Vinte Um

Arquivo : JR Smith

Inconstâncias de JR Smith complicam o Knicks na semifinal contra o Pacers
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Giancarlo Giampietro

Charlie Kaufman escreveu dois dos roteiros mais cativantes e instigantes para filmes (nem tão) recentes (assim) de Hollywood: “Quero Ser John Malkovich” (1999) e “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (2004), peças que investigam, tentam compreender o que se passa literalmente por dentro de nossas cabeças doentias. Isso e mais um pouco, claro, com humor e muita estranheza.

Brilho Eterno de uma Mente Sumida

Quem quer ser Charlie Kaufman?

Kaufman, nasceu em 19 de novembro de 1958 em Nova York, onde hoje deve estar perdido em seus devaneios, já que ele anda bastante sumido dos cinemas. Temos aqui um projeto que talvez lhe interesse: entender a mente de JR Smith. A película só não poderia se chamar “Confissões de uma Mente Perigosa”, uma pena. Já que esse é o título do primeiro filme dirigido por George Clooney, o qual ajudou a roteirizar também. Olhando a foto aqui do lado, dá para entender de onde vêm suas ambições introspectivas, né? (Leia-se: cara de doido da peste!)

Porque é difícil de compreender o que se passa com o maluquinho ala do Knicks.

Deixemos primeiro ele mesmo falar sobre seu péssimo desempenho na semifinal do Leste contra o Indiana Pacers, que lidera por 3 a 1: “Eu assumo a culpa por essa série toda. Estou deixando meus companheiros na mão, meus técnicos na mão, e não me sinto bem com isso.”

Um apanhado de números serve como uma boa radiografia para a má sensação que domina Smith no momento, com sua equipe voltando para Nova York a uma derrota da eliminação: mesmo marcando 13,3 pontos em 30 minutos, mas com um aproveitamentos horripilantes de 28,1% nos arremessos, queimando 16 chutes por partida para converter apenas 4,5, e de 64,7% nos lances livres. Em termos de eficiência seu índice despencou de 17,6 no duelo com o Celtics para pífio 6,6 diante do Pacers.

Mesmo que a defesa de Frank Vogel seja hoje muito mais forte que a de Doc Rivers, os problemas de Smith vêm do final da série contra os velhacos de Boston, mesmo – o que exclui também qualquer problema mais grave decorrente da febre que teve nos últimos dias. Sua má fase vem mais especificamente do episódio em que atingiu Jason Terry de maneira estúpida no terceiro confronto, uma atitude que resultou em sua expulsão de quadra e na suspensão de uma partida. Vamos lá: nos três jogos antes do gancho, 16,3 pontos de média, 43% de acerto. Desde então:  13,3 pontos, 28,8%.

“Acho que tivemos esse incidente com Terry na primeira rodada e talvez isso tenha feito ele perder o foco por alguns jogos, mas acho que ele está pronto para voltar ao seu nível”, disse o armador Pablo Prigioni, aquele que dificilmente vai ficar avoado em quadra, tentando dar uma força para o companheiro. Mas não rolou. O cara basicamente surtou.

JR Smith x Paul George

JR Smith não para de chutar

E não é a primeira vez em sua carreira, George Karl que o diga.

Smith nunca foi o cestinha mais certeiro. É capaz de criar diversas situações de arremesso por conta própria, com muita habilidade no drible e capacidade atlética, mas nem sempre se compromete com as melhores jogadas, daquelas que não abalam a saúde de seus treinadores. Peguemos seus números na atual temporada, por exemplo, a melhor desde que entrou na liga há oito anos, para sentir suas oscilações. Em novembro, teve médias de 14,2 pontos e 43,8%. Em dezembro, 18,1 e 39,5%. Em janeiro, 15,8 e 36,6%. Em fevereiro, 16,5 e 43%. Em março, 22,1 e 44,2%. Em abril, excepcionais 22 pontos e 48.3%. Uma loucura, que, ainda assim, não lhe custou o prêmio de melhor sexto homem do campeonato.

Há outros fatores que podem explicar tantos altos e baixos, obviamente. O quão bem o Knicks está atacando coletivamente, quem está jogando e contra quem se está jogando, sua forma física etc. São variáveis que afetam a todos. No caso específico de Smith, porém, esse rendimento inconstante vem de longa data e vai custando caro para um time que vai dependendo cada vez mais de Carmelo Anthony, uma vez que Amar’e Stoudemire mal consegue parar em pé.

“Quero que JR arremesse. Ele não pode abrir mão disso. Não quero que ele pare de procurar a cesta. Quero que ele continue agressivo”, clamou Carmelo. Enquanto Smith não souber o que se passa em sua cabeça, porém, fica a dúvida sincera de que a súplica do astro seja a realmente a melhor solução.

Será que Kaufman topa esse roteiro?

Encontrar um diretor seria fácil: Spike Lee está logo ali no Madison Square Garden.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

 1-MIAMI HEAT x 8-MILWAUKEE BUCKS

A história: os caras de Miami venceram 37 de suas últimas 39 partidas. Seus adversários? Venceram 38 em todo o campeonato. Precisa dizer mais?

O jogo: o Bucks… Bem, o Bucks tem dois armadores extremamente fominhas em Brandon Jennings e Monta Ellis, que podem ganhar um jogo por conta, mas perder muitos também da mesma maneira – com chutes descabidos restando 15 segundos de posse de bola, em flutuação, na cabeça do garrafão. Enquanto isso, Mike Dunleavy Jr. e JJ Redick, extremamente eficientes, correm o risco de ficarem apenas como espetacores. O duro é que, contra uma defesa tão ágil e atlética como a do Heat, talvez não haja escapatória além das investidas de seus dois pequenos. O que mais? Seu elenco é composto por 340 pivôs interessantes, mas que roubam uns dos outros o tempo de quadra, impedindo qualquer consistência. Um dos melhores defensores do campeonato, Larry Sanders vai ter de se virar no perímetro contra Chris Bosh. Luc Richard Mbah a Moute, caso estivesse bem fisicamente, poderia se meter no caminho de LeBron algumas vezes. Ersan Ilyasova se recuperou de um início de campanha calamitoso para justificar a bolada que recebeu na hora de renovar seu contratos, embora não cause tanto impacto assim no destino da equipe. Enfim, estamos procurando aqui mais e mais motivos que pudessem animar os anti-Heat, mas está complicado. Ao menos, Ellis e Jennings estrelaram o comercial mais legal da NBA em muito tempo, embora seja bizarro falar de união justamente sobre esses dois fominhas:

De dar nos nervos: Shane Battier é tão ingeligente, mas tão inteligente numa quadra de basquete, que pode dar raiva, sim. Estamos falando de um verdadeiro cdf. O ala conhecido como Sr. Presidente na China – isso vem dos tempos em que era companheiro de Yao no Rockets – ganhou ainda mais notoriedade no vestiário do Heat com seus discursos pré-jogo durante a sequência de vitórias histórica da equipe. Mas seus serviços mais importantes acontecem em quadra, cumprindo um posicionamento defensivo impecável, que compensa seu jogo, digamos, terreno. Battier é daqueles que sempre dá o passo à frente, para fora da área restrita ao redor da cesta. Daqueles que quase nunca salta diante da primeira tentativa de finta de seu adversário, mantendo os pés plantados, o braço erguido, forçando o oponente a tomar outra decisão. Forte, com estatura mediana, casou muito bem com LeBron na defesa, numa combinação vital para o aprofundamento do “basquete sem posição” planejado por Spoelstra. Não é à toa que, no ano em que se tornou agente livre, foi recrutado de imediato por LeBron e Dwyane Wade para juntar forças no Miami. Os astros sabiam o que era jogar contra ele.

Olho nele: depois do título, muitos davam a carreira de Mike Miller por encerrada. O ala mal conseguia celebrar direito na saída de quadra, totalmente travado nas costas. Os jogadores do Heat, mesmo, brincavam que ele estava precisando de uma cadeira de rodas ou, no mínimo, um andador para as férias. Aí que Pat Riley encontoru um meio de roubar Ray Allen de Boston, e o papel do ala parecida cada vez mais secundário. Em fevereiro, ele disputou apenas um jogo. Em março, só foi ganhar tempo de quadra significativo a partir do dia 24. Em abril, porém, quando Spo começou a descansar seus titulares, especialmente Wade e LeBron, Miller se apresentou surpreendentemente como um jogador que ainda pode ser relevante para o time: arremessando mais de seis bolas de três pontos em média durante nove partids, ele matou 51,8% delas. Suas médias foram de 12,1 pontos, 5,1 rebotes e, melhor, 3,7 assistências em apenas 27,2 minutos. Nos playoffs, com a tendência de jogos mais amarrados, apertados, ter um atirador de longa distância – e ótimo passador – disponível nunca é demais.

Palpite: Bucks 4-2.

(Brincadeira, é que por um minuto o Brandon Jennings hackeou minha máquina).

Miami 4-0, fora o baile.

 2-NEW YORK KNICKS x 7-BOSTON CELTICS

A história: Spike Lee espera muito mesmo por uma grande campanha dos Bockers nos playoffs. Mas muito mesmo. Dá para imaginar as capas dos tabloides nova-iorquinos todas pintadas de azul e laranja, e o Garden bombando. A expectativa é tanta que qualquer coisa abaixo de uma final de conferência seria considerada um fracasso. Agora, vá você tentar convencer os orgulhosos Paul Pierce, Kevin Garnett e Doc Rivers disso. Eu? Tou fora.

O jogo: resta saber apenas se KG terá condições de batalhar em quadra. O mesmo vale para Tyson Chandler do outro lado. Sem os pivôs, essa pode ser a primeira série na história pós-George Mikan a ter um jogador de 2,06 m de altura – Jeff Green, no caso, em registros oficiais… Vai saber se chega a isso – como o mais alto em quadra. O plano tático de Mike Woodson de small-ball ficou ainda mais aprofundado depois dos problemas físicos de Tyson Chandler (um baque) e Rasheed Wallace, Marcus Camby e Kurt Thomas (nenhuma novidade aqui). E toca tiro de três pontos: seu time foi o que mais arremessou de longa distância na temporada (2371, dois a mais que o Rockets, e 981 a mais que o Celtics!!!). A ideia é espaçar ao máximo a quadra para deixar Carmelo operar, o que quer dizer que Jeff Green terá um trabalhão danado. O ala enfim justificou a panca de superestrela, num grande campeonato. Por mais que Paul Pierce tenha os nova-iorquinos como suas vítimas preferidas, fica difícil de imaginar que ele possa, a essa altura, se equiparar ao potente cestinha do Knicks. Se JR Smith mantiver o ritmo das últimas semanas, o tempo fecha de vez.

De dar nos nervos: Raymond Felton, Pablo Prigioni, Jason Kidd… Respirem fundo, amigos, porque o Avery Bradley é uma peste que só na pressão quadra inteira, 3/4 ou meia quadra. Não importa onde e como o armador adversário drible a bola: contra Bradley, está correndo risco de ser desarmado. Sua movimentação lateral – ou “jogo de cintura” – é inigualável. Veja este clipe aqui:

Ou, se quiser, este:

 Como se diz mesmo? “Monstro”?

Olho nele: era para ser Leandrinho, mas a lesão no joelho tirou o brasileiro da temporada. Então vai de Jordan Crawford, glup. O ala ex-Wizards foi contratado de última hora para assumir as atribuições antes designadas ao brasileiro: carregar a bola vindo do banco e pontuar. Agora, nem sempre é bonito. Ou melhor, raramente é bonito de se ver. Porque Crawford realmente pode conduzir a bola, mas quem disse que ele é obrigado a passá-la? Um jogador muito talentoso, mas extremamente individualista. Observem e esqueçam, depois, por favor.

Palpite: Knicks em seis (4-2).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
* PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Quais foram os destaques individuais de uma grande temporada da NBA?
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Giancarlo Giampietro

LeBron

Somos todos testemunhas, sim. O marketing acertou

Foi mais uma grande temporada, que pareceu ainda melhor sucecendo um campeonato sabotado pelo lo(u)caute de 2011. As 27 vitórias seguidas do Miami Heat de LeBron James. A evolução contínua e assustadora de Kevin Durant. Os heroísmos de um desesperado Kobe Bryant (em sua, glup, despedida!?). O ano em que Carmelo cumpriu sua promessa e, enfim, jogou sério do início ao fim. Indiana e Chicago resgatando os tempos das defesas ferozes de Knicks e Pistons. A renascença de Tim Duncan, com Splitter efetivado ao seu lado. A correria frenética do Nuggets e seu basquete “sem estrela”, mas com o maníaco Kenneth Faried. Stephen Curry. James Harden. Russell Westbrook. Damian Lillard e Anthony Davis, bem-vindos sejam. O Charlote Bobcats. Quer dizer, o Charlote Bobcats, não. Mas tudo bem. Teve bastante coisa para acompanhar de outubro para cá. Agora, então, a de passar a régua e fechar a conta, ou, pelo menos de pedir aquela parcial pro garçom, enquanto os playoffs. Sem mais delongas, a lista de prêmios do Vinte Um pela qual você mal podia esperar:

Melhor jogador
Kevin Durant manteve sua altíssima média de pontuação, chutando estonteantes 51% de quadra, 41,6% de três pontos e 90,5% de lances livres, sendo um terror em todos os cantos a partir da meia-quadra. Melhorou como um passador, criador de jogadas para os outros – suas posses de bola terminam em assistências em 21,7% das vezes, contra 15,2% da carreira. Melhorou como reboteador e como marcador. Seus índices de eficiência estão no topo. E, não, ele não foi o melhor jogador da liga. Para você ter uma ideia do quão estepacular foi o ano vivido por…
LEBRON JAMES, Miami Heat
(Durant é o segundo da lista, algo que também não se discute. Na sequência, qualquer trio dentro do grupo de Melo, Paul, Duncan, Parker, Kobe, Marc Gasol, Wade pode completar um top 5 de respeito.)

Melhor técnico
Essa é disparada a categoria mais difícil, com tantos ótimos trabalhos. Por mais que queiram diminuir o jogo praticado na liga americana, a carga tática lá praticada é riquíssima, cheio de pequenos detalhes que podem facilmente passar despercebidos quando se quer observar apenas ***as estrelas*** em ação. Há diversas formas também de se abordar essa escolha: quem fez mais com menos, o trabalho mais surpreendente, quem tem o time mais consistente, o time mais inventivo etc. Desses caminhos, certamente o Miami Heat não se enquadra na primeira: com LeBron, Wade, Bosh, Battier, Allen, Andersen, Chalmers, Miller, mão-de-obra não falta. Ainda assim, engatar uma sequência de 27 triunfos? Ter o melhor ataque e a sétima melhor defesa? Ousar e quebrar uma série de paradigmas e dogmas, explorando ao máximo as características particulares de seus atletas? Ele fez tudo isso, levando um timaço a outro patamar…
ERIK SPOELSTRA, Miami Heat
(George Karl com seu divertidíssimo e traiçoeiro Denver Nuggets, Mike Woodson controlando Melo e JR Smith em Manhattan e explorando os velhinhos Prigioni e Kidd, Kevin McHale levando aos playoffs a equipe mais jovem da liga, Lionel Hollins e sua maquininha de basquete no Grizzlies sem Rudy Gay, Frank Vogel com sua defesa sufocante, esmagadora, tendo DJ Augustin, Orlando Johnson, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi como seu quinteto reserva… Gregg Popovich, oras!, voltando ao top 3 defensivo, com o sétimo melhor ataque, a despeito das lesões de seus craques… Enfim, a categoria é REALMENTE difícil.)

Melhor sexto homem
JR Smith teve momentos espetaculares pelo New York Knicks, ainda mais em tórrido início e final de campanha. No meio do caminho, porém, Mike Woodson testemunhou uma ou outra loucura em quadra, para variar.  Um cara mais consistente durante toda a temporada, tão importante como para sua equipe, o único a ter médias superiores a 10 pontos (12,9) e 5 assistências (5,5) por jogo vindo do banco, acertando 40,4% de três, 45,2% de quadra (criando quase sempre a partir do drible, assim como JR), mas que, por não jogar na Big Apple e ter sempre operado em franquias periféricas, andou sempre escondido foi…
JARRET JACK, Golden State Warriors
(Mas, olha, JR Smith realmente jogou uma barbaridade pelo Knicks quando Amar’e Stoudemire não esteve em quadra. Em abril, suas médias foram de 22 pontos, 6,6 rebotes (!), 2,4 assistências com 48,3% de pontaria. Nate Robinson também incendiou muitos jogos em Chicago, para o bem e para o mal. Mais regular foi Kevin Martin, que se virou muito bem, conforme o esperado, com as sobras de Wess e Durant em Oklahoma. O combo Eric Bledsoe/Jamal Crawford  também merece menção, mas a presença de um atrapalha a do outro.)

Melhor defensor
Hoje há diversos índices estatísticos que mostrem a relevância de um defensor para sua equipe, mas vamos nos dar ao direito de nem conferi-los agora, se limitando apenas a um dado levantado por Tom Haberstoth, do ESPN.com: 4,4 km corridos é a média por jogo de…
JOAKIM NOAH, Chicago Bulls
(Sério, Noah é o atleta que mais acumulou milhagem na temporada, mesmo tendo perdido as últimas semanas devido a essa mardita fascite plantar. O sujeito se mata. Ele correu mais até que Luol Deng, que liderou a temporada em minutos por jogo, com 38,9. E sabemos bem que Noah corre de modo inteligente em quadra, cobrindo espaços com velocidade lateral e vertical impressionantes, tendo que se virar como a âncora defensiva de um time que perdeu Asik e teve Taj Gibson também jogando no sacrifício; em Nova York, Tyson Chandler é a defesa do Knicks; Marc Gasol oferece uma presença intimidadora para sustentar a segunda melhor retaguarda da liga; Larry Sanders cria o caos em quadra. LeBron James, quando necessário, é acionado por Spo para anular um oponente. Até isso ele faz.)

Jogador que mais evoluiu
Diversos astros fizeram as melhores temporadas de suas vidas, como LeBron, Durant e Melo. Deron Williams terminou o ano como o cara que mais evoluiu dentro da mesma campanha, lembrando muito mais aquele craque de Utah do que o do gordote desinteressado e desvairado de Nova Jersey – mas isso não vale nesta categoria. Ainda assim, prefiro sempre os jogadores mais subestimados que conseguem se inserir no mapa das figuras mais relevantes da liga, como o garoto que assumiu a liderança de sua equipe, aprendendo com os próprios erros, com uma capacidde atlética impressionante e um pacote técnico que ainda pede aprimoramento, mas já avançou significativamente…
PAUL GEORGE, Indiana Pacers
(Pelo Sixers, Jrue Holiday seguiu o mesmo script de George, assim como Brook Lopez em Brooklyn; Larry Sanders conseguiu segurar, na maior das vezes, seu ímpeto exagerado, maneirando nas faltas, podendo jogar por mais tempo e influenciar a defesa do Milwaukee Bucks de um modo como Andrew Bogut fazia antes de sua terrível lesão; Andray Blatche deixou de ser um vagal para contribuir para um time de playoff; Greivis Vasquez, por fim, terminou como o terceiro principal assistente da liga, atrás apenas de Rondo e Paul, e nem o chavista mais fanático poderia imaginar isso.)

Novato do ano
Um pouco por causa dos constantes problemas físicos do Monocelha, mas muito mais por suas habilidades e ousadia, quebrando recordes em Portland, surpreendendo a liga toda, esta categoria é tão barbada como a de MVP…
DAMIAN LILLARD, Portland Trail Blazers
(Anthony Davis não teve o impacto que muitos esperavam em Nova Orleans, até porque sua campanha foi sabotada por pequenas lesões, mas mostrou muito potencial, com 13,5 pontos, 8,2 rebotes, 1,8 bloqueio, 1,2 roubo de bola e 51,6% mesmo sem o físico ideal para aguentar um campeonato brutal; potencial absurdo também tem o gigante Andre Drummond, de Detroit; e muito mais refinado já está o jovem ala-armador Bradley Beal em Washington. Pablo Prigioni tecnicamente se enquadra como um novato, mas não vamos ter a desfaçatez de inseri-lo nesta lista, embora tenhamos acabado justamente de fazer isso.) 🙂


Ala do Knicks vive melhor fase e confessa que baladas de NY atrapalhavam
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Giancarlo Giampietro

JR Smith pelo Knicks

JR| Smith agora só se dedica ao New York Knicks

São apenas sete jogos, mas não deixa de ser impressionante o aproveitamento de JR Smith, ala do New York Knicks, nos chutes de três pontos nesta temporada: 60%. Imaginem. Tem gente que daria uma medalha para ter esse número apenas em seus lances livres. Pensem que o cara está encaçapando com essa frequência a mais de seis metros da cesta.

Sua médiana carreira é de 37,1%, marca que não chega a derrubar ninguém da cadeira, mas que já precisava ser respeitada. Agora… Acima de 60%? É para fazer do inferno a vida de qualquer defesa. Ainda mais quando os marcadores têm se preocupar com um Carmelo Anthony e quando armadores do nível de Jason Kidd e Pablo Prigioni estão disponíveis para rodar a bola.

Fica difícil.

Em termos de pontos por minuto, o ala ainda está abaixo do que costuma fazer: na projeção de pontos por minuto, ele vem anotando 17,6 por 36 minutos (geralmente o tempo de quadra que um titular ganha), abaixo dos 18,6 que tem em nove anos na liga – pelo Denver Nuggets, já chegou a 23,0 por confronto.

Mas não importa. É praticamente o mesmo número, mas com uma baita diferença em sua eficiência (47,9% de acerto nos chutes de quadra contra péssimos 40,7% do ano passado e 42,8% no geral). Além disso, ele também vem com as melhores marcas de índice defensivo, aprendendo uma coisa ou outra com Mike Woodson e se beneficiando também do surpreendente espírito coletivo que toma conta do Knicks neste início de campanha.

Com toda a franqueza da Big Appple, Smith afirmou que um dos motivos para essa súbita elevação de seu padrão tem a ver com a mudança de seus hábitos noturnos. “Não vou mentir. A vida noturna de Nova York basicamente tomou conta de mim. Estava saindo basicamente toda noite, sem me concentrar no desafio que tenho pela frente”, afirmou.

JR Smith, sexto homem do Knicks

JR Smith tem uma temporada profissional para seguir em Nova York

O ala acertou com o Knicks durante a temporada passada, aquela afetada pelo locaute, assinando com uns meses de atraso depois de ter topado uma aventura na China, onde, por pouco, não causou uma crise internacional, de tanto que aprontou. (Para constar, ele era conhecido como JR Shimisi no país :)).Talvez com saudades de ‘casa’, se esbaldou com as diversas opções de entretenimento nova-iorquino. Quem acompanhou o Twitter do sujeito, com polêmicas ao amanhecer, fotos despudoradas e devaneios sem sentido, já havia percebido que algo estava acontecendo.

Não que as baladas fossem o único problema em torno do jogador JR Smith. Pelo Hornets, Byron Scott ficou ainda mais careca ao tentar domar o ala em seus dois primeiros campeonatos, vindo direto do High School como um adolescente. Foi mandado para o Bulls em troca por Tyson Chandler e, depois, repassado diretamente para Denver em negociação envolvendo o inesquecível Howard Eisley. Para ver como estava sua cotação no mercado. No Colorado, tirou George Karl do sério em diversas ocasiões, pelo mau comportamento nos treinos e atuações enlouquecedoras – era um dos que roubavam os arremessos de Nenê na cara larga.

Agora, em seu nono ano como profissional, tal como Carmelo Anthony jura ter acontecido, ele teve sua epifania. Percebeu  que, poxa vida, se é para ganhar um salário milionário, precisava ser um… Profissional em quadra!

(Palmas e mais palmas, por favor!)

“Estou vindo para o ginásio todo dia para trabalhar o máximo que eu puder. Muitas vezes, antes, na minha carreira, eu tinha uma energia negativa ao chegar ao ginásio, não querendo estar lá e fazendo umas palhaçadas. Neste ano está mais sério. Entendo que cada viagem nossa é uma viagem a trabalho, não uma viagem de diversão”, disse o ala, aos 27 anos. Você chega e trabalha duro. Se eu trabalhar duro, o cara próximo de mim vai me ver trabalhando duro.”

Parte do blogueiro acha bacana, e tal, mas a outra parte acha fica pensando aqui… Leva nove anos pra entender isso?

Genial.

“Ele está tão concentrado e focado neste ano. É como se fosse um jogador diferente. Ele realmente amadureceu, e está comprando o que o treinador vem falando, e isso tem ajudado muito”, avaliou o pivô Tyson Chandler.

Aí é a hora de voltar a falar que são apenas sete jogos. Uma hora a pontaria de três pontos do profissional JR Smith vai cair um pouco na real. Não tem jeito. O técnico Mike Woodson e os carentes fãs do Knicks só esperam que a outra metade da história seja mantida até o fim do campeonato.