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NBA põe dois brasileiros entre os principais candidatos ao Draft
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Giancarlo Giampietro

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Só uma notinha rápida na cobertura dos brasileiros rumo ao Draft da NBA: o armador Georginho e o ala Lucas Dias receberam nesta semana um convite importante, confirmado, para participar do Combine de Chicago, entre os dias 12 e 17 de maio.

A simples convocação para o evento já é um sinal bastante positivo. O processo de seleção acontece com base no interesse dos times. Cada franquia manda para o escritório central, em Nova York, sua própria lista de prospectos que desejariam conferir em Chicago. A partir daí, a liga vai apurar os mais votados e fazer a lista final. Que George e Lucas tenham constado na primeira leva de atletas contatados mostra que atiçam a curiosidade dos clubes – e que estariam hoje num informal top 70 de prospectos segundo os dirigentes. Algo mais concreto que as projeções dos especialistas na cobertura. Dependendo dos andamento do camp, a cotação pode variar.

O problema? Lucas ainda está se recuperando de uma lesão no tornozelo, sofrida no confronto com o Brasília pelas quartas de final do NBB, na volta dos treinos com George na academia IMG, na Flórida. O armador, de todo modo, está liberado e viaja no domingo para a metrópole americana. É uma grande chance, depois de um Nike Hoop Summit inconclusivo, para ele mostrar serviço diante de basicamente toda a liga. É de se imaginar que os 30 gerentes gerais dos clubes estarão por lá, escoltados por outros dirigentes e scouts, para avaliar a safra deste ano de perto.

Vale lembrar que 93 jogadores se inscreveram no Draft de modo precoce, mas o grupo de concorrentes é bem maior, incluindo aqui os formandos do basquete universitário, os jogadores estrangeiros nascidos em 1993 e também aqueles que deixaram o basquete amador americano e se profissionalizaram antes de buscar a NBA.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> Qual o cenário para os quatro brasileiros inscritos?
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Técnico americano avalia o potencial de pinheirenses
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias: da impaciência ao desenvolvimento
>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

O que é o NBA Draft Combine?

É o camp preparatório oficial da liga. Eles distribuíram cerca de 70 convites a garotada. Aqueles que são considerados, em tese, os 20 melhores da classe, ou algo em torno disso, só devem ir para Chicago para realizar exames médicos, avaliações atléticas e eventualmente realizar entrevistas formais com os cartolas. Estamos falando de Karl Towns, Jahlil Okafor, Emmanuel Mudiay, Kristaps Porzingis etc. O restante será obrigado a participar de jogos de cinco contra cinco em quadra.

Trata-se de uma mudança significativa neste ano em relação ao que aconteceu nas últimas temporadas, com muitos agentes atrapalhando ou controlando o processo, tirando seus atletas das sessões competitivas, para proteger sua cotação. Desta vez, quem for – pois os jogadores não são obrigados a aceitar o convite –, vai ter de se provar em quadra. O que é bom para os brasileiros, ainda relativamente desconhecidos pela maioria dos tomadores de decisão. Os dois, que também serão entrevistados e examinados fisicamente, só têm de estar preparados para enfrentar um nível bem elevado de competição, com muita gente sedenta em quadra.


Qual o cenário para os candidatos brasileiros ao Draft?
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Giancarlo Giampietro

Humberto (e) e Georginho estão inscritos

Humberto (e) e Georginho estão inscritos

A NBA divulgou nesta semana a lista de inscritos em seu processo de recrutamento de novatos, o Draft. Quatro brasileiros apareceram nela como candidatos: o trio pinheirense Georginho, Lucas Dias e Humberto Gomes, além do armador Danilo Fuzaro, do Minas Tênis.

O curioso é que lista poderia ter sido maior. Scouts da NBA me procuraram para coletar informações sobre Wesley Sena, aposta do Bauru para longo prazo, e Adriano Alves Júnior, um pivô do Minas Tênis que não jogou tanto pela última LDB, mas tem um físico impressionante. Os dois foram especulados nas últimas semanas nos Estados Unidos – seriam representados pelo poderoso WMG (Wasserman Media Group), do superagente Arn Tellem. O grupo avaliou os atletas e abriu discussão com os olheiros e dirigentes da liga. No final, ficaram fora. Ainda assim, quatro é um número elevado de brasileiros, numa espécie de ‘efeito Bruno Caboclo’ – apenas potências como Espanha e França têm mais apostas, com cinco cada.

Acompanhe a cobertura do 21:
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Semana crucial, enquanto a concorrência cresce
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias: da impaciência ao desenvolvimento
>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

>> Técnico americano avalia o potencial da dupla

Antes de prosseguir avaliando os planos e chances dos quatro brasileiros inscritos, é importante esclarecer três pontos específicos sobre o evento, para não dar confusão:

– Só vai se declarar para o Draft aqueles que não são automaticamente inscritos. No caso de jogadores nascidos fora dos Estados Unidos, sem passagem pelo basquete universitário, a faixa etária para candidatura neste ano envolve os atletas nascidos entre 1994 e 1996. A idade mínima, portanto, é de garotos que vão completar 19 anos em 2015, como o caso de Georginho.

– E quem entra no processo automaticamente? Entre os estrangeiros (de novo: sem passagem pela NCAA), são aqueles nascidos em 1993, que já completaram ou vão  22 anos, como o caso de Leo Meindl, Henrique Coelho e outros tantos jovens talentos do NBB – só não podem incluir Lucas Mariano nessa, uma vez que o pivô de Franca se inscreveu no ano passado e não foi selecionado. Uma vez que você passa batido, perde a chance. A diferença aqui é de terminologia: Meindl, Coelho e os rapazes de sua geração não precisam declarar seus nomes. São elegíveis naturalmente. Jogadores nascidos até 1992, como Augusto Lima, só podem entrar na liga como agentes livres.

Leo Meindl já faz parte automaticamente da lista de selecionáveis no Draft, pela idade

Leo Meindl já faz parte automaticamente da lista de selecionáveis no Draft, pela idade

– Uma exceção brasileira consta na lista: o ala-armador Ricardo Barbosa, sobrinho de Leandrinho. Seu caso é o seguinte: o garoto nascido em 1994 passou pelo Draft da D-League no ano passado, fazendo a pré-temporada pelo Bakersfield Jam, a filial do Phoenix Suns. Mesmo que tenha sido dispensado precocemente, acaba inscrito incluído na lista de “draftáveis” também de modo automático. É o mesmo que acontece com o armador Emmanuel Mudiay, do Congo, que jogou no High School americano e atuou na liga chinesa como profissional.

Posto isso, qual o cenário que temos hoje para os brasileiros?

A lista publicada pela NBA aponta um número de 91 candidatos chamados underclassmen, aqueles que entraram na seletiva antes do limite para eles. Foram 43 estrangeiros e 48 universitários no total. Sabemos que o número de posições no Draft é de 60, então já há muita gente sobrando. A conta fica ainda mais excessiva quando levamos em conta os atletas que concorrem automaticamente, como o caso dos formandos da NCAA e estrangeiros nascidos em 1993. Gente como Mudiay, Frank Kaminsky (vice-campeão por Winsconsin), Jerian Grant (armador que foi a estrela de Notre Dame), Delon Wright (armador de Utah) e o ala espanhol Daniel Diez (revelado pelo Real Madrid, hoje no Gizpuoka San Sebastián).

Agora, desse número inicial, muitos já podem ser descartados. Especialmente no caso das revelações de fora dos Estados Unidos que entram na lista para ganhar exposição no mercado internacional e, depois, retiram seus nomes na última hora para manter elegibilidade para as próximas edições. Cada gringo pode se candidatar até três vezes – comparando com os americanos, eles têm outra vantagem: podem tomar uma decisão até 15 de junho deste ano, 10 dias antes do Draft, enquanto os pratas-da-casa que declaram já abriram mão por completo de sua carreira na NCAA.

Danilo: uma rara revelação nacional que teve tempo de quadra no NBB

Danilo: uma rara revelação nacional que teve tempo de quadra no NBB

A não ser que algo de imprevisto ocorra daqui até essa data-limite, podemos incluir nesse grupo de jogadores tanto Humberto, o armador do Pinheiros, como Danilo, armador do Minas. A ideia é realmente chamar a atenção de olheiros e dirigentes para acompanhamento futuro. Caso permaneçam com seus nomes na lista final, podem suspeitar que tenha coisa aí. Leia-se: a famosa promessa.

Por ser companheiro de clube de Georginho, o prospecto nacional mais visado nesta temporada, Humberto já foi avaliado por um número considerável de franquias. Ao menos 10 clubes estiveram persentes em quadras brasileiras durante a última LDB para assistir a jogos do Pinheiros. Fora a observação in loco, sempre mais valiosa para os empregados da NBA, outra ferramenta que facilita o estudo dos atletas é o sistema Synergy, que tem em seu catálogo horas e horas de filme dos jogos do NBB 7, no qual Danilo teve muito mais rodagem que os pinheirenses – e já vem sendo avaliado por alguns clubes espanhóis de ponta. Os dois, por ora, não aparecem com intensidade no radar da liga americana. Como é o caso de dezenas dos estrangeiros declarados, claro.

Georginho, por outro lado, tem, hoje, maiores chances. O armador hoje aparece cotado pelo DraftExpress, de Jonathan Givony, referência no ramo, como o 29º melhor prospecto. Já Chad Ford, do ESPN.com, o projeta como o 52º prospecto. Essas projeções são feitas com base no que os especialistas ouvem de dirigentes e scouts, mas também com base em suas impressões pessoais. O polivalente atleta de apenas 18 anos tem status incerto depois de uma participação irregular no Nike Hoop Summit, mas desperta muito interesse devido ao seu potencial de longo prazo, com atributos físicos impressionantes e movimentos interessantes com a bola. Olheiros ouvidos pelo VinteUm enxergam o garoto hoje como uma possível escolha de primeira rodada, no terço final, ou na segunda. Creem que dificilmente ele não seria selecionado por uma franquia na segunda ronda. A questão é saber se o clube interessado gostaria de contá-lo para agora, ou se o mandaria para a D-League e/ou Europa. De qualquer forma, a simples exclusão dos armadores Kris Dunn e Demetrius Jackson (Notre Dame) e do ala-armador Caris LaVert (Michigan) lhe abre caminho.

Quanto mais for estudado, tendência é que Lucas suba: potencial ofensivo e muito jovem

Quanto mais for estudado, tendência é que Lucas suba: potencial ofensivo e muito jovem

Já Lucas Dias é um nome que começa a ser mais comentado, e o reflexo disso aparece nas listas do DX e da ESPN. Há questão de cerca de 20 dias, o talento cestinha estava fora de ambas as relações. Hoje, já é o 69º para Givony e o número 80 para Ford. Fora os armadores citados acima, o austríaco Jakob Poeltl (Utah), os alas Nigel Hayes (Winsconsin) e Justin Jackson (North Carolina), o lituano Domantas Sabonis (Gonzaga) e o turco Egemen Guven (Karsiyaka) eram alguns dos prospectos que tinham praticamente certeza de que seriam selecionados, mas optaram por não se candidatar, pacientes. Isso também ajuda.

A segunda rodada do Draft parece mais realista para o ala, enfrentando, de qualquer forma, uma concorrência dura, especialmente de outros talentos estrangeiros como o ala-armador turco Cedi Osman, o pivô francês Mouhammadou Jaiteh, o pivô sérvio Nikola Milotinov, o ala búlgaro/cipriota Aleksandar Vezenkov e o pivô espanhol Guillhermo Hernángomez, todos mais experientes e mais badalados hoje. Não são necessariamente concorrentes diretos de posição, mas que podem atrair equipes propensas à seleção de um calouro que não precisa ser aproveitado de imediato.

Tanto George como Lucas aguardam um convite para disputar o adidas Eurocamp de Treviso, na qual dividiram quadra com a elite dos prospectos europeus, de diferentes idades. Seria um ambiente mais propício para mostrarem serviço, com mais jogos e atividades com bola. Existe a possibilidade de eles serem chamados também para jogar no Draft combine em Chicago, evento oficial da liga, no qual os principais prospectos geralmente só se apresentam para serem avaliados física e atleticamente e serem entrevistados pelos dirigentes, fugindo da ação em quadra com receio de que possam derrubar sua cotação.

O aviso de sempre: com quase dois meses restando ainda até o Draft, ainda está muito cedo para se apegar a essas projeções. Quano mais avançam os playoffs da liga, mais equipes terão sido eliminadas, o que significa mais e mais gente se voltando para o recrutamento de calouros. Os debates internos dos clubes começam a esquenta, uma vez que os técnicos também começam a dar seus palpites, depois de assistirem a jogos da molecada e, principalmente, depois de aplicarem os chamados workouts, os treinos privados das próximas semanas. Os índices atléticos, as entrevistas com os dirigentes, o desempenho nesses treinos – enfrentando concorrentes diretos de posição –, o trabalho dos agentes, o exame médico… Todos fatores que influenciam na tomada de decisão.


Pelicans bate Spurs, vai aos playoffs e garante visibilidade a Davis
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Giancarlo Giampietro

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Um primeiro momento marcante para Anthony Davis

O torcedor do Oklahoma City Thunder não vai gostar da frase. Mas paciência: Anthony Davis fez justiça ao liderar o New Orleans Pelicans em uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs, por 108 a 103, nesta quarta-feira. Uma vitória que o classifica pela primeira vez aos playoffs.

Antes que Russell Westbrook se irrite, explico: “justiça” aqui tem muito mais a ver com a atenção que o inestimável Monocelha vai receber do fã casual da NBA do que qualquer falta de merecimento dos rapazes de OKC. Ele pode ter sido eleito titular no All-Star Game em votação popular. Mas, estranhamente, não entrou na discussão pelo prêmio de MVP, por exemplo. É como se não contassem o prodígio do Pelicans entre os grandes ainda – somente para a festa. Na marra, ele se insere nesse grupo.

Wess e sua turma batalharam e fizeram sua parte na saideira da temporada, ao esmigalhar a garotada de Minnesota (138 a 111). Numa campanha acidentada, sem Durant e Ibaka, o controverso astro do Thunder também poderia receber uma vaguinha nos mata-matas como recompensa. Mas o alto nível da Conferência Oeste deixa vítimas pelo caminho. Na temporada passada, foi Goran Dragic. Agora… poderia ter sido Davis. Para alívio do gerente geral do Pelicans, Dell Demps, não foi o que aconteceu.

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O cartola tinha em mãos o atleta mais promissor a dar as caras na liga em muito tempo. Em vez de optar por uma construção lenta, gradual e segura, aos moldes do Thunder com Durant, acelerou a formatação de seu elenco ao buscar ‘jovens veteranos’ como Tyreke Evans, Jrue Holiday e Ryan Anderson. Por trás disso, havia uma urgência do proprietário do clube, Tom Benson, de 87 anos.

Para tanto, gastou escolhas de Draft sem pestanejar. A última delas serviu para tirar Omer Asik de Houston. No papel, tinha um bom time, competitivo – mas nada era garantido nessa brutal conferência. De qualquer forma, o Pelicans estava bem posicionado para o caso de a sorte ajudar um pouco. E aí vieram as lesões em OKC e os problemas de vestiário em Phoenix.

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

Ainda assim, por semanas e semanas, todo mundo se perguntava se a oitava posição ficaria entre Suns e Thunder. Era como se o basquete praticado em New Orleans fosse irrelevante – não era o caso. Um pecado: estavam ignorando uma campanha assustadora de Anthony Davis, o jogador mais eficiente da temporada. Que acabou de completar 22 anos em março. É mais jovem que Lucas Bebê e Jonas Valanciunas.

Então cá está o Monocelha, pronto para receber toda a atenção que o confronto com os darlings do Golden State Warriors vai propiciar. Um garoto, apenas, mas que já teve uma das temporadas estatísticas mais impressionantes da história. E que botou em prática esses talentos múltiplos contra o Spurs, saindo de quadra com 31 pontos, 13 rebotes, 2 assistências, 2 roubos de bola e 3 tocos, em 43 minutos. Tudo nos conformes: durante o campeonato, passou da marca de 30 pontos em 14 partidas; deu três ou mais tocos em 25 rodadas; pegou mais de 10 rebotes 38 vezes. Etc. Difícil entender como um jogador desse potencial e já com esse nível de produtividade pode ser, de certa maneira, ignorado.

Contra o Spurs, aproveitando da energia de sua torcida, sua equipe abriu 34 a 19 logo no primeiro quarto. Chegou a abrir 23 no segundo período e a liderar por 18 no terceiro. A artilharia pesada dos texanos, porém, deu um pouco de emoção ao duelo no período final, quando a vantagem despencou para quatro pontos (86 a 82). Os jovens anfitriões, contudo, resistiram, liderados pelo Davis, dos dois lados da quadra. Depois dessa, de certo não passarão mais despercebidos.

*   *   *

A derrota custou caro ao Spurs. Combinada com as vitórias do Houston Rockets e do Memphis Grizzlies, acabou empurrando os atuais campeões da segunda para a sexta posição no Oeste. No que isso vai dar? Um confronto com o potentíssimo ataque do Los Angeles Clippers. Não que Gregg Popovich, Tim Duncan, Ginóbili, Parker se intimidem com isso. Mas é claramente, hoje, um adversário mais forte, com todas as suas principais peças em quadra. O Rockets ficou com a vice-liderança e terá pela frente o Dallas Mavericks, para delírio daqueles que vibram com a rivalidade Mark Cuban-Daryl Morey, enquanto o Grizzlies subiu para quarto, para encarar o desfalcado Portland Trail Blazers.  Os playoffs ficaram assim:

1º Warriors x 8º Pelicans
4º Trail Blazers x 5º Grizzlies
2º Rockets x 7º Mavericks
3º Clippers x 6º Spurs

(Lembrando sempre que o Grizzlies, com melhores resultados, tem mando de quadra contra Portland.)

*   *   *

No Leste, o Brooklyn Nets deu um jeito de evitar um vexame total. Com a folha salarial mais custosa da liga, a equipe nova-iorquina venceu o Orlando Magic, viu o Indiana Pacers perder para o Memphis e garantiu a oitava e última vaga. O Chicago Bulls venceu o Atlanta Hawks – num duelo em que até mesmo Tom Thibodeau preservou seus atletas – e terminou em terceiro, na chave do Cavs.

Estamos assim, então:

1º Hawks x 8º Nets
4º Raptors x 5º Wizards
2º Cavs x 7º Celtics
3º Bulls x 6º Bucks

Apagadíssimo no início da temporada, o croata Bogdan Bogdanovic foi o grande nome da vitória derradeira dos Nyets, sobre o Orlando Magic (101 a 88), marcando 28 pontos em 34 minutos, tendo desperdiçado apenas cinco de 17 arremessos. Demora, mas os astros europeus se adaptam.

Já o Pacers fica pelo caminho devido a uma derrota para Memphis, por desvantagem no confronto direto com Brooklyn. A equipe de Frank Vogel é a versão do Thunder em sua conferência. Mútliplas lesões, inclusive envolvendo seu principal nome. Batalharam, dependiam apenas de seus próprios esforços nesta quarta, mas simplesmente não tinham armas para derrubar a fortaleza que é a defesa do Grizzlies com Marc Gasol em boa forma (95 a 83).

*   *   *

Não havia como escapar da insanidade. Coisas estranhas, beeem estranhas sempre acontecem na jornada de conclusão da temporada. De modo que Ron Artest certamente madrugou na Itália para conferir os descobramentos pela TV – ou, mais provável, pela grande rede, via League Pass.  Conhecendo o apreço que ala do Cantu tem pelas coisas malucas da vida, deve ter se divertido horrores assistindo a Philadelphia 76ers x Miami Heat. Um jogo bizarro pela natureza dos negócios da NBA, daqueles que ninguém tinha muitos incentivos para ganhar.

Michael Beasley brilha na hora... Errada?

Michael Beasley brilha na hora… Errada?

O Sixers, conforme os deuses do basquete já testemunham há anos agora, não anda tão interessado em obter vitórias imediatas. Contra o Heat, porém, o buraco era mais fundo: dependendo da loteria do Draft, a escolha de primeira rodada do clube da Flórida pode ser encaminhada para a Filadélvia (via Cavs). Para obter esse pick, precisam que ele não fique entre os dez primeiros lugares.

Daí que o time da Flórida entrou em quadra para fechar sua temporada tendo justamente a décima pior campanha da liga. Caso vencesse e o Brooklyn Nets perdesse para o Orlando Magic, os dois ficariam empatados na classificação geral. E aí a ordem seria definida na famosa moedinha. Melhor não depender disso, né? Erik Spoelstra decidiu, então, acionar apenas seis jogadores na partida. Mais: o único reserva a participar foi o veterano Udonis Haslem, por sete minutinhos, rendendo Zoran Dragic, o irmão caçula do Goran. (Para constar: Brett Brown jogou com sete caras, mas os dois reservas, Thomas Robinson e Hollis Thompson, tiveram 26 e 31 minutos.)

De resto, Michael Beasley, Henry Walker, Tyler Johnson e James Ennis jogaram todos os 48 minutos. Ainda assim, esses renegados tiveram perna para segurar uma reação dos adversários no segundo tempo, depois de terem vencido a primeira etapa por 18 pontos. Placar final:105 a 101. Beasley quase pôs tudo a perder, aliás, somando 34 pontos, 11 rebotes, 8 assistências, 2 tocos e 2 roubos de bola, com direito a 27 arremessos de quadra. Spo e Riley devem ter soluçado: “Mas é isso é hora de mostrar serviço?!”

Mas deu tudo, hã, certo. O Brooklyn venceu o Orlando e ainda entrou na zona dos playoffs, caindo para 15º no Draft. O Indiana ficou em 11º, com duas vitórias a mais que Agora… Não quer dizer que a escolha esteja garantida para Miami. Se, por um milagre (para uns) ou uma desgraça (para outros), algum dos times situados entre os 11º e o 14º lugares saltarem para o Top 3 no sorteio, Sam Hinkie vai receber mais um presentinho.


Georginho conclui Hoop Summit com cotação pré-Draft ainda em suspense
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Giancarlo Giampietro

A talentosa seleção internacional do #HSU2015, com George usando a camisa 5

A talentosa seleção internacional do #HSUM2015, com George usando a camisa 5

Conforme o vice-presidente de um clube da Conferência Oeste disse ao blog na semana passada: o Nike Hoop Summit seria “crucial” para as pretensões de Georginho rumo ao Draft da liga norte-americana. Neste sábado, a seleção internacional, da qual o brasileiro fez parte, derrotou os Estados Unidos num jogo bastante equilibrado, por 103 a 101, definido realmente na última posse de bola.

Entrei em contato neste sábado com este mesmo executivo para saber qual teria sido o saldo do evento para a revelação do Pinheiros. A resposta dele foi um pouco mais cautelosa e reflexiva. Afinal, estamos falando de garotos. No caso do paulista de Diadema, um garoto de 18 anos. Nada pode ser tão definitivo assim. “Ele teve altos e baixos durante a semana, normal. Ainda é muito cedo para cravar qualquer coisa”, disse.

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Quer dizer: o Hoop Summit poderia ser crucial para George dependendo de seu desfecho. No caso de ele se atrapalhar muito em quadra, ou de arrebentar com a concorrência. Não aconteceu nem uma coisa (a confirmação como calouro de primeira rodada ou a decolagem, nem outra (torpedear seu status). As opiniões se dividiram, deixando o status do garoto ainda em suspense. Algo também já esperado, por se tratar de um prospecto inexperiente, que está sendo estudado com mais afinco agora. Para falar do jogo? O brasileiro foi titular. Anotou a primeira cesta do duelo, num tiro de três pontos. Depois, criou uma boa situação de finalização para um companheiro. Parecia iniciar bem. Muito bem. No final, porém, acabou sendo o terceiro atleta menos utilizado pelo técnico canadense Roy Rana, com 12min51s.

O que aconteceu? Bem, para os que estão mais acostumados com seu jogo, sabe-se que Georginho gosta de jogar com a bola em mãos. Criar a partir de situações de pick and roll e infiltrações. Contra uma defesa atlética e entrosada como a americana, porém, Rana aparentemente não se sentiu confortável ou confiante de entregar a armação para o brasileiro. Ela foi entregue ao armador candense Jamal Murray (30 pontos, 5 assistências e 23 arremessos em 27 minutos) e ao ala multiuso australiano Ben Simmons, grande sensação do jogo (13 pontos, 8 assistências e 8 rebotes). Dois caras de potencial absurdo – e também significativamente mais experientes. Ao lado do pivô haitiano Skal Labissiere, outro talento impressionante, com 21 pontos e 8 rebotes em 28 minutos, carregaram a equipe.

Ben Simmons vai jogar por LSU na próxima temporada. Possível astro

Ben Simmons vai jogar por LSU na próxima temporada. Possível astro

O problema é que, mesmo quando Murray ou Simmons estavam fora, Georginho também mal tocou na bola. O italiano Frederico Mussini, que joga na primeira divisão de seu país e também tem muito mais rodagem de elite, e o sérvio Stefan Peno também tinham prioridade na condução. No final, o brasileiro estava deslocado em quadra, sem poder mostrar o que tem de melhor. Parecia mais utilizado por Rana por propósitos defensivos, devido a sua envergadura e agilidade. Tanto que foi acionado pelo técnico a dois segundos do fim, quando os americanos tentariam uma última bola para empatar ou virar o jogo. Interessante, mas muito pouco e injusto num evento desses.

“Ele parece muito mais confortável quando está com a bola em mãos, e não teve a chance de fazer isso na partida. Seria legal se ele tivesse mais oportunidades de conduzir um pico and roll, por exemplo”, diz o scout 1 (para efeito de distinção das fontes, sem poder identificá-las pelo nome, vou adotar uma numeração, ok?). “A única vez que pôde driblar a bola e partir para a cesta, conseguiu criar um arremesso livre para um companheiro.”

Georginho acabou deslocado em quadra, sem muitas chances para mostrar seu talento

Georginho acabou deslocado em quadra, sem muitas chances para mostrar seu talento

De qualquer forma, o jogo em si não é o que pesa mais na avaliação dos olheiros. A maioria esteve por lá durante toda a estadia em Portland, podendo observar os garotos em cinco dias de treino. O conjunto da obra é o que conta. Neste ponto, entram os altos e baixos do prospecto brasileiro. Conversei com cinco fontes independentes para tentar entender como foi o evento para ele. Vamos lá, então.

A semana começou mal, com dois dias fracos de treino. O jogador parecia um tanto deslocado, e a impressão que se tinha era a de que mal se comunicava com os companheiros. A dificuldade em se expressar em inglês, ainda que, do seu lado, garanta entender tudo o que lhe falam em quadra.

Aqui, já vale um bom aparte. Era meio que esperada essa dificuldade de adaptação imediata, mesmo que ele tenha feito bons treinos na academia IMG, com uma equipe experiente na preparação de jovens atletas. Na Flórida, George estava ao lado de Lucas Dias e de treinadores exclusivamente dedicados a ele. Em Portland, estava acompanhado pela elite de sua geração, caras que muito provavelmente nunca havia visto antes. Caras de diferentes lugares do mundo, de diferentes línguas. Comunicação, aqui, sempre seria um problema, e para todos.

Além do mais, há o fator pressão. Você está num ginásio rodeado por mais de 100 profissionais da NBA. Não é exatamente uma semana de aprendizado, mas muito mais de exibição. Ao menos era essa a mentalidade da maioria dos jogadores convocados. Fica difícil de estabelecer química em quadra quando o que impera é o cada um por si. Uma situação que ficou clara em diversos momentos da partida deste sábado e que estava exacerbada nas primeiras sessões, nas quais lagunas atletas podem ter chamado a atenção por suas habilidades individuais, mas nas quais a qualidade do basquete praticado era péssima. Algo generalizado, frise-se.

Outra: há um considerável desnível técnico se formos comparar os melhores jogadores em ação na LDB nacional com os talentos que encontrou nos Estados Unidos. Obviamente. Ter mais minutos no NBB teria ajudado muito mais, diga-se. Então leva um tempo para assimilar o que e quem está ao seu redor. Algo também totalmente natural.

Juntando tudo isso, o que temos é um terreno pedregoso para um jogador que tem apenas dois torneios intercontinentais em seu currículo – a Copa América Sub-18 e o Nike Gloal Challenge. “Ele pareceu totalmente assustado e longe de estar pronto”, afirmou outro olheiro, o scout 2. “Acho que a língua atrapalha. Ele obviamente não está acostumado ao nível de competição que encarou aqui”, disse o scout 1, que ressalta como a equipe era, em geral, bem mais qualificada que o normal. “Esta é a primeira vez em nove anos que vejo esse jogo na qual a equipe internacional é muito mais talentosa que a dos Estados Unidos.”

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>> Técnico americano avalia o potencial da dupla

Com o passar dos treinos, porém, o nível de seu basquete passou a subir. Estava mais solto para influenciar o jogo do modo que seus atributos físicos incríveis propiciam. Sim, não podemos nos esquecer das medições do brasileiro, com a maior envergadura e alcance com os braços esticados para um armador qualificado como “armador” inscrito no Draft. Todos salivaram. Esse fator isolado, contudo, não garantiria uma sólida carreira. Precisa botar em prática.

“Sua forma de arremesso é um pouco estranha, mas é muito mais efetiva do que eu esperava. Seu drible também é bom, natural. Ele tem bons instintos na hora de avançar com a bola. Mas por vezes comete algumas decisões ruins no passe. Ele mostrou flashes durante os treinos, mas também pareceu confuso algumas vezes. O jogo correu um pouco rápido para ele no início”, avalia o scout 1, que obviamente teve uma impressão mais positiva do jogador. Curiosamente, o dirigente do início do texto repetiu a mesma expressão: “Mostrou flashes, mas em alguns momentos os jogos pareceram muito rápidos para eles”.

As estatísticas oficiais da partida, divergentes da planilha apresentada pela USA Basketball em seu site

As estatísticas oficiais da partida, divergentes da planilha apresentada pela USA Basketball em seu site

O chapa Jonathan Givony, presidente do DraftExpress, site especializado de maior respaldo entre os olheiros da NBA, atestou a evolução gradual de Georginho. “Ele finalmente começou a sair de sua concha. (No treino de sexta), nas primeiras posses de bola, ele atacou o aro num movimento decidido para tentar uma enterrada, e não parecia tímido de modo algum disparando a partir do perímetro durante todo o coletivo. Assim como o resto do time, ele tentou fazer acontecer mais cedo no cronômetro, usando seu corpo alto e forte para entrar no garrafão e sofrer faltas. Defensivamente, ele tinha uma presença constante, topando a troca de marcação e ficando com jogadores mais altos (como Ben Simmons), sem conceder nada, o que dá uma flexibilidade excelente ao seu time. É impossível não ver o quão talentoso ele é”, escreveu, antes do jogo.

Georginho, nas quadras de treino do Trail Blazers

Georginho, nas quadras de treino do Trail Blazers

O scout 2 já se mostra mais pessimista: “Os atributos físicos estão ali, mas isso não é o bastante. Ele é compridão e tudo, mas não achei que ele tenha jogado bem aqui. Deu para ver que no jogo os técnicos e companheiros não confiaram nele”.

Um consenso entre as fontes consultadas é de que a palavra-chave é “paciência”. Isto é: algo básico para falar de um jogador jovem quem mal é utilizado na primeira divisão do basquete brasileiro. Ao contrário do que afirmou, por exemplo, Dan Barto, o treinador que trabalhou com o brasileiro na IMG. “Ele está longe de ser um produto finalizado. A única questão é se algum time vai ter a paciência para deixá-lo crescer com suas dificuldades iniciais e se desenvolver com tempo de quadra e com seus erros, que não devem ser lá muito divertidos no começo”, escreveu Givony.

O executivo acha que sua cotação “caiu um pouco”, mas que tudo dependia do ponto de vista do observador. Givony, por exemplo, o listava como o 30º prospecto mais talentoso do Draft. Manteve essa posição. Chad Ford, especialista do ESPN.com, o tinha em 74º antes do Hoop Summit, mas agora o coloca como o 56º.

“Nunca estive nessa onda de primeiro round para ele”, diz o scout 2. “Então não foi decepcionante para mim. Ele seria um prospecto de segunda rodada para alguém que se impressione com sua envergadura. Mas posso estar errado, claro. Acredito que vá levar um longo tempo mesmo para que ele possa produzir. O que você vai precisar é de uma equipe que tenha uma vaga aberta no elenco e, ao mesmo tempo, controle seu próprio clube na D-League. Nem sempre é fácil achar isso”, disse o scout 2. “Provavelmente ele não esteja na primeira rodada neste momento, mas nunca se sabe. Ainda acho que seria melhor para ele entrar no Draft e deixar o Brasil. É o melhor para o seu desenvolvimento”, disse o scout 1, com ênfase em “deixar o Brasil”. “Jogar na Europa também não seria uma ideia ruim.”

Alguns pontos importantes para se destacar: percebam que essas são opiniões de algumas vozes no mundo da NBA. Mais de 100 avaliadores da liga estiveram em Portland. As opiniões vão divergir ainda mais se você abrir o leque. Como sempre digo: basta um time se apaixonar por um jogador para toda previsão mudar, e sei que um clube já havia se encantado pelo brasileiro no ano passado, enquanto estudava Bruno Caboclo. Mais: ainda não sabemos quais prospectos exatamente vão concorrer ao Draft e nem a ordem final dos times. Cada detalhe tem influência numa ciranda tão volátil como essa.

Por ora, no entanto, o armador retorna ao país. Nesta segunda-feira, já se apresenta a Marcel de Souza no Pinheiros, com o time enfrentando o Brasília pelos mata-matas do NBB. Também deve participar de partidas do Paulista Sub-19. Depois, ficará no aguardo de convites dos clubes da NBA para os exigentes treinos privados. Etapa na qual o mesmo vice-presidente afirma que será igualmente importante no processo de recrutamento e na qual o brasileiro terá mais chances de mostrar seu potencial. Está cedo ainda, e o tempo sempre estará ao lado de Georginho.

Atualização: recebi neste domingo pela manhã um feedback breve de mais um scout: “Nossa equipe avaliou que ele pode ser uma escolha de segunda rodada este ano devido ao seus atributos atléticos, mas que levaria um tempo para contribuir: coisa de 2 a 3 anos”.


Técnico avalia potencial de Georginho e Lucas; veja vídeos dos treinos
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Giancarlo Giampietro

Daniel Barto não trabalha para nenhum time da NBA, mas tem influência direta no andamento de dezenas de carreiras de jogadores profissionais. Na verdade, segundo seu currículo, podemos até corrigir isso e falar de mais de uma centena. Ele é um dos melhores em seu ramo. Afinal, ele é o treinador principal do departamento de basquete da prestigiada academia IMG, situada na Flórida, na qual trabalha com atletas de todas as idades. Desde a turma já formada, que usa as férias ou momentos livres na temporada para manutenção e aprimoramento, como os mais jovens, especialmente aqueles que se preparam para o Draft da NBA, um processo sempre muito concorrido.

Neste ano, vocês já sabem, Barto recebeu a dupla Georginho e Lucas Dias, as duas revelações pinheirenses que estão em momento de flerte com a liga norte-americana. Em plena pausa para a Páscoa – nós, jornalistas, torramos a paciência, mesmo, sem noção alguma –, o técnico foi gentil o bastante para responder algumas perguntinhas do VinteUm por email sobre o trabalho com os garotos brasileiros.

Foram cerca de duas semanas de treinamento puxado, antes que George voasse para Portland para participar do Nike Hoop Summit e que Lucas retornasse a São Paulo para a disputa dos playoffs do NBB. Confira um pouco desse trabalho abaixo, em alguns vídeos de exercícios de arremesso cedidos pela IMG e uma entrevista com Barto para tirar suas impressões sobre  os garotos:

21: Você já os conhecia? Conseguiu ver alguns vídeos antes dos treinos? Quando começou a trabalhar com eles, ficou surpreso?
Dan Barto: Pude assistir a muitos jogos, sim, antes que eles chegassem Mas era difícil distinguir a velocidade real do jogo para o que se passava nas filmagens. De qualquer forma, fiquei impressionado com suas habilidades, a inteligência de jogo e a dedicação aos treinos desde o primeiro dia. Foram realmente profissionais.

Quando, ou se chegar a hora de eles fazerem os treinos privados com os times, quais habilidades específicas você acha que chamarão a atenção? O que podemos esperar de George nesta semana em Portland?
O George vai ser excelente nas ações de dois contra dois, três contra três. Sua envergadura e habilidade para usar o corpo para pontuar e criar ângulos de passe são muito impressionantes. Ele vai ter um ótimo desempenho no jogo e no último dia de treinamento. O importante é que ele se concentre de fato em criar nas situações de pick and roll, em vez das jogadas individuais em isolamento. Ele é um armador criador e precisa deixar isso claro a cada jogada.

Já o Lucas é um grande arremessador, e isso fica claro em todos os exercícios que fazemos. Com o seu tamanho (2,05 m, hoje), ele vai convertê-los num percentual bem superior ao de seus concorrentes de treino. Ele também já tem uns dois ou três movimentos com a bola que são muito difíceis de se parar. Se aprender a jogar recebendo contato usando essas jogadas e se manter firme com elas, vai impressionar muita gente.

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Em termos de língua inglesa, você sentiu que as aulas que fizeram ajudou na comunicação deles durante os treinos?
Algumas situações ainda vão parecer demais para eles, mas certamente terão interações e conversas bem melhores do que quando chegaram. A partir do momento que o assunto for basquete, eles se saem bem melhores.

Pessoalmente, não gosto muito de colocar uma etiqueta em um jogador, em termos de posição. Mas isso claramente faz parte dos debates pré-Draft sobre os prospectos. Você enxerga o George como um armador, ou talvez um combo guard? E quanto ao Lucas? Aqui no Brasil a opinião majoritária é a de que seu futuro é como um 3 – uma posição carente para a seleção nacional e que, por isso, acaba despertando muito interesse. Para a NBA, contudo, estaria ele mais propício a jogar como o 4 aberto, o strecht four, que é uma posição da moda?
O George vai poder jogar nas e eventualmente defender as três posições no perímetro. Acho que o Lucas deveria se concentrar em ser mais um strecht four, já que vai ganhar peso enquanto envelhece, algo que pode dificultar na hora de marcar os alas.

Você já trabalhou com uma série de jogadores da NBA nesse processo de Draft, e agora obviamente ainda é cedo para avaliações definitivas. Mas qual o potencial que identifica nos dois? George sabemos que já tem sido mais discutido, mas o Lucas talvez esteja um pouco fora do radar. Consideraria os dois material para 1ª rodada?
Sua colocação é precisa. O George precisa ir para uma organização que tenha um plano em mente. Um plano para desenvolvê-lo e desafiá-lo. Se ele tiver, por exemplo, a mesma oportunidade para crescer como teve o Elfrid Payton (o armador calouro e titular do Orlando Magic, que teve minutos extensos durante sua primeira campanha), poderia vê-lo obter resultados. O Elfrid precisa marcar todo o tipo de armadores na prática e tem a chance de aprender com seus erros nos jogos. Ele vai precisar arremessar bem e competir nos estes privados. Sinto que a primeira rodada está toda para ele, já que, nos treinos, vai ter sempre vantagem em altura.

O Lucas deveria o máximo de convites para treino que puder sem temer ninguém. Nem todos os treinos serão ótimos, mas é só uma questão de ele continuar se colocando a prova. Se mostrar valentia para batalhar com jogadores maiores, ele poderia realmente aumentar sua presença no radar do Draft.

* * *

A terça-feira marca o segundo dia de treinos para Georginho em Portland. Ainda não é hora de acionar os contatos por lá para saber como está o desempenho do brasileiro. Vamos conferir mais para o final da semana, ok?

De qualquer forma, uma importante etapa dos trabalhos na aprazível cidade do Noroeste americano já foi divulgada: as medidas dos prospectos reunidos por lá. E o armador do Pinheiros se saiu muito bem nessa. E pode esticar bastante esse muuuuuuuuuito, já que tem tudo a ver com os resultados que apresentou. De altura, George bateu 1,98 m, a mesma de Kobe Bryant, por exemplo. Mas o mais impressionante é sua envergadura de 2,12 m comprimento. Se você soma as duas coisas, vai ter um jogador com alcance de 2,9 m com os braços levantados e os pés no chão. Vai longe, mesmo. Se não bastasse, ele também tem as mãos mais largas entre todas as revelações internacionais reunidas em Portland.

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O que isso tudo quer dizer? “Caramba, isso quer dizer que ele pode até jogar na posição 3 com essas medidas. Ele tem o mesmo alcance de Caron Butler, Klay Thompson, Evan Turner, Maurice Harkless e Rodney Hood”, disse um scout ao VinteUm. É isso: o garoto tem tamanho para jogar até mesmo de ala, conforme Barto nos contou acima. Isso é excelente para a sua cotação, pois abre-se o leque de possibilidades para scouts e dirigentes projetarem. comparativamente. Como armador, ele é simplesmente gigante. Fora de quadra, já saiu ganhando.


Georginho encara semana pré-Draft crucial com a concorrência aumentando
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Giancarlo Giampietro

Foi legal ver Georginho, 18, duelando com Guilherme Santos, 17. Talentos que pedem toda a atenção possível

Georginho mostrou serviço pela LDB durante toda a temporada. Agora, chega a Portland para impressionar

Ele já foi observado por pelo menos dez clubes da NBA no Brasil, em quadras brasileiras. Agora, porém, tendo chegado a Portland para a disputa do Nike Hoops Summit no próximo sábado, o jovem armador do Pinheiros vai muito provavelmente ser observado por executivos, treinadores e scouts de todos os clubes da liga norte-americana. “O evento vai ser crucial para ele”, afirma ao VinteUm o executivo de uma equipe, que já o vem observando, mas ainda não o assistiu ao vivo.

Para encarar uma semana dessas, o armador passou um tempo na badalada academia IMG, na Flórida, ao lado do ala Lucas Dias. Teve treinamento do bom e do melhor – e dos mais exigentes –, além de, tão ou o mais importante, fazer um intensivão de inglês. Está preparado. Agora é hora de ir para a quadra e mostrar seus talentos bastante promissores (força física, altura, envergadura e uma fluidez com a bola avançada para alguém de sua idade – características apresentadas já aqui no blog) e os reflexos desse período de treinamento. A expectativa é a de que, concluída as atividades, que ele tenha consolidado e, quem sabe, catapultado seu status como escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA.

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Para o alto e avante?
Segundo múltiplas fontes consultadas, gente em constante contato com os treinadores da IMG, as duas semanas de treinos puxados de Georginho foram um sucesso. O brasileiro até mesmo surpreendeu o experiente estafe da academia. A sensação desses treinadores é que sua cotação vai crescer rapidamente após o Hoop Summit. “Ele jogou partidas de 5 contra 5 por lá com alguns americanos já formados e outros atletas de alto nível do high school e era o melhor em quadra”, afirmou um scout da NBA. Em relação ao inglês, a sensação é de que George entende tudo o que é passado para ele, mas que tem dificuldade na hora de se expressar. Lembremos, todavia, que, até mesmo em sua língua nativa, o armador é um garoto de poucas palavras, que costuma ir direto ao ponto.

Sobre Lucas Dias? O ala também pleiteava uma vaga no prestigiado evento para categorias de base, mas a organização limitou toda a América do Sul para uma só vaga. Aí ficou difícil. De qualquer forma, a jovem promessa do Pinheiros também está na mira dos olheiros, fez barulho na Flórida e volta ao clube paulista muito mais confiante e preparado para ajudar o time do técnico Marcel de Souza nos playoffs. Depois, há diversos caminhos a serem seguidos: treinos com as equipes nos Estados Unidos, o adidas Eurocamp em Treviso. Tudo ainda indefinido.

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O importância do Hoop Summit
De um lado, agrupam jogadores dos Estados Unidos. Do outro, a gringaiada – mas também com diversos atletas que já atuam por lá, ainda no High School. George Lucas Alves de Paula entrou nesse grupo, o que já é um privilégio e tanto. A semana de treinos em meio à elite de sua geração será fundamental para as pretensões do versátil atleta de apenas 18 anos. Mais até que a partida do sábado, dizem os scouts.

O diferencial: a turma da NBA é proibida de acompanhar as sessões práticas dos jogadores americanos, devido a regras estabelecidas pela própria liga no contato com jogadores abaixo do limite de idade permitido para o Draft. Os chamados underclassmen. Essa restrição não vale para os europeus, asiáticos, australianos etc. Nem para Georginho, que, desta forma, vai ser analisado em tempo integral por muitos tomadores de decisão dos clubes.

A desenvoltura nos exercícios, nos coletivos, a linguagem corporal, a dedicação e a comunicação com os companheiros… São muitos os fatores para serem avaliados, que você pode sacar muito mais no dia-a-dia de atividades do que em minutos limitados no jogo. Muitos olheiros já o conhecem também desde a Copa América Sub-18 do ano passado, realizada em Colorado Springs, ou do Nike Global Challenge, disputado em Chicago. Mas o contato e a exposição em Portland serão muito maiores, a apenas dois meses e meio do Draft.

Jamal Murray deve ser uma das referências no time internacional

Jamal Murray deve ser uma das referências no time internacional

Em Portland, Georginho vai ter os seguintes garotos como concorrentes diretos na posição de armador: Jamal Murray (Canadá/Athlete Institute, 1,95 m, 1997), um armador que brilhou no Basketball without Borders de Nova York, Federico Mussini (Itália/Reggio Emilia, 1,80m, 1996) e Stefan Peno (Sérvia/Barcelona, 1,98m, 1997). É esse o grupo de atletas que, basicamente, vai dividir as tarefas de armação, criação de jogadas na seleção internacional. O interessante é que esta não será a primeira vez que o brasileiro enfrenta jogadores de ponta internacional. Como ele próprio disse ao VinteUm, a experiência contra os canadenses na Copa América serviu para abrir, e bem, os olhos. Vai estar bem mais preparado – e o período na IMG só facilita essa transição, num trabalho bastante inteligente por parte de seus agentes – Eduardo Resende, da EW Sports, e Alex Saratsis, da Octagon.

Dependendo do grau de sucesso que tiver em quadra, o brasileiro pode se fixar de vez na primeira rodada do Draft e, quiçá, entre os 15, 20 primeiros, ou até mesmo ter que adiar os planos de ingresso na liga norte-americana. Sim, as coisas podem variar a esse ponto. Esses são os extremos, porém. Em meio aos sites especializados, a cotação de Georginho ainda não é consistente. O DraftExpress, referência no segmento, o coloca como o 31º melhor candidato deste ano. Em sua projeção, porém, exclui dois atletas que estariam acima na tabela e não se alistariam neste ano, fazendo com o que ele suba para 29º. Isto é, estaria na chamada “bolha” da primeira rodada.  O ESPN.com, com Chad Ford, o lista apenas como o 74º prospecto.

Porém, basta que um só clube se encante pelo jogador, assim como aconteceu com o Toronto Raptors e Bruno Caboclo no ano passado,  para que tudo mude. Não há dúvida que Georginho tem potencial de monte e existe sempre com a possibilidade de uma “promessa” para acontecer – quando um dirigente se compromete com jogador e agente de que vai selecioná-lo de qualquer forma no recrutamento de calouros. As coisas são muito voláteis e dependem de uma série de outros fatores, porém: se Georginho e seus agentes só vão aceitar uma proposta de primeira rodada; se preferem a segunda ronda, com maior flexibilidade de contrato, podendo optar por uma equipe que até mesmo tenha um plano mais adequado para o garoto; se o time vai querer usá-lo já na próxima temporada em vez de mandá-lo para a Europa ou mantê-lo no Brasil. Etc. etc. etc.

Jerian Grant, quatro anos mais velho que Caboclo e "concorrente"

Jerian Grant, quatro anos mais velho que Caboclo e “concorrente”

Concorrência aumentando
Para se ter uma ideia, contudo, da volatilidade do Draft, basta ver a classe de armadores que deve se candidatar este ano. Se você fosse conversar com os executivos da liga no início da temporada, ou até mesmo há uns quatro meses, poucos se mostrariam animados com as perspectivas de selecionar um ‘baixinho’ neste ano. Isso pesava a favor de Georginho, um garoto cheio de talento para ser explorado e bastante jovem. Acontece que, agora em abril, o cenário mudou bastante. “Exatamente”, diz um scout da liga. “A posição está muito melhor do que parecia antes de a temporada começar.”

Jerian Grant (Notre Dame), Kris Dunn (Providence), Tyus Jones (Duke), Delon Wright (Utah), Cameron Payne (Murray State) e Terry Rozier (Louisville) são os universitários que ganharam (mais) fama. Quem é quem? Esse mesmo scout, que trabalha para uma equipe da Conferência Oeste, nos ajuda a entender quem são os caras mais falados no momento, para a metade da primeira rodada e as posições finais – sobre Emmanuel Mudiay e D’Angelo Russell, nem precisamos nos entender muito, já que são candidatos até mesmo para pick número um.

“Tanto Grant como Wright são seniors já provados e testados, controladores de jogo estáveis que vão ser valorizados por clubes que estejam vencendo neste momento. São meio que apostas seguras”, disse. “Dunn é um nome que está na moda hoje devido a sua capacidade atlética. Já a cotação de Payne está decolando neste momento: ele passa a bola tão bem como qualquer outro armador no Draft”, avalia. O tampinha Tyus Jones está tendo uma grande vitrine no Torneio Nacional da NCAA, ao lado de Jahlil Okafor e Justise Winslow, ambos praticamente garantidos como escolhas top 7 no Draft. Se Duke vencer o título, não teria muito incentivo a retornar para um segundo ano. Já Rozier, bastante explosivo e de pouca leitura de jogo, também foi longe no mata-mata e, segundo Rick Pitino, vem de uma situação familiar muito difícil, que força sua entrada no Draft, ainda que pudesse usar um ano a mais para crescer.

Na opinião de outro scout da Conferência Oeste, não podemos nos concentrar apenas em armadores – afinal, claro, há times que ignoram necessidades em seu elenco e simplesmente optam pelo melhor talento disponível. “A classe em geral deste Draft é muito forte. Talvez melhor que a do ano passado”, avisa. Para ele,  porém, o potencial de Georginho ainda pode fazer a diferença. “Há diversas opções de prospectos para a posição de armador, sim, mas acho que os treinos do Georginho ainda podem impulsioná-lo para uma vaga na faixa entre as 15ª e 30ª posições”, afirmou. “Ele vai para uma equipe com tempo para desenvolvê-lo.”

Efeito Caboclo?

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Estou apurando por aqui, mas não dá para cravar nada. Ainda. Tenho ouvido de fontes envolvidas com o Draft, tanto agentes como scouts, que podemos ter um elevado número de brasileiros declarados neste ano. A contagem pode ser de até cinco – três além de Georginho e Lucas Dias, no caso. Para eles, seria um ‘efeito Bruno Caboclo’, depois de o Raptors ter surpreendido a liga no ano passado ao escolhê-lo na 20ª posição. Não convém ainda divulgar estes nomes, até por não ter nada garantido. Dois deles seriam representados pelo WMG, o Wasserman Media Group, a maior agência no que se refere ao basquete americano.

Fora a especulação, creio que o mais relevante aqui é que o Brasil voltou a entrar no radar da NBA. Os clubes da LDB já se acostumaram com a visita dos olheiros por aqui durante a temporada. É um tema que merece ser explorado em mais detalhes aqui. Vamos esperar a lista oficial de candidatos.

Para constar: apenas os jogadores nascidos entre 1996, como no caso de Georginho), e 1994 podem se inscrever no recrutamento de novatos da NBA. Aqueles que nasceram em 1993, como Leo Meindl e Henrique Coelho, têm participação automática nesse processo, já que vão completar 22 anos agora, que é o limite para os atletas estrangeiros. Leo Meindl, de Franca, e Henrique Coelho, de Minas, se enquadram nesse grupo, por exemplo. A exceção, entre os garotos do NBB, é o pivô Lucas Mariano, que se candidatou no ano passado, mas acabou não sendo selecionado.


Rumo ao Draft, Georginho e Lucas Dias treinam intensamente nos EUA
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Giancarlo Giampietro

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Tem hora que você sai de quadra exausto, pregado. Mas sabe que, logo mais, daqui a algumas horinhas, vai começar tudo de novo. Você vai repetindo as sessões diariamente, até que chega uma hora que o corpo acostuma e você passa a notar a diferença. Entende para onde está processo está te conduzindo, num momento muito importante, que pode até definir sua carreira.

Se tudo der certo, deve ser isso que passa pela cabeça de qualquer prospecto candidato ao Draft da NBA. A concorrência, todos sabem, é duríssima. Para encarar essa disputa, então, é preciso dar um duro danado. Tem de abraçar a causa, e foi justamente o que Georginho e Lucas Dias fizeram nos últimos dias nos Estados Unidos, acelerando sua preparação para o recrutamento de calouros da liga norte-americana.

As duas revelações do Pinheiros foram liberadas pelo clube para um período de treinamento específico na badalada academia IMG, localizada na Flórida, para fazer um trabalho completo. Seja no aprimoramento de fundamentos, na desenvoltura atlética e também em aulas intensivas de inglês a qualquer hora que estiverem fora de quadra ou da academia. É o tipo de treinamento que conta muito para o Draft – mas que, se bem executado, tem um efeito duradouro para a carreira também.

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Não se trata de mágica. Não é que obrigatoriamente os atletas se alistem ao programa e saiam de lá evoluídos. A ideia é que eles recebam instruções valiosas, sim, e reflitam e trabalhem em cima de carências. No mínimo, contudo, o que os jovens jogadores aprendem é sobre o quanto seus limites podem expandir, em termos de intensidade e resistência. Essa nova perspectiva foi o que mais chamou a atenção dos garotos brasileiros em treinos aplicados por um estafe experiente, dirigido por Kenny Natt, técnico de vasta experiência na NBA, e outros treinadores, com destaque para Dan Barto, que, segundo fontes muito qualificadas para falar do processo, é reconhecido como um dos melhores do ramo no desenvolvimento de fundamentos.

As sessões começaram no dia 23 de março e vão durar até este sábado. No domingo, então, vão tomar rumos diferentes. George seguirá para Portland, aonde vai disputar o Nike Hoop Summit, rodeado por alguns dos melhores jogadores de sua geração. Já Lucas pegará o voo de volta a São Paulo para se reintegrar ao Pinheiros e se preparar para os playoffs.

(Antes de mais nada, acho normal a liberação do clube paulistano. É um investimento, na verdade: se os jogadores forem draftados, podem render, juntos, mais de US$ 1 milhão em multa contratual, uma bela grana com o câmbio do jeito que anda. Caso declarem seus nomes e retornem, no mínimo voltarão com uma bagagem maior. Além disso, não é que os dois atletas sejam, hoje, peças integrais na rotação de Marcel de Souza. Pelo contrário. A baixa provavelmente influencia mais na rotina de treinos. Fora isso, não vejo no que a equipe sairia perdendo.)

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Em seu site, a IMG conta um pouco sobre a rotina geral pela qual os prospectos passam: duas sessões de treinos por dia, específicas para a posição e também gerais; um treino mais voltado para a performance atlética; um programa nutricional bem monitorado; psicólogos prontos para trabalhar com os atletas em ‘detalhes’ como concentração e confiança, ajudando-os a encarar a carga pesada de exercícios; análises posteriores de vídeos de suas sessões, para maior didatismo na correção de seus movimentos. Tudo o que você poderia pedir. Sem contar a infraestrutura com duas quadras oficiais de NBA, tanto em termos de medida como em qualidade de piso, divididas em 12 estações para ensino.

Desnecessário dizer que Georginho e Lucas ficaram maravilhados com essa nova realidade, mas sem se deslumbrar. Até porque não dá tempo. A carga é realmente pesada. É intencional, uma vez que, caso precisem passar por sessões privadas com os clubes, os dois jogadores vão ser exigidos realmente ao máximo – no caso, um máximo que desconheciam. Depois de penarem nos primeiros dias, foram respondendo aos poucos, num progresso natural aos aspirantes, mas que nem sempre acontece. Deram duro e colheram os frutos e, ao mesmo tempo surpreenderam os experientes técnicos.

Passar por esse programa, no ano passado, rendeu resultados. Seis ‘alunos’ da IMG foram draftados em 2014 – o que equivale a 10% das vagas abertas. Destaque para o ala Rodney Hood, do Utah Jazz. Claro que isso não serve como garantia e que pode ser mera coincidência. O Draft é muito volátil. Depende de uma série de fatores. Mas é fato que os brasileiros tiveram do bom e do melhor para cumprir mais essa etapa.

Aqui, só uma graça que a IMG postou. Mais uma palinha, mesmo:

PS: aguarde mais sobre o Hoop Summit e o cenário pré-Draft dos brasileiros nos próximos dias.


Escondido dos scouts, Hezonja vira trunfo do Barça em vitória sobre o Real
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Giancarlo Giampietro

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

Hezonja, a surpresa do clássico. A NBA viu?

No sábado passado, o Barcelona recebeu no Palau Blaugrana o Sevilla, em jogo pelo returno da Liga ACB. Na plateia, foram avistados ao menos os seguintes times da NBA: Grizzlies, Hawks, Kings, Knicks, Lakers, Nets, Pacers, Pelicans, Rockets e Spurs. Todos com representantes para assistir ao três prospectos bem cotados para o próximo Draf: o letão Kristaps Porzingis e o espanhol Wily Hernangómez, pelos visitantes, e o anfitrião Mario Hezonja.

Acontece que, num triunfo por 99 a 83, o técnico Xavier Pascual mal tirou o talentoso croata do banco de reservas. O garoto jogou por apenas 6 minutos e tentou apenas um arremesso e deu uma assistência. Você pode imaginar a frustração dos gringos, né? Ainda mais que o ala tem média de 25 minutos durante a temporada e que o ala espanhol Alejandro Abrines não estava necessariamente pegando fogo em quadra, com 3 pontos em 14 minutos, enquanto Brad Oleson tinha 7 pontos. Ao menos a viagem não foi totalmente em vão, uma vez que Porzingis terminou com 18 pontos e 5 rebotes em 22 minutos, enquanto Hernangómez teve 20 minutos de ação. Paciência.

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Adiantamos a fita, então, para esta quinta. Se algum observador da liga norte-americana decidiu esticar sua estadia na belíssima cidade catalã, se deu bem. Num confronto de muito maior ressonância – justamente o Superclássico espanhol contra o Real Madrid, transmitido no Brasil com exclusividade pelos chapas Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, do Sports+ –, Hezonja foi bem aproveitado. E correspondeu para arrebentar com a defesa merengue, anotando 15 pontos em 17 minutos, com direito a cinco arremessos de três pontos.

Isto é: de repente todo mundo entendeu errado. Talvez Pascual não estivesse escondendo o croata dos olhares de John Hollinger, o vice-presidente do Grizzlies que estava na arena, ou de outro dirigente e scout. Talvez a intenção fosse desviar a atenção de Pablo Laso e toda a comissão técnica do Real. ; )

As habilidades de Hezonja não são um segredo na Espanha, claro, muito menos na Europa, aonde é badalado desde os 15, 16 anos como um dos maiores prospectos do continente. No ataque, ele tem basicamente o pacote completo: habilidoso com a bola, bastante atlético e um excelente arremessador. Quando entra em ritmo, melhor sair da frente. Quer dizer: melhor ficar na sua frente e contestá-lo sempre que puder. Os atletas do Manresa podem atestar isso, depois de terem visto o rapaz converter todas as suas oito tentativas de três pontos em confronto pela 19ª rodada da liga espanhola, um recorde.

A defesa do Real, no entanto, não estava preparada para a participação do croata nesta quinta, pela penúltima rodada do Top 16 da Euroliga. Hezonja acertou seus dois primeiros tiros de longa distância nos minutos finais do primeiro tempo, ajudando a virar o marcador a favor da equipe da casa, se tornando seu cestinha com pouco mais de quatro minutos de jogo. Na volta do intervalo, Pascual não seria louco de segurá-lo no banco. Deu mais 12 minutos para o atleta e seu aproveitamento seguiu elevadíssimo, com mais três cestas em quatro bolas (aproveitamento de 83%). Laso obviamente não estava contando com isso – e, numa partida tão equilibrada, decidida apenas nos dois minutos finais com triunfo por 85 a 80, acabou fazendo a diferença.

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Hezonja entrou com vontade e respondeu no clássico

Outra contribuição inesperada? A de Maciej Lampe. Se fosse para os merengues temerem algum de seus ex-jogadores agora barcelonista, 97% falariam, com toda a razão, de Ante Tomic, o habilidoso gigante que, segundo tudo indica, deve dar as caras no Utah Jazz na próxima temporada. Afinal, o grandalhão talvez seja o mais perigoso no jogo interno europeu há um bom tempo, eleito para a seleção da Euroliga nas últimas duas temporadas. Mas, não. O polonês roubou a cena, anotando 12 pontos e 6 rebotes em em 15 minutos bastante agitados, se aproveitando de toda a atenção voltada para Tomic, claro. O croata deu quatro assistências. Para constar, Huertas foi bastante discreto, zerado em 12 minutos.

Na hora de decidir, porém, Lampe ficou no banco. Os técnicos partiram para um duelo de formações bastante baixas, o que ajudou o Barça a acomodar Juan Carlos Navarro e Hezonja no perímetro, deslocando o norte-americano DeShaun Thomas (cujos direitos na NBA pertencem ao Spurs) para o garrafão ao lado de Tibor Pleiss (outro vinculado ao Utah Jazz, coincidentemente, repassado por OKC na troca por Enes Kanter).

A ironia: no fim, o fato de Pascual ter limitado os minutos de Hezonja contra o Sevilla teria apenas aguçado ainda mais o interesse dos scouts. Mas é claro que eles preferiam ver o jogador em quadra, produzindo para eles verem de perto, como aconteceu para frustração do Real.

*   *   *

O placar de Real x Barça nesta temporada? Temos 3 a 2 para o time da capital, por enquanto. A diferença é que, entre essas três vitórias, duas valeram título – Supercopa e Copa do Rei.  Será que vão se enfrentar novamente no Final Four da Euroliga, em Madri? Se acontecer isso e caso repitam a decisão nacional, podemos ter 11 confrontos.

*   *   *

Na era de Xavier Pascual e Pablo Laso, o merengue leva a melhor por 18 a 15. O triunfo desta quinta foi o primeiro de Pascual em um jogo de Euroliga, após três derrotas. De qualquer forma, na tabela do Grupo E, o Real ainda aparece na liderança, devido ao maior saldo de pontos que fez em sua última vitória, pelo primeiro turno (97 a 73).


Georginho e Lucas Dias vão testar o Draft da NBA
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Giancarlo Giampietro

Lucas Dias e Georginho, duas apostas do Pinheiros

Lucas Dias e Georginho, duas apostas do Pinheiros

Com tantos olheiros da NBA viajando ao Brasil para assistir aos jogos do Pinheiros pelo NBB e pela LDB, isso não chega a ser uma bomba, mas tem de ser avisado que o armador Georginho e o ala Lucas Dias terão seus nomes declarados na lista de concorrentes ao Draft 2015 da NBA, o processo de recrutamento de calouros da liga americana.

Os jovens atletas que não têm sua candidatura automática têm até o dia 26 de abril para se inscrever nesse páreo. São aqueles que defendem equipes do basquete universitário americano e ainda não vão se formar neste ano e os estrangeiros nascidos a partir de 1994. Que é o caso de George, de 1996, e Lucas, de 1995.

O ato de declarar não significa participação obrigatória no recrutamento. Os jogadores e seus agentes têm até 15 de junho, 10 dias antes do evento, para decidir se vão manter a candidatura e encarar o processo de seleção – e aí são 60 vagas abertas. Até lá, muita informação vai correr em todas as vias possíveis: agente-clube, clube-mídia, agente-mídia etc. Devido ao espaço reduzido de operação para tanta gente, o ambiente de ‘guerra fria’ da NBA só se intensifica.

>> Depois da impaciência, o desenvolvimento para Lucas Dias
>> Conheça Georginho, armador que é ameaça de triplo-duplo

Georginho, hoje, é quem desperta maior curiosidade, quem está mais bem cotado. A coisa esquentou para valer especialmente depois de ter sido promovido pelo DraftExpress, o site especializado mais influente, ao primeiro round em sua projeção. Para Jonathan Givony, o armador brasileiro seria, no momento, o 28º melhor prospecto deste ano. Quer saber como o armador do Pinheiros entrou no radar da NBA? Aqui, passo a passo da promissora trajetória do atleta.

Ainda está muito cedo, mas hoje, em 23 de fevereiro, o brasileiro aparece com boas perspectivas. Não só pela concorrência em sua posição ser fraca, mas principalmente por todo o potencial que tem. Os scouts mais interessados acreditam que ele poderia ser selecionado até mesmo entre os 20 melhores. Para a turma do fundão da primeira rodada, ele é visto como um investimento de longo prazo, com a possibilidade de render uma recompensa bastante valorosa.

Em Nova York, durante o camp Basketball without Borders, um executivo de um time da Conferência Leste me disse, em off, que ele e seus companheiros de escritório já teriam interesse em escolher o armador até mesmo no Draft do ano passado, na segunda rodada. Isso, claro, se George pudesse se declarar. Não era o caso, uma vez que completaria apenas 18, e a idade mínima para concorrer ao processo é de 19.

Georginho, ao fundo, chama a atenção, mas a exposição agora é geral

Georginho, ao fundo, chama a atenção, mas a exposição agora é geral

O armador pode ser o principal alvo, mas a exposição ao seu jogo só faz bem a Lucas, ao ala-armador Humberto e a todos os seus companheiros e adversários. Na semana passada, durante a conclusão da temporada regular da LDB, pelo menos seis times visitaram Mogi das Cruzes para ver o Pinheiros de perto: Dallas, Detroit, LA Clippers, Miami, Portland e Toronto. Some-se aí Indiana, San Antonio, Sacramento – com direito a Mitch Richmond e tudo –, e temos um mínimo de nove times avistados nos ginásios brasileiros, mais de um quarto da liga.

Virão ainda mais, agora que sabemos as datas da segunda fase da liga de desenvolvimento, com oito clubes divididos em dois quadrangulares que serão realizados nos dias 2, 3 e 4 de março, em São Paulo, na própria sede do Pinheiros. A fase decisiva, de semifinais e final, será disputada nos dias 8 e 9, com sede ainda a ser definida.

Em 23 partidas pela competição, Lucas Dias tem médias de 21,3 pontos, 9,3 rebotes, 2,0 roubos e 1,5 assistência, em 30 minutos. Georginho soma 12,6 pontos, 4,0 assistências, 6,1 rebotes e 1,8 roubo, em 28 minutos. No caso de saída para a liga americana, cada jogador pode render ao Pinheiros US$ 600 mil pela rescisão contratual, pagos pelo clube interessado, tal como aconteceu com Bruno Caboclo no ano passado.

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O Brasil tem marcado presença constante nos últimos Drafts da NBA. Em 2013, Lucas Bebê foi selecionado a mando do Atlanta Hawks na 16ª posição. O armador Raulzinho saiu em 47º, sendo repassado do mesmo Atlanta Hawks para o Utah Jazz. E 2014, a grande surpresa foi a escolha de Caboclo pelo Toronto Raptors em 20º.

A grande diferença é que, dessa vez, não há mais segredos. Se Caboclo foi fisgado pelo clube canadense muito cedo no processo do ano passado, o nome de Georginho consta agora na lista de observação de, provavelmente, todas as equipes. Depois da LDB, o armador  deve disputar algumas partidas do Campeonato Paulista Sub-19. Em abril, vai encarar um evento que pode ser determinante para suas pretensões de Draft: o Nike Hoop Summit, na segunda semana de abril, reunindo em Portland as mais badaladas revelações do basquete internacional para um período de treinamentos seguido por um jogo, no dia 10 de abril, contra os destaques do high school dos Estados Unidos. O time americano já tem sua seleção definida. Existe a possibilidade de Lucas também participar da partida, ainda no aguardo de uma confirmação dos organizadores do evento.


Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
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Giancarlo Giampietro

George Lucas Alves de Paula, o Georginho: 1,95 m, 18 anos, do Pinheiros

George Lucas Alves de Paula, o Georginho: 1,95 m, 18 anos, do Pinheiros

Imagine a cena: a meninada do time mini do Círculo Militar toda eufórica no banco de reservas, achando que o jogo está no papo, que iriam levar aquele quadrangular do Campeonato Paulista. Talvez o primeiro caneco deles, nessa iniciação ao esporte. Estavam na frente no placar, restando poucos segundos para o fim. Aí, de repente, cai aquela bomba, para deixar todos esses mesmos garotinhos de coração partido – o esporte “ensina”, vão dizer os professores. Do outro lado, Georginho sai comemorando pela quadra, irradiante, também sem acreditar. Ele acabara de fazer uma bola de três pontos milagrosa, atirada do meio da quadra. O título era do Associação Clube, de São Bernardo.

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“Foi quando acreditei que poderia ser, mesmo, um jogador de basquete, quando achei que esse era o meu futuro”, afirma ao VinteUm o garoto que hoje defende o Pinheiros tanto no NBB como na LDB – mas especialmente na liga de desenvolvimento. É curioso isso: como, para os atletas, não importando a idade, parece que suas primeiras memórias estão sempre muito distantes, não importando a idade. Cada jogo é uma história, afinal, não? Quando George Lucas Alves de Paula relembra essa jogada mirabolante, parece estar falando de um século passado. Mas foi apenas há seis anos, quando tinha 12.

Georginho, nos tempos de mini, quando foi o melhor jogador do campeonato – em 2009

Recordar é viver: Georginho, nos tempos de mini, quando foi o melhor jogador do campeonato – em 2009

O armador conta que rolou aquela confusão de sempre: o técnico, os meninos e, claro, os pais dos adversários todos reclamando que havia estourado o tempo já, que não deveria ter validado. “Na hora, foi bem, digamos assim, polêmico, mas depois assumiram a derrota”, diz. Seu agente, Eduardo Resende, da EW Sports, completa: “A bola não bateu nem no aro, fui direto, nem tinha o que falar” Aquela coisa: foi um lance tão inacreditável que, depois de passado o susto, o pessoal admitiu que não havia muito o que fazer, que era conceder a vitória, e paciência.

Os ânimos ficaram tão calmos que, mais tarde, o familiar de um de seus amigos do São Bernardo lhe conseguiu a gravação da partida. Gravação feita justamente pelo pai de um dos jogadores do Círculo Militar, que fazia compilações de melhores momentos para os moleques. O armador já assistiu milhares vezes. Recentemente, porém, já não mais o revisita. “Não costumo ver agora mais.  Não sobra tempo”, diz.

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Aos 18, Georginho tem uma rotina intensa de treinos no Pinheiros, com até três sessões diárias, dependendo da época, aproveitando-se de uma estrutura exemplar do clube paulista para desenvolver seu imenso talento. Um talento que já o coloca na mira da NBA.

Nesta semana, o armador está jogando em Mogi das Cruzes, com seus companheiros adolescentes de clube, pela quarta etapa da principal competição de base do país. Podem aguardar a presença de diversos scouts da liga americana. Em Nova York, seu nome já era assunto entre aqueles que observam os meninos ainda mais novos no Basketball Without Borders. Muitos tentando aprender a pronúncia correta para Mogi. Sai “Mougui”, invariavelmente. O burburinho só aumentou depois de o DraftExpress, do meu chapa Jonathan Givony, ter feito uma análise detalhada de suas qualidades, virtudes como prospecto. Givony, inclusive, tirou George da projeção para o Draft de 2016, inserindo-o na lista deste ano, como o 27º melhor prospecto.

Antes mesmo de o DX ‘causar’ geral, procurei aqui em São Paulo conversar com diversas fontes que acompanham o progresso desse garoto natural de Diadema. Também tive a chance de conversar por cerca de 30 minutos com o próprio jogador, naquela que seria a primeira entrevista, assim com ares de ‘oficial, exclusiva, de sua ainda incipiente carreira. “Não sei aonde posso chegar, mas sei que posso treinar muito. Não conheço meus limites ainda”, diz. Vamos embarcar nessa, então.

Desafios e facilidades
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A primeira coisa que chama a atenção em Georginho como um jogador de basquete são seus atributos físicos. Estamos falando de um armador de excelente estatura (1,95 m), mãos e braços enormes – “Envergadura dois metros e tralalau”, segundo Marcel  de Souza, o técnico do adulto – e já bastante forte para a idade. É rápido e muito habilidoso com a bola. Seus movimentos, se não tão explosivos, são muito fluidos, naturais, fáceis.

“A primeira coisa que impressiona no George é seu biotipo e sua desenvoltura atlética. Junto a isso vem também sua qualidade técnica. Para um armador alto, tem muita facilidade no controle de bola”, diz Brenno Blassioli, técnico que trabalhou com o garoto nos últimos dois anos no Pinheiros, mas que teve de se desligar do clube para acompanhar a esposa Sheilla, craque da seleção feminina de vôlei, na Turquia. “Ele é um jogador que passa segurança ao técnico na hora da pressão.”

Essa é uma combinação de tamanho e técnica faz do armador uma figura promissora para  qualquer cenário. No Brasil, então, se torna ainda mais anormal. Vai ser muito difícil encontrar jovens jogadores que lhe consigam fazer frente na base. Daí a importância de ele, mesmo que não jogue, treinar com os veteranos, especialmente na atual composição do elenco do Pinheiros, com diversos concorrentes/mentores interessantes. Aos 37, Joe Smith tem mais tempo de carreira do que Georginho tem idade. Seu irmão Jason é absurdamente forte. Jéfferson é bastante explosivo. Paulinho hoje está afastado por conta de uma cirurgia no joelho, mas, em forma, é um pesadelo para ser marcado. O Pinheiros confia nisso: que o mero treinamento diário já vá empurrar o jogador na direção certa, pedindo paciência para quem vê de fora.

Ano a ano no Grande ABCD paulista, até pegar a seleção

“Essa questão é muito relativa”, diz Brenno. “Você pode olhar por outro ângulo e ver que, num clube mais fraco, os garotos treinariam com jogadores mais limitados, criando vícios ruins técnica e taticamente. Hoje, com a LDB, os jogadores mais jovens têm a chance de treinar com jogadores de qualidade no adulto e colocarem em pratica na quadra. Prefiro que o George e Humberto compitam pela posição de Jeferson, Joe e Jason do que entrarem numa zona de conforto num time mais fraco.”

Essa competição vai, invariavelmente, forçar que qualquer jogador se aprimore. Quanto a isso não há dúvida, ainda mais para alguém que sabe ouvir bastante – e ainda que não represente exatamente os mesmos desafios de se ir para a quadra em jogos oficiais. “É muito bom estar na quadra com eles. O Joe, mesmo, é um cara que me dá muitas dicas, aprendo muito com ele. É um desafio para mim ter de conseguir marcá-los. Dá para tirar muito dessa experiência. Consigo pegar coisas que eles fazem contra mim e aplicar contra os da minha idade”, diz Georginho.

Em quadra na LDB ou pelo Sub-19, você vai ver o armador se impor fisicamente, atacando o aro, invadindo o garrafão com tranquilidade. Até por isso, há quem questione se o garoto vai se desenvolver como um armador completo, mesmo. Gente com receio de que ele possa terminar como um ala pontuador. Dos jogos a que assisti e por tudo o que ouvi das fontes diversas, só mesmo um acidente o empurraria nessa direção limitada. “No ano passado foi a primeira vez que ele jogou com atletas da mesma qualidade técnica, então o trabalho principal dele era fazer Lucas, Humberto e o Wesley jogarem, sem perder sua agressividade”, diz Brenno.

“Ele está longe de ser um puro armador, pelo fato de ser um bom finalizador. Porém, tem melhorado muito em sua visão de jogo. Foi o que mais trabalhei com ele ano passado. Está no caminho certo, mas precisa ainda melhorar muito mais. No basquete de hoje é muito difícil um puro armador ter sucesso se não tiver finalização. E ele tem tudo para representar um modelo de armador moderno, que é o combo guard“, detalha o treinador, numa excelente entrevista, diga-se.

Triplo-duplo
Falar em jogador completo, capaz de executar diversas tarefas em quadra, é algo que só vai agradar a Marcel, hoje em sua primeira temporada como treinador do time principal do Pinheiros. Ainda que não dê muito tempo de quadra para o jovem armador, o ex-jogador da seleção brasileira não esconde sua admiração pelo seu talento. Estão preparados?

 Georginho, George Lucas de Paula, Pinheiros, NBA Draft, prospect“O Georginho vai ser o novo Magic Johnson. Não vou falar mais nada”, afirmou Marcel, ao VinteUm. É o tipo de declaração que pode fazer um estrago, né? Então, depois da conclusão da resposta, fiz questão de perguntar ao técnico que história era essa de Magic Johnson, e ele respondeu: “Anota, e depois vamos ver.”

Agora, antes que coce a vontade de sair tuitando por aí essa declaração, é melhor entender, enfim, o que Marcel estava pensando. O treinador se referia ao tipo de jogador que Georginho pode virar, e não, sobre o jogador que vai se tornar: “Ele cobre várias funções, marca qualquer um e tem tudo para ser um triple-double de média. Teve um dia em que cheguei e falei para ele isso, que só era para voltar a falar comigo quando fizesse um triple-double. Tem de dar meta para o jogador”, afirma.

Pois, na volta de Joinville, depois da segunda etapa da LDB, o armador tinha uma notícia para o treinador: havia somado 11 pontos, 10 assistências e 10 rebotes em triunfo sobre o Grêmio Náutico União. “No dia que voltei de viagem, nos encontramos no clube, e ele perguntou se eu estava bem. Só respondi: ‘triplo-duplo’. Acho que ele já estava sabendo (risos)”, conta, sorridente. Marcel adora. “Ele tem potencial para fazer isso. O último jogador que vi atingir isso de média no juvenil foi o Dedé, hoje treinador do Limeira: passava, pegava rebote, chutava, tinha leitura de jogo. O Georginho é assim.”

Nesta terça-feira, aliás, em Mogi das Cruzes, Georginho repetiu a dose e conseguiu o segundo triplo-duplo da carreira, com 14 pontos, 10 rebotes e 10 assistências em vitória sobre o Joinville.

Da sua parte, mesmo que não seja utilizado na rotação do time principal, o jovem armador reconhece alguns benefícios de se trabalhar com uma lenda do basquete brasileiro feito Marcel – e sua tentativa de incentivar um basquete mais orgânico, menos ensaiado no Pinheiros.

“Todo mundo conhece a história do Marcel, sabe o que ele conquistou. De todos os técnicos que tive até agora, ele tem a visão mais diferenciada. É bom ter um técnico que vê por outro lado. Ele pede para a gente apostar no sistema. Ele aposta 100% no sistema, não gosta de chamar jogadas que possam auxiliar durante o jogo. Ele tem uns ataques que fala que são propositais, para desestabilizar os outros times. Dá uns treinos diferentes, são mais livres. Vou ficando mais versátil com isso.”

A ideia é desenvolver diversas facetas de seu jogo, no fim. E pensar que nada disso poderia valer de nada. Se os planos lá atrás tivessem dado certo, Georginho poderia ser hoje uma promessa do… Vôlei brasileiro.

Outras quadras
Georginho tinha “de sete para oito anos” quando seus pais, Maurício e Suzana, acharam que era uma boa hora para iniciá-lo no esporte. Foram até um clube municipal em Diadema, na Grande São Paulo, para ver o que havia disponível de atividades para meninos da sua idade. Talvez para decepção deles, não havia aulas da modalidade que praticavam como profissão. O vôlei.

“Eu ficava sempre com eles brincando na quadra. Aí fui atrás de treino, mas não encontrei num poliesportivo que tinha no bairro aonde eu morava. Mas tinha basquete, e meu pai havia jogado basquete até os 18, quando optou pelo vôlei. Então já tinha um pouco de vontade de conhecer também”, diz a revelação pinheirense. Azar do vôlei, que perdeu aquele que poderia ser um belo ponteiro de 1,95 m, sorte do basquete que ganhou um armador de tremendo potencial. E “nenhum arrependimento” da parte do garoto.

Notícia no agora precioso blog da ABA-SBC, a Associação de Basquete de São Bernardo do Campo

Notícia no agora precioso blog da ABA-SBC, a Associação de Basquete de São Bernardo do Campo

Ter pais ex-atletas pode ser um privilégio para qualquer atleta infantil – desde que não haja cobrança excessiva, ou, em casos mais graves, aquela necessidade de tentar fazer do filho a realização de sonhos frustrados do passado. No caso de George, a relação é benéfica.  “Eles sempre me dão conselhos, quando chego estressado ou chateado com alguma coisa. Podem não entender o basquete como entendo, mas a parte psicológica de qualquer esporte é muito parecida”, diz.

Progredindo bem nos primeiros anos, o próximo passo foi procurar uma estrutura melhor. Passou a jogar, então, pela Associação dos Funcionários Públicos de São Bernardo, como a criançada do Círculo Militar bem soube depois. Ficou lá até os 16, em 2013, quando chegou ao Pinheiros, clube no qual iria encontrar, pela primeira vez, jogadores da sua idade com o mesmo nível de jogo. Antes, estava habituado a resolver as coisas por conta própria em quadra. Hoje, está com os estudos parados, somente se dedicando ao esporte. “É algo totalmente diferente para mim. Fico mais afastado da família, vejo meus pais nos finais de semana que tenho livre, mas meu foco mudou completamente. Agora estou voltado 100% ao basquete.”

No Pinheiros, você só vai ouvir maravilhas sobre o empenho de Georginho numa rotina longa de treinos. O menino, se puder, vai dormir no ginásio – e é quase isso, mesmo, que acontece, já que divide um flat com seus companheiros a poucas quadras do clube. “Alguns dias estou bem cansado, mas aí tem de tirar forças de outro lugar. Esqueço que estou com uma ou outra dor porque preciso continuar treinando”, diz. E pode botar uma ênfase em “preciso” aí. No final do ano passado, o armador estava jogando o Paulista Sub-19, a LDB e, digamos, acompanhando, treinando com a equipe adulta. Além disso, realiza trabalhos específicos de fundamento com outros garotos, sob a orientação de Bruno Mortari.

“O Georginho é um dos que mais me encanta, mas não só pela habilidade. Encanta tanto como pessoa como pela vontade que ele tem de melhorar seu jogo no dia a dia, e o Pinheiros dá para ele toda a estrutura necessária para crescer”, diz o veterano ala-pivô Felipe Ribeiro, desses casos que chegou ao profissional sem nem mesmo ser burilado em categorias de base.

Fala, caboclo
Essa coisa de ser um rato de ginásio é um dos tantos paralelos que vamos encontrar na sua história com a de Bruno Caboclo. Os dois, que são muito amigos, por sinal, jogavam em clubes menores da grande São Paulo até chegarem ao Pinheiros. Extremamente dedicados e apaixonados pelo esporte. “O Bruno conseguiu chegar aonde está com muito trabalho. É uma coisa na qual posso me espelhar. Treinar muito forte o tempo inteiro.”

Outro ponto que une os dois? Ambos não são de falar muito. São bastante tímidos.

Georginho, Pinheiros, George Alves de Paula, 1996, Draft, prospect

Georginho também sabe sorrir

Em alguns momentos durante nosso bate-papo, George ficava um pouco quieto e parava um pouco, antes de começar ou terminar uma resposta. Diga-se nada parecido como aquela ocasião em que Bruno empacou diante de um repórter do SporTV nas finais da LDB do ano passado. E aí, quando você pega a gravação, porém, se depara algo interessante: ele pode não ficar muito de lero, mas diz aquilo que julga necessário dizer. Vai direto ao ponto.

Em quadra, essa é uma, hã, questão que também se manifesta. O armador não vai ficar gritando o tempo todo, dirigindo os companheiros com discurso. Não é um líder vocal como muitos podem esperar para a posição. Seria uma espécie de líder que dá o exemplo pelo que faz em quadra, pelo modo como se comporta. Mas é algo que vem sendo trabalhado.  “Fiquei contente com a evolução do George ano passado nessa área. O mais importante eu já coloquei na cabeça dele: jogador que não se comunica, não joga. Houve várias situações várias situações em que ele se comunicou de forma positiva, e os companheiros respeitaram. Naturalmente, ele irá ser um líder”, diz Brenno. “Nos times anteriores em que esteve, ele sempre jogou ‘sozinho’, então não precisava estimular a parte da comunicação. Líder silencioso não existe na minha opinião, por mais que ele de bom exemplos, vai haver horas em que ele vai ter que se comunicar se quiser jogar em alto níel, especialmente por ser um armador.”

Agora, existe aquele dilema também: Georginho tem apenas 18 anos e treina com marmanjos. Se, como armador, precisa falar, como seria na hora de lidar com gente muito mais rodada que ele? No começo, na dúvida, ficava de bico calado, mesmo.  “Eu era muito fechado, e eles brincavam que eu não falava, me enchiam o saco por ser muito quieto. Hoje estou brincando mais com eles, e acabo apanhando. Acho que é melhor assim.”

Exposição
No que Georginho e Caboclo divergem em suas trajetórias? Na mesma idade, o armador tem muito mais experiência internacional. Antes de ir para a NBA, Bruno Caboclo não jogou sequer por uma seleção nacional. Seu contato com o mundo lá fora havia sido se limitado ao Basketball without Borders das Américas em Buenos Aires, em 2013, e a bons minutos contra um time colombiano pelo Pinheiros na Liga das Américas. Duas boas competições, mas que não tem o peso de um torneio de seleções.

George, por outro lado, já disputou três campeonatos nessas condições. O primeiro foi o Sul-Americano Sub-17 de Salto, no Uruguai, em 2013. Que já serviu para lhe mostrar algumas coisas logo de cara. “Eram 18 jogadores convocados e já tinha uma competição interna muito forte, treinos mais puxados, para definir o grupo”, diz. O time ficou com a terceira posição no torneio, perdendo para a Argentina na semifinal. Valeu a classificação para a Copa América sub-18, em 2014, em Colorado Springs (EUA). E aí veio um tapa na cara.

“O primeiro jogo foi contra o Canadá, e foi o primeiro impacto que tive contra jogadores de nível internacional. Era muito diferente fisicamente, acho que não esperava tamanha superioridade deles”, disse. “Eles eram superiores em um pouco de tudo. Os jogadores do Canadá estão, em sua maioria, nos Estados Unidos. A gente sentiu essa diferença na formação para a deles.”

O armador admitiu também que entrou um tanto tímido em quadra. Aos poucos, se soltou durante a competição em que o Brasil foi um fiasco e, a despeito da campanha frustrada, foi um dos melhores jogadores do torneio, ao lado do ala Wesley Mogi, do Paulistano. Foi lá que entrou oficialmente para a lista de prospectos a serem observados pelos olheiros da NBA. Tão ou mais relevante, o garoto descobriu que existia outro nível de habilidade e intensidade para ser atingido: “Percebi que não posso levar como parâmetro bater só os jogadores daqui, que não vai ser suficiente. Tem que fazer algo a mais para superar os canadenses e os dos Estados Unidos”.

Quando retornou aos Estados Unidos em agosto, em Chicago, Georginho confirmou as expectativas na disputa do Nike Global Challenge, já muito mais solto e agressivo desde o princípio. “Na Copa América havia times fracos e três muito fortes (EUA, Canadá e Argentina). No Global Challenge, eram quase todos do mesmo nível (três eleções regionais americanas, Canadá, China e um combinado africano), dois ou três um pouco acima. Então tinha a possibilidade de ganhar ou perder de qualquer um. Foi legal para ver o que eu poderia fazer numa segunda chance”, diz.  Foi lá que ele fez isto aqui:

As exibições de talento natural vasto a ser explorado e a combinação com a incrível história de Bruno Caboclo e o Toronto Raptors acabou, então, invertendo a ordem das coisas. Agora não é mais Georginho que precisa ir ao encontro dos Estados Unidos. Os olheiros de lá já estão vindo ao seu encontro.

Eles chegaram
Segundo consta, até esta semana, ao menos quatro clubes já haviam viajado ao Brasil para ver de perto o armador. O último havia sido o Sacramento Kings, representado pelo Hall da Fama Mitch Richmond, com quem me deparei no ginásio do Pinheiros. Isso apenas nesta temporada, já que, em 2013-2014, já tivemos clubes por aqui para assistir e até aplicar treinos para Bruno Caboclo e seus antigos companheiros – os famosos workouts. Depois de muito tempo, o fenômeno Caboclo fez a NBA reabrir os olhos para o mercado de jogadores brasileiros. Como sabemos, isso aqui é uma mina de ouro em termos de capacidade atlética, atributos físicos. Resta saber explorar e aproveitar – algo que boa parte dos clubes daqui mal faz. Hoje, conto apenas 11 garotos sub-22 com mais de 10 minutos em média na liga nacional.

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Na LDB, sua imposição física incomoda os adversários

Georginho tem idade para se declarar a um Draft cuja classe de armadores, segundo todos os avaliadores de talento com quem falei em Nova York, é muito fraca. No topo, D’Angelo Russell e Emmanuel Mudiay são unanimidades. Depois, porém, não despontam muitos os atletas da posição com muito prestígio no momento. Os scouts vão alternar entre o calouro Tyus Jones, de Duke, e os veteranos Jerian Grant, de Notre Dame, e Delon Wright, de Utah. Há, então, uma óbvia lacuna a ser preenchida, especialmente para times que estejam selecionando na parte final da primeira rodada do Draft e estejam interessados em um armador.

De qualquer forma, acreditem, ainda está muito cedo para ir além nesse tipo de especulação. Georginho, primeiro, tem uma LDB a cumprir, na qual joga por um dos favoritos ao título – em que pese a derrota no fim de semana para o Sport, apenas a segunda nos primeiros 18 jogos. O campeonato paulista Sub-19 também vai começar em breve, ainda que o esfacelado site da federação estadual não nos ofereça dica nenhuma de quando vai ser. Melhor ele aproveitar ao máximo essas duas competições, mesmo, para se desenvolver e mostrar serviço. NBB? Por ora, algo muito difícil de acontecer: só foi acionado por Marcel em quatro partidas, sempre com o resultado decidido, acumulando 21 minutos de rodagem.

Na LDB, após as três primeiras etapas do torneio, teve médias de 11,4 pontos, 5,5 rebotes, 3,8 assistências e 2,01 roubos de bola em 26,4 minutos, com aproveitamento de 60,7% nos arremessos de dois pontos e 29,2% de três. Em geral, divide a responsabilidade de armar o time com Humberto Gomes, de 19 anos – também um prospecto para a liga, ao meu ver, que pode pegar carona nessa caravana. Além disso, Lucas Dias fica muito mais tempo com a bola do que no time adulto. Nas duas primeiras partidas em Mogi, teve os altos e baixos normais. Contra o Sport, domingo, atingiu seu recorde pessoal de pontos: 34 pontos em 38 minutos, em derrota na prorrogação. Acertou impressionantes 6 de 13 chutes de três pontos. Na segunda-feira, contra o Minas, o Pinheiros venceu, e o armador esteve mais contido, com 9 pontos em 24 minutos, sofrendo muitas faltas dos adversários (nove no geral), tendo arremessado apenas sete vezes. Foi Humberto que roubou a cena aqui, com 20 pontos em 25 minutos.

Depois da LDB, cuja fase final, com os oito melhores classificados, ainda não tem data, nem sede anunciada, tem o Paulista. Mas o compromisso mais importante para o futuro imediato do brasileiro será o Nike Hoop Summit, em abril. O tradicional evento realizado em Portland reúne invariavelmente os melhores prospectos do mundo todo e dos Estados Unidos. Andrew Wiggins, Nicolas Batum, Dennis Schröder, Tony Parker, Dirk Nowitzki, Dario Saric e até Marquinhos já deram as caras por lá. Georginho foi convidado para a edição deste ano.

Se aceitar, será rodeado por alguns dos melhores jogadores de sua idade,para uma semana toda de treinos, antes de enfrentar os destaques do high school americano. De acordo com os scouts, este evento pode ser crucial nas pretensões de Draft. Se for bem, não só se fixaria como um candidato a primeira rodada, como teria chance de elevar sua cotação até mesmo para um top 20. Se o seu rendimento não for dos melhores, aí, talvez, o ano de 2016 fique algo mais plausível. É tudo muito volátil, porém. Como dizem: basta um time se apaixonar para que qualquer previsão vá para o espaço, como a história de Toronto e Bruno nos mostrou.

Com tanta coisa grande (já!) pela frente, é natural, mesmo, que Georginho deixe de lado aquele DVD de sua primeira grande cesta. Afinal, ainda tem muito o que fazer em quadra, para produzir mais e mais clipes. “Meu sonho eu consigo alcançar com dia a dia de treino, competições e disputas”, afirma. “Antes do Bruno, acho que isso era uma coisa completamente distante para nós. Com esse avanço dele, acho que ficou uma coisa, se não mais próxima, mas que acreditamos que dá para alcançar.”