Vinte Um

Arquivo : Joakim Noah

Thibodeau leva o Bulls ao limite em campanha memorável. Mas a que custo?
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Giancarlo Giampietro

JoJo quase que não aguenta

Há situações em que os fins justificam os meios, sim. Mas e se não tiver fim?

Deixando a filosofia de mercearia de lado, pensando em um caso mais específico de basquete, o Chicago Bulls 2012-2013 de Tom Thibodeau, vale ponderar. Sem o nível de exigência aque o treinador submete seus jogadores, talvez eles nunca tivessem chegado perto de incomodar o Miami Heat numa semifinal de conferência sem poder contar com Derrick Rose. Agora… será que com esse mesmo nível de exigência o time conseguirá chegar ao menos uma vez inteiro aos mata-matas?

Talvez Gregg Popovich não acredite em nada disso. Um dos treinadores mais zelosos com a administração de minutos de seus principais jogadores, ele viu nos últimos anos uma torção de tornozelo, um estiramento ou uma pancada qualquer sabotar todo seu planejamento. Talvez seja realmente uma questão de sorte. Ou talvez os problemas de Pop tenham só a ver com uma questão específica sobre a fragilidade física de Manu Ginóbili. E que o resto esteja tudo certo na preparação do técnico do Spurs, no sentido de preservar seus jogadores.

Kirk Hinrich está fora

Hinrich foi mais uma baixa do Bulls na temporada, com lesão na panturrilha

É no que acredita o comentarista Henry Abbott, que assina o blog TrueHoop, da ESPN, que vai direto ao ponto em um post bastante trabalhoso: “Minutos demais atrapalham a chance de título“. Um de seus achados foi que as equipes que possuem os líderes na tabela de minutos por jogo nas temporadas não vêm tendo sucesso recente algum nos playoffs. Outra: muitas vezes o atleta que tem a melhor média não é necessariamente aquele que jogou mais minutos no total por uma equipe. E um terceiro ponto que vale ainda mais destaque: e quem disse que ter um jogador por 40 minutos em quadra significa que você realmente está contando com o cara por 40 minutos? No sentido de que esse atleta pode ter seu rendimento comprometido com tanto tempo de quadra. Mais vale contar com, digamos, 30 minutos com esforço pleno ou com 25 ótimos minutos e 12 ou 15 masomeno?

Para Thibs, pode ser que essas perguntas sejam pura asneira. É o que se imagina quando vemos seu Bulls em quadra. Um time que, na falta de melhor termo, se mata na defesa, mesmo, que, supostamente, não tem limite. Nas palavras de Chris Bosh, eles são como zumbis amedontradores. “Você dá vida a um time desses, e qualquer coisa pode acontecer. É como se estivesse vendo um fillme de terror, algo assim, e tudo acontece em slow-motion. Você vai para Chicago (para o jogo 6), e a torcida deles está se levantando novamente, estão animados novamente, e aí você se vê numa briga de cachorro. Eles voltam para casa, vencem oo jogo, e aí qualquer coisa pode acontecer num jogo 7”, elaborou o pivô do Heat, que despachou seus rivais por 4-1, depois de terem perdido a primeira partida em casa.

É um discurso de quem realmente respeita os sujeitos de Chicago. Não é para menos. Eles deram um jeito de perturbar os atuais campeões mesmo sem Kirk Hinrich e Luol Deng, sem contar Rose.”É uma pena. Acho que todo mundo gostaria de ter visto ambos os times inteiros”, afirmou Erik Spoelstra, com muita classe, mas provavelmente bastante aliviado de ter enfim deixado a tropa de Thibs para trás. Veja o que eles fazem:

Deng, aliás, foi o líder em minutos por partida desta temporada, com 38,7: uma loucura, sem se esquecer que ele disputou as Olimpíadas de Londres como a grande referência de sua seleção. Joakim Noah, com todos os seus problemas físicos dos últimos anos, foi o 16º, com 36,8. Os dois chegaram estourados aos mata-matas. Doente, Deng perdeu toda a série contra o Miami, sendo hospitalizado – o esforço foi tanto que  estava proibido de fazer qualquer atividade física. Noah foi para quadra no sacrifício, lidando com a praga chamada fascite plantar. O desafio com o pivô, agora, é tratar seu pé sem que ele precise de uma cirurgia. Se não há provas materiais que liguem um ponto ao outro – de que minutos demais significam desgaste físico –, o que é certo que um pouco mais de descanso não faria mal nenhum ao par, faria?

Fica esse dilema, então, para um dos melhores táticos da liga, em sua ingrata missão de tentar desbancar o poderoso Miami Heat no Leste. Como cobrar seus atletas, deixá-los totalmente preparados, perto do máximo, mas sem passar desse limite. Uma equação de solução dfiícil para um devotos mais hardcore do basquete.

*  *  *

Toda a expectativa de Chicago agora se volta para um retorno saudável de Derrick Rose no próximo campeonato, com um grupo que ainda evoluiu este ano, apesar de tantas perdas de atletas importantes. “Ele faria toda a diferença”, disse Carlos Boozer. Até que chegue a pré-temporada, com o clube, inclusive, visitando o Brasil para enfrentar o Washington Wizards, de Nenê, seu departamento de basquete e relações públicas terá de se desdobrar para fazer os reparos necessários depois da interminável e atrapalhada novela em torno de sua recuperação.

Clinicamente reabilitado, o armador não se sentiu confortável para jogar nesta temporada, lidando com problemas musculares e nas costas, efeitos óbvios de uma cirurgia que o tirou de ação por muito tempo. O problema é que nem o jogador, nem os diretores, nem o técnico falaram pública e claramente sobre o que estava acontecendo. “Nunca diga nunca”, “Vamos ver como será próxima semana” etc. etc. etc. O suspense se alongou por muito tempo e de modo desnecessário. Se Rose estava clinicamente recuperado, é uma coisa. Se não estava bem fisicamente? Outra, bem diferente.

O que se sabe é que os jogadores do Bulls se mantiveram ao lado do armador. O que já é um grande passo para sua reintegração – aliás, sua presença no banco de reservas durante viagens das quais ele nem era obrigado participar já difere bastante da postura de Russell Westbrook, em Oklahoma City, durante o embate com o Memphis Grizzlies.

“Ele nunca atingiu o nível de conforto de que ele precisava jogar. Então ele tomou a decisão certa”, disse Thibs, em sua entrevista de fechamento de campanha. Mas por que isso não foi dito antes, diacho?

*  *  *

O retorno de Derrick Rose terá impacto direto em um dos personagens mais surpreendentes da temporada: Little Nate Robinson, que não deve continuar em Chicago. Um dos heróis da equipe nos playoffs, o baixinho certamente espera ganhar mais do que o salário mínimo que recebeu nesta temporada. “Eu adoraria voltar. Honestamente, realmente gostaria. Mas, sabendo dos caras que temos aqui, provavelmente o espaço que sobra para mim é limitado. Mas vamos ver o que acontece.”


Símbolo do Bulls, Joakim Noah tem atuação histórica e já tira o sono de Chris Bosh
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Giancarlo Giampietro

JoJo esmaga!

Joakim Noah, ame-o ou ame-o

 

Sabe quem não acordou nada feliz neste domingo?

Chris Bosh.

O ala-pivô do Miami Heat, na real, já deve ter ido deitar na noite de sábado com a cabeça cheia, já que, nos próximos dias, vai ter de encarar ao menos quatro jogos de encheção de saco, de esforço máximo exigido quando soube queprecisaduelar com este animal que atende pelo nome de Joakim Noah. Veja a foto acima.

O pivô é um dos queridinhos do blog, mas, num campo (beeeem) mais amplo, ocupa um lugar especial no clube dos personagens mais odiados da liga, com suas bravatas, o comportamento estridente em quadra. Dos mais detestados desde que, claro, você não jogue ao seu lado. Pois quem não vai gostar de tê-lo como companheiro? O sujeito é quem em média mais corre em quadra em quadra: são cerca 4,4 km por partida!

E não tem fascite plantar que segure, pelo jeito. No sacrifício, Noah batalhou durante seis partidas contra o Brooklyn Nets e, na noite deste sábado, foi brilhante ao liderar o Bulls rumo ao triunfo no único “Jogo 7” da primeira fase dos playoffs 2013 da NBA. Com apenas sete minutos de descanso, produziu 24 pontos (com 12/17 nos arremessos), apanhou 14 rebotes e, para completar o serviço, ainda deu seis tocos em uma atuação que certamente entra no rol das mais memoráveis da história de uma laureada franquia. Ainda mais épico depois de ele ter anunciado ainda em Chicago, ao final do sexto jogo, que sua equipe venceria, sim, na próxima oportunidade. Cojones.

Porque, sim, Noah pode ser brilhante. Quer dizer, vamos recomeçar: ele é brilhante.

Muito pouco de seu jogo pode ser considerado plástico, embora ver m gigante de mais de 2,10 m puxar contra-ataque em alta velocidade como ele faz não seja das cenas mais comuns de se ver por aí. Mas tudo bem: entre as categorias dehighlights que costumam render notoriedade no marketing da liga, dificilmente ele vai se enquadrar. Vez ou outra o pivô pode emplacar uma enterrada na cara de alguém em algum top 10 de jogadas. Só não espere ver uma contagem regressiva dos “melhores rebotes da temporada!”, muito menos um clipe com “as melhores recuperações na defesa de um pick-and-roll 2012-2013!” etc.

Não basta ter coração. Ajuda, mas, para se tornar um defensor especial, daqueles que influencia drasticamente o andamento de uma partida, o jogador precisa ser minimamente inteligente e entender qual o seu papel em esquemas complexos como os de Tom Thibodeau. Noah domina em absoluto esses conceitos, com um posicionamento impecável na cobertura da turma do perímetro, fechando o garrafão, forçando o adversário a ruminar outras soluções enquanto o cronômetro não para. E é pela defesa que Thibs, que se firma entre os melhores técnicos da liga e o seu Bulls vão avançando, mesmo sem Derrick Rose, Luol Deng, Kirk Hinrich, Rip Hamilton e Vlad Radmanovic. Ops, esqueçamos este último.

Ganhou contra o Nets o time de mais camisa, mas também aquele time mais determinado e instruído, que não vai se dar por derrubado jamais, e que tem em Noah seu principal símbolo, por mais que a estrela da companhia seja Rose.


Prévia dos playoffs da Conferência Leste da NBA: Parte 2
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Giancarlo Giampietro

3-INDIANA PACERS x 6-ATLANTA HAWKS

A história: o Atlanta Hawks aliviou descaradamente em seus últimos jogos da temporada para fugir das quarta e quinta colocações – para supostamente, desta forma, evitar o lado da chave do Miami Heat. Hein?! O técnico Larry Drew se sente tão confortável assim em relação ao seu time para armar uma coisa dessas? E qual o prazer de se enfrentar uma defesa tão física e bem armada como a do Indiana Pacers? Não que a equipe de Frank Vogel tenha feito também a melhor campanha em abril, vencendo apenas um de seus últimos seis compromissos, depois de ter triunfado em 11 de 16 partidas em março. Há quem jure também que eles tiraram o pé, preservando saúde e energia para os playoffs – daí o fato de terem levado  90 pontos ou mais em cada uma de suas partidas no mês final da temporada regular, acima de sua média.

O jogo: com jogadores de muita envergadura e força física, Vogel consegue vedar seu garrafão e forçar os tiros longe da cesta. Mas nem tão longe: o Pacers é a equipe que melhor contestam os disparos de longa distância – e podem ter certeza de que Kyle Korver vai jogar com um alvo nas costas. Quer dizer, sobram propositalmente, então, os disparos de média distância, os de menor eficiência na liga. Josh Smith que vai gostar! O Atlanta Hawks vai precisar correr com a bola sempre que puder, explorando a velocidade de Jeff Teague, Devin Harris, Smith e Al Horford – que, em meia-quadra, é a melhor opção da equipe. Um jogador especial, multitalentoso, ele só não deu, porém, o salto esperado para esta temporada, para ser uma figura dominante na liga.

De dar nos nervos: barbada! O apelido do cara não é Psycho-T por bobeira. Tyler Hansbrough, amigos, passou de queridinho da América no basquete universitário ao branquelo mais odiado da NBA. Vai gostar de uma trombada assim o sujeito, e Vogel adora.” A beleza está nos olhos de quem vê”, diz o técnico. “Eu amo vê-lo esmagar as pessoas. Eu amo fisicalidade ofensiva”, vai adiante. O técnico é um sádico. Então, taí: em vez de se irritarem com Hansbrough, direcionem todo o rancor para o cara que está agitado ao lado da quadra. Ah, e não mexam com o Ben, o irmão do cara:

Olho nele: Kyle Korver, que é daquela turma que faz muito com pouco, tendo uma só grande habilidade para perseverar na liga. Mas que habilidade também, né? Ele acerta 41,9% na carreira na linha de três pontos. Em 2009-2010, ele liderou a temporada com 53,6% de aproveitamento. Neste ano, terminou com 45,7%. Sua mecânica de arremesso é perfeita, sempre com o corpo retinho, e o braço bastante elevado. Mas o mais legal é ver o modo como o ala do Hawks se desloca pela quadra em busca de brechas na defesa para receber o passe e engatilhar. Usando um corta-luz atrás do outro, serpenteando pela defesa, forçando um jogo de gato-e-rato.

Palpite: Indiana Pacers em cinco (4-1).

4-BROOKLYN NETS x 5-CHICAGO BULLS

A história: nos últimos anos o Bulls se firmou como um dos times muito, mas muito combativo sob o comando de Tom Thibodeau. Agora, sem Derrick Rose, com Joakim Noah e Taj Gibson no sacrifício, Luol Deng arrastado por mais de 38 minutos em média em todo o campeonato, vindo de uma dura participação nas Olimpíadas, sobra o que para batalhar? Só não esperem que eles se apeguem a qualquer desculpa. O que seus atletas tiverem eles vão deixar em quadra. E o Brooklyn Nets, com um proprietário que sonha com o título, a presidência da Rússia e o mundo todo, para falar a verdade,  vai ter de usar o talento de Deron Williams, Joe Johnson e Brook Lopez para tentar derrubar essa gente, que veste uma camisa bem mais pesada.

O jogo: meio chocante constatar isso – até melhor você tomar uma água com açúcar antes e depois ficar sentadinho na cadeira, nada de ler isso no celular fazendo esteira! –, mas… A defesa do Bulls hoje é ‘apenas’ a quinta melhor da NBA. Como o Thibs consegue conviver com algo assim?! Existem quatro times na sua frente nesse quesito (Pacers, Grizzlies, Spurs e Thunder). Ok, essa deve ser uma brincadeira que PJ Carlesimo e seu Nets não devem gostar muito, não. Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler vão testar para valer a boa fase de Deron – que resgatou do nada o seu jogo depois do All-Star Game e é o melhor jogador da série, uma vez que Rose não deve retornar mesmo. Para o Bulls ter alguma chance, porém, Noah e Gibson precisam estar inteiros. Do contrário, ter de anular Deron e Lopez de uma vez fica muito difícil.

De dar nos nervos: há diversos candidatos no elenco do Bulls, mas já falamos bastante deles durante a temporada. Vamos gastar algumas linhas, então, para destacar Reggie Evans, o reboteiro insano do Nets. Se Korver sobreviveu como o arremessador de elite, Evans só se tornou um milionário por sua capacidade de coletar as sobras próximas ao aro tanto no ataque como na defesa. Numa projeção de 36 minutos para sua carreira, Evans tem média de 13,3 rebotes contra apenas 9,0 pontos, roubos de bola, tocos e assistências somados! E, bem, além de rebotes, o pivô já ficou famoso por causa disso aqui. Sem palavras:

Olho nele: Jimmy Butler, o novo orgulho da torcida do Bulls. Inicialmente, quando foi selecionado no Draft de 2011 na 30ª escolha, o ala era mais admirado por sua trajetória comovente – seu pai morreu quando ainda era uma criança, sua mãe o expulsou de casa aos 13 anos porque não gostava de olhar para ele, mudando de uma casa para a outra até encontrar um lar definitivo com um amigo do colegial. Neste ano, porém, em sua segunda temporada, Butler mostra que é muito mais do que uma bela história ou mascote, caminhando para ser um dos melhores defensores de perímetro da liga sob a orientação de Thibodeau e, ao mesmo tempo, melhorando consideravelmente no ataque – versátil, atlético e enérgico, ele tem média de pouco mais de 15 pontos por jogo quando é titular.

Palpite: Nets em sete (4-3).

*PREVIA DO OESTE: Thunder x Rockets e Spurs x Lakers.
*PREVIA DO OESTE:
Nuggets x Warriors e Clippers x Grizzlies.
*PREVIA DO LESTE: Heat x Bucks e Knicks x Celtics


Quais foram os destaques individuais de uma grande temporada da NBA?
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Giancarlo Giampietro

LeBron

Somos todos testemunhas, sim. O marketing acertou

Foi mais uma grande temporada, que pareceu ainda melhor sucecendo um campeonato sabotado pelo lo(u)caute de 2011. As 27 vitórias seguidas do Miami Heat de LeBron James. A evolução contínua e assustadora de Kevin Durant. Os heroísmos de um desesperado Kobe Bryant (em sua, glup, despedida!?). O ano em que Carmelo cumpriu sua promessa e, enfim, jogou sério do início ao fim. Indiana e Chicago resgatando os tempos das defesas ferozes de Knicks e Pistons. A renascença de Tim Duncan, com Splitter efetivado ao seu lado. A correria frenética do Nuggets e seu basquete “sem estrela”, mas com o maníaco Kenneth Faried. Stephen Curry. James Harden. Russell Westbrook. Damian Lillard e Anthony Davis, bem-vindos sejam. O Charlote Bobcats. Quer dizer, o Charlote Bobcats, não. Mas tudo bem. Teve bastante coisa para acompanhar de outubro para cá. Agora, então, a de passar a régua e fechar a conta, ou, pelo menos de pedir aquela parcial pro garçom, enquanto os playoffs. Sem mais delongas, a lista de prêmios do Vinte Um pela qual você mal podia esperar:

Melhor jogador
Kevin Durant manteve sua altíssima média de pontuação, chutando estonteantes 51% de quadra, 41,6% de três pontos e 90,5% de lances livres, sendo um terror em todos os cantos a partir da meia-quadra. Melhorou como um passador, criador de jogadas para os outros – suas posses de bola terminam em assistências em 21,7% das vezes, contra 15,2% da carreira. Melhorou como reboteador e como marcador. Seus índices de eficiência estão no topo. E, não, ele não foi o melhor jogador da liga. Para você ter uma ideia do quão estepacular foi o ano vivido por…
LEBRON JAMES, Miami Heat
(Durant é o segundo da lista, algo que também não se discute. Na sequência, qualquer trio dentro do grupo de Melo, Paul, Duncan, Parker, Kobe, Marc Gasol, Wade pode completar um top 5 de respeito.)

Melhor técnico
Essa é disparada a categoria mais difícil, com tantos ótimos trabalhos. Por mais que queiram diminuir o jogo praticado na liga americana, a carga tática lá praticada é riquíssima, cheio de pequenos detalhes que podem facilmente passar despercebidos quando se quer observar apenas ***as estrelas*** em ação. Há diversas formas também de se abordar essa escolha: quem fez mais com menos, o trabalho mais surpreendente, quem tem o time mais consistente, o time mais inventivo etc. Desses caminhos, certamente o Miami Heat não se enquadra na primeira: com LeBron, Wade, Bosh, Battier, Allen, Andersen, Chalmers, Miller, mão-de-obra não falta. Ainda assim, engatar uma sequência de 27 triunfos? Ter o melhor ataque e a sétima melhor defesa? Ousar e quebrar uma série de paradigmas e dogmas, explorando ao máximo as características particulares de seus atletas? Ele fez tudo isso, levando um timaço a outro patamar…
ERIK SPOELSTRA, Miami Heat
(George Karl com seu divertidíssimo e traiçoeiro Denver Nuggets, Mike Woodson controlando Melo e JR Smith em Manhattan e explorando os velhinhos Prigioni e Kidd, Kevin McHale levando aos playoffs a equipe mais jovem da liga, Lionel Hollins e sua maquininha de basquete no Grizzlies sem Rudy Gay, Frank Vogel com sua defesa sufocante, esmagadora, tendo DJ Augustin, Orlando Johnson, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi como seu quinteto reserva… Gregg Popovich, oras!, voltando ao top 3 defensivo, com o sétimo melhor ataque, a despeito das lesões de seus craques… Enfim, a categoria é REALMENTE difícil.)

Melhor sexto homem
JR Smith teve momentos espetaculares pelo New York Knicks, ainda mais em tórrido início e final de campanha. No meio do caminho, porém, Mike Woodson testemunhou uma ou outra loucura em quadra, para variar.  Um cara mais consistente durante toda a temporada, tão importante como para sua equipe, o único a ter médias superiores a 10 pontos (12,9) e 5 assistências (5,5) por jogo vindo do banco, acertando 40,4% de três, 45,2% de quadra (criando quase sempre a partir do drible, assim como JR), mas que, por não jogar na Big Apple e ter sempre operado em franquias periféricas, andou sempre escondido foi…
JARRET JACK, Golden State Warriors
(Mas, olha, JR Smith realmente jogou uma barbaridade pelo Knicks quando Amar’e Stoudemire não esteve em quadra. Em abril, suas médias foram de 22 pontos, 6,6 rebotes (!), 2,4 assistências com 48,3% de pontaria. Nate Robinson também incendiou muitos jogos em Chicago, para o bem e para o mal. Mais regular foi Kevin Martin, que se virou muito bem, conforme o esperado, com as sobras de Wess e Durant em Oklahoma. O combo Eric Bledsoe/Jamal Crawford  também merece menção, mas a presença de um atrapalha a do outro.)

Melhor defensor
Hoje há diversos índices estatísticos que mostrem a relevância de um defensor para sua equipe, mas vamos nos dar ao direito de nem conferi-los agora, se limitando apenas a um dado levantado por Tom Haberstoth, do ESPN.com: 4,4 km corridos é a média por jogo de…
JOAKIM NOAH, Chicago Bulls
(Sério, Noah é o atleta que mais acumulou milhagem na temporada, mesmo tendo perdido as últimas semanas devido a essa mardita fascite plantar. O sujeito se mata. Ele correu mais até que Luol Deng, que liderou a temporada em minutos por jogo, com 38,9. E sabemos bem que Noah corre de modo inteligente em quadra, cobrindo espaços com velocidade lateral e vertical impressionantes, tendo que se virar como a âncora defensiva de um time que perdeu Asik e teve Taj Gibson também jogando no sacrifício; em Nova York, Tyson Chandler é a defesa do Knicks; Marc Gasol oferece uma presença intimidadora para sustentar a segunda melhor retaguarda da liga; Larry Sanders cria o caos em quadra. LeBron James, quando necessário, é acionado por Spo para anular um oponente. Até isso ele faz.)

Jogador que mais evoluiu
Diversos astros fizeram as melhores temporadas de suas vidas, como LeBron, Durant e Melo. Deron Williams terminou o ano como o cara que mais evoluiu dentro da mesma campanha, lembrando muito mais aquele craque de Utah do que o do gordote desinteressado e desvairado de Nova Jersey – mas isso não vale nesta categoria. Ainda assim, prefiro sempre os jogadores mais subestimados que conseguem se inserir no mapa das figuras mais relevantes da liga, como o garoto que assumiu a liderança de sua equipe, aprendendo com os próprios erros, com uma capacidde atlética impressionante e um pacote técnico que ainda pede aprimoramento, mas já avançou significativamente…
PAUL GEORGE, Indiana Pacers
(Pelo Sixers, Jrue Holiday seguiu o mesmo script de George, assim como Brook Lopez em Brooklyn; Larry Sanders conseguiu segurar, na maior das vezes, seu ímpeto exagerado, maneirando nas faltas, podendo jogar por mais tempo e influenciar a defesa do Milwaukee Bucks de um modo como Andrew Bogut fazia antes de sua terrível lesão; Andray Blatche deixou de ser um vagal para contribuir para um time de playoff; Greivis Vasquez, por fim, terminou como o terceiro principal assistente da liga, atrás apenas de Rondo e Paul, e nem o chavista mais fanático poderia imaginar isso.)

Novato do ano
Um pouco por causa dos constantes problemas físicos do Monocelha, mas muito mais por suas habilidades e ousadia, quebrando recordes em Portland, surpreendendo a liga toda, esta categoria é tão barbada como a de MVP…
DAMIAN LILLARD, Portland Trail Blazers
(Anthony Davis não teve o impacto que muitos esperavam em Nova Orleans, até porque sua campanha foi sabotada por pequenas lesões, mas mostrou muito potencial, com 13,5 pontos, 8,2 rebotes, 1,8 bloqueio, 1,2 roubo de bola e 51,6% mesmo sem o físico ideal para aguentar um campeonato brutal; potencial absurdo também tem o gigante Andre Drummond, de Detroit; e muito mais refinado já está o jovem ala-armador Bradley Beal em Washington. Pablo Prigioni tecnicamente se enquadra como um novato, mas não vamos ter a desfaçatez de inseri-lo nesta lista, embora tenhamos acabado justamente de fazer isso.) 🙂


Chicago Bulls segue em frente mesmo sem Derrick Rose
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Giancarlo Giampietro

Noah e Hinrich combinam em ótima defesa

Deeeefense: marcação e profissionalismo ainda mantêm o Bulls lá em cima

Por Rafael Uehara*

Quando o Chicago Bulls decidiu reter apenas Taj Gibson e disse adeus aos demais membros do seu banco de reservas, um dos pontos mais fortes do time, substituindo-os com renegados ganhando o salário mínimo e explorou a fundo um possível negócio que mandaria Luol Deng para o Golden State Warriors em troca pela sétima escolha no último draft, o senso comum era que a diretoria estava totalmente OK se o time desse uma diminuída no ritmo nesta temporada em que Derrick Rose continua a se recuperar de lesão séria no joelho. Poucos acreditavam que o Bulls estava em condição de continuar a batalhar por um degrau no topo da conferência sem Rose por uma grande parte do ano.

Só esqueceram de avisar Tom Thibodeau.

Na parada para o jogo das estrelas, o Chicago tem um recorde de 30-22 e é o quinto no Leste, mas apenas duas vitórias atrás do segundo colocado Knicks. Através de grande defesa e um tremendo esforço de cada jogador que pisa em quadra, o Bulls se mantem um time a ser levado a sério e potencialmente concorrente legítimo ao título caso Rose retorne, embora ele diga repetidamente que só o fará quando estiver 100%.

Desde que Thibodeau desembarcou em Illinois, o Bulls tem tido uma das melhores defesas a liga já viu. Joakim Noah pode não ser Kevin Garnett, mas sua mobilidade extraordinária para sua altura e QI estão bem próximos, dois fatores essenciais para a marcação do time em pick-and-rolls, contra a qual oponentes tem tido aproveitamento de tiro de apenas 40%, de acordo com o portal mysynergysports.com. Conforme o melhor jornalista cobrindo basquete na atualidade Zach Lowe descreve nesta coluna, Thibodeau posiciona Chicago para defender o pick-and-roll de uma maneira que sempre tentar forçar apenas os dois jogadores diretamente envolvidos na jogada a arremessar, tornando as demais opções inúteis.

Isto requer sincronia. Kirk Hinrich deve resistir ao corta-luz, para que Noah não tenha que se estender tanto no perímetro –  o defensor do lado oposto deve estar ciente de sua responsabilidade de cobrir o garrafão caso Noah esteja muito exposto e, ao mesmo tempo, marcar o seu ala individualmente. Como o pequeno Nate Robinson tem jogado muitos minutos e o veterano Hinrich não tem mais a capacidade defensiva de antigamente, armadores velozes têm desafiado a marcação fora de série do Bulls. Mas Chicago compensa controlando os rebotes e com rotações precisas. Além do mais, Deng e o promissor Jimmy Butler são grandes marcadores individuais. O resultado: o time é o segundo na liga em pontos permitidos por posse, atrás apenas do Indiana Pacers, que está fazendo uma campanha quase histórica em prevenção.

O ataque não tem sido de impressionar, mas um tanto quanto saudável, levando em conta a ausência de Rose. Sem o principal o foco de referência, ficou tudo um pouco mais democrático; um pouco de Hinrich e Robinson usando corta-luzes, Noah espaçando a quadra com sua capacidade de passe, Carlos Boozer tendo um excelente ano em tiros de meia distância, Deng e Richard Hamilton correndo pela linha de fundo e uma quantidade desconfortável de Marco Bellineli criando através do pick-and-roll. Mais uma vez, a produção não tem sido de impressionar – o time é o 20° em pontos por posse – mas tem sido o suficiente.

Obviamente, a chave para que o Bulls faça qualquer coisa de significância nesta temporada ainda depende do possível retorno de Rose, e, nesse caso, em que condições ele estaria retornando. Isto posto, o trabalho magnífico que Thibodeau e seus jogadores fazem não tem como ser elogiado o suficiente, especialmente levando em conta que Hinrich, Deng, Boozer e Noah também perderam tempo com lesões em algum ponto. Mesmo assim, o Bulls simplesmente aparece para trabalhar diariamente, joga o máximo que pode e em 57% das vezes leva a vitória pra casa. Um exemplo de profissionalismo.

 *Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Resumão de intertemporada da NBA: Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui. Começamos pela Conferência Oeste e agora publicamos a do Leste:

LeBron, sobrando

LeBron: nem o Bulls incomoda mais?

Melhor jogador: LeBron James.
O jogo desta quinta-feira passou para todo mundo ver. LeBron atingiu um nível absurdo, que fica difícil de escrever qualquer coisa aqui que não pareça fraca ou estúpida. Com seu tamanho, força e capacidade atlética, o basquete sempre pareceu fácil. Mas vocês se lembram dos tempos em que ele não conseguia acertar nada de três pontos? Nesta temporada, já estamos falando de 42,4%, não importando que os melhores defensores da liga se dediquem diariamente a tentar, pelo menos tentar incomodá-lo de alguma forma. E, se ele não quiser chutar de fora, já que nem precisa mesmo, que ataque o interior da defesa adversária mesmo, causando estragos irreparáveis. Daqui a pouco os playoffs chegam, e será que alguém realmente vai conseguir pará-lo?
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Carmelo Anthony, New York Knicks, e só.

Melhor técnico: Frank Vogel.
Se você não tem o elenco mais talentoso ofensivamente à disposição, você segue o manual de Tom Thibodeau, não? Que seu time se mate na defesa para tentar fazer a vida do adversário tão sofrida, miserável como a sua, vencendo 60% das partidas. Sem contar com um armador cerebral ou jogadores mais criativos no perímetros, o Pacers tem o sétimo pior ataque da liga. Mas, em termos de retaguarda, estamos falando do conjunto mais eficiente da temporada, e de longe, bem mais distante do segundo colocado, o Memphis, do que o próprio Grizzlies está do sexto, o Clippers. Mesmo que um gigantão como Roy Hibbert pareça hoje um monstro em extinção no esporte, se arrastando pela quadra – quando, na verdade, ele se torna um trunfo, congestionando o garrafão. E vocês já deram uma olhada para o que Vogel tem no banco para mudar um jogo?
Quem mais poderia estar no páreo? Mike Woodson, Knicks; Tom Thibodeau, Bulls.

Melhor reserva: Andray Blatche.
Hã… Sim, esse, mesmo. O cara que era vaiado a cada vez que recebia um passe na temporada passada pelo Wizards e hoje é o segundo jogador mais eficiente do Brooklyn Nets na temporada, um clube que conta com cinco atletas ganhando mais de US$ 10 milhões nesta temporada (Deron, Johnson, Wallace, Lopez e Humphries). Extremamente coordenado, ágil para um pivô, oferece ao técnico PJ Carlesimo uma opção ofensiva versátil e coesão defensiva, algo antes impensável para um jogador que era notório pela capacidade de caçar borboletas enquanto a bola quicava.
Quem mais? Amar’e Stoudemire e JR Smith, Knicks; Jimmy Butler, Bulls.

Dois quintetos:

Brooklin Lopez

Brooklyn: mais assertivo pelo Nets

1) Dwyane Wade, Paul George, LeBron James, Carmelo Anthony, Joakim Noah.
Wade e LeBron hoje não têm mais nenhum problema em repartir a bola, nenhuma síndrome sobre quem deve, ou não, controlar o jogo. O que não faz de Dwyane um jogador menos brilhante. Carmelo curte sua melhor temporada, justamente quando efetivado como um ala-pivô móvel, sem ter de se prender ao perímetro massageando a bola sem objetividade alguma. Noah é tão bom defensor quanto Chandler, com posicionamento impecável, presença física e garra, e ainda contribui mais no ataque com seus passes astutos. Sobre George, mais adiante.

2) Kyrie Irving, Jrue Holiday, Paul Pierce, Brook Lopez, Tyson Chandler.
Se há alguma coisa parecida com uma defesa aceitável em Nova York (o Knicks ocupa o meio da tabela nesse quesito, em 15º), é porque existe lá um Tyson Chandler, dando cobertura a seus armadores e Melo. Pierce segurou as pontas enquanto os reforços estavam perdidos, teve um péssimo mês de janeiro, e agora vem compensando essa queda em fevereiro, com média de 7,3 assistências no mês, ajudando a aliviar a perda de Rajon Rondo. Brook Lopez é o segundo jogador mais consistente do Leste no momento. Ele se livrou das lesões no pé e se tornou uma figura mais afirmativa no garrafão, dos dois lados, compensando o ano decepcionante de Deron Williams, Gerald Wallace e Joe Johnson. Kyrie Irving vai caminhando rapidamente para o grupo dos dez melhores da NBA, ao passo que sua dedicação na defesa também se intensifica, enquanto Jrue Holiday faz o que pode para o time não choramingar seu pivô lesionado.
Quem mais poderia estar no páreo? Chris Bosh, Heat; Al Horford, Hawks; Kevin Garnett, Celtics; David West, Pacers; Josh Smith, Hawks.

Três surpresas agradáveis:

1) Knicks brigando no topo: O time de Mike Woodson conseguiu bloquear aquela que era a maior ameaça ao sucesso em quadra: o choque de egos. A presença de Jason Kidd não poderia ter sido mais positiva. Carmelo, enfim, consegue se empenhar noite após noite. Amar’e aceitou as críticas e o banco. Raymond Felton esqueceu seu ano perdido em Porland. As peças complementares funcionaram. Os Bockers enfim voltam a ser respeitáveis.

John, Pau George e Paul

Paul George: subindo

2) Paul George, chegou a hora: Ele saiu pouco badalado da universidade de California State, mas alguns scouts o consideravam um dos melhores da fornada de 2010. Olhando a lista agora, dá para imaginar que pelo menos Sixers (Evan Turner), Wolves (Wes Johnson!!!), Warriors (Ekpe Udoh), Clippers (Al-Farouq Aminu) e Jazz (Gordon Hayward) talvez se arrependam de sua escolha, diante do que vem se transformando o décimo da lista. Sem Danny Granger, George assumiu maior responsabilidade no ataque, ganhando mais confiança e aprendendo aos poucos. Na defesa, coloca muita pressão nos adversários devido a sua envergadura e capacidade atlética no perímetro, ajudando a compor o paredão de Vogel. O trabalho do técnico e de sua comissão liderada por Brian Shaw no desenvolvimento do jovem ala se mostra exemplar.

3) Andre Drummond, impacto imediato: Ah, que ele talvez nem goste tanto de basquete assim que não trabalhe duro, que não sei mais o quê. As previsões dos mais pessimistas vão sendo refutadas energicamente pelo pivô adolescente do Pistons, uma força já temida debaixo da tabela, com média provavelmente de 79 enterradas por jogo. Também já é um reboteiro de respeito, com atributos físicos que lhe permitem capturar rebotes em zonas bem distantes de onde está posicionado. E, sim, ele realmente só tem 19 anos. Uma pena que tenha sofrido a lesão nas costas para desacelerar seu desenvolvimento.

– Três fatos desagradáveis:

1) Deron Williams, saudades de Jerry Sloan: A lista era para ser de surpresas desagradáveis. Mas, se você for levar em conta o histórico de Deron pelo Nets, não há novidade alguma em sua decepcionante campanha. Cada vez mais insistindo nos disparos de longa distância, que não o seu forte, abrindo mão das infiltrações e de agredir a defesa, hoje o (pretenso) astro sofre para acertar  apenas 41,3% de seus arremesos de quadra. Pior: em termos de assistências, tem sua pior média (7,5, por 36 minutos) desde o ano de novato (5,6), e sem maneirar nos desperdícios de bola, ainda elevados para alguém que ataca menos o garrafão. Agora amparado por um time competitivo, o armador simplesmente não tem conseguido justificar toda a atenção que recebeu durante as férias, muito menos seu salário de US$ 20 milhões anuais.

2) Andrew Bynum x O Grande Lebowski: Mais um caso daqueles… Não dá para dizer que ninguém esperava por isso. O pivô ainda não conseguiu entrar em quadra devido a problemas crônicos no joelho e ainda atrasou sua recuperação durante uma partida disputadíssima de boliche. Sem mais.

3) Anderson Varejão e a enfermaria: O capixaba era para estar na trinca acima, com a melhor temporada de sua já longínqua carreira nos Estados Unidos. Mas infelizmente a lesão na região do joelho e, depois, a descoberta de um coágulo no pulmão acabaram por afastá-lo novamente de modo muito precoce das quadras.

– O que resta para os brasileiros:
Com a baixa de Leandrinho e Anderson e as longas passagens de Fabrício Melo pela D-League, Nenê é quem fica de porta-bandeira solitário na conferência. Depois de se arrastar por boa parte da primeira metade do campeonato, lidando com uma para lá de incômoda fascite plantar, em fevereiro o paulista de São Carlos conseguiu se recuperar, com médias mais similares ao que produziu em Denver. Que ele fique saudável e consiga jogar basquete para valer até maio.


Noah faz as vezes de Varejão como peça deslocada no All-Star Game da NBA
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Giancarlo Giampietro

JoJo não para!

Não teve Anderson Varejão, então vai de Joakim Noah, mesmo. Não que signifique muita coisa.

Esses são dois jogadores bem semelhantes, e os paralelos vão muito além da cabeleira exótica – embora, fale a verdade, nesse quesito o capixaba dê de 10 a 0, não? Dificilmente o coque do francófono vai poder virar peruca para os torcedores de Chicago usarem uma noite especial.

Mas, no que importa mais, a bola quicando, estamos falando de dois dos jogadores mais raçudos, empenhados, determinados, dedicados, comprometidos, aguerridos etc. etc. etc da NBA. Dois reboteiros e defensores excepcionais, que ajudam suas respectivas equipes nos pequenos detalhes de jogo, que dão sustentação para que elas vençam (no caso do Bulls) ou estejam em condições de, ao menos, lutar (alô, Cavs).

Varejão vinha em sua melhor temporada, como candidato sério ao jogo das estrelas em Houston, mas seus recorrentes problemas físicos lhe custaram qualquer chance de receber a honraria. Abriu espaço para Noah, e a vaga não podia ficar em melhores mãos – David West, com sua campanha de arromba pelo Indiana, que nos desculpe.

JoJo vai de 12,1 pontos, 11,1 rebotes, 4,1 assistências, 2,1 bloqueio e 1,3 roubo de bola, com 75,3% nos lances livres e 45,7% nos chutes de quadra no atual campeonato. Ao passo que Anderson tem 14,1 pontos, 14,4 rebotes, 3,4 assistências, 0,6 bloqueio e 1,5 roubo de bola, com 75,5% nos lances livres e 47,8% de pontaria.

São rendimentos bem similares, com o brasileiro ligeiramente superior.

Mas uma comparação fria assim não conta para muito, né? Talvez Noah já levasse a melhor numa eleição levando em conta o melhor rendimento do Bulls na temporada. Também dá para contra-argumentar que o pivô capixaba não tem culpa de jogar em um clube inferior e que, sem seus esforços, a coisa poderia ser ainda mais braba em Cleveland. Aí que o advogado de Noah também poderia defender a tese de que, num sistema amarrado como o de Thibodeau, seus números ofensivos acabam sacrificados, mesmo com Derrick Rose afastado por lesão (sobrando deste modo mais arremessos para o restante da cavalaria). E esse parágrafo não ia terminar nunca com tantos pontos de um lado ou de outro. No fim, a infeliz lesão de Anderson encerrou qualquer discussão.

Noah não é o mais habilidoso na hora de colocar a bola na cesta ou de driblar. Há, porém, muito mais coisa em jogo numa quadra de basquete, e, em termos de serviço sujo e jogadas complementares, o sujeito é um dos melhores.

Está feito convite: no próximo jogo do Bulls, desviem o olhar da bola para a ação que se passa distante dela, tanto na defesa ou no ataque.

Na retaguarda, vejam o quanto se movimenta Noah, para fechar espaços com sua movimentação horizontal e vertical. Para alguém de seu tamanho, é de se embasbacar. No pick and roll, ele pode tanto se antecipar contra a investida de um armador como recuar rapidamente em sequência para cobrir  eu próprio jogador. Atacando, ciente de suas limitações com a bola, dificilmente vai atacar a cesta no mano a mano, a não ser quando estiver diante de um pivô mais lento. De resto, vai se colocar em situações em que pode converter o arremesso de longa distância – que é feio que dói, mas funciona adequadamente –, ou para usar seu talento como passador. Especialmente lendo a defesa da cabeça do garrafão, mas não que não saiba também dar suas assistências em movimento.

No Chicago sistemático de Thibodeau, essas são  contribuições vitais.

Numa pelada como o All-Star Game?

Completamente deslocadas, assim como as de Varejão estariam.

*  *  *

Na vitória do Bulls sobre o Detroit Pistons na semana passada, Marco Belinelli foi quem fez a bandeja e, depois, converteu o lance livre para dar a vitória para o time da casa, nos segundos finais. Mas o lance mais incrível fica por conta de Noah. O pivô reage rapidamente a um arremesso perdido pelo ala italiano, salva uma bola impossível e mal vê o desfecho do lance. Clique aqui e assista. “Foi a melhor jogada”, afirma o armador Nate Robinson. “O engraçado é que estávamos comemorando na quadra, e ele ainda estava derrubado sobre as cheerleaders.”

*  *  *

Curioso é que, durante sua preparação para o Draft da NBA de 2007, Noah era constantemente comparado a Varejão, e se mostrava ofendido: afirmava que se considerava um jogador muito diferente e de outro nível. Bom lembrar apenas que, naqueles tempos, o brasileiro era considerado um marcador dos mais chatos, mas no ataque de Mike Brown era muito pouco aproveitado, vivendo das rebarbas de LeBron James – e Larry Hughes, Damon Jones, Donyell Marshall, o envelhecido Ilgauskas e outros jogadores nada brilhantes.


Sem Noah, a França despenca de cotação
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, Joakim Noah, França

Parker vai sentir falta de Noah

Kevin Seraphin, Ali Traore, Ronny Turiaf são todos pivôs competentes, que dão para o gasto. Mas nenhum deles é Joakim Noah. O desfalque do jogador do Chicago Bulls, devido a uma lesão no tornozelo, deixa a França seriamente enfraquecida para os Jogos Olímpicos.

Tony Parker (espera-se), Nicolas Batum, Boris Diaw e alguns bons coadjuvantes ainda estarão lá e são todos igualmente isubstituíveis. Ninguém vai poder subestimar os Bleus, no fim, pela presença deles. Mas a defesa da equipe perde muito sem a presença de Noah no centro do garrafão, pelos motivos aqui citados. (Leiam, por favor, pois só não colamos aqui para não acusarem o Vinte Um de autoplágio. E o Jojo é um dos nossos prediletos).

Para qualquer seleção que aspire a uma medalha em Londres, incluindo a brasileira aqui, não deixa de ser uma boa notícia, ainda que esportivamente desagradável.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a França em sua encarnação passada.