Vinte Um

Arquivo : Fabrício Melo

Menos um: Leandrinho aumenta a lista de baixas brasileiras na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Começou com um recorde, mas agora sobraram apenas os cacos para contar. Quer dizer: eram seis brasileiros na ativa na NBA, agora ficaram três, se tanto.

A última baixa no contingente nacional é Leandrinho. O ala-armador sofreu uma lesão no joelho esquerdo na derrota do Celtics para o Charlotte Bobcats, nesta segunda-feira, e a expectativa nos bastidores da franquia de Boston já era bastante pessimista antes mesmo da realização de uma ressonância magnética. Feito o exame, foi constatada uma ruptura no ligamento cruzado anterior do ligeirinho – a mesma causa para o afastamento de Rajon Rondo,  inclusive.

Leandrinho agora se junta a Anderson Varejão numa lista bastante desconfortável para um certo país tropical. Lista de baixas da qual Scott Machado também faz parte. São menos três… Que fase!

Sobraram agora Tiago Splitter, Nenê e Fabrício Melo.

Mas sabemos que o pivô novato vai passar muito mais tempo na D-League, aprendendo aos poucos, do que com a equipe principal. Então é como se, na segunda metade da temporada 2012-2013, tivessem restado, para valer, apenas dois brasileiros para contar história. Ao menos são dois jogadores que estão em ascensão.

Tiago Splitter se fixou como titular do Spurs e, com a lesão de Tim Duncan, se tornou a referência solitária no garrafão de Greg Popovich – e quem diria? (Aliás, como questionar o técnico-general? Alguém reparou que seu time acabou de derrotar o Chicago Bulls sem Parker, Ginóbili e Timmy? A melhor equipe da temporada, mais uma vez).

Enquanto, em Washington, Nenê vai se desvencilhando de sua fascite plantar para ajudar John Wall a trazer um pouco de dignidade para o Wizards. Seu time venceu quatro dos últimos cinco jogos – tendo perdido apenas para o Spurs, diga-se –, com o pivô brilhando em quadra. Com uma saudável média de 31,8 minutos, vem com 16 pontos, 9,4 rebotes e excepcionais 4 assistências por partida. Sem contar o aproveitamento de 60,3% nos arremessos de quadra.

Muito bem. Mas não dá para dizer que isso alivie o clima na hora de digerir a lesão de Leandrinho. Ainda mais na hora em que ele estava encontrando seu papel na rotação de Doc Rivers…

Leandrinho está fora


Por um 2013 melhor para a turma brasileira da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão, Leandrinho e Splitter

Vamos tirar logo isso da frente: eles ganham um belo salário, bem acima da média do esportista tupiniquim, jogam em alguns dos melhores ginásios, cercados de mimos incontáveis, com estafes gigantescos à disposição. Conforme o próprio Nenê disse a seus jovens descabeçados companheiros, eles ocupam algumas das vagas mais cobiçadas no esporte e certamente as mais desejadas do basquete. É só saber aproveitar.

Agora, segundo um dos dogmas expostos na lousa central de diretrizes do QG 21, “dinheiro e luxo não compram ou valem toda a felicidade do mundo”. Mesmo você, leitor mais cínico, precisa abrir o coração nesta época festiva, de cordialidades, resoluções e expiação de culpa, e dar uma colher de chá para os caras.

Vejamos:

Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers)
Individualmente, nunca houve uma temporada melhor para o capixaba do que a que ele vive neste ano. Na verdade, é provavelmente a melhor campanha de um brasileiro na história da liga. Com recordes de pontos, rebotes, assistências, roubadas de bola e lances livres, o pivô virou uma unanimidade para os jornalistas de lá, embasbacados com seus números. Pena que nada disso sirva para fazer do Cleveland Cavaliers um time decente. A equipe de Byron Scott (até quando, aliás?) tem um aproveitamento até mesmo pior que o do Charlotte Bobcats, gente. Difícil de aturar isso. De que vale tanto esforço se o resultado, no fim, é invariavelmente uma derrota? Quem sabe, então, se não aparece um time vitorioso interessado em sua cabeleira, que enxergue seu basquete aguerrido como uma grande cartada para se brigar pelo título em maio e junho? Alô, Brooklyn Nets, Atlanta Hawks, San Antonio Spurs, Oklahoma City Thunder e afins.

– Nenê (Washington Wizards)
É uma situação bem mais deprimente do que a de Varejão. Ao menos seu compatriota pode se consolar com a presença de Kyrie Irving ao seu lado e dos promissores Thompson, Waiters e Zeller. Há uma base evidente ali para se construir um bom time. Em Washington, porém, a perspectiva é de terra desolada. Um clube ainda sem comando algum, tático ou gerencial, numa prova clara de que JaVale McGee e Andray Blatche não eram exatamente a causa de todos os seus problemas. E aí temos um jogador que vem se arrebentando em quadra, pisando em uma perna só, aguentando sabe-se lá como 26 minutos por  partida, a serviço da pior equipe da liga. Em Denver, o são-carlense ouviu muitas críticas de que não fazia jus ao seu salário, de que qualquer resfriado era o suficiente para lhe afastar. Na capital norte-americana, o discurso é justamente o contrário. Ainda assim, talvez não seja o suficiente para convencer alguma franquia a investir em seu pesado contrato.

– Leandrinho e Fabrício Melo (Boston Celtics)
O ligeirinho anunciou que está retornando a Boston, depois de passar pelo Brasil para resolver problemas particulares. Esperemos, desde já, que não seja nada de mais grave, com repercussão para os próximos meses, e que ele possa, agora, se concentrar em sua profissão. Porque, a partir de janeiro as coisas ficam ainda mais complicadas para o ala-armador, com o retorno de Avery Bradley. Havíamos escrito aqui desde o momento em que assinou com a franquia mais vitoriosa da liga: não parecia uma situação propícia para ele dar sequência a sua carreira. Muitos fatores conspiravam contra isso, entre eles as contratações de Jason Terry e Courtney Lee muito antes da sua, com vínculos de longo prazo. Isto é, esses caras seriam a prioridade para Danny Ainge & cia. De modo que o brasileiro precisaria jogar demais para assegurar seu espaço.

E como estamos até agora? Em termos de produção estatística, com menos tempo de quadra, Leandro apresenta números mais eficientes do que os de Terry e Lee – mas talvez não o suficiente para lhe valer uma vaga cativa na equipe. Além disso, sabemos bem que a defesa nunca foi um forte do paulistano. É algo que deve explicar sua ação reduzida nas últimas rodadas. Por outro lado, o Celtics não melhorou em nada desde que Doc Rivers optou por reduzir sua carga de minutos (perdendo dez partidas em 19 disputadas).

Com a volta de Bradley, um exímio marcador – um dos melhores de toda a liga, não importando sua pouca idade –, esse quebra-cabeça fica ainda mais intrigante. Dá para pensar em dois desdobramentos completamente diferentes: 1) Barbosa será completamente enterrado no banco de reservas; 2) Bradley dá uma segurança maior ao treinador na retaguarda e acaba liberando alguns minutos de Terry ou Lee para o brasileiro. Talvez essas duas alternativas hipotéticas nem importem. Talvez o melhor, mesmo, seja encontrar um meio de se transferir para o Lakers e se reunir com Nash e D’Antoni num time que precisa, e muito, de um arremessador extra.

Sobre Fabrício? Bem, não mudou muito desde sua seleção no Draft: continua como um projeto do Celtics, que vai se desenvolver aos poucos na D-League, mas que ainda está longe de ser visto como uma solução imediata para o garrafão. Vide a chegada do atlético Jarvis Varnado, um cara draftado pelo Heat, mas que nunca foi aproveitado na Flórida e nem pertencia ao clube afiliado de Boston, mas que foi contratado como uma esperança de fortalecimento de sua combalida rotação.

– Tiago Splitter (San Antonio Spurs)
Opa! Seu pedido é uma ordem. O catarinense hoje aparece como o terceiro pivô mais utilizado por Popovich em sua rotação, com dez minutos a menos do que Duncan e três abaixo de Diaw. Um pequeno, mas bem-vindo avanço para o jogador que tem o terceiro melhor índice de eficiência do clube, superior até mesmo ao de Manu Ginóbili. A ironia é que a promoção ao time titular significa menos oportunidades ofensivas para o pivô, uma vez que ele agora passa mais tempo de quadra ao lado de Duncan e Parker. E mais: a promoção também não significou mais minutos: hoje ele tem 20,2 por partida, contra 19 da temporada passada. A expectativa é a de que essa quantia suba um pouco no decorrer dos próximos dois terços de campeonato e que Splitter possa chegar aos mata-matas em grande forma, pronto para ajudar os texanos e, ao mesmo tempo, subir sua cotação para o próximo mercado.

– Scott Machado (Houston Rockets)
Discutimos aqui.


Palavra-chave para Fabrício Melo e Scott Machado na temporada 2012-2013: D-League
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Giancarlo Giampietro

Tem de entender que pode não ser apenas um lichê tonto, repetido por inércia.

Em diversas ocasiões é possível esquecer ou ignorar que, quando atletas falam em batalhas, muita luta e histórias tantas na hora de agradecer pelo novo emprego, pela nova oportunidade, a reação automática de muita gente, especialmente no Brasil, é a de dar de ombros, soltar aquele “pffffff”, “tsc, tsc” básico e emendar com aquele complemento que vai na linha de: “Ra-rá! Ó lá o milionário falando de barriga cheia, não sabe o que é ralar a poupança e ver o que é bom pra tosse”.

E aí bastam duas ou três perguntas que fujam um tico que seja do rame-rame da pauta diária para perceber que talvez a primeira frase seja meio batida – “Graças a Deus que não sei o quê” –, mas que, poxa vida, possa realmente ter uma história ali, e tal, que os caras tenham passado por umas e outras até chegar a assinar o primeiro contrato e receber a primeira bolada.

O raciocínio vale muito para muitas figuras do futebol brasileiro. Mas também pode ser aplicado para a rapaziada da NBA. Neste caso, Fabrício Melo e Scott Machado, bem-vindos ao clube.

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Scott Machado, armador puro em busca de vaga para valer agora

A trajetória dos dois não podia ser mais diferente. O mineiro de Juiz de Fora começou bem tarde no basquete e correu atrás do tempo. Já o gaúcho do Queens – nunca vou me cansar de brincar com isso 😉 – pegou a primeira bola e queria fazer um jump shot na primeira bacia que via pela frente em Nova York. Melo era o grandalhão, com o único talento que não se ensina, a altura, o já era o suficiente que lhe render um passe para um time de ponta universitário como Syracuse. Scott era o baixinho que precisou se impor por outras maneiras em quadra e teve de cavar espaço em uma equipe nada tradicional como Iona.

Nesta terça, aos 22 anos e poucos dias de separação entre o aniversário de um e do outro, chega para os dois aquele momento que por tanto tempo – no caso de Scott, há um pouco mais – almejaram: iniciar uma temporada da NBA como jogadores da liga, no lugar, ou, muito provavelmente, ao lado de seus ídolos de TV e videogame.

Tem esse aspecto do sonho, sim.

Mas, depois de alguns dias, semanas ou meses, vem a realidade também. Que pode pedir paciência aos dois jovens. Estar entre os 15 premiados de um elenco é um feito, e tanto. Mas agora tem mais.Vão precisar convencer seus treinadores de que podem fazer parte de seus planos efetivos e rotações na temporada regular. Jogar prava ler.

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No caso de Scott, essa aspiração parece mais plausível desde já. Seria normal que ele fosse enviado diretamente ao Rio Grande Valley Vipers para conduzir a filial do Houston Rockets na D-League de cara, que lá pudesse botar o time para jogar e, aos poucos, se adaptar ao nível de capacidade atlética e tamanho que verá daqui para a frente. Porém, durante seu processo de Draft, o armador foi submetido a tantos testes, prontamente superados, que hoje fica difícil duvidar do que, e quando, ele pode alcançar.

Depois de Daryl Morey fazer a limpa em seu elenco, dispensar até mesmo um ala-armador de respeito no mercado como Shaun Livingston e jogar fora US$ 6 milhões nesse processo, cabe ao brasileiro uma disputa muito mais simples: brigar por minutos com o irregular Toney Douglas pela reserva de Jeremy Lin.

Enquanto Scott oferece criatividade no ataque, com um armador puro e baixo, Douglas é um ala fazendo as vezes de armador com muito mais pegada e potencial defensivos. Scott, no fim, funciona muito mais como uma apólice de seguro para o caso de Lin arriar – por motivos físicos ou emocionais –, enquanto Douglas seria alguém que, de cara, complementaria melhor a rotação de McHale. Para o técnico, ter um talentoso criador com James Harden em seu elenco facilita as coisas neste sentido. Carlos Delfino é outro que pode ajudar na condução da equipe em momentos de aperto, se emparelhado com o barbudo e jogador ex-Knicks.

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Fab Melô de verde agora

Fabrício Melo acompanha Leandrinho em Boston, mas talvez não em toda a temporada

Fabrício Melo, ou Fab Melo, como preferirem, se apresenta a Doc Rivers em um ponto mais baixo de sua curva de aprendizado. De novo: ele começou mais tarde num esporte que possui muitos detalhes, nuanças que se assimila apenas com o tempo, com a instrução e repetição, especialmente para os grandalhões. O posicionamento preciso no ataque e na defesa, os movimentos com e sem a bola, o aumento da força sem perder a agilidade… Tudo isso faz o cuco se cansar um pouco e nem sempre é resolvido com um ou dois anos de universidade. Ainda mais quando o pivô é a peça central em uma defesa por zona e, na NBA, o uso delas é bem mais restrito.

O pivô tem um bom tempo de bola para os tocos na cobertura, não foge do contato físico, pode converter com regularidade os arremessos de média e curta distância, por vezes se mostra um passador surpreendente – fundamento já elogiado por Kevin Garnett, inclusive –, mas ainda lhe faltam outros tantos tópicos para cobrir até que possa jogar regularmente num time como o Celtics sem interferir com suas grandes ambições.

Imagino que Danny Ainge vá conseguir dosar bem o tempo do brasileiro entre o contato e treinos com veteranos como KG – que se recusa a chamá-lo de Fab, porque nenhum homem seria Fabuloso na sua concepção das coisas – e períodos extensos com tempo de jogo no Maine Red Claws, na D-League.

Ainda há equipes relutantes em mandar seus talentos para a liga paralela. Mas, de um modo geral, esse processo vem avançando na NBA, e a tendência é que os jogadores mais jovens sejam enviados com maior frequência para os afiliados. E não é que, uma vez na D-League, não tem mais volta: Celtics e Rockets podem convocar seus jogadores de volta quando bem entenderem. Não é o fim da picada.


Mídia de Boston já questiona Fabrício Melo com apenas nove minutos de jogo
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Giancarlo Giampietro

Fenerbahce x Boston Celtics

Sobe a bola para os amistosos da pré-temporada da NBA

“Ai, Fabrício.”

“Oh, Fab Melo.”

O pivô brasileiro jogou nove minutos – foram 8min57s precisamente, tá? – em sua estreia na pré-temporada da NBA, em derrota do Boston Celtics para o Fenerbahce, em Istambul, e já começou a ser questionado pela exigente mídia que cobre a franquia mais vitoriosa da liga norte-americana.

Não consegui ver a partida, mas aparentemente o mineiro de Juiz de Fora errou uma bandeja no segundo tempo sem nem mesmo conseguir fazer a bola tocar no aro. Bota nervosismo aí. Foi apenas seu primeiro jogo pela equipe – os da Summer League não contam, pois Garnett, Pierce, Rondo e os demais não estavam lá.

Esse é um lance drástico, claro, que provaelmente já virou um GIF antes de este post ser publicado. Pode causar espanto, mas só para os mais desavisados.

Seguinte: Doc Rivers já havia avisado que Fabrício seria um projeto de longo prazo para seu clube. Para aqueles que estavam esperando que ele chegaria com autoridade, pronto para ser o xerife ao lado de Kevin Garnett, pode recuar enquanto é tempo. Basta moderar as expectativas.

Fabrício tem um contrato de jogador de NBA, mas ainda está longe do nível técnico e tático exigido para competir em alto nível. O que ele oferece por enquanto é seu ágil corpanzil e algumas habilidades cruas (bom senso para cobertura defensiva, passes adequados e um tiro de média distância que vem evoluindo).

Vai precisar de paciência com seu desenvolvimento, e isso só vai acontecer com ele em quadra. Primeiro para se habituar a jogar com adversários e companheiros muito mais tarimbados e, em alguns casos, muito mais fortes e atléticos. Segundo para quebrar o nervosismo – lembrando que tudo ainda é muito novo para qualquer calouro, especialmente para alguém que começou tarde no esporte.

Daí para mostrar o quão surreais eram os pedidos de convocação do mineiro para a Seleção Brasileira. Se ele se apresentasse como atleta convidado, para ganhar cancha com os mais rodados, seria uma coisa. Chegar para jogar, com vaga garantida? Outra história, rapaziada.

O bom é que,  da próxima vez que esse assunto entrar em pauta, em 2013, se ele conseguir evoluir com seus treinadores de Boston e, eventualmente, na D-League, aí, sim, Fabrício teria muito mais chances  de se impor desta maneira.


Boston de Fabrício Melo abre amistosos de pré-temporada com revés na Turquia
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Giancarlo Giampietro

Rondo ataca na Turquia

Rondo: 30 minutos, 13 pontos, 9 assistências contra o Fenerbahce

Hora de esvaziar as clínicas de reabilitação: os amistosos de pré-temporada da NBA começaram!

Nesta sexta-feira, com Fabrício Melo em ação, o Boston Celtics abriu uma jornada da liga norte-americana que vai, no mínimo, até meados de junho de 2013a com uma derrota para o Fenerbahçe por 97 a 91, em Istambul.

O pivô brasileiro jogou por nove minutos e terminou com três rebotes, uma assistência, um toco e dois desperdícios de posse de bola, tendo tentado – e errado – apenas dois chutes de quadra.

Agora, para o mais fanático torcedor do Celtics que não esteja habituado ao que se passa do outro lado do Atlântico, calma: estamos seguros em dizer que não é por causa disso que o mundo acaba em 2012. Confie.

O elenco do Celtics chegou a Istambul na terça-feira. Até então o time vinha treinando apenas informalmente, com a reunião de alguns jogadores, especialmente os mais jovens, nos ginásios da franquia, para trabalhar fundamentos e terem o primeiro contato com seus novos treinadores. E veteranos como Kevin Garnett e Paul Pierce, ainda dois dos três principais jogadores da equipe, notoriamente demoram um pouco mais para esquentar. Outra: Doc Rivers terminou a partida com os calouros Dionte Christmas e Jamar Smith, que brigam pela última vaga no elenco, em quadra.

A liga turca ainda não comecou, mas a equipe da casa já está num estágio bem mais avançado em sua preparação para a temporada. O Fenerbahçe também está longe de ser uma galinha morta. Relativamente, é mais forte hoje no basquete do que no futebol, ainda mais neste ano em que conseguiu grandes reforços, como Romain Sato e, especialmente, Bo McCalebb. Além deles, chegou também o técnico Simone Pianigiani, hexacampeão italiano pelo Montepaschi Siena e frequentador assíduo do Final Four da Euroliga.

Outras notinhas para considerar abaixo:

*  *  *

Reconhecido como um marcador implacável na Europa, o ala Sato, 31, acabou roubando a cena no ataque. Terminou o amistoso com 24 pontos, 16 deles num primeiro tempo extremamente produtivo. O jogador nascido na República Centro-Africana se formou no basquete universitário dos EUA por Xavier, foi draftado pelo Spurs em 2004, mas nunca jogou na NBA e fez carreira no Velho Continente. Foi mais um caso de atleta que a liga norte-americana não conseguiu aproveitar.

Já McCalebb, mundialmente famoso depois de liderar “sua” Macedônia a uma campanha incrível no Eurobasket 2011, contribuiu com 21 pontos, 5 assistências e 4 rebotes, muitas vezes jogando de igual para igual com Rajon Rondo, especialmente no terceiro período.

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Esse foi o primeiro jogo do ala Jeff Green, aposta de Danny Ainge, depois de mais um ano e meio. Ele não pisava em uma quadra, fardado, desde o dia 11 de maio de 2011, em derrota do Celtics para o Miami Heat pelos playoffs da temporada retrasada. Ex-companheiro de Kevin Durant em Oklahoma, ele passou por uma cirurgia no coração em dezembro daquele ano, devido a um aneurisma aórtico.

A boa notícia: Green foi um dos destaques do jogo, tendo anotado 16 pontos e comandado os reservas no quarto período em uma tentativa de reação da equipe de Boston.

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Quem deve ter acompanhado de perto essa partida foi o Nets. Afinal, duas de suas últimas escolhas no Draft estiveram em ação pelo Fener. O ala Bojan Bogdanovic, 23, e o ala-pivô Ilkan Karaman, 22, dois jogadores promissores que certamente podem ter um futuro no basquete norte-americano. Já o ala Emir Preldzic,25,  esloveno naturalizado turco quando adolescente, foi draftado pelo Phoenix Suns em 2009. Seus direitos então foram trocados para o Cleveland Cavaliers e, depois, Washington Wizards.


Garnett corta relações com Ray Allen, que já vestiu a camisa do Heat
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Giancarlo Giampietro

Kevin Garnett jura que não tem mais o número do celular de Ray Allen. E aí o jornalista de Boston Steve Bulpett faz uma observação esperta: “O número não mudou. Então faça as contas”.

O pivô e líder do Celtics simplesmente cortou relações com o ala, que pulou a cerca para defender o rival Miami Heat. O mesmo time que o havia derrotado numa série dramática pela final da Conferência Leste em maio. Imagino a reação de alguém irado como o KG ao ver esta foto aqui:

Ray Allen e seus novos amiguinhos

Ray Allen e os novos amiguinhos: de certa forma, uma foto constrangedora

“Não estou tentando me comunicar com ele. Estou apenas sendo honesto com todo mundo aqui. Não é que eu deseje a ele algo pior ou nada disso, é só que isso acontece”, afirmou Garnett ao receber a mídia local para a abertura do training campda franquia mais vencedora da história da NBA.

“Escolhi não me comunicar com ele. É uma decisão que tomei pessoalmente. Sou muito próximo de Ray, conheço sua família, mas tomei a decisão de seguir em frente. É isso. Estou agora me concentrando em JT (Jason Terry), Courtney Lee e os novos caras que estão aqui. Não queria vir aqui para responder um monte de perguntas sobre Ray Allen. Obviamente iria responder uma vez e então me concentrar nos caras que estão aqui no ginásio e no que é o presente. É isso”, completou.

Kevin Garnett, orgulho de Boston

Soletrando com Garnett: C-e-l-t-i-c-s

Garnett tem um contrato de mais três anos com o Celtics, que só espera que ele consiga sustentar o nível que apresentou na última temporada, crescendo durante o campeonato a ponto de voltar a ser aquele marcador implacável na zona interior da fortíssima defesa de seu time.

No mundo abarrotado de ególatras da NBA, KG se destaca como uma das personalidades mais fortes. Tira os adversários do sério, mas é adorado por seus companheiros. Rajon Rondo, que não se dá com ninguém, diz que é seu melhor amigo na equipe. Por isso fica a expectativa sobre como o garotão Fabrício Melo vai se relacionar com o cara. Pode ser uma influência extremamente positiva, pelas cobranças e incentivos, mas ao mesmo tempo pode ser destrutivo, como já falou o técnico Doc Rivers. Depende de como rola a química.

Quem estava de olho na negociação do Celtics com o pivô era o ala Paul Pierce, que afirmou que chegou até mesmo a cogitar sua aposentadoria caso Garnett não retornasse. Sobre Ray Allen, Pierce disse apenas, sorrindo, que gostaria que, se fosse para ele sair de Boston, que fosse para o Clippers, clube que, inclusive, ofereceu mais dinheiro ao arremessador e também se candidata ao título este ano.

Mas Allen optou pelo Miami, onde agora está escoltado por LeBron James e Dwyane Wade. Imagine o tanto de chutes livres um dos maiores gatilhos da história vai ter…Por isso ele se diz extremamente confortável com sua nova vizinhança: “Uma vez que você veste o uniforme, nunca vai se olhar e tentar entender que uniforme você tem. Não importa”, afirmou. “É mais o modo como as outras pessoas o veem ou o enxergam. Daqui para a frente, a coisa mais importante para mim é o que faço por esse uniforme, a cidade e os torcedores que represento. Espero ver mais pessoas que gostam do Heat do que as que odeiam o Heat.”

Simples assim.

(Eu, hein.)

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Não que Allen não possa jogar onde queira. Mas é realmente muito estranha a foto postada acima, não? LeBron e Wade cresceram odiando a geração do “Big 3” de Boston, cansados de apanhar (em muitos sentidos) deles nos playoffs. Allen também é conhecido por ser um jogador muito, mas muito competitivo – daí as rusgas e faíscas que tinha com Kobe Bryant quando jogava em Seattle, de simplesmente não tolerar que o astro do Lakers o superasse. E agora está ele apoiado no ombro de LeBron, para surfar a última onda de sua carreira.

No fim, quem sai ganhando com isso é o público: os pegas entre as duas equipes nem precisavam mais de tanta pimenta assim, né?

*  *  *

Em Miami, o técnico Erik Spoelstra já se disse positivamente impressionado com o que o ala Rashard Lewis vem mostrando nos treinos. Segundo o pupilo de Pat Riley, Lewis mal conseguia agachar nos últimos dois anos para abraçar seus filhos, com o joelho – e sabe-se lá o que mais – estourado. Mas que agora estaria se movimentando com leveza, lembrando o cara que dava um trabalhão peo Orlando Magic, abrindo a quadra para Rashard Lewis.

Tem aquela coisa: os caras não jogam há meses. Então essa é a hora em que todo mundo está saudável. “Nunca me senti assim antes” – o lema dos atletas na apresentação. Aí dá janeiro, fevereiro, e todo mundo aparece quebrado de novo. Pode ser o caso de Lewis, que jogou mancando as últimas duas temporadas.

Agora… Se ele e Allen conseguirem contribuir com, vá lá, 60% de seus talentos, a barra vai ficar muito pesada para a concorrência.


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

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Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

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A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


Analista da ESPN projeta Splitter estelar na próxima temporada
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Giancarlo Giampietro

Ontem foi fechado um post sobre a perspectiva de Tiago Splitter como agente livre na NBA com uma série de perguntas. Entre elas, se os cartolas da liga haviam tomado nota da temporada bastante eficiente que o catarinense havia feito pelo San Antonio Spurs, a despeito de sua performance apática nos playoffs.

Splitter, Spurs

Splitter e seu meio-gancho característico que chama a atenção de qualquer analista

Bem, ainda não dá para dizer nada sobre os concorrentes, mas é certo que o jornalista John Hollinger, um dos padrinhos da comunidade nerd cada vez mais influente no basquete, anotou tudo direitinho. Afinal, é seu ganha-pão: descobrir nos números algumas nuances do jogo para mostrar aqueles que são super ou subvalorizados. (E, sim, caramba, as coincidências de publicação do blog vão se tornando cada vez mais perturbadoraaaaaas. Medo.)

Em suas projeções estatísticas sobre os caras do Spurs, Hollinger arrisca os seguintes números para Splitter – de acordo com uma hipotética média de 40 minutos por partida: 19,4 pontos e 11,2 rebotes, depois de 19,6 e 10,9, respectivamente, no ano passado.

O problema é que Tiago nunca fica em quadra para produzir desta maneira, e ainda hoje os escritórios de direção dos clubes da NBA se dividem entre os que acompanham este tipo de número – e qualquer outro número – e os que são bastante tradicionalistas e valorizam basicamente o que veem em quadra, preto-no-branco.

E também tem outra: as projeções de Hollinger ignoram uma série de variantes que são impossíveis de prever em um cálculo e influenciam diretamente o rendimento: 1) o bem-estar físico de Splitter; 2) qual a relação em quadra do jogador com seus companheiros; 3) qual a relação fora de quadra do jogador com seus companheiros; 4) que tipo de plano de jogo o técnico Gregg Popovich pensa em colocar em prática; etc.

Traduzindo: será que Patty  Mills vai ganhar mais minutos, de acordo com sua performance olímpica? Será que ele vai passar a bola? A química estabelecida entre Ginóbili e Splitter será replicada? E por quantos minutos? Quem vai dividir o garrafão com o brasileiro? Na segunda unidade, quantos arremessos devem ser destinados a Kawhi Leonard ou Stephen Jackson? E Gary Neal ou Danny Green? E por aí vamos…

(Note que este tipo de questionamento serve para todo e qualquer time. Quantas bolas Larry Taylor terá para chutar em Bauru e quantas sobram para o Gui? No renovado elenco de Franca, há alguém que servirá de carro-chefe? Em Brasília, Tijuana, Moscou, Istambul, Seul… Não importa.)

Tiago Spliter, Spurs, NBA

Splitter ainda em busca do protagonismo de ACB

Agora, no mundo ideal, limpo e direto de suas estatísticas, porém, o veterano analista se sente confortável para dizer o seguinte: “Então… O quanto disso (a produção de 2011-2012) foi real? Splitter jogou menos de 20 minutos por partida, mas, quando ele foi para quadra, teve números de um All-Star. Pergunto isso pois ele ganhará somente US$ 3,9 milhões nesta temporada e, depois, vai virar agente livre. Se ele jogar, de algum jeito, próximo deste nível mais uma vez, ele vai ser pago, e com P maiúsculo. Ele pode ser uma estrela”.

Taí um baita voto de confiança para o catarinense, então.

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Em suas análises, Hollinger também já escreveu sobre Fabrício Melo, o novato brasileiro do Boston Celtics também conhecido preguiçosamente como Fab Melo. Neste caso, as especulações são bem mais abstratas, já que têm base nos seus números como universitário.

“Melo teve o melhor rendimento em tocos de qualquer jogador candidato ao Draft com duas sobrancelhas e essa é uma das razões por que o Boston investiu uma escolha de primeira rodada de Draft nele”, adianta. Ria, por favor, porque a piada é muito boa mesmo, envolvendo um de nossos favoritos desde já, Anthony “Monocelha”Davis. O Vinte Um ama o garoto. Viva com isso.

“Ele é bem mais velho do que o esperado aos 22, mas, considerando seu desenvolvimento tardio (o brasileiro começou mais tarde no jogo), ainda há esperança que ele possa adicionar alguns movimentos ofensivos ao seu repertório. Ele não é um cobrador terrível de lances livres e sua média de assistências comparada com os desperdícios de bola em Syracuse foram bem melhores que a de um monte de pivôs, então ele não é irrecuperável no ataque”, continuou.

Depois, o estatístico da ESPN questiona a capacidade de reboteiro de Fabrício, cuja média de era igual, por exemplo, ao escolta Marcus Denmon, de Missouri, que é uns 20 centímetros mais baixo que o mineiro de Juiz de Fora.  “Melo vai precisar capturar alguns rebotes a mais para ajudar uma defesa que já está entre as que mais precisam de ajuda neste departamento na liga”, afirma.

E aqui vai uma afirmação que vai diretamente contra as projeções estatísticas: as métricas de Hollinger simplesmente ignoram o fato de que Fabrício jogou o ano inteiro por Syracuse como o “1” de uma defesa “2-1-2” de Syracuse, muitas vezes distante da tabela e com menos chances de apanhar os rebotes, oras.

É o tipo de razão óbvia para sempre olhar qualquer número com alguma desconfiança. Que pelo menos se questione um dado antes de aceitá-lo como a mais pura verdade.


Preocupado com lesões, técnico do Cavs espera evolução de novato para preservar Varejão
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Giancarlo Giampietro

Se Rafael Hettsheimeir funciona nesses dias apenas uma especulação envolvendo o Cleveland Cavaliers, com Anderson Varejão a história é bem diferente. Qualquer perspectiva de sucesso e de boa campanha da equipe na próxima temporada da NBA passa pelo pivô capixaba.

Anderson Varejão lesionado

De terno e munheca imobilizada, Varejão não contribui tanto assim para o Cavaliers vencer

Pensando nisso, o técnico Byron Scott já pensa com seus botões assim: “Hmmm… Seria ótimo poder preservar o Andy de alguma forma, tentar otimizar o quanto posso tirar dele”.

Não que estejamos envolvidos no lance de telepatia, nem nada disso. É que, fuçando por aí, você de repente pode se deparar com uma entrevista do treinador do Cavs ao próprio site da franquia, respondendo a perguntas enviadas pelo Twitter. Digamos que não seja a maior coincidência do mundo.

E aí o @fatherjohnmisty (*) da vez pergunta como ele vê a rotação de pivôs da equipe para a campanha 2012-2013, agora que o clube conta com o novato Tyler Zeller em seu elenco.

O ex-parceiro de Magic Johnson falou assim: “Eu vejo Andy começando o campeonato como titular. Mas minha visão é que em algum momento durante a temporada Tyler vai poder ser titular e eu poderei voltar com Andy para o banco, que é onde acho que ele pode ser mais efetivo…” Mas Calma!

Antes que você se descabele por nosso cabeleira, a continuação da resposta de Scott foi assim: “… E também poderia cortar os minutos, dele sabe? Infelizmente, nas últimas duas temporadas ele acabou jogando muitos minutos e sofreu algumas lesões”.

Por seu empenho defensivo, seu espírito contagiante em quadra para uma equipe muito jovem, Varejão é muito importante para o Cavs para jogar por apenas 56 partidas em dois anos – de 148 possíveis! Isso é muito pouco.

Tyler Zeller

Narigudo Zeller pode ajudar Scott a poupar Varejão em Cleveland

O treinador, então, torce para que Zeller assimile o jogo da NBA rapidamente. Ele tem mais idade e experiência que o calouro tradicional da liga dos últimos tempos – ele cursou os quatro anos em North Carolina, tem 22 anos (dois mais velho que Kyrie Irving, por exemplo.

Em termos atléticos, Tyler – o irmão de Luke e Cody (cotado como um dos melhores prospectos do próximo Draft e candidato a jogador do ano por Indiana no basquete universitário) – é bem parecido com Varejão. Um pivô mais leve, que aguenta corre muito mais do que a média para gente de seu tamanho e com ótima velocidade.

“No momento então é o que vejo. Andy começando como titular, porque ele sabe exatamente o que estamos fazendo e nós sabemos exatamente o que ele faz para nós”, diz Scott. “Mas acho que ele seria melhor se viesse do banco. O que não quer dizer que ele não vá terminar um monte de jogos, por causa de sua experiência e do modo como joga.”

*  *  *

Andy sempre soa engraçado, né?

Ainda mais considerando que Anderson definitivamente não é um nome que os norte-americanos possam estranhar. Ainda assim, para demonstrar afeto, em Cleveland, depois de “Wild Thing”, virou Andy, mesmo, e ok.

Agora…

Já havia feito esse apelo na encarnação passada do Vinte Um, mas insisto aqui: sabemos que Fab é diminutivo, no caso, de Fabrício, né? Que o pivô do Celtics, então, se chamaria Fabrício Melo? Por que não chamá-lo assim? Por que nos Estados Unidos é de outro jeito e pronto?

Fab pode ser usado feito trocadilho etc. Três letras, fácil de modular. Tipo as inúmeras manchetes “fabulosas” que o Lance! já fez quando Luís Fabiano detona, e tal. Mas a gente realmente não pode respirar fundo e tratar com alguém que tenha o nome em três sílabas mais?

Obviamente esse é apenas um espirro sem maldade nenhuma, que não vai mudar a realidade de ninguém. Sobe a bola, segue o jogo.

(*) Sim, essa foi uma referência da Juke Box 21 desta temporada.


Doc Rivers confirma Fabrício Melo como um “projeto” do Celtics
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Giancarlo Giampietro

Ao avaliar o desempenho dos três calouros do Boston Celtics durante nas ligas de verão da NBA, o técnico Doc Rivers foi bem sucinto ao falar sobre o pivô Fabrício Melo: “Fab é apenas um projeto hoje e acho que ele será um jogador nesta liga em algum ponto. Não sei se vai ser no próximo ano. Pode ser”.

Fab Melo, projeto do CelticsVeja bem. Esse é o treinador do Celtics, procurando minimizar qualquer expectativa em torno do brasileiro para o próximo campeonato, ciente de que vai ser difícil aproveitar o jogador em seu ano de calouro. Por isso é preciso (muuuita) calma também na hora de pedir o rapaz na seleção brasileira a cada convocação. Tem hora para tudo.

Por sorte de Fabrício, seu clube foi dos poucos que colocou a equipe de verão em ação tanto na Summer League de Orlando como na de Las Vegas, podendo disputar dez partidas. Pertinho do castelo da Disney, ele teve média de 15 minutos por jogo. Na cidade da jogatina, foram 17. A média de pontos subiu de 1,8 para 4,0 de um evento para o outro, enquanto a de rebotes caiu de 4,8 para 3,2.Em tocos, foi de 1,0 para 1,2. O aproveitamento de arremessos variou de 28,6% para 53,3%.

O pivô deu mostras de seu potencial. Movimentou-se com agilidade pela quadra, deu bons passes, protegeu o aro e matou seus chutes de média distância facilidade maior do que o esperado. Mas também deixou claro que ainda falta muito o que desenvolver em seu jogo: sua defesa no mano-a-mano é deficitária – em Syracuse, Jim Boeheim sempre investiu mais em marcações por zona – e seus movimentos ofensivos ainda são bem limitados, por exemplo.

“Este é apenas o sexto ano do Fab jogando, mas ele está melhorando a cada pedido de tempo. Seu condicionamento também está melhorando”, afirmou Tyronne Lue, armador que um dia já perseguiu Allen Iverson nas finais da NBA pelo Lakers e foi o treinador principal da equipe de verão do Celtics. “Acho que em Syracuse eles jogavam com defesa por zona o tempo todo, então ele poderia apenas ficar parado no meio do garrafão. Mas aqui você tem de subir, se apresentar em cima da bola e depois tem de recuperar seu lugar na rotação defensiva. Você, então, tem de tomar uma decisão, e há diversas coisas para se fazer. Acho que seu ritmo e condicionamento é um fator, mas ele vai ficar bem.”

Quando escolheu o mineiro de Juiz de Fora, o Celtics sabia o que estava contratando. É provável até que Fabrício passe um tempo na D-League, ainda mais que, na temporada 2012-2013, o clube afiliado Maine Red Claws passa a ser exclusivo da franquia que mais títulos venceu na NBA.

Danny Ainge e Rivers vão abordar seu desenvolvimento com paciência, enquanto Jared Sullinger, o outro novato de garrafão da equipe, já está pronto para batalhar de cara. Enquanto isso, cada dia na liga vai servindo realmente como uma lição para o pivô. Com o que aconteceu na semana passada: a poucos minutos de iniciar um confronto com o Sacramento Kings em Las Vegas, o armador E’twaun Moore e o pivô Sean Williams, com quem havia dividido a quadra por quase um mês, foram puxados de canto no ginásio para serem informados de que não jogariam. Eles haviam acabado de serem trocados para o Houston Rockets.