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Euroligado: após jogaço, estupidez e morte
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Giancarlo Giampietro

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

Torcida do Galatasaray apoia muito seu clube, mas também aponta para os rivais

O fenômeno da estupidez tem alcance global.

Depois de uma partida histórica em Istambul contra o Galatasaray, um torcedor do Estrela Vermelha acabou morto por uma facada em confronto dos torcedores/paramilitares de sempre nos arredores do ginásio Abdi Ipekçi. Marko Ivkovic tinha 25 anos e foi apunhalado no coração. Ele acompanhava um contingente de centenas de hooligans do clube sérvio – estima-se que 400 viajaram até a Turquia. Trata-se, sabidamente, de um time encrenqueiro, com muitas histórias sangrentas para contar. Foram recebidos dentro da arena por cartazes de mal gosto, bandeiras da Armênia e gritos de “Kosovo” por parte dos anfitriões. Obviamente que nada de positivo poderia sair de uma situação dessas.

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Se o episódio já não cumprisse com toda a cota de tragédia e demência que uma semana esportiva pode pedir, o técnico Ergin Ataman, da seleção nacional turca e do tradicional clube, foi no mínimo imprudente ao declarar em entrevista ainda no ginásio que os seguidores adversários eram todos verdadeiros terroristas – sem, no entanto, dirigir nenhuma palavra contra a torcida de seu próprio clube. Ele soltou a frase antes de tomar nota a respeito da morte do turista e se viu obrigado a pedir desculpas públicas horas depois, sem se livrar de um incidente diplomático. As desculpas que não foram aceitas pelo primeiro ministro sérvio Aleksandar Vucic, que declarou que Ataman não seria mais uma figura bem-vinda nas fronteiras de seu país.

Algumas imagens da confusão:

Foi uma grande rodada da Euroliga, que acaba perdendo em repercussão para esse tipo de incidente que teima em acontecer. Barcelona, CSKA Moscou e Olympiakos seguem invictos e já estão garantidos na fase de Top 16. Restam três vagas, então.

O jogo da rodada: Galatasaray 110 x 103 Estrela Vermelha
Pode corrigir aí: foi o jogo da temporada até o momento. E, a partir daqui, vale o esforço para nos concentrar apenas no que aconteceu em quadra, em partida que tive a sorte de transmitir pelo Sports+, ao lado do Marcelo do Ó. Dupla prorrogação, uma cesta de três pontos quase do meio do quadra para forçar o primeiro tempo extra, um time de veteranos pressionados de um lado, uma das equipes mais jovens da competição do outro, disposta a aprontar.

O contexto do time turco era preocupante. Perderam para o Fenerbahçe no clássico pela liga nacional e, durante a semana, ainda tiveram de lidar com uma briga em treinamento envolvendo Carlos Arroyo e o gigantesco Nathan Jawai. Já o Estrela vinha de sua primeira vitória fora de casa, sobre o Laboral Kutxa, e em grande estilo. Na Liga Adriática, o clube, que tem no americano Marcus Williams, de 29 anos, seu atleta mais velho, estava invicto, fazendo grande campanha, com oito vitórias.

Num terceiro período avassalador, com Williams bastante inspirado na condução da equipe, o Estrela Vermelha venceu por 23 a 9 e chegou a abrir uma liderança de 11 pontos. Os donos da casa, porém, tiveram sangue frio para reagir. Foi um desfecho emocionante, no qual o ala-pivô Zoran Erceg, grande nome da partida, acertou a seguinte bola para empatar a partida contra seus compatriotas:

O Estrela Vermelha não se desesperou, manteve a compostura e contou com boas jogadas do ala Nikola Kalinic e lances livres do gigante Boban Marjanovic para se manter com chances. Os visitantes venciam por 96 a 94 com Marjanovic na linha. Arroyo igualou o marcador, na mesma moeda. Williams buscou uma infiltração no último ataque, mas não conseguiu cavar uma falta e nem completar a bandeja, fazendo um turnover.  Na segunda prorrogação, os veteranos do Galatasaray mostraram que ainda têm muita perna para render. O pivô Keren Gonlum, que completa 37 anos neste sábado, foi um guerreiro nos rebotes. Mas quem cresceu foi Arroyo, que adora esse tipo de confusão, como bem sabemos. Ele converteu três bolas de longa distância para levar sua torcida ao delírio e afastar de vez a garotada sérvia da vitória.

Alguns números desse jogo épico: Erceg terminou com 32 pontos em 41 minutos, sete rebotes, duas assistências, dois roubos de bola e 100% nos lances livres com 14 batidos, para alcançar um índice de eficiência de 41, levando o prêmio de MVP da jornada; aos 35 anos, Arroyo jogou todos os 50 minutos da partida, anotando 26 pontos, 18 deles em chutes de fora (mas com um detalhe: ele arriscou nada menos que 17 tiros de três); Williams estabeleceu um recorde de 17 assistências na competição; Marjanovic foi mais uma vez uma força irresistível no garrafão, com 23 pontos e 17 rebotes (oito ofensivos) e índice de eficiência de 39; o talentoso Kalinic marcou 21 pontos  em 25 minutos e surpreendeu com 3/5 nos arremessos de fora; Luka Mitrovic, de apenas 21 anos, alcançou um recorde pessoal: 30 pontos, em 33 minutos, lidando com problemas de faltas durante todo o segundo tempo.

Carlos Arroyo, quem dirai, viron um Ironman aos 35 anos

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Os brasileiros
Marcelinho Huertas fez sua melhor partida na competição até aqui, dando o tom na tranquilíssima vitória do Barcelona sobre o Bayern de Munique na quinta-feira, na Baviera. O clube alemão jogou com uma intensidade deprimente, sem reação, vendo o time catalão abrir larga vantagem já no segundo período e caminhar para um triunfo por 99 a 77. O armador somou 15 pontos, deu 6 assistências, pegou 4 rebotes e matou 6 de seus 7 arremessos, com ótimo aproveitamento dentro do perímetro (5/6 – para alguém que havia acertado apenas 5/25 no primeiro turno). Huertas esteve agressivo desde o princípio, batendo com facilidade os defensores adversários, abrindo uma porteira para a boiada. O Barça acertou 55,3% de dois pontos, 46,2% de dois e bateu 24 lances livres. Um passeio do líder.

JP Batista foi fundamental numa reação do Limoges contra o Maccabi Tel Aviv, mas, no finalzinho, Jeremy Pargo resolveu jogar para dar aos atuais campeões o triunfo fora de casa: 79 a 73. Com o pernambucano em quadra, o time francês tirou no quarto período uma vantagem de até 11 pontos dos israelenses, chegando a assumir a liderança a quatro minutos do fim. João Paulo não pontuou muito nesse quarto, mas teve papel tático relevante com sua presença física no garrafão, atraindo os defensores e limpando quadra para rebotes, chutes e infiltrações de seus companheiros. O pivô marcou 9 pontos, cinco deles em lances livres, e apanhou três rebotes em 19 minutos. Para diminuir seu impacto, o técnico Guy Goodes se viu obrigado a sacar o ágil Alex Tyus para por em quadra o massa bruta Sofo Schortsanitis. Um movimento irônico, já que, em geral, é o pivô grego que força o ajuste por parte dos oponentes.

De Colo, recomeçando na Rússia

De Colo, recomeçando na Rússia

Lembra dele? Nando De Colo (CSKA Moscou)
O ala-armador francês, ex-Spurs e Raptors, mostrou que está recuperado de uma fratura na mão que o tirou de ação da última Copa do Mundo ao liderar o sexto triunfo seguido para o clube russo, agora arrasando o Alba Berlin em casa, por 95 a 68. De Colo teve mais oportunidades com a bola devido ao desfalque de última hora de Milos Teodosic e aproveitou ao máximo, com 22 pontos em 25 minutos, acertando todos os seus 4 chutes de três pontos e 8/12 no geral.

Em números
88 – O saldo de pontos do CSKA Moscou em seis partidas, com média de 14,6 por confronto. Sob comando de Dimtris Itoudis, o clube russo está voando nessa Euroliga, sem sentir a menor carência de Ettore Messina. Esse é o maior saldo da competição até o momento, acima dos 69 do Barcelona e dos 60 do Real Madrid. Lembrando: em chaves diferentes, eles não tiveram a mesma tabela.

31 – Reconhecido no mercado europeu como um armador que mais serve aos outros do que define as coisas por conta própria, Thomas Heurtel liderou o ataque do Laboral Kutxa com 31 pontos, mas sua equipe perdeu para o Neptunas Klaipeda, fora de casa, por apertadíssimo 80 a 79, ficando numa situação difícil pelo Grupo D. Essa foi a terceira vitória do estreante lituano em seu ginásio, o que, por ora, vai lhe garantindo um lugar no Top 16. Heurtel acertou 80% de seus arremessos, e com um número bastante elevado: impressionantes 8/10. Simas Galdikas fez a cesta da vitória a 13 segundos do fim, depois de seu time ter perdido uma vantagem de até 18 pontos no terceiro quarto.

24,17 – É o índice de eficiência de Marjanovic nesta temporada, sendo disparado o jogador com a produção mais qualificada até aqui. Seu concorrente mais próximo é o armador Taylor Rochestie, do Nizhny Novgorod, que foi o cestinha da vitória do time russo, outro estreante, sobre o Dínamo Sassari por 89 a 82, com 29 pontos. De 29 anos, Rochestie é desses americanos que jogam na Europa já há um bom tempo. Formado em Washington State, disputa sua terceira Euroliga, pelo terceiro clube diferente.

13 – O garoto croata Mario Hezonja recebeu tempo de quadra inesperado na partida contra o Bayern: 13 minutos, escalado até mesmo como titular. O ala de 19 anos só havia jogado 18 minutos em toda a temporada, com duas participações no primeiro turno. Coincidência ou não, o movimento do técnico Xavier Pascual aconteceu depois de o superagente Arn Tellem, um dos representantes de Hezonja, ter feito uma visitinha a Barcelona durante a semana. O croata somou 3 pontos, 3 assistências, 3 rebotes, 1 toco, 1 roubada de bola e 1 turnover.

3 – O Grupo D, no momento, é o mais equilibrado. Se o Olympiakos já está classificado para o Top 16, as outras três vagas estão em aberto. No momento, são três clubes empatados com… 3 vitórias e 3 derrotas: Estrela Veremelha, em segundo com o melhor saldo – e de longe –, Galatasaray, em terceiro, e Neptunas, em quarto. O Laboral aparece em quinto, ainda sonhando, com 2 vitórias e 4 derrotas.

Tuitando

Ataman tentando se justificar

É mais provável que os clubes terminem com as segunda e terceira posições do grupo, mas vai que…

Sinan Guler, um dos ídolos do basquete turco e um verdadeiro guerreiro. Mas só na acepção esportiva do termo.

 Problema generalizado, nas palavras de um site atualizado por gregos.

Para melhorar um pouco o astral, as 10 jogadas da semana.


Euroligado: juventude nada transviada na 5ª semana
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Giancarlo Giampietro

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Quando o legendário Dusan Ivkovic decidiu voltar de prolongadas férias para assumir o comando do Anadolu Efes, ele fez questão de dizer que chegava para fazer a garotada do clube jogar. Não foi questão de falácia, não. Num time com investimento pesado para a temporada, os atletas mais jovens ganharam mais espaço com o técnico sérvio, e os frutos já começam a ser colhidos pelo clube turco. Nesta sexta, Cedi Osman, 19, Furkan Korkmaz, 17, e o prestigiado Dario Saric, 20, receberam minutos importantíssimos no quarto final e viram – ou fizeram – sua equipe vencer o poderoso Real Madrid naquele que foi o…

O jogo da rodada: Anadolu Efes 75 x 73 Real Madrid
O ginásio em Istambul já estava bombando antes de a bola subir. A empolgação do público para receber, com vaias e impropérios, o Real, que vinha de 12 vitórias seguidas, contando supercopa e liga espanholas. O tipo de sequência que já fazia o torcedor merengue cogitar a possibilidade de repetir o inesquecível início da temporada 2012-2013., no qual atingiu a incrível marca de 31 jogos sem derrota. Mas eles pararam bem antes disso.

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O Anadolu jogou com muita energia, sem se incomodar em correr a quadra toda contra o veloz time do Real, buscando os desarmes no perímetro para sair em transição. Uma proposta que propiciou uma partida frenética e agradável. A correria, claro, favorecia a molecada, com Osman, que já disputou a Copa do Mundo adulta, sendo o destaque do jogo. O garoto produziu demais no contra-ataque, com aproveitamento perfeito na linha de três, mas também atacando a tábua ofensiva com ferocidade. Ele terminou com 16 pontos, seu recorde pessoal na Euroliga. Foram também sete rebotes para ele – o mais importante deles nos segundos finais do jogo. Dario Saric também foi muito relevante em quadra na segunda etapa, com 13 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco de tudo.

Na última posse de bola, Milko Bjelica foi barrado em sua tentativa de bandeja. Osman invadiu o garrafão para tentar o tapinha, mantendo a bola viva. Na sequência, o ala Matt Janning deu mais um toque na bola para vencer o cronômetro – e a partida. Um herói inesperado: o ala americano, que nem havia entrado em quadra no segundo tempo, não faz uma boa bem temporada, pecando no seu principal fundamento (o tiro de três pontos). Ele acabou se consagrando num rebote ofensivo ainda mais improvável para fechar um jogo que tive o prazer de transmitir pelo Sports+.

Para constar, o Real, cujos defensores assistiam a toda essa farra em seu garrafão passivamente, jogava sem Rudy Fernández, que operou a mão direita e não tem previsão de retorno, mas o Anadolu também foi para a quadra sem Nenad Krstic, seu principal pivô, afastado devido a uma fratura no braço esquerdo.

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Os brasileiros
Marcelinho Huertas tem, no Barcelona, a missão de fazer a bola rodar, de dar estabilidade e ritmo de jogo. É o seu papel na equipe, que ele faz muito bem. Por isso é preciso cuidado na hora de ver sua linha estatística na vitória sobre o Panathinaikos: 8 pontos, 5 assistências e 3 rebotes em 27 minutos. Ah, mas só isso de assistências? Bem, mas lembrem-se que a computação da Euroliga é bem mais rígida que a da NBA. Além disso, uma boa armação não precisa ser medida obrigatoriamente pela quantidade de passes direto para a cesta. Depende de cada time. O Barça tem um ritmo bem cadenciado, com a bola girando bem entre todos em quadra.

JP Batista acabou passando batido no duelo com o fortíssimo e invicto CSKA Moscou, que venceu o Limoges, fora de casa, por 86 a 76. Mas não se enganem com o placar: foi uma vitória suada para o clube russo, com uma virada avassaladora no quarto final, vencido por 27 a 5. Sim, foram 22 pontos de vantagem para os visitantes. O pivô pernambucano jogou por 13 minutos e ficou zerado em pontos e rebotes. Enfrentar um garrafão com Sasha Kaun e Kyle Hines é uma dureza.

Um causo
O Laboral Kutxa tomou um sacode surpreendente do Estrela Vermelha, em casa, perdendo por 86 a 66, ainda no vestiário, o técnico italiano Marco Crespi foi comunicado sobre sua demissão. Foi a chamada demissão sumária, mesmo, para um cara que trabalhava fora de seu país pela primeira vez, tendo sido contratado para este campeonato. Os jogadores só foram saber em contato com a imprensa na zona mista, na saída do vestiário. O clube basco tem duas vitórias e três derrotas na Euroliga. Na liga espanhola, dois triunfos e quatro reveses. Começo ruim de campanha, ok. Mas era pouco mais de um mês de trabalhado… Acontece lá também. O destaque da partida foi o ala Luka Mitrovic, de apenas 20 anos, mais um jovem sérvio que ainda vai dar o que falar. Ele teve 17 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco. Crespi já foi diretor do departamento de scout internacional de Suns e Celtics.

Arrivederci, Marco

Arrivederci, Marco

Lembra dele? MarShon Brooks (Olimpia Milano). Ele mesmo, o ala que já se comparou a Kobe Bryant ao sair da universidade e iniciar sua carreira como profissional pelo Nets e passou por Boston Celtics, Golden State Warriors e Los Angeles Lakers. Sem mercado na NBA, Brooks teve de seguir sua carreira profissional na Europa, com uma boa oferta do Olimpia Milano, clube italiano que tenta voltar ao patamar dos grandes no Velho Continente. Na vitória sobre o Turow Zgolarec por 90 a 71, essencial para um time que vinha penando na temporada, o ala americano anotou 10 pontos e pegou 4 rebotes. Nada espetacular, mas pelo menos é alguma coisa num momento delicado para o jogador, que corre risco de ser dispensado. A imprensa italiana já especula que o Milano vem vasculhando o mercado para um possível substituto. A diretoria está frustrada com o lateral.

Em números
27 – Olho no Olympiakos: os bicampeões da Euroliga em 2012 e 2013 vai muito bem, obrigado, na primeira fase. Nesta quinta, o time bateu o Galatasaray, em casa, por 93 a 66, com 27 pontos de vantagem. Um resultado impressionante. O pivô Othelo Hunter, que já teve breve passagem pelo Atlanta Hawks, anotou 17 pontos e pegou 10 rebotes. O craque Vassilis Spanoulis somou 16 pontos e 7 assistências. Oito atletas do clube grego marcaram mais de 7 pontos.

16 + 12 – Milos Teodosic conseguiu nesta sexta seu terceiro double-double em apenas cinco jogos pelo CSKA, com 16 pontos e 12 assistências em 32 minutos. De novo: o sérvio vai jogando talvez o melhor basquete de sua carreira, empolgadíssimo depois da ótima participação na Copa do Mundo. Rubén Magnano que o diga.

10 – Assim como Robert Day, Andrew Goudelock matou uma dezena de bolas de longa distância em 12 tentativas, na vitória do Fenerbahçe sobre o Bayern de Munique, fora. Foi o recorde da competição. Apelidado de “Mini Mamba” nos Estados Unidos, depois de ter acompanhado Kobe Bryant em sua temporada de novato pelo Lakers, ele anotou 34 pontos e atingiu um ranking de eficiência de 40 pontos, ganhando o prêmio de MVP da jornada mais uma vez.

6 – O americano Brian Randle fez das suas novamente, dando sete tocos na crucial vitória do Maccabi Tel Aviv sobre o Unicaja Málaga, na Espanha. Os dois clubes estão agora empatados no Grupo C, com 3-2. Os espanhóis levam a melhor apenas no saldo de pontos (10 contra 6). Com a grave lesão de Guy Pnini, mais um a lidar com uma ruptura de tendão de Aquiles, cresce a importantância de Randle, um atleta bastante dinâmico, o para o atual campeão. Ele ainda contribuiu com 12 pontos, 7 rebotes e 2 assistências. De 2,03 m de altura, ele tem agora 2,4 bloqueios em média por partida.

3 – Com a derrota do Real em Istambul, restam três times invictos na temporada: Barcelona, na frente do Grupo B, CSKA liderando o C e o Olympiakos encabeçando o Grupo D.

Tuitando

O ala australiano foi dispensado pelo Clippers, mas descolou uma vaguinha no Utah Jazz para ajudar no progresso de Dante Exum – e também pelo fato de o time de Salt Lake City contar com um técnico que o conhece da Europa, Quin Snyder, que trabalhou com Ettore Messina no CSKA. De longe, segue sua ex-equipe ainda de perto. Devin Smith jogou demais contra o Unicaja, com 24 pontos e 10 rebotes.

Imaginem a bagunça no quarto 313, com tanta gente grande dentro, ainda mais depois de uma grande vitória do Estrela Vermelha sobre o Laboral Kutxa. O ala Nikola Kalinic, vice-campeão mundial, veio bem do banco de reservas, influenciando a partida com sua energia e capacidade atlética. Ele ainda tem muito o que evoluir em leitura de jogo e arremesso, mas segue um prospecto interessante, como pudemos testemunhar na Copa.

As 10 melhores jogadas da semana, galera. Aproveitem.


Euroligado: os invictos e o lanterna
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Giancarlo Giampietro

Depois de quatro rodadas, sobraram quatro invictos na Euroliga 2014-2015, cada um encabeçando um dos grupos da primeira fase: Real Madrid (A), CSKA Moscou (B), Barceona (C) e Olympiakos (D). Esses aí estão na crista da onda. Agora, depois de terem tomado uma série de caldos na abertura da temporada, o pessoal que vem de baixo também conseguiu respirar um pouco aliviado. Com o complemento da jornada e as vitórias surpreendentes do Turow Zgorzelec sobre o Bayern e do Cedevita Zagreb sobre o Maccabi em plena Tel Aviv e as do Valencia sobre o Laboral Kutxa e do Alba Berlim sobre o Limoges, 31 dos 32 times da competição já têm ao menos um triunfo.  O único que está fora da festa? O Dínamo Sassari. O estreante da Itália tomou um vareio do Real na quarta-feira, no primeiro jogo da semana.

O jogo da semana: Fenerbahçe 78 x 80 Barcelona
A partida que transmiti no Sports+ na quinta-feira, mas juro que não é o corporativismo falando mais alto aqui. Foi um duelo muito equilibrado, tenso, decidido apenas nos últimos instantes, envolvendo diversas figuras proeminentes. Ou os famosos craques, mesmo. Ao todo, estavam em quadra dez jogadores que disputaram a última Copa do Mundo, outros cinco de seleções nacionais, e, entre eles, seis atletas já tiveram experiência de NBA, além de oito que foram draftados por equipes da liga americana e ainda não cruzaram o Atlântico

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

O primeiro tempo terminou empatado em 41 a 41. O Barça abriu quatro pontos ao final do terceiro período, e o Fener descontou dois na última parcial. Pesou, no fim, o maior senso coletivo do time catalão. Simples assim. O clube turco mais uma vez estocou jogadores badalados no mercado europeu – e mundial – e novamente vem falhando em desenvolver uma química adequada. Antes do intervalo, o time até movimentou a bola. Mas, na hora do aperto, os (nem tão?) comandados de Zeljko Obradovic se perderam em arroubos egoístas, cada um deles tentando ser o herói da vez, forçando jogadas individuais, sem nem mesmo tentar um passe. Sem exagero. Contem nessa, no mínimo, Andrew Goudelock, Ricky Hickman e, na posse de bola final, Emir Preldzic (justo ele, um cara que tem no passe e na visão de jogo um diferencial).

Sim, ainda assim a partida foi definida com vantagem mínima para o gigante espanhol. O que dá noção sobre o potencial do Fener. Se Obradovic vai conseguir endireitar a trilha dessa vez, evitando um novo fiasco, é a grande dúvida. Do lado barcelonista, fica um destaque para o ala-armador Brad Oleson, um baixinho que não mete medo em ninguém à primeira vista, mas que é um cestinha mortal. Foi com duas bolas de três do americano, natural do Alasca, que os visitantes abriram uma vantagem de oito pontos, a oito minutos do fim, crucial para encaminhar o quarto triunfo.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas teve mais uma boa partida em Istambul, num dos ginásios que vai se tornando dos seus favoritos no continente europeu. Na temporada passada, o armador já havia detonado o Fenerbahçe num confronto pela fase de Top 16, com 23 pontos, 7 assistências e 4 roubos de bola num triunfo por 76 a 73, superdecisivo no quarto período. Nesta quinta, sua atuação não chegou a ser um estouro, mas foi produtiva: nove pontos, seis assistências e quatro rebotes, convertendo quatro de dez arremessos de quadra. Uma dessas bolas aconteceu no estouro do cronômetro do primeiro tempo, com uma bola de longa distância usando o quadradinho:

Além desse highlight, Huertas também estrelou outra pintura, com essa assistência abusada para o croata Ante Tomic:

JP Batista: o Limoges teve uma rodada infeliz, perdendo para o Alba Berlim na capital alemã. Não que fossem amplos favoritos, nem nada disso. O problema é que o triunfo por 89 a 66 foi incontestável, com uma larga vantagem aberta já no primeiro tempo, que reabilita o adversário e tem repercussão na tabela. As duas equipes agora estão empatadas no Grupo B, com 1-3. É a mesma campanha do Cedevita Zagreb. O campeão francês, porém, cai para a lanterna, com pior saldo de pontos. O pivô anotou nove pontos e pegou dois rebotes em 17min52s, sendo que cinco pontos saíram na linha de lances livres. Forte toda vida, o pernambucano é difícil de ser parado quando bem acionado no garrafão.

Teodosic está com tudo

Teodosic está com tudo

Lembra dele? Milos Teodosic (CSKA Moscou)
E como esquecer um dos artífices da vitória sérvia sobre a seleção brasileira pelas quartas de final da Copa do Mundo? Pois Teodosic está numa fase iluminada desde o torneio, carregando o alto astral para a temporada europeia. Nesta sexta, em mais uma belíssima partida transmitida pelo Sports+ – com ataques muito produtivos e soltos, de ritmo acelerado –, o armador marcou 27 pontos e distribuiu 10 assistências na vitória do revigorado CSKA Moscou sobre o Unicaja Málaga por 95 a 85.  É impressionante  a facilidade de Teodosic com a bola. Ele tem seu próprio ritmo, longe de ser o mais veloz. Mas, com muita habilidade e inteligência, o cara vai abrindo espaço e tomando conta da defesa. Isso quando não freia na linha de três e castiga dali: foram 5/6 contra os espanhóis, que perderam a invencibilidade.

Para quem o acompanha, não chega a ser novidade. O que salta aos olhos, contudo, é o empenho do atleta em quadra, brigando por bolas perdidas como nunca. De soneca, nesses tempos, só a cara, mesmo. No geral, Teodosic travou um duelo de tirar o fôlego com o Jayson Granger. Em termos de eficiência, o uruguaio superou o sérvio por 2 pontos (33 a 31), vejam só. Sua linha estatística foi admirável: 20 pontos, 10 assistências e 2 roubos de bola. O armador vem evoluindo consideravelmente nas últimas duas temporadas e foi um verdadeiro maestro na condução dos pick-and-rolls.

Em números:
115 –
o Real Madrid massacrou o Dínamo Sassari em casa: 115 a 94. Essa foi a maior contagem do campeonato até aqui. Quer dizer, não só isso: vale também como a maior da Euroliga em sete anos, desde os 123 convertidos pelo Panathinaikos. Como o Real já havia marcado 112 pontos na semana passada contra o Nizhny Novgorod, acumulando 227 em duas rodadas consecutivas, algo que nunca havia acontecido na história da competição. Cinco jogadores merengues anotaram 14 pontos ou mais: Gustavo Ayón, Andrés Nocioni, Sérgio Lllull, Jaycee Carroll e o cestinha Felipe Reyes, com 17 em apenas 15 minutos.

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

38 – foi o índice de eficiência atingido pelo ala James Anderson pelo Zalgiris Kaunas na vitória por 77 a 71 sobre o UNICS Kazan. Uma grande atuação para o jogador ex-Spurs, Rockets e Sixers, com 27 pontos e incríveis 11 rebotes, todos defensivos, acompanhados de 4 assistências, 3 roubos de bola e 4 turnovers descontados. Em 32 americanos, ele converteu 8 de 17 arremessos e todos os seus nove lances livres, alguns deles sob pressão no finalzinho do jogo.

1 – ao fazer 89 a 78 em cima do Bayern, o Turow Zgorzelec, da Polônia, conseguiu seu primeiro triunfo em uma Euroliga. O resultado complica um pouco a vida do clube bávaro no Grupo da Morte, o C, entrando num empate tríplice de 1-3 com os próprios poloneses e o decepcionante Olimpia Milano, que perdeu feio para o Panathinaikos em Atenas: 90 a 63.

Tuitando

O Maccabi encara uma semana desastrosa com certo humor e resignação. No domingo, o time já havia sofrido contra o rival Hapoel Jersualém sua pior derrota na história pela liga israelense, por 30 pontos (93 a 63). Depois, para desespero de seus fanáticos torcedores, perderam para o modesto Cedevita Zagreb em casa.


No jogo em Tel Aviv, o técnico da equipe croata foi devidamente punido. Santa mania dos treinadores de invadirem a quadra para atacar/defender junto com seus atletas…

O jornalista espanhol faz os devidos elogios a Brad Oleson, um dos destaques do Barça. O jogador é discreto e decisivo. Sério e competitivo. Tem muito menos habilidade e cartaz que Andrew Goudelock, mas botou no bolso o compatriota do Fenerbahçe na quinta.


Por fim, o grande toco do tcheco Tomas Satoransky, reserva de Huertas no Barcelona. Nada como ter um armador de 2,01 m de altura para fazer a cobertura, não? Olho nesse jogador, já selecionado pelo Washington Wizards no Draft de 2012, na 32ª posição. Se o assunto são jogadores tchecos e o Wizards, não custa lembrar que, pelo Fener, jogou o inesquecível Jan Vesely, causando bastante impacto com sua capacidade atlética para rebotes e proteção do aro. Sim, o ala-pivô, que foi um infeliz fiasco na NBA.


Euroligado: uma derrota basta para a crise
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Giancarlo Giampietro

São apenas três rodadas, faltam mais sete nesta primeira etapa. Mas, se você for parar um tico para ver o que se passa nos quatro grupos da temporada regular da Euroliga, transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, vai ver que algumas coisas já vão ficando mais claras. Quer dizer, que alguns clubes já começam a despontar, e, neste caso, você pode falar do Barcelona de Marcelinho Huertas e do CSKA Moscou, que não está nada órfão de Ettore Messina. Os melhores times deste princípio de campeonato. Não só pelas três vitórias em três semanas, mas muito mais pela qualidade de seus resultados. O Real Madrid, por sua vez, depois de sofrer nas duas primeiras partidas, se reencontrou em quadra para atropelar o Nizhny Novgorod em casa, vencendo por 39 pontos e batendo recordes. Enquanto isso, o Fenerbahçe, que novamente promete mundos e fundos…

O jogo da rodada: Panathinaikos 91 x 73 Fenerbahçe

Panathinaikos x Fenerbahçe, 2014-2015, Euroliga

Bom, já dá para ver que foi uma surra, que o time da casa não teve muita dificuldade. Então por que escolher esse? Devido ao simbolismo do sempre especial retorno de Zeljko Obradovic a Atenas e a influência  que o resultado pode ter no decorrer da temporada. Foi mais uma partida do Grupo da Morte, o C, para dar muita confiança ao Panathinaikos, que em tese correria por fora na chave, devido ao orçamento reduzido – a crise é braba, mesmo.

Para os que não estão muito acostumados com o basquete europeu, Obradovic é praticamente a encarnação de um deus grego para a torcida verde. Ele serviu ao clube de 1999 a 2012, conquistando cinco edições da Euroliga e 11 ligas nacionais, incluindo nove em sequência. Depois de um ano sabático, ele foi convencido pelo projeto intere$$ante do Fener a voltar para o torneio. Não foi o primeiro reencontro com o ex-time. Na campanha passada, a recepção foi das coisas mais impressionantes que já vi. Nesta quinta, a farra foi a mesma. O técnico sérvio agradeceu: “Quero agradecer ao povo do Panathinaikos pelo modo como eles me trataram novamente hoje. É algo especial para mim estar aqui”, disse. Para, depois, começar a desancar sua equipe.

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

Obradovic em Atenas? Festa só para um lado

“Sinto vergonha da imagem deixada por meu time”, disse. “É minha responsabilidade. Escolhi esses jogadores, e é meu trabalho. Tenho de mudar algumas coisas. Se vai ser possível, ou não, só o futuro vai dizer. Os torcedores estabeleceram um novo recorde de compras de carnês de ingressos na pré-temporada. Eles nos acompanham e realmente se importam com a equipe. O que posso dizer para eles agora?”

Uma observação: o Fener havia vencido suas duas primeiras partidas da chave. É o fim do mundo, né? (Risos.) Mas aí você checa a tabela da cada vez mais competitiva liga turca, e vê que lá eles também sofreram uma derrota em três rodadas, perdendo para o Royal Hali por 70 a 66. O Hali tem quatro americanos de ponta para os padrões europeus, mas foi uma zebra ainda assim. No caso do revés para o Panathinaikos, isso pode custar caro, com Olimpia Milano e Bayern de Munique fungando no cangote, também com ambiciosos planos.

Então, meus amigos, aqui estamos novamente. O Fener torrando aos montes, apostando num técnico legendário e um elenco totalmente abarrotado. O desafio parece ser o mesmo: convencer tantos atletas renovados a sacrificarem seus números, minutos, pontos em prol do time. Fazer a bola rodar mais, encontrando o melhor arremesso – já que opções não faltam. Enfim, transformar egos em um produto de basquete.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas – no complicadíssimo Grupo C, o Barcelona teve nesta sexta-feira aquele que supostamente seria a partida mais fácil da chave: duelo com o Turow Zgorzelec, da Polônia, em casa. E foi isso mesmo: vitória por 86 a 67, com placar favorável em todos os quatro períodos. Titular absoluto, Huertas fez um pouco de tudo em quadra, em 26 minutos: 6 pontos (em dois disparos de três), 5 assistências, 6 rebotes e 2 roubos de bola. O ala-pivô Justin Doellman foi o cestinha, com 20 pontos em 25 minutos, para o clube catalão que, ao lado do CSKA, é o que faz a melhor largada na competição até agora.

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

Huertas pressiona na defesa: Barça larga bem

JP Batista – o Limoges sofreu sua segunda derrota, ao cair por 75 a 69 em Málaga diante do Unicaja – um lugar no qual é muito difícil de se jogar. O pivô pernambucano somou 8 pontos, 5 rebotes e 4 assistências em 21 minutos, convertendo 4-8 arremessos de quadra. Melhor: sua participação foi decisiva nos principais momentos de sua equipe na partida. O campeão francês chegou a abrir seis pontos no início do segundo tempo, mas os anfitriões desembestaram a partir daí anotando 23 pontos contra apenas 2 dos adversários, abrindo vantagem de 13 pontos ao final do terceiro quarto. Na parcial final, resistiram a uma pressão dos visitantes.

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

JP, e seu tradicional semigancho no garrafão

Lembra dele?
Sasha Vujacic (Laboral Kutxa/Baskonia) Depois de destacarmos Andrew Goudelock aqui, na primeira rodada, agora é a vez de outro ex-jogador do Lakers, o ala-armador esloveno que, nos tempos (?) glórios foi inexplicavelmente apelidado de (?) “A Máquina”. Vujacic, na verdade, virou uma figura cult em Los Angeles por todas as lendas ao seu redor, incentivadas por Phil Jackson, diga-se. Essa história de máquina tem a ver com o aproveitamento que tinha de quadra nos treinamentos. Segundo consta, era um verdadeiro leão de treinos. Não errava um arremesso. Na hora do jogo, as coisas mudavam um pouco, ainda que Sasha, ex-namorado de Maria Sharapova e tal, nunca tenha sido reconhecido como um cara tímido. Pelo contrário, como provou nas finais de 2010, convertendo lances livres importantíssimos no sétimo jogo contra o Celtics.

Vujacic, em dia de maquininha

Vujacic, em dia de maquininha

A verdade é que, em Los Angeles, num time bastante estruturado, com Kobe Bryant, Derek Fisher e outros veteranos tomando conta da posição, não sobrava muito espaço para o atleta que teve média de 14,3 minutos em sua carreira pelo Lakers. Em 2011, foi trocado para o então New Jersey Nets e teve muito mais tempo de quadra. No ano do lo(u)caute, voltou para a Europa, pelo Anadolu Efes. Na temporada passada, teve uma curtíssima passagem pelo Los Angeles Clippers. Agora, fechou com o clube basco, ocupando vaga aberta pela dispensa de Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings).

Ele fez sua estreia na sexta-feira e ajudou numa dura vitória sobre o Galatassaray, por 91 a 90, em casa, com 13 de seus 14 pontos no primeiro tempo. O esloveno jogou  por 21 minutos, acertando 50% de seus arremessos de quadra, incluindo 3-6 em três pontos.  O herói de verdade da partida, no entanto, foi o pivô Colton Iverson, que anotou a cesta da vitória a menos de 3 segundos do fim. O pivô americano, que foi draftado pelo Boston Celtics no ano passado e vai para sua segunda temporada na Europa, anotou 17 pontos e pegou seis rebotes em 24 minutos.

Uma jogada: vejam essa combinação espetacular de pick-and-roll entre Jeremy Pargo e Alex Tyus…

São várias coisas para se tomar nota. Uma: reparem em como Tyus parte feito um animal em direção ao aro, depois de fazer o corta-luz. Duas: ele já sabe o que pode (vai?) acontecer. Três: você precisa acelerar, mesmo, cortar com intensidade. Quatro: o passe foi um tanto forte e muito alto. Cinco: o sujeito ainda faz o domínio e desce com essa machada para a cesta. Incrível, e eleita a melhor da semana.

Em números
1.000 –
mais uma semana, mais um registro histórico para Dimitris Diamantidis. O capitão do Panathinaikos ultrapassou a barreira das mil assistências em sua carreira (chegou a 1.009) nesta quinta, dando dez passes para cesta contra o Fener. Só para deixar claro: ele já era o recordista do torneio nesse fundamento. Veja um belo clipe editado pela Euroliga para celebrar a marca, de qualquer maneira:

92,3% – o pivô americano D’Or Fischer, do UNICS Kazan, acertou agora 12 de seus 13 arremessos. O que vale um aproveitamento de 92,3%. Nem Steve Kerr no lance livre conseguia algo assim. Nesta semana, o time russo, dos novos ricos do basquete europeu, venceu o Dínamo Sassari por 85 a 62, em casa. Fischer acertou seis em sete, terminando com 14 pontos e 9 rebotes em 22 minutos.

41 – Vassilis Spanoulis precisou jogar 41 minutos e mais 26 segundos para que seu Olympiakos vencesse o estreante e modesto Neptunas Klaipeda por 85 a  81, na prorrogação, fora de casa, após empate por 76 a 76 no tempo regular. O ídolo grego usou da melhor forma possível seu tempo de ação, com 34 pontos, 7 assistências, 5 rebotes e 11-21 nos arremessos, com direito a 6-11 nos arremessos de longa distância. Craque demais.

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

Vassilis Spanoulis, MVP da rodada. Sai da frente

34 – foi o índice de eficiência atingido pelo americano Brian Randle na vitória do Maccabi sobre o Alba. Ele marcou 25 pontos em 29 minutos pelo time israelense, o vice-campeão da Copa Intercontinental. Além disso, foram cinco rebotes, três tocos e duas assistências, numa grande exibição, também bastante versátil. Será um cara importantíssimo nesse processo de reconstrução do time.

1,53 – a média de ponto por minuto do americano Jaycee Carroll, uma das muitas armas do Real Madrid, contra os novatos russos no Nizhny. Também com nacionalidade do Azerbaijão, numa dessas bizarrices do mercado da bola – e dos passaportes –, Carroll  barbarizou na quinta-feira, com 32 pontos em 21 minutos, acertando 7-9 de longa distância e 10-14 no geral.

Tuitando:

Cuma!?

O jornalista turco revela essa interessante negociação entre o clube espanhol e o gigante turco. O armador francês Thomas Heurtel se valorizou muito depois da Copa do Mundo e está em seu último ano de contrato. O Baskonia precisa de mais um atleta que crie mais oportunidades de cesta por conta própria, o perfil de Hickman. O problema é que o americano saiu do campeão Maccabi para ganhar uma fortuna em Istambul. Vamos acompanhar essa. O italiano Marco Crespi, técnico do atual Laboral Kutxa, já tem uma história de sucesso com Hickman. Os dois trabalharam juntos na Itália, ganhando uma Leaga Due pelo Scavolini Pesaro.

Quando o Real encaixa seu jogo, é isso, mesmo. Vem recorde por aí, devido ao ritmo da equipe, agredindo constantemente o adversário com atletas talentosos, velozes e um elenco bastante volumoso. Das 33 assistências, nove foram do MVP da edição 2013-2014, Sérgio Rodríguez, enquanto seus companheiros de seleção Rudy Fernández e Sérgio Llull terminaram, respectivamente, com seis e cinco.


Euroligado: Real passa por apuros na 2ª semana
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Giancarlo Giampietro

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

O jogo da rodada: UNICS Kazan 75 x 76 Real Madrid
Não é porque o Real Madrid tem o elenco mais estrelado da Europa, listando nove atletas que disputaram a última Copa do Mundo, em times de ponta, que sua vida vai ser naturalmente fácil na Europa. Aliás, talvez eles nem queiram mais saber de moleza, mesmo. No campeonato passado, a equipe merengue atropelou a concorrência na primeira metade de competição, só para, na decisão, ver o valente e camaleônico Maccabi Tel Aviv de David Blatt erguer a taça. Não estamos falando de pontos corridos, então. De modo que toda vitória tem mais ou menos o mesmo peso – desde que, nas fases de grupo, você não precise do saldo de cestas para desempate, certo?

Então tudo bem. Os madridistas passaram um baita aperto nesta sexta-feira, mas conseguiram vencer o time russo, que está de volta ao campeonato pela primeira vez desde 2012, naquela que é apenas sua segunda participação. Graças a um arremesso a 1s2 do fim pelas mãos do armador Sérgio Llull, concluindo uma virada num quarto período duríssimo, vencido por 21 a 19. Justamente os dois pontos do final.  Mas acha que isso foi o bastante de drama? Nada. O Real chegou a liderar o placar por 74 a 72 a 13s9, até que o ala James White, muito mais conhecido por suas enterradas seminais, converteu uma cesta de três pontos, com 7s7 no cronômetro. Mas aí o armador da seleção espanhola ficou isolado com o pivô D’Or Fischer e conseguiu a separação para converter sua bomba.

Detalhe: Rudy Fernández e Gustavo Ayón lideraram o ataque do Real, agora líder do Grupo A, com dois triunfos Sabe com quantos pontos? Foram dez para cada um, só. De resto, tivemos Andrés Nocioni e e Ioannis Bourousis com 9, Salah Mejri com 8, mais dois com 7, dois com 6 e dois, com 2 pontos. Llull, o herói, foi dos que terminou com sete, vejam só.

Foi um jogo mais coletivo do Real que acabou prevalecendo no final diante de uma equipe que teve o americano Keith Kangford como cestinha, com 23 pontos – em 29 minutos e 17 arremessos. Um dos destaques do último campeonato, mas vestindo a camisa do Olimpia Milano, o ala-armador revelado por Kansas arrebentou mais uma vez, para variar. O ala-pivô grego Kostas Kaimakoglou também fez bela partida, mas de doação: errou sete de seus nove arremessos de quadra, mas somou nove pontos, 11 rebotes, cinco asssistências e dois roubos de bola. Permitiu, dessa forma, que pudéssemos construir a seguinte frase, peculiar: era Kaimakoglou para todo lado.

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: num grupo enroscado com o B, qualquer vitória é para comemorar bastante. No caso do Barcelona, vencendo o Olimpia Milano por 15 pontos, na Itália, uma arena complicada de se jogar, estamos falando de um baita resultado. Foi um triunfo tão seguro para o clube espanhol, que o armador nem foi muito exigido. O Barça promoveu um bombardeio de três pontos no primeiro tempo, acertando 8-12, e administrou a partir daí. Foram três pontos e quatro assistências para ele em 22 minutos.

JP Batista: a melhor notícia é que o Limoges venceu a primeira. A segunda boa notícia é que o pivô pernambucano foi novamente efetivo. Em 17min55s, ele somou 11 pontos e cinco rebotes, ajudando a carregar a defesa do Cedevita Zagreb de faltas, na vitória por 71 a 60. Batista sofreu quatro faltas na partida e converteu cinco de seus seis lances livres. Nos arremessos de quadra, foram 3-6. De negativo, para descontar em seu índice de eficiência, foram três desperdícios de posse de bola. O nobre ala Nobel Boungou-Colo, de 26 anos, foi o grande nome da partida, com 17 pontos, 4 rebotes, 3 assistências e 3 roubos de bola.

Lembra dele?
Esteban Batista (Panathinaikos) – E como não lembrar de nosso amigo uruguaio, medalhista de bronze, inclusive, no Pan Rio 2007? Pois o pivô ainda está em pelna forma no basquete europeu. Nesta quinta, tive a oportunidade de transmitir pelo Sports+ o confronto do gigante grego com o Bayern e confesso que fiquei surpreso e impressionado com a atuação de Batista. Não que ele seja mal jogador. Pelo contrário. Mas é que, depois de tantos problemas físicos em sua carreira, esperava um jogador ainda mais lento, menos efetivo, aos 31 anos. O pivô, todavia, fez estragos no garrafão bávaro, com 18 pontos (9/11 nos arremessos!) e 7 rebotes. O cara sabe se mexer bem na zona pintada com e sem a bola, gerando oportunidades de cestas fáceis para seu time. A munheca ainda está precisa, assim como o jogo de pés, leve, especialmente para alguém de seu porte físico. Esta á sexta Euroliga de seu currículo, tendo defendido o Maccabi Tel Aviv, o Baskonia e o Anadolu antes. Já está na Europa desde 2009, depois de uma apagada passagem pelo Atlanta Hawks, pelo qual mal jogou em duas temporadas.

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia, exige marcação dupla

Um causo
A temporada mal começou, e o Galatasaray já está devendo salário para seus atletas. O clube turco investiu mais para a composição do seu atual elenco, aparentemente sem garantias de que lhes poderia pagar. A situação, claro, já causou desconforto nos bastidores, com os atletas ameaçando rescindir seus compromissos e migrar para a concorrência, enquanto é tempo. O técnico Ergin Ataman é que em está fazendo as vezes de intermediador nessa. Agora, a favor do armador Nolan Smith ele não vai agir. Pelo contrário. Durante um jogo da liga turca, o americano ex-Blazers se irritou com alguma bronca do turco e, sentado no banco, simplesmente atirou a toalha na direção do treinador. Ele foi colocado para treinar com juvenis, até que pediu desculpas. Resultado: desculpas não aceitas. Nesta quinta, jogando pela honra, o Galatasaray até venceu o Valencia por 71 a 64, fora de casa, se segurando após ter vencido o primeiro tempo por 47 a 24. Ao final do jogo, quando questionado se iria contratar alguém para a vaga de Smith, Ataman ao menos foi mostrou correção: “Nossa tarefa no momento não é contratar um novo jogador, mas satisfazer os nossos”.

Um lance
Neste confronto entre o time turco e o espanhol, Carlos Arroyo, grande líder do Gala, fez das suas. Espie só a finta que ele deu no armador belga Sam van Rossom:

Já foi, amigão? Foi cedo… Fique um pouco mais.

O porto-riquenho, daqueles que trata a bola como se fosse ioiô, marcou 16 pontos e deu 5 assistências na vitória, em 34 minutos. É impressionante, aliás, a forma física de nosso velho rival. Aos 35 anos, incansável. Quem imaginaria por uma dessas?

Em números
227 –
A lenda viva Dimitris Diamantidis assumiu o quinto lugar na lista dos atletas mais rodados de Euroliga, fazendo sua partida de número 227 nesta quinta-feira, deixando o espanhol Sergi Vidal e Sarunas Jasikevicius para trás. Acima dele estão apenas Juan Carlos Navarro (260 e contando…), Theo Papaloukas, Kostas Tsartsaris e Mike Batiste. Os dois últimos foram seus companheiros de Panathinaikos, clube habituado a ir longe no torneio. Nesta edição, porém, todo cuidado é pouco. No Grupo da Morte, o C, o clube grego perdeu para o Bayern de Munique naquele que pode ser um confronto direto pela quarta vaga. Ainda acho que Barcelona e Fenerbahçe passam nas duas primeiras posições e que o Milano, agora com duas derrotas, vai se recuperar e passar em terceiro. Sobra um posto.

70,6% – É o aproveitamento nos arremessos de quadra do pivô Sasha Kaun em toda a sua carreira de Euroliga. Ele disputa agora sua sexta temporada, sempre pelo CSKA Moscou. O russo foi campeão universitário por Kansas, acabou draftado pelo Cleveland Cavaliers, mas nunca se interessou muito em jogar na NBA, ganhando um belo salário em casa. Excepcional defensor, ele evoluiu consideravelmente no ataque desde que voltou para casa. Não espere movimentos muito criativos, ousados por parte dele. O cara sabe suas limitações – e vem daí o altíssimo rendimento. Nesta quinta, na revanche moscovita contra o Maccabi (vitória em casa por 99 a 80), ele acertou 7 de seus 11 arremessos e/ou cravadas, somando 17 pontos em 22 minutos.

34 – O saldo de pontos da vitória do Zalgiris Kaunas para cima dos russos do Nizhny Novgorod: 97 a 63. Já valeu como a maior surra desta temporada. Seis atletas do clube lituano se dividiram entre os 10 pontos de Arturas Gudaitis e os 13 do veterano pivô Paulius Jankunas. Um dado impressionante da partida: o time da casa acertou 72,9% nos arremessos de dois pontos (35/48), contra uma defesa esburacada.

Tuitando

O craque Bastian Schweinsteiger e o zagueiro Holger Badstuber prestigiaram a vitória do Bayern sobre o Pannathinaikos em Munique. Esta é mais uma boa ocasião para relembrar o namoro de Schweinsteiger com o basquete. O meia alemão é realmente apaixonado pela modalidade e, inclusive, chegou a flertar em defender o time basqueteiro do clube bávaro em 2012. Quem revelou foi o ex-treinador da equipe e da seleção alemã, Dick Bauermann, em sua biografia. Na reta final da temporada,  jogando na Segunda Divisão, o Bayern já havia assegurado sua promoção à elite alemã, em seu projeto de retomada no esporte. Foi por pouco que Schweinsteiger não foi para a quadra – no fim, a diretoria do futebol não quis correr o risco. Fica a anedota.

O Bart Simpson resolveu dar as caras em Milão para apoiar o Olimpia e Daniel Hackett. Não deu muito certo contra o Barça de Huertas.

A família do basquete lituano é assim. Kuzminskas joga a Euroliga pelo Unicaja Málaga, mas isso não vai impedi-lo de parabenizar o modesto Neptunas Klaipeda, um dos surpreendentes estreantes desta temporada, por sua primeira vitória. E foi de modo dramático, daquelas com arremesso desequilibrado quase no estouro do cronômetro também, para derrubar o Estrela Vermelha, pelo Grupo D: 83 a 81.  Valdas Vasylius fez uma cesta de improviso. Veja só:


Euroligado: 1ª rodada confirma Grupo da Morte
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Giancarlo Giampietro

Já escrevi durante a Copa do Mundo sobre como essa coisa de Grupo da Morte pode ser meramente um recurso (leia-se “truque) jornalístico fácil para ganhar manchetes, driblar a falta de informação, ou qualquer coisa do tipo. No caso da Euroliga 2014-2015, porém, é impossível escapar deste clichê ao avaliar as equipes emparelhadas no Grupo C. C de morte, mesmo. Na rodada que abriu a temporada, com jogos espalhados entre quarta e sexta-feira, dois dos melhores confrontos aconteceram justamente por esta chave: Fenerbahçe x Olimpia Milano e Barcelona x Bayern de Munique. A eles se juntam o Panathinaikos e o estreante polonês Turów Zgorzelec, este correndo por fora, mas bem por fora, mesmo. De resto, o que temos é o seguinte: um grande time de basquete vai ficar fora do torneio logo na primeira etapa. A julgar pelos elencos e pelos primeiros 4o minutos de ação para o sexteto, os alviverdes gregos, com toda a tradição de seis títulos continentais, que se cuidem. Ao menos, venceram o Turow por sete pontos na estreia. A conferir o desenrolar desta sangria.

O jogo da rodada: Fenerbahçe 77 x 74 Olimpia Milano

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Fenerbahçe comemora o triunfo como se fosse até um título

Dá para advogar a favor do triunfo do Nizhny Novgorod, da Rússia, sobre o Dínamo Sassari, da Itália, por 88 a 86? Claro que dá. Fora de casa, o clube italiano teve uma largada fulminante ao abrir uma vantagem de até 19 pontos no primeiro tempo (26 a 7), mas viu todo esse montante ser derrubado rapidamente. Daí que os anfitriões conseguiram a virada no segundo tempo e pularam eles com dez pontos na frente no princípio do quarto período. Havia tempo, porém, para uma reação dos italianos, que chegaram a ter a última bola em mãos para o empate ou virada. Não rolou.

De qualquer forma, considerando o nível dos times que se enfrentaram em Istambul – dois clubes com pretensões de título na temporada –, comparando com dois estreantes em solo russo, fica-se confortável em seguir este caminho. Depois de o Fener vencer o primeiro quarto com facilidade (26 a 15), o Milano reagiu pelas mãos improváveis do pivô Niccolo Melli (grandalhão que protege o aro na defesa e, no ataque, é basicamente um chutador em evolução de média para longa distância), as equipes travaram uma batalha duríssima. O segundo tempo foi realmente como uma luta franca de boxe, sem que nenhum oponente abrisse uma larga vantagem. Foram incontáveis trocas de liderança entre ambos. Como no finalzinho da terceira parcial em que uma cesta de três do Fener foi respondida por jogada de fal-e-cesta para cima do jamaicano Samardo Samuels, deixando o time visitante na frente por 58 a 57.

O confronto seguiu nesse ritmo até o último minuto quando o armador cestinha americano Andrew Goudelock matou uma bomba de três pontos – daquelas em que você se consagra ou ouve “anta” em turco vindo da arquibancada –, para levar o placar a 76 a 71 para o Fener, com menos de 50 segundos no cronômetro. Falaremos mais a respeito de Goudelock abaixo. Foi, em suma, uma partida já em alto nível, com grandes personagens em quadra (entre draftados e atletas com experiência de NBA em quadra, eram 10), com muita intensidade logo de cara.

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

JP teve de se virar contra Schortsanitis em seu retorno a um palco de Euroliga

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: em uma vitória bastante dura sobre o Bayern, por 83 a 81, não teve a jornada mais feliz na conclusão de seus tiros em direção ao garrafão (1-6 em chutes de dois pontos), mas conduziu bem o ataque do Barça nos 25 minutos em que esteve em quadra. Foram computadas apenas duas assistências, mas o armador  deu estabilidade ao ataque, alimentando bem o jogo interior para Ante Tomic (15 pontos, 6-7 nos arremessos). Com o tcheco Tomas Satoransky de fora, Juan Carlos Navarro fez as vezes de armador reserva, terminando com oito passes para cesta e 2-10 em bolas de longa distância. Figura.

JP Batista: foi uma estreia bastante produtiva para o pivô com a camisa do Limoges, campeão francês, em jogos de Euroliga, contra o Maccabi Tel Aviv tão bem quisto pelos flamenguistas. O pernambucano marcou 15 pontos em apenas 19 minutos, convertendo 7-16 arremessos, porém. Esta é a terceira edição da competição para João Paulo, que não a disputava desde 2009. O time israelense venceu por 92 a 76, em casa, com um show de sua torcida.

Lembra dele?
Andrew Goudelock (Fenerbahçe)
O torcedor do Los Angeles Lakers mais nerd certamente guarda um espaço em seu coração para este chutador de mão cheia. Revelado pela universidade de Charleston, ele estreou pela franquia angelina na temporada do lo(u)caute, 2011-2012, já sob o comando de Mike Brown. No campeonato seguinte, depois de incendiar a D-League, foi novamente contratado pelo Lakers na reta final. Depois da lamentável lesão de Kobe, acabou recebendo minutos de playoff inesperadamente contra o Spurs, sendo um dos poucos atletas do time capaz de criar alguma coisa por conta própria no perímetro. Com 1,90 m, se tanto, porém, é considerado muito baixo para a posição, a despeito de seu talento ofensivo. Na Europa, isso não foi problema. Jogou demais pelo UNICS Kazan na campanha passada e acabou contratado a peso de ouro pelo Fener. Em seu primeiro jogo de Euroliga, marcou 19 pontos, quatro rebotes e quatro assistências, com 8-16 nos arremessos em 36min53s – o sargentão Zeljko Obradovic simplesmente não conseguia tirá-lo de quadra.

Um vídeo: Berrante
Agora, se Goudelock está com moral com o piradaço e octocampeão da Euroliga sérvio, o mesmo não se pode dizer de Ricky Hickman. Depois de lidar com David Blatt em Tel Aviv, o americano agora vai precisar de protetor auricular. Vejam o esculacho que ele tomou do treinador antes de um pedido de tempo nos minutos finais contra o Milano:

(Outro vídeo: insanidade em Belgrado
A torcida do Estrela Vermelha está que não se aguenta: seu clube disputa a Euroliga, enquanto o arquirrival Partizan, o time hegemônico da Sérvia e da Liga Adriática na última década, vê tudo de fora. Na estreia contra o Galatasaray, os caras sacudiram a Kombank Arena desde 30 minutos antes de a bola subir. Durante o aquecimento, o ginásio estava assim. Imagine quando eles venceram por 29 a 10 no segundo período, para assegurar a primeira vitória? Transmiti o jogo no Sports+ ao lado do chapa Maurício Bonato, e foi de arrepiar.

)

Em números

78,5%– Foi o aproveitamento de quadra do gigante Boban Marjanovic, de 2,21 m, para demolir a defesa do Galatasaray. O sérvio anotou 22 pontos, acertando 11 de seus 14 arremessos, em 27 minutos. Também pegou 10 rebotes. É impressionante a evolução do pivô nos últimos anos. Inicialmente, a tendência era tirá-lo apenas como um herói cult do basquete, por razões óbvias de estatura (aquela coisa de enterrar e dar toco sem saltar etc.). Mas Marjanovic trabalhou duro para se tornar uma arma extremamente perigosa no garrafão.

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

Boban Marjanovic foi companheiro de Lucas Bebê no time de verão do Atlanta do ano passado e ficou fora da seleção sérvia da Copa do Mundo

29 – Mardy Collins, ala-armador ex-New York Knicks e Los Angeles Clippers, atingiu este índice de eficiência pelo Turow em duelo com o Panathinaikos. O norte-americano nunca deixou tão feliz o torcedor do Olympiakos, seu clube no campeonato passado, como nesta sexta, ao somar 23 pontos, 9 rebotes e 5 assistências em 29 minutos contra o arquirrival dos Vermelhos.

22 – Dario Saric foi titular e recebeu 21min59s – 22 minutos, vai? – de tempo de quadra do técnico Dusko Ivkovic, pelo Anadolu Efes, na primeira rodada. Por que isso é relevante? É que, durante a semana, o pai do promissor ala-pivô croata, havia esperneado publicamente para reclamar das poucas chances que o garoto vinha recebendo no princípio de temporada. Foi simplesmente bizarro: o clube estava disputando apenas amistosos e uma rodada pelo campeonato turco, e o sujeito já estava sem paciência alguma, ameaçando inclusive tirar Saric de lá. O detalhe: antes do Draft da NBA, o Papai Saric havia comprado uma briga com os antigos agentes do atleta, dizendo que seria a maior burrada da história se o atleta deixasse o Cibona Zagreb direto para a liga norte-americana. Que o melhor era ele primeiro trabalhar em um grande clube europeu, primeiro, para ganhar cancha, se desenvolver.

10 – Muito confiante depois da conquista da medalha de bronze na Copa do Mundo, substituindo Tony Parker, o armador Thomas Heurtel teve uma exibição magnífica na primeira partida do campeonato, quarta-feira, em vitória contra o Neptunas. Foram dez passes para cesta, além de 13 pontos e quatro roubos de bola. Em seu último ano de contrato, Heurtel recebeu proposta do Anadolu Efes, mas optou por ficar no País Basco.

4 x 4 – A primeira partida de Euroliga para Gustavo Ayón deixou claro, mais uma vez, seu talento, sua versatilidade. O Real Madrid adorou. Em um jogo muito mais apertado do que o esperado contra o jovem elenco do Zalgiris, em Kaunas, o mexicano teve um mínimo de quatro tentos em quatro estatísticas diferentes: 10 pontos, 6 rebotes, 4 assistências e 4 roubos de bola, em 24 minutos.

Tuitando

Este é o armador Tyrese Rice, MVP do Final Four da temporada passada pelo Maccabi, elogiando o ala Lucca Staiger, do Bayern de Munique. Nesta sexta, com o apoio de seu ex-companheiro de clube, o alemão matou quatro em oito tiros de três contra o Barça. Staiger, que tem de fato uma bela mecânica, acertou 44,2% na temporada passada – mas apenas 28,8% em três campanhas de Eurocup (a Liga Europa do basquete) pelo Alba Berlim.

Aqui temos o encontro do legendário Sarunas Jasikevicius, hoje assistente do Zalgiris, talvez o melhor armador europeu de sua geração, com o atual melhor armador do continente, Sérgio Rodríguez, o Señor Barba. Tudo de acordo com a nada modesta opinião de um blogueiro, ok.

Recuperado de um glaucoma, que o tirou da Copa Intercontinental contra o Fla, Sofoklis Schortsanitis está de volta. E o pivô grego, um dos nobres protagonistas da Dinastia Baby Shaq, já fez toda a diferença pelo Maccabi, anotando 11 pontos em 11 minutos de jogo, usando óculos – impossível não olhar para ele.

Pesic foi campeão europeu pelo Barcelona em 2003, e os catalães não vão esquecê-lo. A nota bacana para o basquete brasileiro é a presença de Anderson Varejão naquele plantel.


Quais são os favoritos ao título da Euroliga?
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Giancarlo Giampietro

O atual campeão Maccabi Tel Aviv, creiam, não tem vez aqui. O time não só perdeu muitos dos seus principais atletas, como perdeu aquele que era o melhor técnico do continente: David Blatt. Seu ex-assistente Guy Goodes é um cara bacana, segundo registro de muita gente, mas a missão de substituir uma lenda viva israelense como Blatt é pesada demais. Então tem espaço para quem na competição que começa nesta quarta-feira, com transmissão exclusiva no Brasil pelo canal Sports+, da SKY? Veja a lista, em ordem alfabética, para não dar problema:

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Tomic e Pleiss, agora lado a lado: duas torres para Huertas assistir

Barcelona: o (excessivamente) metódico Xavier Pascual perdeu Erazem Lorbek, Kostas Papanikolau e Joe Dorsey. E tudo bem: o Barça deu um jeito de ficar ainda mais forte, sendo provavelmente hoje o time mais caro da Europa. Muitos armadores europeus estão morrendo de inveja de Marcelinho Huertas. O brasileiro, que já tinha desenvolvido ótima química com o talentosíssimo Ante Tomic, agora também vai ter o alemão Tibor Pleiss como opção a ser abastecida no jogo interno. Esperem uma dose pesada de pick-and-rolls com a coordenação do paulistano, que agora tem a companhia dois dos pivôs mais altos, ágeis e técnicos da Europa ao seu dispor. Se não fosse o bastante, contrataram também o ala-pivô americano Justin Doellman. Quem? Somente o MVP da última Liga ACB, pelo Valência. Doellman é destes americanos que passou batido pelo radar da NBA, mas se transformou em um grande jogador trabalhando sério na Europa. A rotação de grandalhões de Pascual ficou realmente apelativa.

Por outro lado, a saída de Kostas Papanikolau pode significar um rombo defensivo para uma equipe que já sofre um pouco para esconder Juan Carlos “La Bomba” Navarro. DeShaun Thomas – escolha de Draft do Spurs em 2013 – foi o escolhido para o seu lugar, mas sempre foi muito mais reconhecido como um cestinha, dos tempos de Ohio State. Foi uma decisão peculiar, talvez num momento de baixa do mercado. No ano passado, o Barça levou uma surra do Real na semifinal da Euroliga. Recuperou-se, todavia, para conquistar a liga espanhola. Com as contratações que fez, o bicampeonato é o mínimo que se vai cobrar de seu treinador.

CSKA Moscou: Ettore Messina chegou a declarar na campanha passada que não prestava mais para ser técnico do gigante moscovita, que seus jogadores já não atendiam mais aos seus pedidos e tal. Estresse geral. Mesmo após a dolorosa derrota para o Maccabi no Final Four da Euroliga, o time ao menos conseguiu um milagre na Liga VTB ao virar um confronto de quartas de final com o Lokomotiv Kuban (saindo de 0-2 para 3-2) e conquistar o título regional. O troféu, porém, não iria mascarar as frustrações de Messina, que se mandou para a NBA, para ser auxiliar de Gregg Popovich em San Antonio, numa aliança bastante promissora.

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

Itoudis, agora técnico principal, com senhora responsabilidade

A vaga do italiano foi ocupada, então, pelo grego Dimitris Itoudis, assistente do Panathinaikos por uma década, aprendendo bastante com Zeljko Obradovic, até assumir o Banvit, da Turquia em 2013. Acabou liderando o clube a uma campanha surpreendente na riquíssima liga turca e, de cara, foi promovido a comandante de uma potência como o CSKA. Ao seu dispor, vai ter o craque Milos Teodosic (dependendo de seu nível de motivação, sempre),  a liderança e a versatilidade de Victor Khryapa, a explosão de Sonny Weems e a fortaleza chamada Sasha Kaun. Como reforço,  ganhou a criatividade de Nando De Colo, de volta ao continente depois de passagem apagada pelos EUA, e os chutes de longa distância do geórgio Manuchar Markoishvili e do americano Demetris Nichols, ex-Bulls e Knicks. É um baita elenco, cheio de expectativas. A equipe russa não ganha o troféu desde 2008, mesmo tendo ficado fora de apenas um Final Four desde então.

Fenerbahçe: agora vai? Há pelo menos duas temporadas que o clube de Istambul sonha em dar o grande salto e se tornar o primeiro de seu país a conquistar o título europeu. Para isso, atropelou qualquer noção de austeridade ou responsabilidade fiscal para montar elencos caríssimos e tirar o genial e tempestuoso Obradovic da aposentadoria. O problema é que seus dirigentes caíram naquela armadilha de buscar sempre os nomes de impacto, sem pensar ao certo em como seria a química dessas estrelas em quadra, com muitos cestinhas brigando por uma só bola. Para ajudar, o próprio treinador se mostrou (ainda) mais esbravejador no banco, com atitudes ensandecidas – como expulsar seus próprios jogadores no meio de uma partida:

Para esta temporada, a política de investimento bruto foi mantida. Numa primeira impressão, com atletas cujas características que parecem se encaixar melhor num ideal de time. Destaque para a nova dupla de armadores americanos Ricky Hickman (figura elementar no Maccabi campeão) e Andrew Goudelock (um arremessador de mão cheia, conhecido dos fãs do Lakers e do Spurs, hoje um dos cestinhas mais temidos da Europa), além do tcheco Jan Vesely, que tenta redescobrir seus talentos depois de protagonizar mais piadas do que grandes jogadas em Washington. A missão do ala-pivô tcheco, a princípio, é de ajudar na cobertua e na coesão defensiva, com sua capacidade atlética formidável, ao lado de Emir Preldzic. Menção obrigatória também para o ala-armador Bogdan Bogdanovic, o prodígio sérvio, que assume a vaga de seu xará Bojan Bogdanovic. No papel, não há como excluí-lo dessa lista, embora já tenhamos visto este filme antes. Cabe a Obradovic esfriar e usar a cabeça para ordenar esta rapaziada. Campeão turco num final para lá de controverso e vexatório – no qual o Galatasaray simplesmente se recusou a entrar em quadra no sétimo e derradeiro jogo, alegando roubalheira generalizada –, o Fener só quer saber, mesmo, da Europa.

Real Madrid: você, fã do Barcelona, por favor, não se deixe tomar pela raiva. Mas o que aconteceu com o Real Madrid na temporada passada foi uma história bastante triste: era um timaço, pronto para realmente fazer história, acumulando vitórias e recordes, e que acabou naufragando nas últimas semanas. A equipe de Pablo Laso primeiro perdeu de modo surpreendente a final continental para o Maccabi e, depois, se despedaçou diante de seu arquirrival na decisão da Liga ACB. Você faz como depois de uma decepção dessas? Troca tudo, não?

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Ayón, grande presente para Laso para o pressionado Real Madrid

Pois a diretoria merengue, por algum milagre, decidiu segurar as pontas e manteve o treinador – que em muito simboliza a obsessão do clube para reconquistar a Europa, uma vez que era atleta madridista no tão distante título de 1995. Além disso, manteve praticamente toda a sua base, tendo de lidar apenas com a importantíssima baixa de Nikola Mirotic, que enfim foi jogar em Chicago. É praticamente impossível encontrar um atleta com as características do ala-pivô. Então o que eles fizeram foi seguir na direção oposta, fechando com Andrés Nocioni. Sai a finesse, entra a brutalidade (nas palavras do próprio Chapu). Além do mais, o Real conseguiu dar uma última cartada após a Copa do Mundo ao contratar Gustavo Ayón, cujos direitos na Espanha pertenciam ao próprio Barça. O mexicano tem tudo para ser dominante em seu retorno ao basquete europeu e deixa a rotação de pivôs também bastante congestionada. Em vez de ser demitido, Laso ganhou um presente desses. Seu time dificilmente vai alcançar o padrão de excelência da campanha passada, já que química não é algo que se replique facilmente. Se os resultados forem diferentes no final, talvez nem importe.

Correm por fora: Olympiakos e Anadolu Efes.
É difícil descartar os campeões de 2012 e 2013, que mantiveram a base do ano passado e adicionaram mais dois americanos muito atléticos a este conjunto – o ala Tremmell Darden, ex-Real, e o pivô Othello Hunter, ex-Siena. A sorte do clube grego, porém, gira em torno do estado físico de Vassilis Spanoulis. O genial armador grego sofreu com tendinite na reta final da última campanha, mas se preservou nas férias. Se estiver inteiro, seu time obviamente sobe de patamar, independentemente da saída do técnico Georgios Bartzokas.

Já o Efes segue um pouco da receita de seu conterrâneo Fenerbahçe, pagando uma nota para reformular seu elenco e tirar do ostracismo outro célebre treinador balcânico, Dusan Ivkovic. Em longo depoimento ao site oficial da competição, porém, Ivkovic faz questão de dferenciar as coisas. Seu plano é também desenvolver os mais jovens, que vão ganhar papel importante ao lado de veteranos como Nenad Krstic, Stratos Perperoglou, Stephane Lasme e Dontaye Draper, todos veteranços de Euroliga e vindo de times vencedores. Aliás, essa é uma área na qual o treinador realmente se destaca, despertando muito interesse sobre seu envolvimento com o ala-pivô croata Dario Saric e do ala-armador turco Cedi Osman, duas das maiores promessas do continente.

O problema é que, com Saric, as coisas não começaram bem. O jogador selecionado pelo Philadelphia 76ers no último Draft não vem sendo nem relacionado nas primeiras partidas do clube, levando seu pai, Predrag, ao desespero. “Acho que já é hora para ficar alarmado. O Dario está deprimido, nada está claro”, afirmou. “Se o Efes continuar mantendo-o fora, vamos procurar alguém que possa pagar a rescisão de contrato. O Dario tem de jogar, não pode ficar assistindo aos jogos da arquibancada. Ele está saudável. O Ivkovic está me deixando maluco.”

Vale lembrar que o papai Saric era um defensor ferrenho da ideia de que o filhote ficasse no basquete europeu para conseguir maior rodagem e se desenvolver, antes de assinar seu primeiro contrato de NBA.

Vai começar
A Euroliga vai ser transmitida com exclusividade no Brasil pelo Sports+ (canais 28 e 228 da SKY). Vou participar da cobertura pela terceira temporada seguida, na companhia de Ricardo Bulgarelli, Maurício Bonato, Marcelo do Ó e Rafael Spinelli. Sempre um prazer. Nesta quarta, entramos ao vivo com o duelo entre Laboral Kutxa e Neptunas Klaipeda, a partir de 15h15 (horário de Brasília). Na quinta e na sexta, rodada dupla! Cedevita Zagreb x Unicaja Málaga + Estrela Vermelha x Galatasaray e Real Madrid x Zalgiris Kaunas + Barcelona x Bayern de Munique, respectivamente.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


Raulzinho bagunça com Argentina e faz aposta de Magnano valer
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Giancarlo Giampietro

Raulzinho, celebrado pelos veteranos, com justiça

Raulzinho, celebrado pelos veteranos, com justiça

Caçulinha quem? Vamos cortar quem?

Uma das principais figuras na já memorável vitória contra a Argentina foi o atleta mais jovem de uma seleção que já está na reta final de um ciclo, Raulzinho. Lembremos que a equipe convocada por Rubén Magnano a tem a média de idade mais velha do torneio: 31 anos. Abaixo dos 30, são apenas três atletas, com Tiago Splitter (29) e Rafael Hetsheimeir (28) chegando lá. O intervalo do segundo mais jovem para o caçula do time, de 22,  é de mais de meia década, uma eternidade no basquete. Neste domingo, porém, o armador reserva jogou como gente grande, como gente formada, justificando o grande voto de confiança que recebeu de seu treinador há algumas semanas.

Raulzinho primeiro ajudou a estabilizar a defesa, tanto na contenção das infiltrações de Facundo Campazzo, como na flutuação para tirar o espaço dos arremessadores argentinos. Depois, no segundo tempo, se aproveitando das diversas posses de bola extra proporcionadas por seus pivôs, se esbaldou no ataque para chegar a incríveis 21 pontos em apenas 24min20s.

“É muita felicidade pela vitória, mas acho que nosso objetivo é maior. A gente não veio para ganhar da Argentina. Vamos chegar ao mais alto possível e tem muito campeonato pela frente”, disse o jogador. “Hoje é curtir e amanhã já pensar na Sérvia.”

Foi uma grata surpresa. Mas nem isso faz jus ao que o jogador executou em quadra, dada a tensão envolvida no confronto. Vejamos:

1) jogo de mata-mata? Sim.

2) numa Copa do Mundo? A-hã.

3) contra a Argentina, eterno capataz? Confere.

4) saindo do banco com seu time já em preocupante desvantagem? Até isso.

E o armador deu de ombros, com calma e assertividade impressionantes e determinantes para a virada brasileira. Foram dois passes para cesta apenas, mas o jogo pediu outro tipo de atuação do rapaz – a bola vindo de dentro para fora, a partir das dobras que os pivôs forçavam (Nenê, Varejão e Splitter somaram 11 das 16 assistências do time), e restava a ele matá-la. A Argentina abriu espaços, como sempre gosta de fazer com os “baixinhos” brasileiros. Dessa vez pagaram caro.  Com o filho do Raul em quadra, o Brasil venceu seu arquirrival por 25 pontos de diferença.

Raulzinho bagunçou com seus defensores, acertando de todos os cantos. Veja seu gráfico de arremessos (que a Fiba, aliás, poderia caprichar um pouco mais, né? Que tal cores diferentes?):

Dentro e fora: o caçula da seleção teve paciência para ler o que a defesa argentina oferecia e se esbaldou

Dentro e fora: o caçula da seleção caprichou na batalha naval

Se você fizer as contas entre “bolinhas” e “tracinhos” acima, temos 9 em 10 arremessos convertidos (na conta, entrariam ainda mais dois lances livres). O brasileiro teve paciência para ler o que a defesa argentina lhe oferecia e se esbaldou a partir daí. Reparem que foram cestas de curta, média e longa distância. E mais: mesmo sendo agressivo buscando a cesta, ele não cometeu sequer um desperdício de posse de bola em seus 24 minutos. Diante de uma produção dessas, não havia como Marcelinho Huertas voltar para quadra, mesmo (15 minutos para o titular, nenhum ponto e nenhuma assistência).

Ao olhar as estatísticas de seu atleta mais jovem e o gráfico de arremessos acima, Magnano deve sorrir confortavelmente, e com orgulho também. “Raul estava preparado. Eu sabia que poderia contar com ele”, afirmou o técnico. “Senti muita confiança no arremesso. Tive oportunidades, e fui capaz de aproveitá-las”, respondeu o jogador.

Há questão de semanas, quando definiu o grupo para a Copa do Mundo, o argentino foi bastante contestado por optar pelo corte de Rafael Luz. Considerava as críticas cabíveis, considerando o quão bem o outro jovem armador de sua pré-convocação se apresentou nos primeiros amistosos do time e também no Sul-Americano. Hoje, é normal que o sentimento seja de dar mão à palmatória. Obviamente que Rafael está justificando a decisão. A questão, para mim, é que a presença de um não teria de significar a exclusão do outro – ainda mais por Rafael ser bastante atlético e forte. Basta ver os minutos distribuídos pelo treinador até aqui, para se constatar. Mas essa é outra história.

Raulzinho lá dentro

Raulzinho lá dentro

As dúvidas em torno de Raul aumentaram justamente devido ao seu desempenho no torneio continental, na Venezuela. Ao lado de Luz, Hettsheimeir e Augusto Lima, era um dos atletas de que se esperava mais naquele torneio, e ele não foi muito bem. Marcou 10,2 pontos por jogo, acertou 50% dos tiros de dois pontos – a parte boa. Mas acertou apenas três em 19 arremessos de três pontos (15,8%), com mais turnovers do que assistências (12 x 11). Alguns de seus desperdícios de posse de bola aconteceram em momentos cruciais de jogos parelhos contra Argentina (final da fase de grupos) e Venezuela (semifinal). Duas derrotas. Na ocasião, o armador realmente se atrapalhou em investidas individuais, diante de oposição muito inferior ao que está habituado a enfrentar na sua precoce carreira.

Raulzinho jogou na elite brasileira, pelo Minas Tênis, de 2008 a 2011, como um adolescente. Em 2010, com 18 anos, foi convocado de modo surpreendente por Magnano para disputar seu primeiro Mundial (ficou atrás de Huertas e Nezinho na rotação). Depois, se transferiu para o fortíssimo espanhol, jogando sempre na Liga ACB, primeira divisão do país, e liga nacional mais competitiva da Europa, sendo uma figura importante do Gipuzkoa Basket, mas ainda não um protagonista do certame (médias de 7,9 pontos e 2,7 assistências na carreira).

De todo modo, são bons números para alguém tão jovem. O suficiente para reforçar sua imagem no radar da NBA e ser convidado para o Nike Hoop Summit, o adidas Eurocamp e outros eventos que reúnem a nata das revelações internacionais. Nesse processo, jogou com personalidade e conseguiu se destacar a ponto de ser draftado pelo Utah Jazz em 2013, como o 47º no geral. A franquia o tem em alta conta, mas preferiu apostar primeiro no badalado universitário Trey Burke, deixando o brasileiro com seu desenvolvimento na Europa, mesmo. Ele agora se transferiu para o Murcia, que tem bom retrospecto no trabalho com jovens, como Augusto Lima pode comprovar.

Embora não jogue a Euroliga, no Murcia ele ao menos pode continuar aproveitando um calendário reduzido de jogos para afinar suas habilidades e alargar um repertório que já pode surpreender grandes adversários.  Na temporada passada, sua maior contagem de pontos foi de 17, que marcou na penúltima rodada contra o poderoso Real Madrid. Na campanha 2012-13, conseguiu seu recorde pessoal justamente contra o outro peso pesado espanhol, o Barcelona, com 25 pontos.

Quer dizer, em jogos chamativos, ele entregou seu melhor.

Agora, fazer isso contra a Argentina? Não estava no script de muitos, não. Talvez nem do Magnano.

Mas quem vai contrariá-lo agora?

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O jogo contra o Egito parece ter dado um empurrãozinho na confiança de Raul. Contra o time mais fraco do Mundial, o armador havia acertado todos a suas sete tentativas de cesta, incluindo uma enterrada. Se considerarmos que ele errou apenas um em 10 chutes contra os argentinos, temos a seguinte marca: nos últimos dois embates, seu aproveitamento de quadra foi de 16/17 (94%).

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A melhor marca de pontos de Raulzinho pela seleção principal era de 15 pontos, contra a Venezuela, na semifinal do Sul-Americano.

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A exibição do armador foi notada pela audiência internacional:

Este é o ex-treinador e hoje analista da ESPN americana fazendo uma pegadinha com os torcedores do Utah Jazz. Dante Exum disse adeus ao Mundial com a Austrália, enquanto Raulzinho segue em frente. Hoje, o brasileiro é um jogador superior, mas não é justo comparar também: o australiano está apenas iniciando sua curva de aprendizado em basquete de alto nível. Meses atrás, estava batendo bola no colegial em seu país. Num futuro breve, devem ser companheiros de time.


Armadores brilham, mas pivôs também ajudam em vitória brasileira
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Giancarlo Giampietro

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Olhando de primeira, a França não é um time que você vá julgar como de “garrafão forte”, de “referências no jogo interno” etc. Mas a verdade, mon Dieu, é que eles têm um conjunto de gente explosiva e loooooonga, comprida, de muita envergadura, mesmo. Um pacote atlético que dificultou ao máximo a vida dos pivôs brasileiros no jogo de estreia na Copa do Mundo de basquete.

Justamente os pivôs, o ponto forte da seleção de Magnano. Atração nos amistosos, o quarteto Spliter-Nenê-Varejão-Hettsheimeir foi limitado a apenas 19 pontos neste sábado, em Granada. Se fôssemos analisar este número num vácuo, pareceria uma tragédia. Derrota na certa, né? Acontece que os “baixinhos” contra-atacaram dessa vez, liderando o Brasil para uma importante vitória por 65 a 63.

Não foi bonito – faltam mais passes no ataque, muito mais movimentação fora da bola, tecla que vendo batida há tempos. Não foi fácil – e, tirando Irã e Egito, dificilmente esse panorama vai se alterar, até pelo problema citado. Mas já valeu para levar a melhor num confronto direto, que de cara deixa a equipe em boa posição pensando na classificação geral do grupo e no emparelhamento dos mata-matas.

Por falar em matar, Marcelinho Huertas, depois de um acidentado primeiro tempo, apareceu de modo decisivo na segunda etapa. O armador anotou oito pontos nos últimos quatro minutos, encarando a defesa francesa. Em situações de pick-and-roll, os adversários priorizaram descaradamente a contenção dos grandalhões brasileiros. Huertas soube, então, aproveitar os espaços para entrar no garrafão e usar seu arsenal de tiros em flutuação para machucá-los. Algo que fez a diferença, para atenuar o drama de novas falhas nos lances livres,  com quatro bolas desperdiçadas nos dois minutos finais (sem contar a última de Marquinhos).

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado)

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado). Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

O veterano do Barcelona foi quem carregou o time nos instantes derradeiros, terminando com , mas foi o jovem Raulzinho quem segurou as pontas entre os segundo e terceiro períodos. Extremamente combativo, importunou Thomas Heurtel e, especialmente, o lento-quase-parando Antoine Diot, ajudando a defesa brasileira a mudar o ritmo da partida.

A França havia começado de modo impositivo. Boris Diaw deitou e rolou contra Nenê, flutuando no perímetro. Nicolas Batum estava com a munheca em dia. Rudy Gobert veio do banco para dominar o garrafão por alguns minutos. Chegaram a abrir nove pontos de vantagem. A partir das trocas, um festival de substituições que mata qualquer diretor de transmissão, perderam rendimento, mas muito por conta do abafa promovido pelos brasileiros.

A seleção realmente brigou pela bola. Algo que é elementar, oras, mas nem sempre acontece – e pondo isso de maneira geral, sem ser algo especificamente direcionado para o time de Rubén Magnano. Contra atletas como Gelabale, Batum, Diaw, Pietrus, Gobert, é preciso inteligência, mas igualmente não podem faltar intensidade e determinação.

Nesse ponto, foi muito bom ver a postura de Raul, que oscilou tanto na fase preparatória, mas respondeu ao desafio no primeiro jogo para valer. Foi tão bem, que Larry nem precisou ser acionado (apenas 3min51s para o americano). No ataque, o armador do Murcia também também teve o pulso firme: não cometeu nenhum desperdício de bola em 17min29s de ação. Terminou com seis pontos e, segundo a estatística oficial, sem nenhuma assistência. Mas isso é piada: houve pelo menos um momento em que serviu a Splitter no contra-ataque, num passe que teria de ser computado. Foi de Raul o maior saldo de cestas brasileiro: +10, seguido pelos +8 de Varejão. Energia traduzida da melhor forma.

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

Do incansável Alex, já esperávamos isso. Fez o que pôde para tentar limitar Nicolas Batum, que terminou com 13 pontos e 4/10 nos arremessos. É difícil marcar o ala fora da bola, devido a sua velocidade e impulsão. No ano a mano, o ala do Portland Trail Blazers não conseguiu produzir contra o brasileiro. Já o empenho de Marquinhos vale como uma grata surpresa, convenhamos. Não é tão comum vê-lo com tanta vitalidade em quadra. Muito mais no ataque, partindo para a cesta, em vez de estacionar no perímetro para algumas bolinhas marotas de três – na defesa ainda é propenso a alguns lapsos daqueles. De qualquer forma, esse espírito fogoso veio em boa hora para o flamenguista, para fazer frente a Gelabale, um ala discreto, mas que causa impacto com sua envergadura e presença física.

Até porque a rotação de laterais brasileiros vai se encerrar por aí. Marcelinho Machado foi chamado por Magnano no segundo quarto, e o que a França fez? Nas três primeiras posses de bola, atacou o camisa 4 sem pestanejar. Primeiro com Gelabale de costas para a cesta: dois pontos. Depois, com Edwin Jackson, mais baixo e explosivo, em corte frontal, forçando a falta. Depois, Machado conseguiu um desarme, impedindo que Gelabale recebesse a bola, mas foi com uma ajudinha de Varejão para diminuir espaços.

Varejão, aliás, foi o melhor dos pivôs hoje. Muito menos pelos 8 pontos marcados em 21 minutos do que pelo alvoroço de sempre que ele apronta em quadra, sempre ativo nos rebotes, ressuscitando diversos ataques falhos brasileiros (foram cinco apanhados na tábua ofensiva). A agilidade do carioca também impressiona quando ele faz o combate na dobra num pick-and-roll e consegue se recuperar sem deixar que seu homem ganhe terreno.

Nenê coletou 8 rebotes, mas cumpriu um primeiro jogo quém das expectativas, visivelmente incomodado com os movimentos dos atléticos defensores franceses vindo do lado contrário (não foi um privilégio seu:  Splitter também levou tempo para entender a melhor forma de enfrentá-los, terminando com 6 pontos e 3 rebotes). O pivô do Washington Wizards acertou apenas 2 de 6 chutes de quadra, sendo bloqueado pelo menos em duas ocasiões. Além disso, cometeu quatro turnovers e simplesmente não conseguia frear Diaw do outro lado.

Quando o ala-pivô francês, um craque, atacaou  mais perto da cesta, o são-carlense e, principalmente, Splitter tiveram um pouco mais de sucesso. Em geral, porém, o atleta do Spurs foi soberano em suas ações internas, com 6/10 nos chutes de dois, somados a suas cinco assistências em 29min51s. Com Diaw em quadra, a França teve saldo positivo de 6 pontos, registre-se.

Coletivamente, no entanto, os pivôs brasileiros foram valiosos para controlar a batalha dos rebotes, um ponto-chave para este confronto: 42 a 30. Mais importante: os franceses apanharam apenas quatro rebotes ofensivos contra 16 dos vencedores. Considerando que, no geral, o Brasil acertou apenas 37,7% de seus arremessos (16/42, sendo 5/15 dos três pontos), esse número ganha uma relevância considerável. Isto é: ainda que a pontuação da linha de frente tenha sido baixa, essa não é toda a história.

Então vale revisar um pouco a coisa: os protagonistas na vitória foram os armadores. Mas os valentes grandalhões também deram um belo dum empurrão, fazendo o serviço sujo de modo competente.

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro