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Arquivo : Garnett

Reforços não vingam, e Boston Celtics tenta sair do limbo para chegar bem aos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Rajon Rondo carrega o Boston Celtics

Rondo não recebeu a ajuda esperada das apostas de Danny Ainge

Por Rafael Uehara*

O retorno de Avery Bradley era visto como principal esperança para que o Boston Celtics pudesse engrenar e começar a se estabelecer como ameaça perigosa ao topo da conferência nos playoffs. Courtney Lee tem tido dificuldade em entender os fundamentos defensivos do time e Jason Terry não está sendo o substituto perfeito para Ray Allen que muitos esperavam. Em Bradley, o time tem o seu melhor defensor no perímetro e um par perfeito para Rajon Rondo no ataque, devido a sua capacidade de arrancar velozmente em contra-ataques, acertar tiros de três dos cantos e cortar para a cesta intuitivamente.

Bradley retornou, o time venceu seis jogos seguidos (entre eles contra Knicks e Pacers) e deu a entender que estava a caminho de se tornar uma força a ser levada a sério novamente. Mas o time de Doc Rivers falhou a arrancar mais uma vez. Perdeu domingo pela terceira vez seguida, chegando a um recorde de 20-20, praticamente no ponto médio da temporada. E essas derrotas vieram contra Hornets e Bulls em casa e Pistons fora. Chicago e Boston sempre fazem confrontos acirrados, e esse jogo foi para a prorrogação, mas sofrer nas mãos de New Orleans e Detroit se qualifica, sim, como tropeço.

As expectativas eram de que o time fosse um pouco menos limitado e dependente de Rondo no ataque este ano, com as adições de Terry, Courtney Lee, Jared Sullinger e Leandrinho Barbosa, além da retenção de Brandon Bass e Jeff Green. Mas isso não se materializou. O time tem um dos 10 piores aproveitamentos em pontos por posse. Paul Pierce tem postado os mesmos números da temporada passada, mas seu “jumper” vem perdendo efeito – ele tem acertado apenas 38% destes, de acordo com basketball-reference.com.

KG x Varejão

Garnett ainda combate Varejão e quem mais vier pela frente na defsa

Do mesmo modo que o time é dependente de Rondo no ataque, é dependente de Kevin Garnett na defesa. Mesmo em idade avançada, o pivô permanece um dos jogadores de maior impacto em toda a associação. Com ele em quadra, o time permite uma taxa de pontos por posse menor que a defesa do Los Angeles Clippers – a terceira melhor da liga. Mas, com ele no banco, o time só não permite mais pontos que Cavaliers, Kings e Bobcats – as três piores equipes em prevenção.

O fato é que todas as apostas que o gerente geral Danny Ainge fez na janela de verão, exceto talvez por Sullinger – que tem jogado melhor nos últimos 10 jogos – não têm rendido. Terry tem sido muito decepcionante, Green dificilmente impacta alguma partida, Bass não tem jogado tão bem quanto na temporada passada, quando lutava por uma extensão contratual, Lee também não vem bem e Leandrinho apenas ganhou minutos quando requisitou uma troca. A performance tão abaixo das expectativas de quase todos eles e seus contratos com vários anos sobrando ainda os fazem difícil de trocá-los para reformular o time ao redor de Rondo, Pierce e Garnett.

Já fica difícil de prever mudança em pessoal. Piora: a tabela também não ajudará muito os veteranos. Antes da parada para o jogo das estrelas, o time terá sua parcela de Cleveland, Sacramento, Orlando e Charlotte, mas também terá pela frente Miami, Nova York (os dois), Los Angeles (idem) e Chicago. E depois da parada, irá á Costa Oeste para cinco jogos na casa do adversário e, depois de voltar para tomar um café em casa, irá a Filadélfia (que talvez possa ter Andrew Bynum de volta até lá) e Indiana. Em outras palavras, o desafio para engrenar será ainda mais difícil.

Logo, o Celtics está num limbo. Não há muito que fazer a não ser confiar que mais tempo a Bradley proporcione mais estabilidade, que as apostas de Ainge comecem a render na segunda metade da temporada (ou pelo menos no próximo mês, para que se tornem moedas de troca decentes) e que Garnett siga proporcionando o mesmo valor quando Doc Rivers estender os seus minutos nessa reta final. Esses pontos todos precisam ser conjugados para que o time possa finalmente engrenar em direção aos playoffs.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Dois dados para encorajar o Lakers na briga por uma vaga nos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Kobe x Lin

O Lakers de Kobe conseguirá superar o Rockets de Lin?

Em Los Angeles, com relação ao Lakers, a alternância entre céu e inferno pode acontecer com uma frequência alarmante. No momento, com o time vencendo duas partidas consecutivas desde o retorno de Dwight Howard, a tendência é que comece a ser pintado novamente um céu de brigadeiro – mas bem sutil, né, porque a depressão pelo incrivelmente fraco início de temporada foi bem forte.

Então, meu amigo torcedor angelino, levantamos aqui alguns dados que podem ser mais animadores do que o basquete apresentado pelo time de Mike D’Antoni até aqui:

– o Houston Rockets, atual sétimo colocado, não vai nada bem quando se depara com adversários do duríssimo Oeste. A barba de James Harden, até esta quarta-feira, esteve presente em apenas sete vitórias em 22 confrontos, tendo perdido para o Dallas Maverics nesta quarta. Mantendo esse ritmo, dificilmente vão ter um aproveitamento superior a 50% ao final do campeonato (afinal, joga-se mais em sua conferência do que contra os da outra). Sem contr que o Oeste vai ficando ainda mais forte agora que o New Orleans Hornets e o Mavs estão completos, com Eric Gordon e Dirk Nowitzki entrando em forma.

– O Blazers, oitavo colocado, tem saldo de cestas de 2,1 pontos negativos. Historicamente, as equipes que ficam no vermelho não conseguem chegar aos mata-matas. Mas como se explica, então, a atual campanha de 20 triunfos e 18 reveses do grupo liderado por LaMarcus Aldridge? O clube de Portland está muito bem em duelos extremamente equilibrados, decididos por três ou menos pontos (6-2) ou na prorrogação (5-1). Novamente: levantamentos estatísticos indicam que esse tipo de situação tende a se equilibrar e que há um pouco de “sorte” na decisão de partidas assim – na terça-feira passada, aliás, a equipe perdeu a primeira no tempo extra, diante do Denver Nuggets.

Depois de tantas lesões e percalços, a família Buss só espera que os astros se alinhem a seu favor para a segunda metade do campeonato, de olho especialmente nesses dois pontos negativos de ao menos dois concorrentes em melhor situação na tabela – vale acompanhar também o Golden State Warriors, que começou o campeonato defendendo como nunca, mas perdeu rendimento nas últimas semanas.

Agora, de nada vai adiantar que Rockets e Blazers tropecem, se o próprio Lakers não melhorar seu retrospecto contra os times do Oeste, tendo até esta quarta  9 vitórias e 16 derrotas.

Para isso, deve arrumar sua cozinha, com muitas tarefas pela frente, entre as quais se destacam: 1) decidir o que fazer com Pau Gasol quando o astro espanhol se reabilitar da concussão sofrida em quadra; 2) arrumar a defesa, que não pode depender exclusivamente do vigor físico de Howard ou Artest (a atuação de Kobe contra Brandon Jennings e o Bucks foi uma ótima notícia nesse quesito); 3) aproveitar o ala Earl Clark por mais minutos, mesmo com o retorno de Gasol, e ganhar desta forma um reserva que possa ser mais útil que Chris Duhon e Darius Morris.

Antes de chegar ao grupo dos oito primeiros também é necessário ultrapassar Minnesota Timberwolves e/ou Utah Jazz. Sem Kevin Love, o Wolves fica em uma posição muito delicada para tentar voltar aos playoffs pela primeira vez desde a saída de Kevin Garnett, e só mesmo um trabalho inesquecível de Rick Adelman poderia segurá-los no páreo. O Jazz, por outro lado, segue numa tocada bastante consistente – não empolga, mas também não decepciona –, sendo muito forte em casa (12 vitórias nas primeiras 16 partidas). Resta saber se continuarão firmes em março, depois de encerrada a janela de trocas. Al Jefferson e Paul Millsap estão no último ano de contrato e podem ser negociados.

De qualquer forma, ao conferir as próximas rodadas, o fanático pelo Lakers tem mais dois pontos para monitorar além da produção de Pau Gasol: quando o Blazers voltar a uma prorrogação e quando o Rockets tiver um confronto na parte ocidental dos Estados Unidos, vale a secada.


Palavra-chave para Fabrício Melo e Scott Machado na temporada 2012-2013: D-League
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Giancarlo Giampietro

Tem de entender que pode não ser apenas um lichê tonto, repetido por inércia.

Em diversas ocasiões é possível esquecer ou ignorar que, quando atletas falam em batalhas, muita luta e histórias tantas na hora de agradecer pelo novo emprego, pela nova oportunidade, a reação automática de muita gente, especialmente no Brasil, é a de dar de ombros, soltar aquele “pffffff”, “tsc, tsc” básico e emendar com aquele complemento que vai na linha de: “Ra-rá! Ó lá o milionário falando de barriga cheia, não sabe o que é ralar a poupança e ver o que é bom pra tosse”.

E aí bastam duas ou três perguntas que fujam um tico que seja do rame-rame da pauta diária para perceber que talvez a primeira frase seja meio batida – “Graças a Deus que não sei o quê” –, mas que, poxa vida, possa realmente ter uma história ali, e tal, que os caras tenham passado por umas e outras até chegar a assinar o primeiro contrato e receber a primeira bolada.

O raciocínio vale muito para muitas figuras do futebol brasileiro. Mas também pode ser aplicado para a rapaziada da NBA. Neste caso, Fabrício Melo e Scott Machado, bem-vindos ao clube.

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Scott Machado, armador puro em busca de vaga para valer agora

A trajetória dos dois não podia ser mais diferente. O mineiro de Juiz de Fora começou bem tarde no basquete e correu atrás do tempo. Já o gaúcho do Queens – nunca vou me cansar de brincar com isso 😉 – pegou a primeira bola e queria fazer um jump shot na primeira bacia que via pela frente em Nova York. Melo era o grandalhão, com o único talento que não se ensina, a altura, o já era o suficiente que lhe render um passe para um time de ponta universitário como Syracuse. Scott era o baixinho que precisou se impor por outras maneiras em quadra e teve de cavar espaço em uma equipe nada tradicional como Iona.

Nesta terça, aos 22 anos e poucos dias de separação entre o aniversário de um e do outro, chega para os dois aquele momento que por tanto tempo – no caso de Scott, há um pouco mais – almejaram: iniciar uma temporada da NBA como jogadores da liga, no lugar, ou, muito provavelmente, ao lado de seus ídolos de TV e videogame.

Tem esse aspecto do sonho, sim.

Mas, depois de alguns dias, semanas ou meses, vem a realidade também. Que pode pedir paciência aos dois jovens. Estar entre os 15 premiados de um elenco é um feito, e tanto. Mas agora tem mais.Vão precisar convencer seus treinadores de que podem fazer parte de seus planos efetivos e rotações na temporada regular. Jogar prava ler.

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No caso de Scott, essa aspiração parece mais plausível desde já. Seria normal que ele fosse enviado diretamente ao Rio Grande Valley Vipers para conduzir a filial do Houston Rockets na D-League de cara, que lá pudesse botar o time para jogar e, aos poucos, se adaptar ao nível de capacidade atlética e tamanho que verá daqui para a frente. Porém, durante seu processo de Draft, o armador foi submetido a tantos testes, prontamente superados, que hoje fica difícil duvidar do que, e quando, ele pode alcançar.

Depois de Daryl Morey fazer a limpa em seu elenco, dispensar até mesmo um ala-armador de respeito no mercado como Shaun Livingston e jogar fora US$ 6 milhões nesse processo, cabe ao brasileiro uma disputa muito mais simples: brigar por minutos com o irregular Toney Douglas pela reserva de Jeremy Lin.

Enquanto Scott oferece criatividade no ataque, com um armador puro e baixo, Douglas é um ala fazendo as vezes de armador com muito mais pegada e potencial defensivos. Scott, no fim, funciona muito mais como uma apólice de seguro para o caso de Lin arriar – por motivos físicos ou emocionais –, enquanto Douglas seria alguém que, de cara, complementaria melhor a rotação de McHale. Para o técnico, ter um talentoso criador com James Harden em seu elenco facilita as coisas neste sentido. Carlos Delfino é outro que pode ajudar na condução da equipe em momentos de aperto, se emparelhado com o barbudo e jogador ex-Knicks.

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Fab Melô de verde agora

Fabrício Melo acompanha Leandrinho em Boston, mas talvez não em toda a temporada

Fabrício Melo, ou Fab Melo, como preferirem, se apresenta a Doc Rivers em um ponto mais baixo de sua curva de aprendizado. De novo: ele começou mais tarde num esporte que possui muitos detalhes, nuanças que se assimila apenas com o tempo, com a instrução e repetição, especialmente para os grandalhões. O posicionamento preciso no ataque e na defesa, os movimentos com e sem a bola, o aumento da força sem perder a agilidade… Tudo isso faz o cuco se cansar um pouco e nem sempre é resolvido com um ou dois anos de universidade. Ainda mais quando o pivô é a peça central em uma defesa por zona e, na NBA, o uso delas é bem mais restrito.

O pivô tem um bom tempo de bola para os tocos na cobertura, não foge do contato físico, pode converter com regularidade os arremessos de média e curta distância, por vezes se mostra um passador surpreendente – fundamento já elogiado por Kevin Garnett, inclusive –, mas ainda lhe faltam outros tantos tópicos para cobrir até que possa jogar regularmente num time como o Celtics sem interferir com suas grandes ambições.

Imagino que Danny Ainge vá conseguir dosar bem o tempo do brasileiro entre o contato e treinos com veteranos como KG – que se recusa a chamá-lo de Fab, porque nenhum homem seria Fabuloso na sua concepção das coisas – e períodos extensos com tempo de jogo no Maine Red Claws, na D-League.

Ainda há equipes relutantes em mandar seus talentos para a liga paralela. Mas, de um modo geral, esse processo vem avançando na NBA, e a tendência é que os jogadores mais jovens sejam enviados com maior frequência para os afiliados. E não é que, uma vez na D-League, não tem mais volta: Celtics e Rockets podem convocar seus jogadores de volta quando bem entenderem. Não é o fim da picada.


Bom moço Leandrinho se junta ao time mais casca grossa da NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho e sua boa conduta

Agora ao lado dos odiados do Celtics, Leandrinho vai ter de treinar sua cara de mal

A reputação de ligeirinho de Leandrinho na NBA é notória, né? Mas há uma outra característica pela qual o brasileiro é conhecido nos bastidores da liga: a de ser um boa praça, daqueles que se dá bem com todo mundo.

Por exemplo: em abril da temporada passada, já vestindo a camisa do Pacers, os relatos dos repórteres presentes na arena do Indiana era de uma baita algazarra no vestiário de visitante quando o ala-armador deu as caras por lá para visitar os ex-companheiros de Toronto Raptors.

Leandrinho agora leva seu bom-mocismo para a equipe que tem o elenco mais casca grossa do basquete profissional norte-americano. Kevin Garnett já bateu boca com meio mundo e, se precisar, vai provocar e discutir com a outra metade também. É daqueles que não perde a oportunidade de falar uma bobagem ou outra ao pé do ouvido para tirar os adversários… Hã… De sua zona de conforto. Aí você pega um Paul Pierce, que também não arreda o pé, um Rajon Rondo enfezado e tem um trio ternura daqueles que gosta de uma bagunça.

Como se não bastasse, eles vão lá e contratam um Jason Terry, um senhor catimbeiro e, magrelo daquele jeito, um produtor profícuo de bravatas. Pirado, e não só pelo aviãozinho que faz em quadra depois de suas cestas de longa distância. Dias depois de assinar com o Celtics, ele tatuou o mascote do clube em sua perna – veja esta foto feita se quiser.

Terry, aliás, foi um dos poucos agentes livres a aceitarem de cara uma proposta encaminhada por Danny Ainge. Geralmente, o cartola encontra dificuldade para convencer a jovem guarda a engrossar suas fileiras. O ala OJ Mayo, por exemplo, nem queria ouvir. Chris Paul, quando soube dos rumores de um interesse da franquia em uma troca, fez questão de soprar por todos os cantos que não aceitaria renovar seu contrato por lá.

O colunista Rich Levine, da Comcast Sportsnest de New England, tem uma teoria a respeito: “Obviamente, isso não é lá uma novidade. Nos últimos cinco anos o Celtics foram antagonistas de praticamente todos os times da liga. Há poucas jovens estrelas que Boston não tenha ofendido de algum modo. De um certo modo, essa vem sendo uma das principais armas do Celtics – a habilidade deles de irritar os oponentes.  Mas, depois de meia década de caos, o resultado é que a liga não curte muito o verde. Uma geração inteira de jogadores da NBA cresceram a ponto de odiar os C’s”.

Acho que Levine tem um ponto, não?

Teve muita gente que já sofreu na mão dos veteranos de Boston e quer dar o troco, sempre que possível. Leandrinho agora vai andar, ou melhor, correr e saltar com essa cambada. Mesmo que involuntariamente, seus dias de escoteiro acabaram.


Garnett corta relações com Ray Allen, que já vestiu a camisa do Heat
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Giancarlo Giampietro

Kevin Garnett jura que não tem mais o número do celular de Ray Allen. E aí o jornalista de Boston Steve Bulpett faz uma observação esperta: “O número não mudou. Então faça as contas”.

O pivô e líder do Celtics simplesmente cortou relações com o ala, que pulou a cerca para defender o rival Miami Heat. O mesmo time que o havia derrotado numa série dramática pela final da Conferência Leste em maio. Imagino a reação de alguém irado como o KG ao ver esta foto aqui:

Ray Allen e seus novos amiguinhos

Ray Allen e os novos amiguinhos: de certa forma, uma foto constrangedora

“Não estou tentando me comunicar com ele. Estou apenas sendo honesto com todo mundo aqui. Não é que eu deseje a ele algo pior ou nada disso, é só que isso acontece”, afirmou Garnett ao receber a mídia local para a abertura do training campda franquia mais vencedora da história da NBA.

“Escolhi não me comunicar com ele. É uma decisão que tomei pessoalmente. Sou muito próximo de Ray, conheço sua família, mas tomei a decisão de seguir em frente. É isso. Estou agora me concentrando em JT (Jason Terry), Courtney Lee e os novos caras que estão aqui. Não queria vir aqui para responder um monte de perguntas sobre Ray Allen. Obviamente iria responder uma vez e então me concentrar nos caras que estão aqui no ginásio e no que é o presente. É isso”, completou.

Kevin Garnett, orgulho de Boston

Soletrando com Garnett: C-e-l-t-i-c-s

Garnett tem um contrato de mais três anos com o Celtics, que só espera que ele consiga sustentar o nível que apresentou na última temporada, crescendo durante o campeonato a ponto de voltar a ser aquele marcador implacável na zona interior da fortíssima defesa de seu time.

No mundo abarrotado de ególatras da NBA, KG se destaca como uma das personalidades mais fortes. Tira os adversários do sério, mas é adorado por seus companheiros. Rajon Rondo, que não se dá com ninguém, diz que é seu melhor amigo na equipe. Por isso fica a expectativa sobre como o garotão Fabrício Melo vai se relacionar com o cara. Pode ser uma influência extremamente positiva, pelas cobranças e incentivos, mas ao mesmo tempo pode ser destrutivo, como já falou o técnico Doc Rivers. Depende de como rola a química.

Quem estava de olho na negociação do Celtics com o pivô era o ala Paul Pierce, que afirmou que chegou até mesmo a cogitar sua aposentadoria caso Garnett não retornasse. Sobre Ray Allen, Pierce disse apenas, sorrindo, que gostaria que, se fosse para ele sair de Boston, que fosse para o Clippers, clube que, inclusive, ofereceu mais dinheiro ao arremessador e também se candidata ao título este ano.

Mas Allen optou pelo Miami, onde agora está escoltado por LeBron James e Dwyane Wade. Imagine o tanto de chutes livres um dos maiores gatilhos da história vai ter…Por isso ele se diz extremamente confortável com sua nova vizinhança: “Uma vez que você veste o uniforme, nunca vai se olhar e tentar entender que uniforme você tem. Não importa”, afirmou. “É mais o modo como as outras pessoas o veem ou o enxergam. Daqui para a frente, a coisa mais importante para mim é o que faço por esse uniforme, a cidade e os torcedores que represento. Espero ver mais pessoas que gostam do Heat do que as que odeiam o Heat.”

Simples assim.

(Eu, hein.)

*  *  *

Não que Allen não possa jogar onde queira. Mas é realmente muito estranha a foto postada acima, não? LeBron e Wade cresceram odiando a geração do “Big 3” de Boston, cansados de apanhar (em muitos sentidos) deles nos playoffs. Allen também é conhecido por ser um jogador muito, mas muito competitivo – daí as rusgas e faíscas que tinha com Kobe Bryant quando jogava em Seattle, de simplesmente não tolerar que o astro do Lakers o superasse. E agora está ele apoiado no ombro de LeBron, para surfar a última onda de sua carreira.

No fim, quem sai ganhando com isso é o público: os pegas entre as duas equipes nem precisavam mais de tanta pimenta assim, né?

*  *  *

Em Miami, o técnico Erik Spoelstra já se disse positivamente impressionado com o que o ala Rashard Lewis vem mostrando nos treinos. Segundo o pupilo de Pat Riley, Lewis mal conseguia agachar nos últimos dois anos para abraçar seus filhos, com o joelho – e sabe-se lá o que mais – estourado. Mas que agora estaria se movimentando com leveza, lembrando o cara que dava um trabalhão peo Orlando Magic, abrindo a quadra para Rashard Lewis.

Tem aquela coisa: os caras não jogam há meses. Então essa é a hora em que todo mundo está saudável. “Nunca me senti assim antes” – o lema dos atletas na apresentação. Aí dá janeiro, fevereiro, e todo mundo aparece quebrado de novo. Pode ser o caso de Lewis, que jogou mancando as últimas duas temporadas.

Agora… Se ele e Allen conseguirem contribuir com, vá lá, 60% de seus talentos, a barra vai ficar muito pesada para a concorrência.


Rumo ao Knicks, Kidd e Camby são mais 2 vovôs a cacifar na NBA
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Giancarlo Giampietro

Aos 39 anos, um dia depois do acerto de Steve Nash com o Los Angeles Lakers, Jason Kidd foi mais um veterano a surpreender no mercado da NBA e mudar de clube. Na semana passada, ele chegou a um acordo verbal com o New York Knicks, se desligando do Dallas Mavericks pela segunda vez na carreira.

Os termos do contrato de Kidd ainda não foram divulgados, mas as informações preliminares indicam que seria algo em torno de US$ 9 milhões por três temporadas. Fazendo as contas, ele jogaria até os 42. Camby iria até os 41, já que seu contrato também é de três anos, sendo o terceiro apenas parcialmente garantido.

Jason Kidd

Jason Kidd diz adeus a Dallas

Rapidamente: Kidd vem de sua temporada mais fraca na liga, com as menores médias de minutos, pontos, rebotes e assistências em seu jogo não mais tão dinâmico. Ainda assim, para o Knicks, é uma contratação perspicaz: o armador é extremamente respeitado pela nova geração e leva para a Big Apple uma influência apaziguadora, tentando fazer a ponte entre Amar’e e Carmelo – distância que em alguns momentos do campeonato passado parecia mais larga que o próprio Rio Hudson.

Já Camby se apresenta como um ótimo defensor na reserva de Tyson Chandler, fortalecendo a rotação de garrafão do Knicks com Amar’e Stoudemire. Ele retorna ao clube pelo qual viveu grandes dias na temporada 1999, alcançando a final para surpresa geral, no lugar de Patrick Ewing.

Agora, em termos de um grande cenário, é curioso ver como os vovôs estão lucrando nestas férias. Nash, 38, vai assinar por algo em torno de US$ 27 milhões por três anos. Mesma duração do novo contrato que será firmado entre o Boston Celtics e Kevin Garnett, 36, em vínculo de cerca de US$ 34 milhões. Teve também a ‘traição’ (nas palavras de Jarret Jack, veja bem) de Ray Allen, que trocou o Boston Celtics pelo Miami Heat.

Bela “aposentadoria” para a turma, não? Falta apenas Tim Duncan decidir se segue ou não jogando. Pelo Spurs, óbvio.

Não chega a surpreender. A preparação física, os cuidados alimentares, tratamentos médicos, todo esse conjunto em torno do desenvolvimento atlético dos jogadores só evoluiu nos últimos anos. Quem quiser vai se cuidar. É recomendável que não sejam exigidos por mais de 40 minutos de jogo? Claro. Pode ser que eles quebrem a qualquer jogo? Pode.  Mas, por enquanto, se não há sinal claro que indique isso, os cheques vão sendo cruzados sem controle.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Jason Kidd em sua encarnacão passada.