Vinte Um

Arquivo : Kobe Bryant

Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Técnico do Lakers esbanja otimismo ao avaliar reforços e planejar temporada
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Giancarlo Giampietro

Mike D, likes to keep it clean

Mike D’Antoni, visionário ou maluco?

Você, amigo torcedor do Lakers, pode receber as informações abaixo de duas maneiras.

1) Abrindo um sorriso de orelha a orelha.

2) Depois do engasgo, se armar com sarcasmo.

É o seguinte: Mike D’Antoni acabou de dar uma longa entrevista para a rádio ESPN de Los Angeles e se mostrou o sujeito mais otimista da Califórnia. Que seu time tenha terminado a temporada passada varrido pelo Lakers? Que Dwight Howard tenha arrumado a trouxinha e fugido da pressão rumo a Houston? Que o retorno de um Kobe Bryant pleno ainda seja dúvida? Que a torcida tenha se apegado aos cantos de “We want Phil! We Want Phil!”?

Nada disso importa para abalar a confiança do treinador. “Vamos ser melhores do que a maioria das pessoas pensa”, disse o treinador, que elogiou o trabalho do vice-presidente Jim Buss e do gerente geral Mitch Kupchak para compor o elenco 2013-2014. “Estou empolgado com muitos dos jogadores que estão chegando.”

Para os que perderam viagem, o clube já acertou as seguintes contratações: o armador Jordan Farmar, os alas Nick Young e Wesley Johnson, o pivô Chris Kaman, além de ter renovado com o segundanista Robert Sacre e de ter acertado um contrato (sem garantias) com o novato alemão Elias Harris. É isso aí. De resto, ele conta com Steve Nash e Pau Gasol, Steve Blake, Jodie Meeks, Jordan Hill e qualquer coisa que Kobe possa oferecer.”Acho que eles fizeram um ótimo trabalho recarregando da melhor maneira que poderíamos, mantendo o olho no mercado e mantendo nossas opções em aberto, de acordo com as regras da nova CBA (o acordo trabalhista da liga)”, disse.

Maaas…Completou o raciocínio desta forma, com uma singela ressalva nas primeiras frases: “Precisamos desenvolver alguns deles. Eles precisam ser melhores do que muitos pensam, e acho que podemos fazer isso e surpreender as pessoas. Então veremos. Não dá para descartar nada. Você não pode por um teto para suas expectativas, e estou realmente animado com as contratações”. Uma coisa o técnico tinha ao seu lado em Phoenix: seu sistema ou Nash faziam de jogadores subvalorizados muito bem pagos. Mas isso faz tempo já.

D’Antoni está tão confortável com seu elenco que pretende usar até 11 jogadores em sua rotação durante a temporada. “Seriam 11 caras com muitos minutos, sendo envolvidos com o time e isso nos permitiria jogar em um ritmo mais acelerado”, afirmou.

E o que mais? Em que termos estaria seu relacionamento com Pau Gasol agora? “Acho que está bom. Acho que está bom, de verdade. Tivemos de passar por algumas coisas primeiro”, disse, acrescentando que também espera uma das melhores campanhas da carreira do espanhol a partir de outubro. “Essa é minha meta… Estou extremamente feliz… Ele será uma peça grande do que vamos fazer.”

Para constar, o bigodudo também não acredita que Steve Nash vá largar tudo para ser um jogador de futebol e que também espera um baita campeonato de seu escudeiro.

É isso: as celebridades fazem piquenique em algum parque de Los Angeles, as borboletas voam, coloridas que só, enquanto o céu está azulzinho, não há tensão racial alguma nos subúrbios e Arnold Schwarzenegger topa, sim, fazer um Exterminador 4.

*  *  *

Bom, agora que despejamos suas frases, vamos aos comentários…

Sobre a rotação com 11 jogadores, historicamente, o técnico não está habituado a usar tantos atletas assim. Na temporada, nove jogadores tiveram mais de 20 minutos em média (ou 11 com mais de 14), mas isso se deve muito mais devido a lesões de Gasol, Nash e Blake do que qualquer outra coisa.

Em seus tempos de Knicks, isso não fica muito claro devido ao monte de trocas que Donnie Walsh fechou ano após ano na expectativa de limpar sua folha salarial. Mas, na era de sete segundos ou menos de Phoenix, o número de jogadores escalados com frequência não passava de oito. Em diversas ocasiões o clube trocou suas escolhas de primeira rodada do Draft não só para poupar as reservas de Robert Sarver, mas também por que se dizia que “Mike não iria jogar com os novatos, mesmo, e ele trabalha com poucos jogadores”. Agora, de repente, ele pensa em usar 11 caras? Será essa sua verdadeira intenção ou está apenas querendo agradar ao chefe, que o protegeu durante um período de críticas pesadas?

Segundo: se ele for colocar a rapaziada correndo feito doida em quadra, como  esperar uma temporada espetacular de Pau Gasol? O espanhol não foi moldado para descer a quadra voando. E, mesmo se fosse o caso, vem lidando com tendinite nos joelhos, fascite plantar aguda e todas as dores que um gigante de 2,13 m pode ter depois de jogar basquete por tanto tempo na vida. Por que você vai pegar seu melhor jogador – e é este o caso, enquanto não sabemos detalhes dos boletins médicos de Kobe – e forçá-lo a se adaptar num sistema que não favorece seus talentos? Já parece uma temeridade desde já, e não dá para imaginar Gasol aceitando bem nada disso. Daí para a troca de farpas via mídia voltar, não demora…

Toda a lógica do parágrafo vale da mesma forma para Chris Kaman, com a enorme diferença de que estamos falando de Chris Kaman e, não, de um dos maiores jogadores dos últimos dez anos.

E quem poderia se beneficiar do “sistema” – desde que Nash esteja em forma? Wes Johnson, atlético e que poderia se encaixar como um falso ala-pivô nessa formação, em vez de vagar sem destino no perímetro, e Nick Young, caso ele tope jogar sem a bola.  Jordan Hill, um pivô mais leve e muito mais atlético que Gasol, mas que não convenceu D’Antoni tanto assim em Nova York, e Jordan Farmar, que nunca teve muita oportunidade de jogar solto em sua carreira, também seriam eventuais beneficiários.

Quer dizer: você vai sacrificar um Gasol na esperança de fazer dois alas medíocres e dois reservas melhores?

Não faz muitos sentido, não.

*  *  *

D’Antoni também comentou a surpreendente contratação de Kurt Rambis, um aliado ferrenho do Mestre Zen, como seu assistente para a próxima temporada. “O Phil põe uma sombra grande para qualquer um, e é assim que deveria ser – mas estou apenas tentando contratar os melhores caras qualificados (para o emprego. A torcida gosta muito dele, mas o fato é que ele sabe como treinar…. Ele vai tornar nosso time melhor”.

Rambis chega com incumbências defensivas. Uma tarefa hercúlea para uma equipe que teve apenas a 18ª retaguarda mais eficiente na última temporada, mesmo com Dwight Howard (ou a “Carcaça de Dwight Howard”) no garrafão. Uma retaguarda que também perdeu o Ron Artest, velhaco, é verdade, mas ainda seu melhor marcador no perímetro.

“A defesa deles nunca lhes deu realmente uma chance para vencer”, resumiu Rambis. “Foi muito errática, no melhor dos cenários. Em geral, quando você traz muitos jogadores de sistemas diferentes, leva um tempo para conectar todos e deixá-los na mesma sintonia. Para se defender contra uma miríade de ataques da NBA, gente muito talentosa, isso pede cinco jogadores envolvidos. E para o Lakers, no ano passado, estava claro que eles nunca se conectaram neste lado da quadra.”

“Dava para ver na maioria dos jogos que os caras iriam colocar as mãos para cima, dizendo que não era sua responsabilidade, se perguntando quem deveria estar ali para fazer algo. Então, temos de fazer um trabalho muito melhor para direcioná-los para cobrir uns aos outros”. completou o renomado assistente.

Restou Rambis dizer apenas que o Lakers novamente terá uma penca de jogadores novos para serem trabalhados. Suas habilidades de discípulo Zen serão testadas.

*  *  *

Para fechar, uma última frase de Mike D’Antoni, na direção de Dwight Howard – que não teve coragem de enfatizar isso, mas também não escondeu de ninguém que não respeita seu ex-técnico, sentindo-se subutilizado no ataque: “É difícil para mim entender por que ele saiu de um lugar como LA. Isso é um pouco incompreensível. Isso está no DNA dele”. Ouch. Até o técnico se sente confortável em questionar o, digamos, estofo do pivô. Mal vemos a hora do próximo Lakers x Rockets.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Give Peace a Chance
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Ron x Meta

Sim, aconteceu. Para poupar alguns tostões, umas caixas de cerveja e uma dúzia de Mojitos para Jim Buss, o Lakers decidiu mandar a paz mundial para o beleléu. Quer dizer: anistiaram Ron Artest na noite desta quinta-feira, uma noite triste e fria em Los Angeles.

Antes de prosseguirmos, o que significa “anistiar”? É a medida que o novo acordo trabalhista permitiu aos clubes, podendo dispensar um jogador, retirando seu salário automaticamente de sua folha salarial, ainda que precisem pagá-lo normalmente. O incentivo da franquia nessa decisão foi economizar a grana que pagariam de taxas – algo em torno de US$ 15 milhões.

Desde que o impertinente repórter Kevin Ding, do Orange County Register,  ter soltado no Twitter a notícia de que o #mettaworldpeace estava prestes a ser anistiado, o mistério estava no ar. Kobe Bryant se pronunciou também na rede social para lembrar alguns dos melhores momentos do ex-companheiro pela equipe e disse que gostaria que ele seguisse no elenco, ainda que não tenha sido extremamente crítico.

Agora, quanto aos torcedores?

Aí foi dureza.

Um grupo chegou a organizar uma petição online pró-Artest endereçada a Buss e ao gerente geral Mitch Kupchak. Antes do texto da petição em si, eles redigiram um texto profundamente tocante para contextualizar o que estaria em jogo para toda uma nação Laker:

Nesta semana, recebemos a triste notícia de quem de nossos maiores heróis, Metta World Peace, seria anistiado em um movimento para corte de custos. Entendemos que o basquete, no final do dia, é um negócio. Mas Metta é um homem para o qual as regras ordinárias não deveriam ser aplicadas. A diretoria do Lakers não pode oficialmente  anistiar Metta até o dia 10 de julho, uma quarta-feira. Temos que esperar apenas que eles mudem de ideia. Então aqui vão algumas palavras sobre o homem, o mito, o Metta:

– É um cara que é um dos defensores mais duros e sovinas de todos os tempos.

– É um cara que sempre nos fez rir  quando tudo o mais nos fazia chorar.

– É um cara que nunca desistiu de uma jogada.

– É um cara muito mais sexy do que o normal.

– É um cara que brinca com seus fãs no Twitter.

– É um cara que passou da maior suspensão da história da NBA para ganhar o Prêmio de Cidadania da liga.

– É um cara que colocou seu time nas costas e fez a cesta decisiva do Jogo 7 das finais da NBA e, então, prontamente agradeceu seu terapeuta em seu discurso ao final da partida.

– É um cara que deu seu anel de campeão  aos torcedores.

Agora é hora de retribuir a ele de alguma forma. Por favor, assine a petição abaixo para manter Metta aonde ele pertence. De roxo e dourado.

Sniff, sniff!

Que belas palavras, né? ; )

Resumindo, então, o texto que clamava pela continuação de Artest: que todo mundo podia imaginar o Lakers sofrendo na temporada que vem, mas que não seria bem assim, que dava para lutar, e para isso o ala deveria ficar no elenco. Que ele teria dado um duro danado no campeonato passado, ajudando a equipe a enfrentar a crise, que voltou de uma operação no menisco em 12 dias e que suas contribuições não teriam preço.

Não adiantou de nada. Deram um chute no jogador, mesmo.

E como fica ele, a parte mais afetada, em toda essa história?

Ron-Ron procurou agir com ironia e piadas a partir de sua dispensa. Um comportamento natural para tentar driblar a frustração, a humilhação e o orgulho ferido. Pobre coitado. Disse que ia se aposentar e jogar hóquei pelo LA Kings. Disse que jogaria pelo Shangai Sharks, de Yao Ming, na China. Também afirmou, antes, que havia anistiado seu iPhone 3 e uma calça jeans, que não servia mais. Mas que não era para todo mundo acreditar no que ele sempre dizia. Bidu. Até que anunciou que não iria mais postar nada em sua conta por 48 horas, sem saber ao certo até quando o jejum duraria, já que “havia perdido seu relógio”.

Até a noite de sábado, Artest estará, digamos, na lixeira da liga. Um lugar do qual poderá ser retirado por qualquer equipe abaixo do teto salarial que lhe faça uma proposta salarial. Mas podemos apostar que ninguém será maluco de se meter nessa. Aí, ao final de 48 horas, ele estará livre para assinar com quem bem entender. As primeiras especulações apontam o New York Knicks, de sua cidade natal. O interesse seria mútuo. Mas dá para imaginar o Clippers também tentando alguma coisa. Vai saber.

O fato é que são dias extremamente tristes estes, em que o lunatismo já não é mais respeitado.

Silêncio.

(…)

Pronto. Agora é de cantar:

Deem uma chance para a Paz!


A vingança de Kobe Bryant: não vai mais seguir Dwight Howard no Twitter
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Giancarlo Giampietro

No more Kobe, Dwight

Imaginem o Kobe Bryant num momento desses.

Deve estar espumando. Deve ter reduzido a carga de sono para 3 horas e meia. O restante ele tira na esteira.

A ponto de, não satisfeito por ele próprio ter deixado de seguir Dwight Howard no Twitter, convenceu (forçou? coagiu?) Pau Gasol a fazer o mesmo. : )

Se a partida de Dwight Howard para o Texas pode ter algum efeito positivo para o torcedor do Lakers, é a fomentação de suas fantasias sobre a legendária dedicação de Kobe aos treinamentos, a sua preparação e sua facilidade de encontrar qualquer motivo para se sentir o cara mais revoltado do planeta e descontar toda essa ira em quadra, na cabeça dos oponentes.

Aqui vai uma notinha já para vocês pensarem a respeito: em sua visita ao Brasil, Kobe trouxe na bagagem um punhado de camisetas e bermudas, o sundown, um par de sungas e… três ou quatro pessoas de seu estafe totalmente dedicadas a sua reabilitação. Ele não ficou nem uma semana por aqui nos trópicos, mas isso não era motivo para frear, em junho, seus trabalhos físicos. A dedicação era tanta que o estafe da Nike se maravilhava quando via o astro fazendo exercícios em pleno avião, se deslocando de São Paulo para Salvador, aonde viu a seleção brasileira golear a Itália.

Isso tudo antes de levar o fora de Howard.

Agora, então…

(Que o ala já tivesse toda a motivação do mundo para chocar a comunidade da medicina e voltar tinindo de uma lesão gravíssima que é a ruptura do tendão de Aquiles, tudo bem, a gente deixa quieto por ora. Melhor instigar, mesmo, o frenesi por Bryant, aproveitando ao máximo sua aura, enquanto ela ainda dura. E, além do mais, como ensinou o filme do homem que matou o fascínora, que se imprima a lenda!)

*  *  *

Nessa confusão toda, de feliz em Los Angeles temos Pau Gasol apenas. Sentindo-se destratado por dois anos sem parar, o espanhol, agente livre em 2014, agora sabe que a zona pintada é sua. Toda sua. Né, Jordan Hill? Agora não tem papo sobre troca, dispensa, nem nada. Se o Lakers quiser ser competitivo no próximo campeonato, só mesmo com o espanhol motivado, envolvido e em boa fase técnica. Será que D’Antoni, a fascite plantar e os joelhos vão deixar?

Quanto ao técnico, pode ser que, por De contratações pontuais, o Lakers tem ido atrás de jogadores que se encaixariam no sistema de D’Antoni. A escolha de Ryan Kelly já foi nessa direção. Chris Copeland era outro especulado – mas já é do Pacers. A boa notícia para Gasol: são dois alas-pivôs chutadores. Sem essa, então, de ver o barbudo jogando aberto o tempo todo.


Saída de Howard deixa caldeirão de Mike D’Antoni borbulhando em Los Angeles
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Giancarlo Giampietro

D'Antoni, LA Confidential

D’Antoni vai ter trabalho para colocar um Lakers coeso em quadra. Howard, o 12, caiu fora

É, Mike D’Antoni, e a gente pensando que 2012-2013 já havia sido complicado…

Com a saída de Dwight Howard rumo a Houston, o treinador que já dirigiu um dos times mais divertidos da história da NBA vai ter de ser bastante criativo se quiser voltar a sorrir – uma vez que seja – no próximo campeonato. Se ele já havia enfrentado enorme pressão nos últimos meses, a coisa pode ficar feia, mesmo, é a partir de agora.

Aliás, faz tempo que ele tem prazer de verdade na profissão.

Desde que viveu temporadas mágicas pelo Phoenix Suns em 2008, o técnico conseguiu apenas duas campanhas vitoriosas na liga. Vitoriosas no sentido de ter um aproveitamento superior a 50%, pelo menos. Em 2011, venceu 42 e perdeu 40 pelo Knicks (51,2%). Em 2013, venceu 40 e perdeu 32 pelo Lakers (55,6%).

Nash & D'Antoni

D’Antoni e o “jovem” Nash: será?

Dá para entender também: nos dois primeiros anos em Nova York, ele herdou um elenco que precisava ser fraturado e regenerado por Donnie Walsh, o homem incumbido de limpar toda a sujeirada que Isiah Thomas havia feito durante a década. O Knicks estava jogando, dolorosamente, para perder, mesmo. O objetivo era abrir espaço para a contratação de LeBron James e mais uma estrela em 2010. Acabou que chegou apenas Amar’e Stoudemire – que se reuniu com seu mentor do Phoenix Suns e ao menos conduziu o clube de volta aos playoffs.

Quanto ao Lakers? Bem, o aproveitamento esteve bem longe do esperado, a despeito de toda a turbulência que o clube enfrentou no último campeonato. Ainda assim, também se garantiram nos playoffs, mesmo que não tivessem chance alguma contra o Spurs sem Kobe, Nash e, glup!, Steve Blake, no fim.

Agora… Se as lesões certamente foram um fator decisivo em uma temporada que chacoalhou Los Angeles, boa parte do drama todo em volta de um elenco estelar que não teve liga alguma também foi causado pela incapacidade do treinador em controlar a situação. Ele simplesmente não teve personalidade para apaziguar os ânimos.

Só não dá para dizer que era tudo sua responsabilidade também. Com o afastamento e, depois, a triste morte de Jerry Buss, o KAkers foi tomado pela instabilidade. Seus filhos travavam uma guerra fria há anos pela sucessão, e essa disputa abalou consideravelmente a capacidade administrativa de Mitch Kupchak, que operou durante todo o ano sem um assistente e com um número reduzidíssimo de scouts, numa época em que a maioria dos concorrentes investiu mais e mais.

Também não foi D’Antoni quem telefonou para Phil Jackson e levou a negociação a público logo após a demissão de Mike Brown. A diretoria – Jim Buss, nêmesis de Jackson, e Kupchak, na verdade – atiçou uma das torcidas mais exigentes do esporte americano e, depois, decidiu inovar na contratação do substituto. Sobrou para quem?

O pior efeito deste flerte foi sobre Dwight Howard. Em suas primeiras entrevistas desde que escolheu o Rockets, o pivô, ao seu modo evasivo, expressou sua frustração com o treinador do Lakers. “Acho que tivemos nossos bons momentos, mas acho que seu estilo de jogo era um pouco diferente daquele ao qual estava acostumado”, disse – e isso que é de matar em Howard… Ele simplesmente não consegue ir direto ao ponto nunca. Depois, lamentou também o fato de não ter podido trabalhar com o Mestre Zen: “Bem, eu pedi para tê-lo como técnico no começo do ano”.

Para o torcedor do Lakers mais fanático, essa combinação de frases pode ser mortal quanto a D’Antoni – a não ser que este mesmo torcedor esteja puto o suficiente com o próprio pivô e todos seus caprichos, que possa dar um desconto ao técnico. De todo modo, bastará um início de campanha com acúmulo de derrotas para que o caldeirão borbulhe.

E como fazer para controlar isso e ter sucesso em quadra?

Ryan Kelly, inglês

Ryan Kelly é o único reforço até agora

Kobe Bryant ainda é uma incógnita. Voltar bem (mas bem mesmo, de acordo com seus padrões) de uma ruptura de tendão de Aquiles aos 35 anos seria algo inédito na NBA. Steve Nash? Completará 40 anos durante a temporada, um ano mais velho e um ano a mais distante dos curandeiros do Phoenix Suns. Pau Gasol? Mesmo que tenha reclamado horrores também de D’Antoni, seu maior problema foi mesmo o excesso de lesões – só disputou 49 partidas e, na verdade, nenhum jogador do time esteve em quadra por toda a temporada, cumprindo as 82 rodadas.

Entre os operários, Earl Clark, o mais atlético num plantel de jogadores enferrujados, saiu. Jordan Hill, outro que podia revigorar a equipe, mal parou em pé. Jodie Meeks esteve distante dos 40% na linha de três pontos (35,7%). Darius Morris, único novinho da turma, não foi desenvolvido. Draft? Chega apenas o ala-pivô Ryan Kelly, talentoso britânico de Duke – bom atirador de longa distância, bom passador –, mas que não defende quase nada.

Difícil.

Para o time poder prosperar, o técnico vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua vida e, ao mesmo tempo, torcer para que algumas – ou todas? – questões tenham soluções positivas: 1) que Kobe desafie qualquer prognóstico e esteja pronto feito Kobe em novembro; 2) que Gasol possa ficar saudável (mesmo com mais responsabilidades sem Howard); 3) o mesmo vale para Nash; e 4) que a diretoria acerte nas contratações periféricas e parem se apaziguem nos bastidores.

Por outro lado, se dois desses quatro tópicos tiverem resposta negativa, independentemente de quais, aí pode ter certeza que, no Staples Center, haverá mais um a gritar por Phil Jackson: o próprio Mike D’Antoni.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.


Depois da eliminação, os desafios ainda não cessam para o Lakers. Podem piorar
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Giancarlo Giampietro

Por Rafael Uehara*

Fab Four do Lakers

Quarteto de resultados nem tão fantásticos do Lakers já pode ser desmontando

Quando o Lakers acertou as contratações de Steve Nash e Dwight Howard, a expectativa era a de que eles estavam de volta à briga pelo título, depois de duas eliminações devastadoras na mãos de Mavericks e Thunder em dois anos seguidos. E tinha bastante lógica por trás desse pensamento. Mesmo aos 38 anos de idade, Nash ainda era considerado o melhor armador com o qual Kobe Bryant já dividiria a quadra e Howard era o pivô perfeito para cobrir as deficiências defensivas daqueles a sua frente.

Porém, nada disso deu muito certo, e uma tumultuada temporada chegou ao fim neste último domingo, quando o Spurs o eliminou dos playoffs no primeiro round com uma varrida. Mais um encerramento decepcionante de campanha em Los Angeles, ficando no ar a necessidade de se encontrar um culpado, não?

Nem tanto.

Sou da opinião de que a culpa não é de ninguém. Se o Lakers tinha time suficiente para brigar com Miami, San Antonio e Oklahoma City, é difícil de saber. Mas que eles tinham o suficiente para fazer bem melhor se não pelas tantas lesões que em um momento ou outro tiraram peças fundamentais do time é certeza.

Tudo começou quando Howard voltou cedo demais da cirurgia que fez nas costas. Nos primeiros sete anos de sua carreira, Howard perdeu apenas sete jogos devido a lesões. Até metade do ano passado, tinha se provado um dos atletas mais duráveis da atualidade. Logo, não foi tão questionado quando regressou da operação a tempo para o início da temporada. Mas o atleta claramente não estava pronto. Sofreu para se manter confortável em quadra e não era capaz de elevar a defesa a níveis respeitáveis.

Além disso, Nash fraturou o pé na segunda partida da temporada. Não que Howard a meia velocidade e a ausência de Nash fosse impedir a diretoria de demitir Mike Brown depois de apenas cinco jogos. Em seguida, Pau Gasol começou a lidar com lesões na coxa e no pé, Steve Blake e Jordan Hill pararam bastante tempo com lesões sérias, Mike D’Antoni foi contratado dias depois de fazer cirurgia no joelho, e quando o objetivo dos playoffs começou a ser realista, Ron Artest machucou o joelho e Bryant sofreu lesão séria com a ruptura do tendão de Aquiles. Quando se para pra pensar, como o Jazz permitiu que esse time amaldiçoado passasse na sua frente?

 Com a temporada finalmente encerrada, o Lakers pode agora olhar para frente e pensar em como reestruturar essa equipe, o que não será tarefa fácil. Muitas decisões complicadas terão de ser tomadas, começando pela dúvida se franquia deveria oferecer uma extensão estratosférica para Howard. Não há o que pensar, na minha opinião. No fim do ano, o pivô pareceu bem, a caminho de recuperar sua forma dos tempos de Orlando. Com mais um verão para se recuperar totalmente, Howard deve voltar ao nível que estava antes da cirurgia. O Lakers teve um dos cinco melhores recordes depois da parada para o jogo das estrelas, e Howard teve participação direta nisso, se movimentando melhor a cada jogo que passou, elevando, enfim, a defesa a níveis minimamente decentes.

E, calma, que tem muito mais.

Decisões sobre Bryant e Gasol vêm logo em seguida. Pessoalmente não acho que haverá muito debate sobre Bryant. Ele é o símbolo da franquia pós-Magic Johnson. Lembrem-se também que o veterano é um maníaco que, dadas as mínimas condições, estará em quadra o mais rápido possível, pois tenta empatar Jordan em número de títulos ou passá-lo em pontos, o que torna possível um retorno às quadras em algum momento na próxima temporada.

Tecnicamente, a rescisão de seu contrato através da provisão de anistia deveria ser estudada. O Lakers já tem U$ 79,6 milhões na folha salarial para o ano que vem, isso sem contar o total designado a Howard. Como vimos neste ano – quando a folha salarial foi de U$ 99,8 milhões, o Lakers não veem problemas em pagar as multas que a liga cobra de times que gastam acima dos $70 milhões em salário. O problema é que, nesta próxima janela de verão, as restrições para times pagando o “imposto de luxo” (“luxury tax” no original) reestruturar o elenco serão mais pesadas. As chamadas “sign-and-trades” (quando um clube renova o contrato de um jogador apenas para envolvê-lo imediatamente em uma negociação) agora estão fora de questão e as trocas têm de ser exatamente dólar-por-dólar. Anistiando Bryant e apagando seus $30 milhões da folha proporcionaria a maior flexibilidade na remontagem do time. Mas Bryant é mais que um jogador, é um ícone e dificilmente essa opção será estudada seriamente, mesmo que haja o risco de o ala não estar disponível para jogar ano que vem.

Uma alternativa bem mais plausível é que o time use a anistia para tirar o último ano do contrato de Ron Artest da folha salarial e troque Gasol em seqüência. Mas também há complicações aqui. Gasol está para receber salário de U$ 19,2 milhões na temporada que vem, e é muito desafiador fazer uma troca envolvendo alguém que ganhe tanto.Times bons geralmente já estão ao redor do imposto e, ao adicionar Gasol, estariam se aproximando das mesmas restrições que dificultam o Lakers a remodelar seu elenco neste momento. Também existe a questão que nem todo dono tem condições de gastar quase U$ 100 milhões na montagem de um elenco. Envolvendo um time ruim com espaço para absorver dinheiro morto também é difícil porque os Lakers já tem futuras escolhas do draft indo para Phoenix e Orlando nos próximos anos, precisando assim encontrar um clube que realmente admire o espanhol a ponto de contratá-lo sem nenhum incentivo a mais como recompensa.

Esses times também vão querer se desfazer de alguém em retorno. E quem está disposto em aceitar Tyrus Thomas, Hedo Turkoglu, Andris Biedrins ou Drew Gooden? E quem o Lakers pode em realidade conseguir que faça valer a apenas ter um desses caras no time mais do que Gasol? Meu palpite é que Gasol retorna pelos menos para o início do seu último ano de contrato e que, se for trocado, será com a próxima temporada já em andamento.

Tudo isso serve para dizer que o Lakers tem um verão muito desafiador pela frente. Porém, escrevi basicamente exatamente a mesma coisa ano passada e Mitch Kupchak deu um jeito de adicionar Nash e Howard. Então, vai saber se não veremos Kevin Love, Danny Granger ou Eric Gordon em Los Angeles ano que vem… Mas, levando em consideração que Gasol e Howard começaram a se entender muito bem no fim da temporada e as restrições sistemáticas, talvez a melhor opção seja manter essa base por mais esse ultimo ano nos contratos de Bryant, Gasol e Artest.

A solução, então, seria um foco mais atento às sobras de mercado, para tentar achar os Nate Robinsons, James Whites, Chris Copelands, Kenyon Martins e Chris Andersens da vida, torcer por melhor sorte com as lesões. O Bulls, outro time cuja torcida se acostumou a sonhar com títulos, sobreviveu muito bem desse jeito neste ano.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

 


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Sem Kobe, Gasol enfim vira referência em mais uma reviravolta no ano sem fim do Lakers
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Giancarlo Giampietro

E aí, Gasol?

Pau Gasol, agora a bola é sua, em mais uma reviravolta para o Lakers

Ah, o Lakers.

Será que já houve uma temporada tão estarrecedora como essa na NBA?

Adjetivo é o que não falta para avaliar uma situação tomada pela perplexidade. Penso de primeira aqui ainda em espalhafatosa, decepcionante, inacreditável, calamitosa, maluca e absurda. Mas dá para listar muito mais, num bombardeio psicológico para cima de Jim Buss, Mitch Kupchak e no pobre Mike D’Antoni.

Pode se fazer muitas críticas sobre o trabalho do treinador nesta campanha 2012-2013, mas o cara simplesmente não consegue repetir seu time uma vez sequer. É uma lesão e uma bomba atrás da outra, e o baque de perder Kobe Bryant, do modo como foi, talvez seja a adaga, a punhalada final.

Mas eles vão precisar lutar ainda, né? Não  dá para desrespeitar o astro desta maneira e largar tudo a duas (duas!!!) rodadas do fim, depois de tanto esforço do camisa 24. E o que fazer?

Apostar em Pau Gasol. O espanhol choramingou tanto na temporada, com razão em alguns momentos, de modo descabido em outros, que não deixa de ser irônico que, nos três jogos mais importantes do ano, a bola vai ser dele – e só dele. Está basicamente em suas mãos o destino da versão 2012-2013 do Lakers, o clube que já o trocou uma vez e não assegura sua permanência para a próxima temporada.

Sem Nash, sem Kobe, o pivô é o único jogador saudável do plantel de D’Antoni que pode criar de maneira consistente e produtiva por conta própria. Ele reclamou tanto nos últimos anos, ponderou em diversas ocasiões sobre a dependência/controle do ataque por Kobe, e agora chegou sua hora de voltar ao foco ofensivo, algo que não acontece desde a saída de Phil Jackson em 2011.

Pau Gasol, o da Espanha

Gasol, O Cara pela seleção espanhola. O Lakers precisa dele

Quem se lembra, inclusive, da ira do (ex-)Mestre Zen contra Gasol durante a humilhação que sofreram diante do Mavs nos playoffs daquele ano? Irado, o treinador dava estapeava o jogador, clamando por mais agressividade, numa cena de deixar qualquer Laker atônito. E o pivô não conseguiu dar resposta alguma.

Dessa vez, ou ele entrega, jogando com o grande capitão da seleção espanhola, ou seu time cairá para o nono lugar da conferência.

A boa notícia notícia é que o craque desperto neste mês, tendo retornado de uma lesão no pé que o tirou das quadras por mais de um mês. Em seis partidas em abril, ele tem médias de 19,3 pontos, 10,2 rebotes e espetaculares 6,7 assistências, além do aproveitamento de 6o,5% nos arremessos. Números de um All-Star, de um dos jogadores mais habilidosos da liga num crescimento que culminou no triple-double registrado na dramática e fatídica vitória sobre o Golden State Warriors (26 pontos, 11 rebotes e 10 assistências).

A ideia é realmente abastecer Pau Gasol no alto do garrafão e deixá-lo trabalhando em diversas situações de high-low com Dwight Howard, o grande receptor de seus passes, saltando com tranquilidade para converter as ponte-aéreas planejadas, criadas por seu companheiro. Confiante em seu arremesso e podendo causar estragos ao mesmo tempo como garçom, o espanhol ganharia, então, liberdade para atacar a cesta a partir do drible.

Resta saber, porém, como esse jogo funcionará sem a presença de Kobe em quadra.

Muito já se discutiu sobre a tendência do astro em prender demais a bola, como um buraco negro no ataque do Lakers, com consequências negativas, claro. Mas havia o ponto positivo nisso tudo, não? O respeito, a atenção que Kobe despertava como um assassino no um contra um  podia desestabilizar as defesas, abrindo espaço para seus companheiros operarem. Agora é a hora de conferir como as coisas funcionam para Gasol e Howard sem a perturbadora presença do cestinha no perímetro – pois, até onde sabemos, Jodie Meeks não amedrontaria tanto assim as defesas de Spurs e Rockets, os últimos dois adversários.

Steve Blake. Oh, não!?

Depender de Steve Blake para chegar aos playoffs certamente não estava nos planos de Buss e Kupchak

Caso Nash realmente não retorne – e que falta fazem os preparadores físicos de Phoenix, hein? –, outro que será subemtido a uma enorme pressão é Steve Blake Glup.

Sobrou para o veterano de 33 anos a responsabilidade de carregar a bola ao ataque até o momento de acionar Gasol. É uma função que ele simplesmente não executa com frequência desde a temporada 2006-2007, pelo Denver Nuggets. Desde então, atuando ao lado de Brandon Roy e Kobe, ele trabalhou muito mais como um escolta e arremessador do que como condutor primário.

Nos próximos 80 minutos de jogo, completarão a rotação de D’Antoni o jovem ala Earl Clark, o veterano Antawn Jamison, que tem o desafio de pontuar mais e com eficiência, e Ron Artest, que acabou de voltar de uma cirurgia no joelho em tempo recorde. E só, galera, tendo de enfrentar dois times classificados para os playoffs, que talvez não queiram poupar seus jogadores.

Chocante, acidentada, atabalhoada, assombrosa, assombrada, estapafúrdia. É difícil escolher. Vai até o fim, mesmo, a penúria em uma temporada inclassificável do Lakers.


Kobe Bryant desabafa no Facebook: “Talvez o tempo tenha me derrotado. Mas talvez não”
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Giancarlo Giampietro

 

O desabafo de Kobe

As redes sociais supostamente estão aí para isso, afinal.

Para aproximar as pessoas, dar a chance para qualquer um se pronunciar, sem filtro.

E aqui está Kobe Bryant, falando, escrevendo diretamente para você e, ao mesmo tempo, por ele, mesmo. Como o próprio craque destaca, é um desabafo, é uma tentativa de assimilar a desastrosa lesão que ele sofreu na noite desta sexta-feira, uma aparente ruptura no tendão de Aquiles – ainda não fez ressonância magnética, mas todos no Lakers acreditam que é isso, e ponto. Se o diagnóstico for confirmado, ele não joga mais nesta temporada, que, aliás, pode durar apenas mais três partidas. E poderia perder praticamente todo o campeonato 2013-2014 também, já que esse tipo de lesão exige algo em torno de nove a 12 meses de recuperação.

Claro que, falando de quem estamos falando, o processo pode ser muito mais rápido. No momento, porém, até mesmo Kobe se dá ao direito de questionar se isso é possível. “Por que diabos isso aconteceu?!? Agora tenho de voltar de uma lesão dessas e ser o mesmo jogador ou até melhor aos 35 anos?!? Como eu poderia fazer algo assim?”, duvida. Como?

Segue aqui, então, uma tradução livre de um discurso raro – e inspirador – de um atleta no Facebook, tão incomum como a capacidade de o ala se manter em um altíssimo nível aos 34 anos, desafiando qualquer lógica da NBA. No momento em que publicamos este post, sua mensagem havia sido compartilhada 45.729 vezes:

“Isso é uma bobagem, uma m…! Todo o treinamento e o sacrifício aacabaram de voar pela janela, com um passo, um movimento que eu já fiz milhões de vezes! A frustração é insuportável. A raiva é fúria. Por que diabos isso aconteceu?!? Não faz sentido nenhum. Agora tenho de voltar de uma lesão dessas e ser o mesmo jogador ou até melhor aos 35 anos?!? Como eu poderia fazer algo assim?

Eu NAO TENHO IDEIA. Será que eu tenho a vontade, a perseverança consistente para superar isso? Talvez eu devesse simplesmente pegar a cadeira de balanço e falar sobre a carreira que passou. Talvez seja assim que meu livro se encerre. Talvez O Tempo tenha me derrotado. Mas, vai saber, talvez não! São 3h30 da madrugada, meu pé parece um peso morto, e minha cabeça está girando por causa dos analgésicos, e estou completamente acordado. Perdoem meu desabafo, mas qual o propósito das Mídias Sociais se a gente não vem aqui falar o que é real? Faz bem desabafar, colocar para fora. Sentir como se ISTO fosse a PIOR coisa que já aconteceu!

Porque depois de TODO esse desabafo, você chega a uma perspectiva real. Há questões/desafios muito maiores no mundo do que um Aquiles rompido. Pare de se lamentar, encontre um raio de esperança e vá para o trabalho com a mesma crença, com a mesma determinaçã, com a mesma convicção de sempre.

Um dia o início de uma nova, diferente jornada terá início. Mas hoje ainda não eesse dia.

“Se você me ver em uma luta com um urso, reze pelo urso”… Eu sempre amei essa citação. Isso é a mentalidade “mamba”: nós não desistimos, não nos acovardamos, não fugimos. Nós resistimos e conquistamos.

Sei que já é um longo post, mas é um Desabafo de Facebook (risos). Talvez agora eu possa realmente dormir um pouco e ficar animado para a cirurgia amanhã. É o primeiro passo de um novo desafio.

Acho que agora vou ser o treinador Vino o resto da temporada. Eu tenho fé em meus companheiros. Eles vão passar por isso. Obrigado por todas as suas orações e apoio. Muito Amor Sempre.

O Mamba vai nessa.”