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Arquivo : Bobcats

Michael Jordan abre os cofres e convence Al Jefferson a jogar pelo Bobcats
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Giancarlo Giampietro

Pronto, já podem dar a chave de cidadão de Charlotte para o Baby Al. Não é todo dia que um agente livre topa uma enrascada dessas.

Mas, sem paciência para ver o que o mercado lhe reservaria quando o chorão do Dwight Howard, o pivô ex-Utah Jazz, pouquíssimo badalado considerando os outros nomes que centralizavam as atenções nos primeiros dias de negociatas, topou nesta quinta-feira um contrato de três anos e algo perto de US$ 40 milhões para vestir a camisa de um eterno saco de pancadas.

Al Jefferson

Baby Al, agora do Charlotte

Os dois primeiros anos de vínculo seriam garantidos – e o atleta poderia exercer uma cláusula antes do terceiro. Providencial essa, aliás: embolsa uma boa grana por dois campeonatos e, se as coisas seguirem na mesma para o eterno saco de pancadas, consegue zarpar e, talvez, ir atrás daqueles contratos descarados em busca de um anel.

Outra grande notícia aqui é o fato de Michael Jordan ter assinado o cheque. Obviamente estamos falando de outro que perdeu a paciência – “Que novidade”, pode falar. No ano passado, quando seu time terminava a temporada do lo(u)caute com a pior campanha da história, MJ dizia que tudo bem, que tinha tempo. Convocou uma série de coletivas para dizer que estava de acordo com o plano. Queriam seguir o modelo de OKC: estocar altas escolhas de Draft e formar um time bom e sustentável.

Bem, atiraram toda essa papelada pela janela agora.

Para fechar o negócio (quase) bombástico, o Bobcats terá de anistiar o ala Tyrus Thomas, que tem a honra de resgatar esse termo que já andava em desuso no mercadão da liga. Funciona assim: uma equipe teria o direito de escolher um contrato que considere ingrato em seu elenco para limpá-lo de sua folha salaria. O clube ainda paga os salários do atleta, mas ao menos consegue um respiro para buscar novas contratações sem se enforcar com multas pesadas. Ou seja: Thomas vai embolsar US$ 18 milhões nos próximos dois anos sem precisar pisar em Charlotte tão cedo. Amém.

Na quadra como fica?

O técnico Steve Clifford, outra novidade, ganha um dos pivôs mais talentos ofensivamente de toda a liga – Jefferson pode matar de média distância com regularidade e sabe jogar de costas para a cesta, com jogo de pés criativo e boa munheca. Um sólido reboteiro também. São praticamente 18 pontos e 10 rebotes garantidos por partida. Do outro lado, porém, Bismack Biyombo não poderia ser mais útil, já que seu novo companheiro de garrafão é meio que um peso morto na defesa. Lento, vulnerável em jogadas de pick-and-roll, o recém-contratado também não intimida na hora de proteger o aro. De qualquer forma, o garrafão fica reforçado, ainda mais com o promissor Cody Zeller adicionado via Draft.

Um problema a ser resolvido, porém, é o fraco jogo de perímetro do Bobcats. Para Jefferson poder atuar, precisa-se de arremessadores desesperadamente. Se Michael Kidd-Gilchrist conseguir se apresentar pelo menos como um atacante medíocre nos tiros de média ou longa distância, já ajudaria bastante. Se Ben Gordon também tiver um mínimo de boa vontade, também seria de bom grado.

De qualquer forma, seria recomendável Jordan investir alguns tostões a mais num especialista.  Mas, calma lá também. Em termos de Bobcats, o que eles toparam pagar hoje foi algo já histórico.

PS: os negócios só podem ser oficializados no dia 10 de julho. Até lá, pode ser que o Utah Jazz tope algum negócio paralelo com o Bobcats, que mandaria algo em troca do pivô no esquema “sign-and-trade” (“assina-e-troca”). De todo modo, o time de Salt Lake City está interessado, mesmo, em ver seus dois garotões – Derrick Favors e Enes Kanter – se desenvolverem, e chegou a hora de ver o que eles podem oferecer para valer.


A primeira decisão certa de Michael Jordan? Novo técnico do Bobcats é aclamado
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Giancarlo Giampietro

Steve Clifford, da irmandade

Chegou a vez de Steve Clifford em mais uma aposta de Michael Jordan

Olha, vocês podem até estranhar, ou e assustar, mas, A julgar pela reação despertada pela contratação de Steve Clifford como técnico do Charlotte Bobcats, dessa vez o melhor jogador de todos os tempos e um dos piores dirigentes da história, parece que o cartola Michael Jordan acertou uma.

É sério.

Entre jogadores que já trabalharam com o treinador e outros companheiros de prancheta, como um amigo disse, parecia a maior injustiça do basquete, para não dizer do mundo, que Clifford, assistente toda a vida, ainda não estivesse à frente de uma equipe. Qualquer equipe que fosse. Mesmo que seja o Bobcats.

MKG e Kemba

Kidd-Gilchrist e Kemba Walker são as apostas de Clifford para sonhar em Charlotte. Time que quase nunca festeja

E, bem, tomara mesmo que seja o caso, né?

Afinal, ele será o sexto treinador diferente da franquia desde a temporada 2006-2007. A lista de antecessores: Bernie Bickerstaff, Sam Vincent, Larry Brown, Paul Silas e Minke Dunlap.

Desses, quem teve o melhor rendimento foi o legendário Brown, único treinador a ter sido campeão tanto universitário como da NBA. E, por melhor rendimento, saiba que estamos falando de aproveitamento de 45,8% em duas campanhas. Abaixo da mediocridade, isto é, ainda que, no meio do caminho, tenha garantido pela única vez o Bobcats em uma edição dos playoffs, em 2010, com mais vitórias (44) do que derrotas (38).

Com as constantes trocas que pede e orquestra, ele conseguiu reunir um elenco realmente decente, com Stephen Jackson, Gerald Wallace, Raymond Felton, Boris Diaw, Tyson Chandler, Nazr Mohammed, Tyrus Thomas, Raja Bell, Gerald Henderson e DJ Augustin. Esse não lembra um time de NBA? Quer dizer, pelo menos em 2010, quando Thomas ainda estava vivo e Wallace e Jackson, sem problemas de junta, lembrava, sim.

O problema é que Brown não consegue parar sossegado. A cada mês ele se enamora por um jogador e passa a detestar o outro. E toca mandar mensagem, telefonar, beliscar, cutucar o ombro e fazer sinal de fumaça em direção ao proprietário e o gerente geral para pedir mais e mais negociações. Até que chega aquele momento em que a relação fica (ficou) insustentável.

De acordo com relatos diversos, Jordan não deve ter esse tipo de problema com Clifford. “Acho que ele tem grande habilidade com as pessoas e grande qualidade como um técnico de basquete”, afirmou Jeff Van Gundy, ex-comandante do Knicks e do Rockets, hoje comentarista da ESPN. “Steve é o tipo de cara que pode treinar times jovens em reconstrução, times que estejam beirando os playoffs e times experientes. Eu realmente acredito nisso.”

A irmandade dos técnicos

SVG e Clifford nos tempos de Orlando

Clifford trabalhou com JVG nas duas franquias. Seus laços com a família Van Gundy, então, se estenderam para Stan e o Orlando Magic, com o qual trabalhou de 2007 a 2012 – e as coisas funcionam assim, mesmo, na liga. Os cargos de técnicos são constantemente entregues, distribuídos dentro de uma irmandade. De vez em quando um ou outro escapa, como no próprio caso do novo Bobcat, que esteve com o Lakers no último campeonato, deslocado no estafe de Mike D’Antoni.

A irmandade dos Van Gundy tem Pat Riley como patrono, Erik Spoelstra como o caçula e Tom Thibodeau, outro ex-assistente do Rockets, no meio. Essa turma toda saiu estourando champanhe por aí por esses dias. Thibs mandou mensagem para SVG: “Este é um grande dia para todos nós”.

Sobre o assunto, SVG se tornou a fonte número um para os jornais de Charlotte, uma vez que chefiava a comissão com Clifford por cinco anos em Orlando. “Steve é um grande treinador. Ninguém merecia mais. Ele não tem ponto fraco. É ótimo no riscado e um tremendo professor. Vai deixar seu time preparado todas as noites”, disse.

Agora, os elogios não se resumiram só aos amigos. Diversos jogadores elogiá-lo. Entre eles: JJ Redick, Marcin Gortat, Quentin Richardson e Hidayet Turkoglu, entre eles. “Parabéns! Grande técnico e ótima pessoa! Grande contratação! Adorei trabalhar com ele”, tudo nessa linha. “O Bobcats vai vir forte no ano que vem!”, sublinhou Gortat. Isso não é nada normal, gente. De jogadores falarem em público de um treinador com o qual nem vínculo direto eles têm mais.

Fica a expectativa, então, para o trabalho que vai ser realizado em Charlotte, em sua primeira jornada como treinador principal. “Qualquer bom treinador tem uma boa e clara visão sobre como quer ver seu time treinando e jogando – e eu tenho isso. Já vi que a carga certa de trabalho e de comunicação podem fazer para um time. Sim, sou inexperiente como treinador, mas estou confiante e sei como quero fazer isso”, disse o técnico, que assina contrato de dois anos com um terceiro opcional para a franquia.

Clifford vai herdar uma equipe que venceu apenas 28 partidas e perdeu 120 nos últimas duas temporadas. Um aproveitamento de 18,9% no geral, cacilda. Quer dizer, então, que vai precisar de toda a boa fé do mundo. Quando chegou a parada do All-Star Game, já eram 12 vitórias e 40 derrotas.

*  *  *

No dia 24 de novembro de 2012, o Charlotte Bobcats tinha sete vitórias e cinco derrotas. No início de campanha, bateram Indiana Pacers (veja só!) e Dallas Mavericks. Uma nova era! Que nada: até o dia 29 de dezembro, eles perderam 18 partidas seguidas, e o sonho acabou. Foram terminar o ano com 21 triunfos e 61 reveses, graças a uma inacreditável sequência de três resultados positivos nas últimas rodadas.

*  *  *

É por isso que fica qui, então, uma paródia da música “Don’t Stop Believin'”, da banda Journey, sobre as dificuldades de se jogar pelo Bobcats:

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No momento, o processo de mudança de Charlotte Bobcats para o bom e velho Hornets ainda não tem um prazo certo, mas deve acontecer. Pode ser que seja concluído apenas para 2014-2015. Pelo menos essa parte do universo se acerta, né? Se o Jazz não está nem perto de sair de Utah, voltando para New Orleans, que pelo menos a marca Hornets volte para o lugar de onde nunca deveria ter saído.


Lucas Bebê, Raulzinho e Augusto encaram as incertezas do Draft da NBA. Saiba como funciona
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, o Nogueira

Nesta terça-feira, enquanto apenas um punhado de clubes ainda tem em mente o título da NBA, 14 estarão de olho em outra decisão: o sorteio da ordem das primeiras posições do Draft, com o Orlando Magic tendo a maior probabilidade para ganhar a primeira escolha, seguido por Charlotte Bobcats, Cleveland Cavaliers, Phoenix Suns e New Orleans Hornets.

É um primeiro passo para desanuviar algumas das diversas questões que rondam o recrutamento de novatos da liga. A partir do momento em que a sequência das equipes seja definida, as projeções se tornam mais interessantes, considerando as necessidades de cada elenco e os jogadores disponíveis. Mas é pouco: essa é uma novela que só vai durar até o dia 27 de junho, quando David Stern subirá a um palanque no ginásio do Nets para conduzir a cerimônia pela última vez, mas, até chegarmos lá, encara-se muitos rumores, informações plantadas, espionagem, negociações e trocas consumadas – e muitas outras que ficam no quase.

Envolvidos nessa confusão toda estão Raulzinho (ou “Raul Neto” lá fora) e Lucas Bebê (“Lucas Nogueira”), duas de nossas maiores revelações/promessas, além do talentoso, mas enigmático ala Alexandre Paranhos, do Flamengo, que mal pisou em quadra no NBB deste ano e, ainda assim, levantou sua candidatura. Além deles, qualquer jogador nascido em 1991 também pode ser selecionado, sem precisar se declarar para o Draft – caso do pivô Augusto Lima.

O processo todo é muito complexo. Então vamos por partes:

– A inscrição (para jogadores nascidos entre 1992 e 1994, de 19 a 21 anos): é um movimento natural para as carreiras de Bebê e Raulzinho. São dois garotos na mira dos scouts da liga americana há anos, especialmente depois da ótimas apresentações pela Copa América Sub-18 de 2010, na qual o Brasil não derrotou na final os Estados Unidos por pouco, mas por pouco mesmo. Ali eles competiram de igual para igual com Kyrie Irving, Austin Rivers e outros.

Depois de assinados os primeiros contratos na Espanha, é sempre necessário um período de adaptação a uma nova cultura de basquete, em nível mais alto. Lucas, após um ano praticamente perdido, resgatou toda a expectativa em torno de seu desenvolvimento com uma campanha 2012-2013 bastante promissora pelo Estudiantes, enquanto Raul já foi um dos principais atletas do Lagun Aro, o Gipuzkoa de San Sebastián, um clube rebaixado – fato que, no entanto, não diminui o feito do jovem armador.

Raulzinho, filho do Raul

Raulzinho teve papel de protagonista

Projeções, cuidado: os sites especializados na cobertura do Draft elaboram listas que são atualizadas regularmente com base tanto no que eles ouvem de scouts, dirigentes e técnicos da liga, como também em avaliações pessoais. Não são, então, ciência exata. Mas há quem se esforce muito para tentar fazer as previsões mais corretas possíveis. No momento, porém, vamos descartar os palpites precoces – de que time X escolheria o jogador Y –, uma vez que nem mesmo a ordem das equipes está estabelecida, para nos concentrarmos nas chamadas “big boards”, um ranking geral das revelações.

Pensando em longo prazo, em suas características físicas – envergadura, mobilidade e agilidade impressionantes para alguém de sua altura –, o pivô Lucas se aproxima do Draft muito mais bem cotado.  O DraftExpress, do chapa e ultracompetente Jonathan Givony, o lista como o 28º melhor jogador entre os atuais participantes. O NBADraft.net o tem como o 16º em sua lista. No ESPN.com ele seria apenas o 39º, mas apontado pelo especialista da casa, Chad Ford, também como um possível candidato ao primeiro round. Raulzinho tem cotações bem mais modestas: só aparece entre os 100 melhores prospectos para o DraftExpress, como o número 99. Já Augusto está um pouco acima: 75º para o ‘DX’, 54º para o NBADraft.net e 80º para a ESPN americana.

Lucas Bebê

Lucas, bem cotado pelos sites especializados. Mas ainda é muito cedo no processo

Essas são apenas estimativas de gente que cobre o assunto há anos e que podem ser alteradas drasticamente nas próximas semanas. E outra: basta um gerente geral se encantar com algum dos três, que tudo isso pode vai pelo ralo. Outro fator que pode influenciar: por terem carreira na Europa, os clubes não se sentiriam obrigados a levá-los para os Estados Unidos imediatamente. Poderiam deixá-los em seus atuais times por mais algum tempo de desenvolvimento. O Denver Nuggets, por exemplo, tem um plantel abarrotado e a escolha número 27 a seu dispor. Será que eles terão espaço para adicionar um calouro? Eles poderiam, então, trocar sua escolha ou seguir justamente essa rota de despachar um gringo na Europa, esperando aproveitá-lo no futuro – como o Spurs já fez com Manu Ginóbili lá atrás e o Chicago Bulls faz hoje com Nikola Mirotic.

Os treinos privados: com suas campanhas encerradas na Espanha ao final da temporada regular, tanto Lucas como Raul têm condição de viajar para os Estados Unidos para participar de seções individuais ou com alguns poucos atletas nos ginásios das franquias da NBA – Augusto também pode embarcar nessa, já que o Unicaja Málaga acaba de ser eliminado. É uma chance para se fazer testes físicos que avaliem a capacidade atlética, participar de entrevistas e enfrentar alguns concorrentes diretos. Os times tiram daí informações importantes, especialmente as que saem no bate-papo, mas por vezes os dirigentes podem se enamorar com um atleta que salte por cima de cadeiras com a maior facilidade do mundo, mesmo que ele não tenha ideia de como lidar com uma marcação dupla em quadra.

NBA Draft Combine: de 15 a 19 de maio, um grupo de cerca de 60 atletas – eleitos pelos clubes – se reuniu em Chicago para serem examinados, medidos e realizarem alguns exercícios com bola. Lucas e Raul não compareceram, mas devem tomar parte do…

Augusto Lima, em grupo de promessas

Augusto tem a chance de mostrar serviço no Eurocamp depois de jogar pouco pelo Málaga

Adidas Eurocamp: de 8 a 10 de junho, em Treviso, a multinacional promoverá aquela que seria a versão europeia do Draft Combine, voltada para os talentos mais promissores em atividade na Europa e em outras regiões do mundo. Os clubes da NBA se deslocam para a Itália, mas os times do Velho Continente também marcam presen≥ça para avaliar os dezenas de revelações. Augusto já participou deste camp algumas vezes, assim como Bebê, que não foi nada bem em 2011, aliás. A lista de inscritos ainda não está definida, mas é grande a chance de que o trio esteja por lá. Muitos europeus já conseguiram usar este camp para emplacar suas candidaturas ao Draft. O francês Evan Fournier, do Nuggets, foi o caso mais recente.

17 de junho, prazo final: isso, Bebê e Raul têm até essa data para decidirem se vão ficar, ou não, no Draft, podendo retirar seu nome caso não se sintam confortáveis com o que estejam ouvindo. Seus agentes podem reunir informações por cerca de um mês antes de tomarem a decisão. Caso desistam, eles participarão do processo em 2014 como candidatos automáticos, mesma situação por que Augusto passa hoje.

27 de junho, o Draft: no Brooklyn. São 60 escolhas divididas entre as equipes, sendo que algumas possuem mais picks do que outras, dependendo de negociações passadas. Para Augusto, a noite interessa de qualquer jeito, uma vez é o seu último ano como candidato ao recrutamento. Caso ele não seja selecionado, não é o fim do mundo. Pode continuar com sua carreira tranquilamente na Europa e, se quiser, tentar a NBA no futuro como um agente livre (rota seguida por Andrés Nocioni, Walter Herrman, Pablo Prigioni e que Rafael Hettsheimeir teve a chance de tentar no ano passado, por exemplo). Se ouvir seu nome na segunda rodada do Draft, entre os picks 31 e 60, posição na qual os contratos não são garantidos, sua transição para os EUA dependeria de seus interesses e, principalmente, de sua franquia (como no caso de Paulão, cujos direitos pertencem ao Minnesota Timberwolves, clube que não chegou a fazer uma proposta para o pivô, mesmo depois de ele ter sido avaliado de perto na liga de verão de Las Vegas em 2012).


Vocação de Scott Machado para o passe atrai técnico do Warriors e garante nova chance
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Giancarlo Giampietro

O azar de Mark Jackson foi, de certa forma, ter concorrido a carreira inteira com um certo John Stockton, o líder de toda a história da NBA em assistências e um dos caras que poderia ser chamado de “robótico” no bom sentido. O homem era uma maquininha de jogar basquete, mesmo, com regularidade impressionante.

Claro que Jackson não chegava aos pés de Stockton em muitos sentidos. Mas, como passador, armador puro, um entendido do jogo, tornando a vida dos companheiros muito mais fácil em quadra, ele podia rivalizar, sim – ainda que tivesse ficado quase sempre à sombra do mítico armador reserva do Dream Team.

Mark Jackson, naqueles tempos

Mark Jackson, conexão NY com Scott?

Tenham em vista que sua carreira como profissional começou em 1987 e durou até 2004 e ele nunca chutou acima dos 50% nos arremessos de quadra. Na verdade, só passou dos 45% em seis temporadas das 17 que disputou. De três pontos, então? Matou mais de 40% em três ocasiões, todas elas já depois dos 30 anos. No final, sua média foi de 33,2%, algo medíocre.

Era um problema sério para se contornar. Pois o armador também nunca foi muito explosivo em quadra, com raras investidas para dentro do garrafão. Enão, na hora de marcá-lo, a coisa ficava fácil, né? O sujeito não vai me machucar no tiro de fora e nem vai me deixar comendo poeira?  E toca o defensor responsável por Jackson se dedicando mais à ajuda, fazendo dobras, do que qualquer outra coisa. Seria uma estratégia sensata, não fosse o detalhe de que um passe bem feito, preciso e criativo pode ser bastante nocivo. Se não fosse um excepcional criador de jogadas (para os outros), seria difícil imaginar que fosse tão longe. E Reggie Miller, Danny Manning e Patrick Ewing, entre outros craques abastecidos pelo cerebral nova-iorquino, só podem agradecer, assim como operários como Antonio e Dale Davis, que puderam dar muitas enterradas em Indiana e ganhar alguns bons dólares depois de atuarem ao seu lado.

Tudo isso de introdução para comentar a contratação de Scott Machado pelo Golden State Warriors, time justamente hoje dirigido por Mark Jackson.

Está certo que o vínculo inicialmente vale por apenas dez dias, mas só o fato de a franquia convocá-lo para ser avaliado mais de perto já tem um significado especial. Ainda mais que o brasileiro do Queens mal completou um mês dentro da “família Warriors” – foi adquirido pelo Santa Cruz, filial do Golden State, precisamente no dia 8 de março –, tendo causado boa impressão em tão pouco tempo.

Scott Machado x Coby Karl

Scott Machado ainda luta por seu lugar na NBA, agora vinculado a nova franquia: Golden State

Seus números são, inicialmente, “modestos”, “tímidos”, “fracos”, avaliando apenas pela calculadora:  6,5 pontos, 3,4 assistências e 1,8 rebote em dez jogos por seu novo clube, depois de uma campanha frustrada pelo Rio Grande Valley Vipers. Acontece que, na liga menor, é preciso muito cuidado na hora de avaliar estatísticas, por diversos fatores. Especialmente dois:

1) Muitos jogadores podem parecer dominantes em um cenário, mas com um tipo de atitude ou jogo que não se encaixaria um nível mais acima – isto é, o cestinha de um time X da D-League talvez só possa ser a 11ª ou 14ª opção na NBA. E como ele aceitaria isso? Será que ele tem outras habilidades que possam se encaixar melhor de acordo com as necessidades de um elenco já abarrotado de talento?

2) Os jogos desta competição muitas vezes também descambam em peladas, sem preocupação defensiva alguma, uma correria desenfreada que infla os números de muitos atletas, mas pode apresentar pouca substância.

Scott Machado, ao menos, já conseguiu exibir ao Warriors que tem, sim, um fundamento que pode ser traduzido para a liga principal.  “Ele é um passador muito bom, um quarterback (no sentido de líder e organizador/estrategista) muito bom e um armador tradicional”, resumiu Mark Jackson, para quem, aliás, imagino não deve ser lá uma grande novidade – o técnico também é de Nova York, assim como Scott, e o burburinho dos jogos locais passa de um para outro com facilidade.

Um dos pontos fracos no basquete do brasileiro hoje é, justamente, seu arremesso, o que não deixa de ser uma ironia em sua associação com Jackson. Por outro lado, o ex-armador sempre foi um grande defensor, usando seu físico e estatura para pressionar os adversários. Neste ponto, ainda tem chão para seu novo atleta.

O treinador lembrou, porém, que o Golden State tem vários jogadores extremamente dedicados em seu elenco hoje – quem diria, né? – e que essa seria uma influência positiva para que Scott desenvolva seu  jogo. “Espero que esse ambiente o ajude a melhorar e impulsione uma longa carreira”, afirmou. É só o que o garoto quer.

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“Minhas emoções estão loucas agora, realmente como em uma montanha-russa”, disse Scott ao jornal San Francisco Chronicle, periódico tradicional da Costa Oeste dos EUA. Ao mesmo tempo em que está empolgado por receber já uma segunda chance na NBA, o jovem armador ainda tenta assimilar a morte de seu pai, o gaúcho Luiz Machado, aos 61, devido a um ataque cardíaco depois de ser detido por autoridades no aeroporto JFK, no dia 28 de março. O motorista de táxi teria ficado à espera de um atendimento médico por 11 minutos. As investigações ainda estão em curso. “Ele era um grande fã de basquete. Então sei que ele vai estar assistindo”, afirmou Scott.

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Curry & Jack

Scott vai poder treinar ou ver de perto a duplinha aqui

Os contratos de 10 dias podem ser assinados por times da NBA a partir do dia 5 de janeiro de cada campeonato. Eles, porém, não podem ser estendidos durante os playoffs – os vínculos deste tipo se encerram no dia da última partida da temporada regular. Caso o Warriors queira manter Scott em seu elenco para 2013-2014, sem encarar o risco de perdê-lo durante as férias, a diretoria teria de fazer um contrato para o restante da temporada, ainda que ele não tenha nenhuma garantia de que vá ser realmente aproveitado pela franquia. Caso Machado fique, dificilmente teria tempo de quadra nos playoffs. Sua posição está ocupada pelo fantástico Stephen Curry e pelo veterano Jarrett Jack, um dos candidatos a melhor reserva da liga.

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O Golden State Warriors tem um ótimo histórico no aproveitamento de jogadores com passagem e/ou revelados pela D-League. O ala Reggie Williams – esse, sim, um cestinha que se deu bem na NBA, como um pontuador vindo do banco de reservas – foi um deles. Descoberto pelo Warriors, fechou um contrato de US$ 5 milhões por dois anos de serviço com o Charlotte Bobcats. Outros destaques: os armadores CJ Watson, hoje no Brooklyn Nets, e Will Bynum, Detroit Pistons, os alas-pivôs Anthony Tolliver, do Atlanta Hawks, e Jeff Adrien, também do Bobcats, e o ala Kelenna Azubuike.


Em menos de um mês, raçudo Bobcats já iguala número de vitórias da temporada passada
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Giancarlo Giampietro

Kemba tenta o chute em flutuação

Kemba força a mão na infiltração, mas ajuda o Bobcats em surpreendente largada

O calouro Bradley Beal, do Wizards, recebe a bola livrinho da silva na linha de três pontos, restando pouco mais de três segundos no cronômetro. Cotado como o melhor chutador de sua fornada, ele desperdiça o arremesso, mas, com instinto apurado, segue a bola, ciente de que ela “daria bico” (adoro essa) e pega o rebote ofensivo no meio do caminho. Duas mãos nela, e parte para a cesta, entrando no garrafão pela diagonal. Não segurou com firmeza: o armador Kemba Walker apareceu na cobertura e conseguiu desarmá-lo, dando um tapa por cima. Mas a missão do jogador do Bobcats ainda não estava cumprida, e ele se saltou em direção à bola na linha de fundo, alcançando-a para, então, fazer um movimento extremamente atlético e malandro, quando girou no ar para cair de costas no chão e, antes, ganhar tempo. Atirou-a na direção de Nenê, acertando o ombro do pivô brasileiro, que se atirava atrás de alguma rebarba. A bola respinga e sai. A bola era do Bobcats.

Veja: tudo isso aconteceu em dois segundos.

Restava então pouco mais de 1s no cronômetro e a reposição era dos visitantes de Charlotte. Que Byron Mullens tenha acertado apenas um de seus lances livres, que o ala Jeffery Taylor tenha feito a falta em Chris Singleton na posse de bola seguinte, no estouro do relógio, na linha de três pontos, que Singleton tenha convertido dois em três chutes e levado a partida à prorrogação e que, ufa!, tenhamos visto dois tempos extras até se definir o jogo…. Nada disso importa. Pelo menos nesse post, aqui e a agora.

É que a jogada de Walker foi sensacional e mais uma prova clara que no basquete não vence apenas aquele que coloca a bola na cesta. Não vamos seguir aqui a filosovia Parreirista de que “o ponto é só um detalhe”. Eles valem o jogo, claro. Mas os outros 300 mil detalhes de uma partida também contam, e muito.

O próprio Walker talvez gostasse de seguir essa linha depois de ter feito 12 pontos contra o Wizards, mas acertando apenas três de 17 chutes de quadra. Foi um pesadelo para o aguerrido baixinho: ele conseguia fazer todos os movimentos corretos na hora de fintar seu defensor, mas simplesmente não matava nada na hora de se aproximar do aro. Foram diversas bandejas erradas. Por outro lado, sem perder a confiança, ele não deixou de atacar e perturbar a defesa do time da capital e ainda contribuiu com oito assistências e sete rebotes, dois deles na tábua ofensiva, um deles em outro lance capital. Faltavam 12 segundos na segunda prorrogação, e Ramon Sessions errou seu segundo lance livre, deixando o placar em 105 a 103. Aí o armador do Bobcats disse: “Chega!”. Encontrou um meio de bater o combalido Nenê na disputa pelo rebote, sofreu a falta do grandalhão no choque e matou as duas na linha, para alargar a vantagem para quatro pontos. E c’est fini.

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As sete vitórias em 12 partidas do Bobcats são certamente a maior surpresa do início da temporada 2012-2013 da NBA, já que igualam em menos de um mês de campanha o total (!!!) do campeonato passado, quando tiveram o pior aproveitamento de toda a história da liga. De modo que Mike Dunlap desponta com um candidato a treinador do ano. Fato: muita gente zombou de Michael Jordan quando ele anunciou o ex-assistente de George Karl e ex-comandante da universidade de St. John’s. Que era um movimento para poupar dinheiro apenas, que o MJ não sabe nada, mesmo, como administrador. Bem, seu retrospecto nesse setor ainda é um horror, mas nessa parece ter acertado. Com um núcleo jovem no time e jogadores pouco habilidosos, instituiu treinamentos bem mais longos do que os de costume na liga, trabalhou com ênfase nos fundamentos e agora vai colhendo resultados surpreendentes. Até o Brendan Haywood aparece bem mais motivado.

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MKG é demais

Kidd-Gilchrist luta por bola perdida com Beal e Nenê

Um dos termos mais valorizados e muito utilizados na cobertura do esporte nos Estados Unidos é o winner. Na América, ou você vence, ou está lascado. A ponto de, tamanha a insistência dos jornalistas, corre-se o risco de transformar essa definição num clichê banal. Mas ela tem tudo a ver quando vemos em ação o ala Michael Kidd-Gilchrist, escolha número dois do último Draft e outra influência decisiva em Charlotte.

Os relatos pré-recrutamento indicavam a personalidade e a energia do jovem ala de (!!!, de novo) 19 anos como algo contagiante. Batata. O rapaz não para em quadra, combate na defesa de modo incessante – e tem fundamentos, raça, força e agilidade para defender tanto jogadores mais baixos como mais fortes –, corre feito um maluco no contra-ataque, sabe de suas limitações nos disparos de fora e procura, então, o jogo interior… Dava para ficar o dia todo aqui listando e falando sobre o MKG.

Certamente ele vai voltar a aparecer por aqui muitas vezes. Podem apostar. Talvez para explorar o fato de ele se intimidar diante dos gravadores e microfones, gaguejando, e, ao mesmo tempo, ser o orgulho de qualquer treinador em quadra, como um líder nato, com tão pouca idade. É algo que vem desde os tempos do High School e que ficou bem claro em seu único ano com Calipari em Kentucky, botando fogo em Anthony Davis, Terrence Jones, Marquis Teague e o resto de um elenco badalado ao extremo e que realizou seu potencial para ser campeão.

Muito provavelmente ele se dê muito bem com Walker, alguém que chegou à universidade de Connecticut com pouca badalação em 2008, mas que evoluiu de maneira incrível por lá a ponto de, em sua terceira temporada, liderar os Huskies ao título nacional, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Deu um duro danado.

E, como ensina o técnico e analista David Thorpe no ESPN.com, energia, vontade de se ralar e fazer as coisas certas são talentos que deveriam ser observados tanto como impulsão, munheca, velocidade. Tudo isso é parte de um rico e divertidíssimo universo.


Troca de alas reservas revela como funciona um pouco dos bastidores da NBA
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Giancarlo Giampietro

Free Hakim Warrick!

Free Warrick! O ala em ação na sua única partida pelo Hornets

Na terça-feira, uma das trocas mais insignificantes da história da NBA foi fechada: o Charlotte Bobcats mandou o esquenta-banco oficial Matt Carroll para o New Orleans Hornets, em troca do ala Hakim Warrick, que até hoje é mais conhecido, mesmo, como o parceiro de Carmelo Anthony na conquista do título universtiário de 2003 por Syracuse do que por qualquer coisa que tenha feito entre os profissionais.

Não era definitivamente algo digno de um post.

Então o que este texto está fazendo aqui?

(E, sim, essa pergunta é o cúmulo da metalinguagem. Mas agora vocês vão entender aonde queremos chegar:)

O texto nasceu quando somos brindados com uma declaração interessante do técnico Monty Williams, do Hornets, indicando qual a motivação de seu time fechar um negócio tão pouco impactante como esses. Uma resposta que diz muito sobre como funciona os bastidores das franquias, da relação de técnicos e dirigentes com seus atletas na liga.

“Não me senti bem de ter Hakim sentado no banco daquele jeito”, disse o treinador, sobre o ala que havia entrado em quadra em apenas uma partida nesta temporada, jogando por apenas sete minutos na derrota para o Sixers.”Não sentimos que era certo fazer isso quando o cara faz tudo aquilo que supostamente tem de fazer e não ganha a chance de jogar.”

Warrick chegou ao clube este ano, como peça complementar no negócio que levou para o Hornets o pivô Robin Lopez,  escudeiro do ultrapromissor Anthony Monocelha Davis. Embora não tenha uma carreira marcante na NBA, o ala ao menos teve campanhas muito mais produtivas que Carroll, com média de 9,3 pontos por jogo e um índice de eficiência acima da média. Em Nova Orleans, porém, não ia ter muitas oportunidades, por estar atrás de Davis, Ryan Anderson, Al-Farouq Aminu e Darius Miller na rotação. “Avaliando bem, fizemos essa troca em nosso detrimento, perdendo um cara como Hakim, que sabe jogar. Sentimos que devíamos a ele abrir uma oportunidade para que ele joge, especialmente sendo este seu último ano de contrato”, completou Monty.

E aí está uma frase reveladora. Se ele não vai para quadra, começam as aflições: o que será de seu futuro na liga? Passou o seu tempo? Se ninguém vai me ver em ação, como pode ser contratado? Ainda mais com as restrições salariais que ficarão ainda mais duras nas próximas temporadas. Se o jogador estiver aflito, infeliz por não entrar em quadra, seria uma influência positiva no vestiário? Quantos desses casos, como o de Warrick, não estão espalhados pelos 30 clubes participantes?

Num mundo de atletas milionários extremamente paparicados, essas são questões para os cartolas e técnicos administrarem e que vão muito além de pranchetas, enterradas e reclamações com árbitros e têm impacto direto no produto oferecido em quadra, já que afetam a química de um elenco.

Nesse sentido, Carroll seria uma dor-de-cabeça muito menor para Williams remediar. Um jogador muito mais acostumado a ficar no banco, a ser uma peça complementar de elenco, mantido hoje na liga muito mais por seu profissionalismo do que por suas habilidades atléticas. “Sempre podemos usar caras que sabem arremesssar”, diz o técnico. “Matt tem uma boa rodagem, mas não jogou muito nos últimos anos. Então não sabemos. Vamos ver o que acontece. Mas nós certamente queríamos ajudar Hakim a se envolver em uma situação na qual poderia jogar mais.”


Michael Jordan confronta jogadores em Charlotte e cogita volta do Hornets
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Giancarlo Giampietro

Jordan não aguenta mais!

A boa notícia para Michael Jordan: o Charlotte Bobcats ainda não perdeu na temporada 2012-2013 da NBA!

(Também ainda não jogou. Mas sejamos piedosos e deixemos isso de lado por um instante.)

Pick número dois do Draft 2012

O novato Michael Kidd-Gilchrist não está na mira das críticas de Jordan, que o compara a um jovem Pippen pela capacidade defensiva e por “conectar” os atletas em quadra; realmente muito promissor o líder do time de Kentucky campeão universitário neste ano

Talvez motivado pelo fato de o time ainda não ter sido sofrido nenhuma derrota com dois dias de campeonato já para trás, ele afirmou nesta quinta-feira que sua intenção é ser o dono da franquia “por um longo tempo”. O jogador que não tolerava nem mesmo o erro de seus adversários nos treinamentos, chegando a esmurrar Steve Kerr – hoje o melhor comentarista de NBA da paróquia –, ainda não se esgotou das surras que anda tomando.

O que não quer dizer que sua paciência não venha sendo testada bravamente por Tyrus Thomas e amigos.

Mal começou a temporada, e parece que MJ já teve de descer ao vestiário da equipe para cobrar e bater de frente com o elenco. Segundo o próprio craque e magnata revelou, alguns jogadores têm reclamado dos treinos homéricos promovidos pelo novo treinador Mike Dunlap. As sessões têm mais de três horas de duração e em alguns dias chegam a bater quatro, com bastante ênfase nos fundamentos do jogo. Isso, no mundo da NBA, aparentemente seria um absurdo, o que estaria forçando o choramingao pelos cantos do ginásio. Isso no time que, em termos de aproveitamento, protagonizou a pior temporada da história da liga.

“Não dá para dizer que não precisamos desse tipo de coisa. Se fosse assim, nosso time não teria uma campanha de 7-59. É isso que times campeões fazem. Se fizemos isso em Chicago e fomos campeões, por que não faríamos aqui? Se você levanta o nariz para isso, talvez você deva olhar para o espelho e ver que você é parte do problema”, disse Jordan a alguns atletas especificamente, sem revelar nomes ao Charlotte Observer. Para depois completar: “Ou você aceita, está dentro, ou não vai ficar aqui.

Jordan x Zo Mourning

Jordan x Zo: o Hornets de Charlotte chegou a cruzar o caminho do Bulls nos playoffs dos anos 90

O desafio de Jordan de transformar o Bobcats num clube respeitável é enorme.

Talvez seja necessária até mesmo a mudança de nome. O que ele aprovaria, caso o novo do New Orleans Hornets, Tom Benson, siga com seu plano de procurar um novo apelido para sua franquia. Desta forma, o “Hornets” estaria livre para retornar a Charlotte, onde fez tanto sucesso esportivo – Larry Johnson e Alonzo Mourning – e comercial– e quantos bonés verdes e roxos daqueles não foram vendidos por aqui, mesmo em barraca de camelôs – nos anos 90.

Seria uma cartada boa até, para tentar transformar a franquia não só em algo mais atraente para os consumidores como para os jogadores. Difícil de imaginar o recrutamento de uma estrela no mercado de agentes livres, mesmo com todo o apelo da grife Jordan.

No fim, eles não estariam competindo por Jordan. Mas, sim, pelo Bobcats. E, antes de pensar em se cansar de perder, talvez seja melhor nem começar mesmo.


Queridinho da América dá sua última cartada para tentar voltar à NBA
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Giancarlo Giampietro

Adam Morrison, Summer League Las Vegas 2012

Em 2005 e 2006, Adam Morrison foi um dos queridinhos da América. Com estilo hipster e muitas, mas muitas cestas, ele colocou a cidade de Spokane, sede da universidade de Gonzaga, láaaa no Noroeste dos Estados Unidos, no mapa esportivo do país.

Hoje, seis anos depois, ele afirma ter dado, na liga de verão da NBA de Las Vegas, sua última cartada para seguir no basquete profissional. O que aconteceu para seu conto de fadas chegar a esse ponto?

Bem, longa história.

*  *  *

Adam Morrison, darling da NCAAComeçando pelo conto: em sua temporada de junior (terceiro ano no College), 2005-2006, marcou 28,1 pontos por jogo e foi o cestinha de todo o basquete universitário. Por cinco vezes, quebrou a barreira dos 40 pontos, algo considerável na competição, mesmo se fosse contra adversários não tão respeitáveis.

Chamava atenção seu estilo de velha escola, com uma habilidade para acertar arremessos de todos os pontos da quadra, mesmo sem ser o mais explosivo ou atlético, longe disso. O cabelo era volumoso, com a franja estendida por toda a testa, o bigode, ralo, as meias escuras ficavam estiradas até a canela, num visual incomum para jovens de sua geração. Para completar seu status cult, também ajudavam bastante injeções de insulina que podia receber até mesmo no banco de reservas para controlar a diabete, diagnosticada aos 13 anos.

Seus feitos ocupavam manchetes pelo país e dominavam o noticiário dos canais esportivos nas TVs fechadas. Era um darling, mesmo. A cena em que desaba na quadra, chorando muito, após uma derrota para UCLA nos mata-matas da NCAA, gerou muita repercussão. Uns elogiavam sua paixão pelo jogo, outros questionavam se ele era forte mentalmente para seguir adiante.

Em 2006, pulando seu último ano universitário, foi draftado em terceiro pelo Charlotte Bobcats. Michael Jordan, que havia acabado de assumir o controle das operações de basquete da franquia, dava seu aval.

*  *  *

Uma vez na NBA, o choque de realidade foi embaraçoso. Morrison tinha séria dificuldade para marcar seus oponentes, geralmente muito mais ágeis e mais fortes, penava para bater os 40% no aproveitamento de arremessos de quadra. Terminou o ano de calouro na reserva e mal-afamado. No início de sua segunda temporada, para piorar, sofreu uma grave lesão no joelho, perdendo todo o campeonato. Em 2009, foi trocado para o Lakers.

Adam Morrison, Draft BobcatsCom Phil Jackson, foi bicampeão da NBA, mas mal saía do banco, enquanto o ala Shannon Brown, que o acompanhou na transação e nada badalado, se tornava uma peça importante na rotação. Em 2010, foi dispensado pelo clube californiano.

Virou piada para os jornalistas, sempre lembrado como o caso de alguém que havia fracassado na liga. Desde então, tenta regressar sem sucesso. Jogou pelo Estrela Vermelha, na Sérvia, onde foi bem. Quando se transferiu para o Besiktas, da Turquia, voltou a se afundar na reserva, rompendo seu contrato em fevereiro deste ano.

*  *  *

“Estou aqui para ver se algo pode acontecer”, afirmou Morrison, antes de disputar a Summer League de Las Vegas pelo Los Angeles Clippers. Em Orlando, ele jogou pelo Brooklyn Nets. “Se eu jogar bem, talvez eu ganhe uma chance aqui ou talvez por outro time da NBA.”

Se não der certo? Ele descarta voltar para a Europa. “É muito longe e tenho duas filhas agora. Estou muito certo de que se nada acontecer agora, provavelmente eu irei para casa, concluirei meu curso (administração esportiva) e vou virar um técnico. Há um certo prazo para você perseguir algo. Se não der certo, então é hora de seguir em frente.”

Adam Morrison, cabeleira, mas sem bigodeNeste domingo, naquele que pode ter sido, então, seu último jogo como um profissional de basquete, ele marcou 26 pontos em 29 minutos contra o Celtics de Fabrício Melo. Converteu 9 de seus 15 chutes de quadra, quatro em seis de três pontos. Foi aplaudido pelos torcedores e até ouviu gritos de “M-V-P”. Mesmo que de brincadeira, gostou. “Nos últimos seis anos, eu fui só vaiado. Então foi bom isso”, afirmou.

Em Vegas, ele anotou 20 pontos por partida, com 55,1% nos chutes de quadra e incríveis 61,9% nos três pontos. “Só queria mostrar para as pessoas que posso jogar. Muito foi dito sobre mim, de que sou apenas um reserva, o que entendo”, afirmou. “Mas vim para cá muito por orgulho, para mostrar o que posso fazer. Se não der certo, posso dizer que estou feliz pelo que fiz e mudarei para algo diferente”.

Será que é o fim da linha ou a América se mostrará como aquela terra de segundas chances para o ala?

No Clippers, pode ser difícil, depois da contratação de Grant Hill e Jamal Crawford. Mas talvez haja algum clube por aí empenhado em testá-lo. A história precisa, realmente, de um final.


EUA atropelam Grã-Bretanha, mas cuidado com a informação
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Giancarlo Giampietro

Essa vai “para o pessoal que acompanha muito o basquete e para os que não acompanham tanto” – e para os que tiveram a chance de acompanhar pela TV fechada o amistoso entre Grã-Bretanha, nossa adversária de primeira fase nos Jogos de Londres-2012, e os Estados Unidos.

Devido a imprevistos aqui no QG 21, conseguimos pegar a transmissão apenas pela metade, do início do segundo tempo adiante. Mas foi o suficiente para colher algumas informações que merecem retificação:

Chris Mullin, Warriors

Mullin chutava demais, mas foi Bird quem venceu vários torneios de três pontos. Foi ele quem defendeu o Pacers

– o New Orleans Hornets teve a primeira escolha do Draft deste ano, mas isso não quer dizer que eles fizeram a pior campanha da temporada passada. Foram os últimos no Oeste, mas superaram Charlotte Bobcats, Washington Wizards e Cleveland Cavaliers no geral. Isto é, nem sempre o pior time do campeonato vai ficar com a melhor escolha do Draft: ele é simplesmente aquele que tem mais chances de pular para primeiro;

– Kobe Bryant não foi o primeiro do Draft em seu ano – saiu em 13º – e não foi escolhido pelo Lakers. Quem fez a seleção foi o então Charlotte Hornets, que depois o repassou para a franquia californiana em troca do pivô sérvio Vlade Divac. Ok, podemos até aceitar que já estava tudo acertando entre as franquias, mas, pelo modo que foi colocado, deu a impressão de que a poderosa franquia havia naufragado no campeonato anterior e, por isso, ganhou o espetacular ala como recompensa. Não foi isso;

– Chris Mullin era um exímio chutador de longa distância, especialmente da zona morta, mas nunca venceu sequer uma disputa do torneio de três pontos do All-Star Game da NBA. Seu companheiro de Dream Team, Larry Bird, faturou as três primeiras edições do evento;

– Christian Laettner, único jogador universitário selecionado para o Dream Team original, jogou por Minnesota Timberwolves, Atlanta Hawks, Detroit Pistons, Washington Wizards, Miami Heat e até pelo Jacksonville Giants, da ABA, mas nunca pelo Indiana Pacers. Chris(topher) Mullin, sim, atuou pelo Pacers na final de sua carreira;

– Russell Westbrook é um tremendo de um atleta, mas nunca “passou” pela posição 5 no confronto com os britânicos. Ele pode ter cruzado o garrafão diversas vezes durante a partida, mas não há um “5” marcado na zona pintada.

– Ainda dentro do mito do “cincão” do basquete, esse jogador não precisa necessariamente jogar “paradão” no garrafão. Nem Manute Bol, com 2,31m de altura, ficava estacionado ali, acreditem.

Desculpem, pode parecer arrogância do blogueiro, que nem gosta de atuar como ombudsman de nada – o trabalho produzido aqui pode estar sujeito ao maior número possível de erros também, mas ao menos os internautas estão aí, alertas, para corrigir, reclamar e achincalhar.  O mesmo blogueiro não conhece em detalhes 50% da Grã-Bretanha que está prestes a enfrentar o Brasil nas Olimpíadas – sem estudar, não vou me meter a inventar nada agora sobre o Andrew Sullivan, podem ficar tranquilos –, mas existe situações em que é melhor apenas relatar do que informar. Pensando em quem acompanha e em quem está por fora.

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Deron Williams, Team USA

Deron teve vida muito mais fácil em Manchester

Sobre o jogo em si, as bolas de longa distância dos norte-americanos caíram muito mais do que aconteceu contra os brasileiros, mas muitas delas aconteceram em transição, totalmente livres, coisa que não aconteceu na segunda-feira. Pois Magnano armou seu time de modo a limitar ao máximo os contra-ataques norte-americanos, principal trunfo deles na busca pelo bicampeonato olímpico.

O Brasil não possui os mesmos atletas que Coach K tem a seu dispor, mas vem baseando muito de seu jogo nessa fase preparatório, e no Pré-Olímpico do ano passado também, em uma defesa adiantada, botando presão em cima da bola. O ponto fraco da seleção anfitriã das Olimpíadas fica por conta justamente de seus armadores. Luol Deng, ainda mais no sacrifício, não vai poder fazer tudo pela equipe, ainda mais se Alex conseguir dar uma boa canseira nele aqui e ali – as chances de que Marcelinho e Marquinhos consigam lidar com ele no mano-a-mano são mais reduzidas.

*   *   *

Os pivôs britânicos são sólidos, fortes, alguns pesados, outros mais atléticos. Joel Freeland está no meio termo e merece cuidado, tendo refinado seu jogo na mesma Espanha que formou Splitter. Já Nana Papa Yaw Dwene Mensah-Bonsu, mais conhecido simplesmente como Pops Mensah-Bonsu, primo do Kojo Mensah, agora do Flamengo, também deve de ser vigiado, fazendo parte da turma daqueles que correm bastante, atacam os rebotes ofensivos, com muita energia. Em condições CNTP, porém, não creio que representem alguma ameaça grave ao nosso trio da NBA.


Mercado da NBA: panorama da Divisão Sudeste
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Giancarlo Giampietro

O post já vai ficar imenso, então vamos direto ao assunto. A partir desta quarta-feira, os clubes da NBA começaram a oficializar os acordos que trataram nos últimos dias, em período agitado no mercado de agentes livres. Nesta quarta, resumimos o Leste. Confira o rolo em que cada franquia da Divisão Sudeste se meteu, ou não, abaixo:

Joe Johnson, Atlanta Hawks

Adeus, Joe Johnson. UFa

Atlanta Hawks: o gerente geral Danny Ferry mal chegou ao clube e já se tornou o novo patrono dos limpadores de contratos absurdos do teto salarial. Em menos de duas semanas no trabalho, conseguiu se livrar do salário sufocante de Joe Johnson, em troca com o Brooklyn Nets, recebendo um punhado de jogadores medíocres – Jordan Farmar, Anthony Morrow (a melhor peça aqui), Johan Petro e DeShawn Stevenson – que pouco importam no negócio. O intuito era realmente cortar laços com sua estrela, que ainda é um talento respeitável, mas que não valia o que recebia. Sem perder tempo, Ferry também mandou o ala Marvin Williams para Utah em troca do armador Devin Harris. Os cinco que chegam estão no último ano de seus vínculos. Para o próximo mercado – ou agora mesmo –, o Hawks terá muita influência. Os novatos do time são o chutador John Jenkins e o ala-pivô Mike Scott, que se juntam ao escolta Louis Williams, cestinha ex-Philadelphia.

Charlotte Bobcats: ao ver seu clube terminar com a pior campanha da história da liga em termos de aproveitamento, Michael Jordan recomendou/pediu aos seus (300 ou 400?) torcedores que tivessem aquilo que lhe faltou em diversas ocasiões: paciência. Ainda assim, ele precisava de alguma coisa, qualquer coisa que servisse para animá-los para a próxima jornada. Por enquanto, isso significa se contentar com a chegada de Ben Gordon em troca por Corey Maggette. O ala Michael Kidd-Gilchrist vem via Draft. Além de já apresentar aquele nome que entra no páreo para  ser o mais cool da liga, ele tem a reputação de ser um jogador muito dedicado e de espírito contagiante, um líder aos 18 anos, mas que ainda precisa evoluir muito no ataque.

Ray Allen e Rashard Lewis

Allen e Lewis podem se reunir em Miami

Miami Heat: o título mal foi comemorado, e Pat Riley quer mais. Como se não já não contasse com um poder de fogo suficiente, o clube conseguiu paparicar e aliciar o veterano Ray Alen, que andava magoado em Boston. E não para por aí: Rashard Lewis e outros veteranos hoje subvalorizados estão na mira.

Orlando Magic: caos. É o que tem pela frente o gerente geral Rob Henningan, de 30 anos, o mais jovem de toda a liga. Mas ele não pode dizer que não sabia o problemão que estava assumindo no mês passado ao migrar de Oklahoma para a Disneylandia. Howard não quer ficar, está se recuperando de cirurgia nas costas e se recusa a assinar com algum time que não se chame Brooklyn Nets, colocando Henningan nas cordas, com pouca mobilidade para buscar um negócio. Acontece que agora o Nets não tem mais espaço em seu teto salarial para recolher alguns contratos indesejados que o Magic quer despejar. A novela se arrasta e ninguém em Orlando aguenta mais. Nem o Ryan Anderson aguentava, e lá vai o ala-pivô para o Hornets, em troca pelo nosso mexicano predileto: Gustavo Ayón.

Washington Wizards: de alguma forma, Ernie Grunfeld conseguiu se manter no poder, mesmo após consecutivas temporadas risíveis (dentro e fora de quadra) do time. Dando continuidade ao processo de reformulação que iniciou já durante a temporada passada, com aquisição de Nenê, o cartola mais uma vez apostou na contratação de veteranos na esperança de já montar um elenco competitivo no próximo campeonato com a chegada de Trevor Ariza e Emeka Okafor. Via draft, chega o promissor Brad Beal, considerado um Ray Allen em potencia. A ver.

Veja o que aconteceu até agora nas Divisões do Atlântico e Central.

Na quinta, passamos a limpo aqui a Conferência Oeste.