enfrentou a décima tabela mais fraca da liga nestes últimos 10 jogos. E ainda sim, perdeu em Phoenix, sofreu em Charlotte e foi humilhado por Clippers e Celtics. Postou um diferencial de pontos de apenas +1.8 no período.

E as coisas não ficam muito mais fáceis daqui pra frente: 13 dos últimos 25 jogos do time serão na casa do adversário, incluindo viagens a Denver nesta segunda-feira, Oklahoma City, Indiana e Golden State. O time ainda enfrentará em casa os gigantes do Oeste: Clippers, Spurs e Grizzlies e o persistente Chicago Bulls em casa mais uma vez cada, além de receber o Rockets no último dia da temporada regular. A defesa que permanece inconstante ainda enfrentará sete dos 10 melhores ataques da NBA nessa reta final.

Levando todo o contexto em consideração, não há como fugir do fato que as probabilidades ainda estão contra o Lakers, lado emocional e promessas de Kobe Bryant à parte.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.