Vinte Um

O sonho filipino (quase) acabou
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Giancarlo Giampietro

Você abre o Twitter, e a Fiba já te brinda com o cardápio do dia. Um menu salivante, de modo que é impossível escolher o melhor jogo do dia. Mas, de entrada, você já sabe exatamente o que quer: Filipinas x Porto Rico! Diversão! E drama! Como podemos notar:

porto-rico-filipinas

Nada contra México x Austrália, um jogo bastante intrigante ao seu jeito, algo que não deve acontecer num torneio internacional desde os anos 70, se é que não tenha sido inédito. Mas como desperdiçar a chance de ver José Juan Barea partir contra seus irmãos distantes, seus clones perdidos desta nação asiática.

Em tempo: já cabe a referência geopolíticonômica (e esse free-style, hein? Acha que é só a turma da Marina que sabe falar difícil? Basqueteiro também inventa das duas). Mas, bem, aqui estamos falando de dois países de colonização hispânica, cujos territórios são arquipélagos, que estão no raio de algumas milhas náuticas de duas superpotências globais (EUA e China) e que, por fim, são apaixonados por basquete.

Barea pareceu mais alto contra as Filipinas: partidaça do armador do Wolves

Barea pareceu mais alto contra as Filipinas: partidaça do armador do Wolves

Com o Sérgio Hernández colocou no Twitter: são dois dos cinco países em que o ato de jogar uma bola numa cesta é o esporte número um. (Aí perguntaram pro técnico qual seriam os outros três. Ele foi de China e Lituânia. ''Em breve te passo o outro… Acho que a Letônia'', disse o Oveja, com humor talvez involuntário.)

Os filipinos têm comprovado durante todo o torneio essa paixão, com uma das torcidas mais entusiasmastes do torneio, perdendo apenas para os finlandeses, que estão em outro patamar no momento – nem torcida de vôlei Banco do Brasil atinge. Contra os porto-riquenhos, os asiáticos mandaram na arquibancada.

Daqui do sofá confortabilíssimo de casa, a adrenalina também corria solta. Começar o dia com Barea contra um exército de tampinhas é o outro extremo de ver um Turquia x Ucrânia, como aconteceu na terça. É um tapa na cara.

A seleção filipina começou o jogo como gosta. Acelerando tudo. Seus baixinhos ficam o tempo todo juntos em quadr, já que não há alternativas. Para entender: na escalação deles, são apenas três caras acima de 2,00 m – e um deles não sabe jogar (Japeth Aguilar, superatlético, mas ruim demais). Acima de 1,90 m, são mais três, embora o 1,98 m atribuído a Gabe Norwood (jogador interessante, subutilizado) e Marc Pingris seja deveras generoso. De qualquer forma, temos, oficialmente, seis atletas de 1,87m para baixo. Esta foto diz tudo:

Jim Alapag, Andray Blatche e Jayson William: dois de 1,77 m e um de 2,10 m de altura

Jim Alapag, Andray Blatche e Jayson William: dois de 1,77 m e um de 2,10 m de altura

O do meio, vocês sabem, é uma das estrelas da Copa do Mundo. Andray Blatche, o pivô mais filipino da competição, direto de Syracuse, Nova York. Blatche, odiado em Washington, bastante produtivo em Brooklyn nas últimas duas temporadas da NBA, foi naturalizado neste ano. Diz que tem pai filipino, e ninguém acredita. Nem a família dele.

Blatche tentou 52 arremessos nas três primeiras partidas do Mundial. Na última, contra a Argentina, se pendurou em faltas e abaixou sua média. Era para ele ter passado da casa dos 60 chutes tranquilamente. Ficando mais tempo no banco, contudo, ele viu que seus companheiros sabem jogar. Os baixinhos fizeram frente aos argentinos e quase aprontaram uma tremenda zebra.

E aí a gente percebe como o esporte pode ser bonito, edificante. O grandalhão veio transformado para a quadra nesta quarta, confiando nos seus, hã, compatriotas, distribuindo a bola feito John Stockton. Inspirador, tocante, uma coisa linda. Snif.

Com o maestro Blatche, as Filipinas abriram 14 pontos de vantagem no início do segundo quarto, partindo de um placar empatado em 13 a 13 na primeira parcial. Estavam no seu melhor momento: bombardeando de três pontos, atacando com velocidade, movimentando a bola, buscando bons chutes.

Aos poucos, porém, Porto Rico (desfalcado de Arroyo) soube o que fazer em quadra. O técnico Paco Olmos mexeu bem em seu time, sem hesitar em por Renaldo Balkman no banco. O time começou a alternar sua defesa, muitas vezes pressionando a saída filipina. Desaceleraram os oponentes e passaram a rodar na defesa com muito mais empenho e precisão, cortando os arremessos de fora (permitiram apenas 6/28, 21%), coisa que a Argentina havia sido incapaz de fazer.

Arremesso muito bem contestado no perímetro. Filipinos não tiveram espaço para torpedear o aro porto-riquenho, graças a uma defesa exemplar, que deve ter feito o treinador Paco Olmos (ali no canto da foto) se perguntar: onde estava esse tipo de esforço antes?!

Arremesso muito bem contestado no perímetro. Filipinos não tiveram espaço para torpedear o aro porto-riquenho, graças a uma defesa exemplar, que deve ter feito o treinador espanhol Paco Olmos (ali no cantinho da foto) se perguntar: onde estava esse tipo de esforço antes?!

Acontece que o elenco porto-riquenho é muito mais veloz, no geral. Bastou uma boa coordenação – e que eles aceitassem essas ordens –, para que fizessem excelente defesa até o final da partida e conseguido a virada já ao final do terceiro período. No bom e velho jogo de gato-e-rato, também fizeram os asiáticos pagarem pela baixa estatura, coletando uma série de rebotes ofensivos (12 no total, com destaque para o a ala Alex Franlkin e o jovem pivô Jorge Díaz). Esses rebotes ofensivos também eram outra forma de anular o contra-ataque.

Com 30 pontos – 11deles em lances livres –, José Juan Barea também fez um partidaço para enfim liderar sua equipe em um jogo digno neste Mundial. Aliás, fica o registro sobre como tudo é realmente relativo nesta vida: perto dos filipinos, Barea nem parecia tão diminuto assim (5 rebotes pra ele, incluindo um ofensivo!).

No quarto final, os dois times trocaram golpes, mas os caribenhos estavam muito mais inteiros em quadra – física, tática e psicologicamente. Andray Blatche pagou o preço por sua forma física questionável. Terminou o jogo com os números fantásticos de sempre (26 pontos e 14 rebotes), mas estava completamente esgotado, tomando decisões ruins no ataque, chegando a seis turnovers. Crédito também para o limitado, porém aguerrido Ramón Clemente, pivô reserva que desgastou o adversário durante o jogo de tanto brigar pela bola.

Blatche em versão armador. Exaurido, puxa o jogo pro mano-a-mano, no meio da quadra, inexplicavelmente. Ele partiria para a cesta bem marcado e seria forçado a fazer o passe: o sexto e derradeiro turnover, com o jogo no fim. "De onde saiu essa ideia?", perguntou o comentarista Alvaro Martín, em excelente transmissão da Fiba TV. Um salve para a Fiba TV

Blatche em versão armador. Exaurido, puxa o jogo pro mano-a-mano, no meio da quadra, inexplicavelmente. Ele partiria para a cesta bem marcado e seria forçado a fazer o passe: o sexto e derradeiro turnover, com o jogo no fim. ''De onde saiu essa ideia?'', perguntou o comentarista Alvaro Martín, em transmissão excelente, detalhista muito bem informada da Fiba TV – era para ser o básico, mas infelizmente nem sempre acontece. Um salve para a Fiba TV!

Porto Rico venceu por 77 a 73, ganhando sobrevida no torneio. Para se classificarem neste equilibradíssimo Grupo B, precisam primeiro torcer para uma vitória da Grécia sobre a Croácia. Depois, na última rodada, têm de vencer os balcânicos.

As Filipinas estão eliminadas, com quatro derrotas, mas não deixam de ser a sensação do torneio. Sem Blatche eles teriam alguma chance? Provavelmente não, ainda que tenham encarado a Argentina muito bem, obrigado. Com um elenco de pouca experiência internacional, sem envergadura ou estatura, mas muita velocidade, habilidade nos arremessos e uma filosofia de jogo definida, levaram os croatas para a prorrogação e exigiram ao máximo de times latino-americanos muito mais tarimbados. Contra Senegal, eles ainda têm a chance de conquistar uma honrada e merecida vitória. Como Julio Lamas disse: é um dos times mais estranhos que já vimos. E estranho é diferente. Diferenças são boas, bem-vindas.

Mais Filipinas! Se for contra Porto Rico, melhor.

Os baixinhos

Os baixinhos

O talento, a empolgação e a contratação de Blatche

O talento, a empolgação e a contratação de Blatche

Sim, mais Filipinas!

Sim, mais Filipinas!


O 4º dia da Copa do Mundo: E o rúgbi da Austrália?
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só. Com metade do evento de folga, a carga diminuiu um pouco, mas, ainda assim, foram 6 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. O Brasil não jogou.

Não foi a rodada mais empolgante, ainda mais considerando os eventos de tirar o fôlego da segunda-feira. Nesse clima relativo quieto – isso, quando os finlandeses não estavam gritando para apoiar seus rapazes –, a Austrália aproveitou a brecha para mostrar o que é capaz. De ganhar no basquete e no rúgbi, segundo a oposição.

O jogo da rodada: Austrália 82 x 75 Lituânia
Acho curioso isso. Para boa parte da mídai europeia, esse resultado foi encarado como uma tremenda zebra. Um eurocentrismo surpreendente neste sentido, pois a seleção australiana vem juntando diversas peças valiosas para formar um conjunto competitivo. Mesmo sem Patty Mills e Andrew Bogut. O trabalho do Instituto Australiano do Esporte dá o pontapé inicial na maioria dessas carreiras e depois os libera, em geral, para o basquete universitário dos Estados Unidos, pela facilidade do idioma. Quando o prospecto é muito talentoso, acaba indo direto para os profissionais, como no caso de Dante Exum, grande aposta do Utah Jazz, ou do ala Joe Ingles, que está há tempos na Europa. Seus atletas podem ainda não ter o cartaz, ou a grife, mas são muito bem preparados. E estão entrosados já.

Em alta na central de especulações da NBA, Ingles marca Jonas Maciulis

Em alta na central de especulações da NBA, Ingles marca Jonas Maciulis

Com essa base, estariam preparados, ao meu ver, para bater de frente com a Lituânia em qualquer circunstância. Ok, os bálticos têm obviamente mais experiência e melhores resultados recentes. Mas daí a considerar uma vitória dos Boomers uma zebra, já me parece exagero. Imagine, então, o susto que a galera tomou quando viu os australianos vencerem o primeiro tempo por 19 pontos de vantagem! Ingles estava fazendo chover em quadra, acertando chutes de longa distância, chutes em flutuação e botando a canhotinha para funcionar em infiltrações. Se algum scout da NBA estivesse tomando notas a seu respeito pela primeira vez, correria a pedir uma oferta por parte de seu gerente geral. Se bobear, de max contract até. Outro que estava muito bem era o brutamontes Aron Baynes, pivô que foi companheiro de Splitter no Spurs nos últimos dois anos e agora está sem contrato. Ele está fazendo ótimo torneio, aliás, acertando mais de 70% de seus arremessos. Aliás, o repórter Marc Stein, o boa praça do ESPN.com, afirma que o Philadelphia 76ers está interessado, entre outros sete ou oito clubes.

Defensivamente, a Austrália adiantou sua defesa e pressionou bastante a condução de bola dos lituanos. Sem seu principal armador, Mantas Kalnieits, a equipe (que era?) candidata ao pódio penou. Sem brincadeira: por vezes seus Juskevicius e Vasiliauskas eram desarmados antes da linha central (mais sobre isso abaixo, uma vez que o treinador JonasKazlauskas chiou bastante da arbitragem).. No geral, terminaram o confronto com 22 desperdícios de posse de bola – contra 14 dos adversários. É muita coisa.

A Lituânia deu o troco, porém, no terceiro quarto ao anotar, em três minutos, dez pontos em sequência. A partir daí, o panorama se alterou. Os Boomers já não demonstravam mais tanta confiança assim. Baynes (14 pontos e 6 rebotes, 5/12 no FG) e Ingles (18 pontos e 4 assistências, 7/11) foram contidos, e restou ao ala Brad Newley, que já foi considerado uma grande promessa na época de juvenil, mas virou um jogador mediano na Liga ACB, carregar o piano, partindo aos trancos e barrancos para a cesta (10 pontos, 4 rebotes e 2 assistências). A despeito da pressão que pôs no adversário, a seleção europeia, com o ala Renalda Seibutis fazendo as vezes de armador – sem inventividade nenhuma, mas com pulso firme –, não conseguiu aproveitar o momento. Em nenhum momento assumiu a liderança do placar e viu o veterano David Andersen matar dois ou três chutes de média distância nos dois minutos finais para garantir a vitória. Os times agora estão empatados com dois triunfos e um revés na zona de classificação do Grupo D. A Eslovênia lidera.

Um causo
Para ficar na seara de beligerância e um país na Oceania, registramos aqui os protestos inflamados do técnico lituano Jonas Kazlauskas após a derrota para a Austrália. Sem delongas, segue o discurso do veterano, que já dirigiu a China: ''Já estive na Austrália algumas vezes. Esse é o estilo de basquete que eles jogam. Eu chamo de basquete-rúgbi. O modo como os árbitros apitaram foi favorável para eles. Especialmente contra nossos jovem armadores, que não embalaram. Talvez esse tipo de basquete, no qual por vezes você não entende o que está acontecendo, seja tolerado nos países de onde os juízes são''.

Um dos integrantes do trio de arbitragem era o brasileiro Marcos Benito, ao lado do porto-riquenho Luis Roberto Vazquez e do dominicano Reynaldo Mercedes, que era o principal. Do que vi no jogo, é fato que os australianos jogaram de modo físico, mas não acho que tenham exagerado na dose. No total, para constar, foram marcadas 44 faltas, 23 para os australianos.

E aí? Quem quer brincar de rúgbi com o Nathan Jawai?

E aí? Quem quer brincar de rúgbi com o Nathan Jawai?

A surpresa: Os 20 minutos sul-coreanos de fama
Depois do que Senegal e Filipinas andaram fazendo no Grupo B…. Após fazerem um primeiro tempo totalmente equilibrado contra a Eslovênia… É de se imaginar que os jogadores da Coreia do Sul tenham se reunido no vestiário, todos eles inspirados, falando bastante, discutindo os acontecimentos e, num ápice de emoção, começaram a se questionar: ''Por que não? Por que nós também não podemos?'', num elevado tom de voz. Vibrantes. Aí a sirene do ginásio nas Ilhas Canárias tocou, e era hora de eles voltarem para o jogo e despertaram do sonho. Quando voltaram para a segunda etapa, estavam perdendo apenas por 40 a 39. Ao final da partida, o placar foi de 89 a 72, com os eslovenos abrindo já 14 pontos no terceiro quarto. Goran Dragic, sempre ele, marcou 22 pontos em 25 minutos. Foi a terceira derrota da Coreia, mas pelo menos eles nos deixam esta memória: o armador Chan Hee Park usando o quadradinho para acertar seus lances livres.

Alguns números
73 – arremessos foram desperdiçados por ucranianos e turcos nesta jornada. As duas equipes acertaram apenas 43 de 116 tentativas. No fim, a Ucrânia – só ela para nos proporcionar jogos terríveis desses – venceu por 64 a 58 e ficou em boa posição para se classificar no Grupo C.

40 – Ao superar a Angola por 79 a 55, o México ficou muito perto de assegurar a quarta posição do Grupo D. Antes de pensar nisso, porém, vale comemorar sua primeira vitória no Mundial depois de 40 anos. Gustavo Ayón segue levando sua emergente seleção adiante, com 17 pontos e 12 rebotes. Dessa vez, ele contou com valiosa ajuda do ala Héctor Hernández, que marcou 24 pontos, 18 deles em cestas de três.

#Susijengi

#Susijengi

29 – Foi o índice de eficiência do pivô dominicano Eloy Vargas, o maior do dia ao lado do armador Petteri Koponen, obtido em vitória sobre a Finlândia por 74 a 68, num confronto direto pelo Grupo C. Os caribenhos estão vivos na disputa, muito por conta da força do jogador revelado pela universidade de Kentucky, que somou 18 pontos e 13 rebotes, dominante na zona pintada – nenhum finlandês conseguiu pegar mais que seis rebotes. No total, sua equipe pegou 47, contra 28, diferença brutal e suficiente para silenciar o mais caloroso de toda a competição: sim, a torcida do gélido país escandinavo.

19 – O armador ucraniano Olexandr Mishula, 22 anos, basicamente surtou nesta terça, terminando como o cestinha, com 19 pontos. Ele nunca havia marcado mais que 10 pontos num jogo oficial pela seleção principal. Nas duas rodadas anteriores, havia anotado 16 pontos – em minutos reduzidos, é verdade. Com a lesão de Sergii Gladyr, o técnico Mike Fratello precisava desesperadamente de alguém que pudesse pontuar e criar no perímetro, e parece ter suprido essa carência com o jovem atleta, que não fugiu da responsabilidade no quarto período.

4 – Quatro seleções estão invictas ao final de três rodadas: Estados Unidos, Espanha, Grécia e Eslovênia, líderes dos quatro grupos do Mundial.

Outro causo
A gente imaginava que, no dia 2 de setembro de 2014, a história de a Nova Zelândia fazer o Haka antes de seus jogos já não fosse nem mais nota de rodapé. Acontece que, na primeira rodada, a Turquia virou de costas para os oponentes, indo para o banco de reservas atendendo ao chamado do técnico Ergin Ataman. Os Tall Blacks acharam isso um baita desrespeito. Nesta terça, contra os norte-americanos, alardeados por muita gente do contra como ''arrogantes'', ficaram lá, na metade da quadra deles, observando tudo. No clipe abaixo, a expressão de Derrick Rose e James Harden está até engraçada. No final, aplaudiram a dança:

O jogo? Hã… Os neozelandeses até que não fizeram tão feio. Quer dizer, perderam por 98 a 71, e tal. Mas vejam só: chegaram a ganhar o terceiro período por 19 a 18! Na primeira parcial, estavam atrás no marcador apenas por 27 a 20. Então não foi de todo o pior, mesmo, não. Anthony Davis e Kenneth Faried barbarizaram novamente no garrafão, com uma capacidade atlética realmente apelativa, com 36 pontos e 20 rebotes em conjunto. Das enterradas eu já perdi a conta, mas foram cenas fortes. Claro que nada tão impressionante como a apresentação inicial os homens de preto.

Andray Blatche: contagem de arremessos
O pivô mais filipino da Copa e seus assessores não foram para a quadra hoje, tendo a chance de repensar toda a emoção que viveram  contra argentinos e croatas, podendo muito bem terem chocado o mundo do basquete. De qualquer forma, mesmo que não tenha jogado, Blatche mantém a liderança no ranking de quem mais chutou no torneio até agora, com 51 tentativas de cesta em três partidas. Pau Gasol é o segundo, com 43. Se os árbitros não o tivessem boicotado na véspera, certeza de que um dos jogadores mais odiados da história do Washington Wizards teria uma liderança confortável neste ranking. Sacanagem.

O que o Giannis Antetkounmpo fez hoje?
Também seu dia de folga,  gente espera que, no seu dia de folga, a revelação grega tenha descansado um pouco, saído de tapas mais tarde e curtido um pouco as ruas de Sevilla – em vez de ficar sentado o dia inteiro no quarto do hotel jogando videogame!

Tuitando:

Na arquibancada da ucraniana, um senhor flagrado constantemente pelas câmeras da Fiba TV. Todos nós assumimos que seja o paí do armador Eugene ''Pooh'' Jeter, mais um americano naturalizado. Pooh precisava de todo o apoio possível, mesmo. Marcou dez pontos, deu seis assistências, mas foi muito incomodado pela defesa turca, desperdiçando a bola cinco vezes. Além disso, errou oito de seus dez arremessos. Sua equipe venceu, porém. 


Para termos uma ideia do quanto funcionou como sonífero o embate entre Ucrânia e Turquia. Na reta final da partida, o pivô Omer Asik, um excelente reboteiro e defensor, mas um atacante bastante limitado, liderava a tabela dos cestinhas. Algo difícil de acreditar e aturar.

A maré branca para acompanhar os #susijengi na Espanha.

Esse tweet ainda repercute um jogo do Yugobasket (aliás, vai ser difícil encontrar melhor nome de conta que esse) de ontem, mas a declaração é imperdível: ''Se eu pudesse escolher, eu nunca teria nascido nos Bálcãs. Devido à nossa mentalidade, sempre sofremos em jogos como esse contra Senegal'', diz o técnico da seleção croata, depois da inesperada derrota para os africanos.

Relembre o Mundial até aqui: 1º dia, e .


O 3º dia da Copa do Mundo: Thrilla in Sevilla
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só. Com metade do evento de volta, a caga diminuiu um pouco, mas, ainda assim, foram 6 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a derrota brasileira para a Espanha, clique aqui.

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Vocês já ouviram falar do Thrilla in Manila, né? Foi quando Muhammad Ali and Joe Frazier se enfrentaram pelo título dos pesos pesados na capital filipina, em 1975, que passou a ser conhecido desta forma graças a tudo o que Ali tinha de verve. Foi definida a favor do mítico boxeador, ao final do 14º assalto, sendo talvez a luta mais famosa de todos os tempos. Na Copa do Mundo, as Filipinas não chegam a ser nenhum peso pesado, é verdade. Só perderam até agora, mas não se cansam de nos entreter. Enquanto isso, Senegal partiu para cima dos grandes, a Grécia está classificada para as oitavas de final e Porto Rico, sem Arroyo lesionado, virou uma draga que só. Vamos nessa:

O jogo do dia: Argentina 85 x 81 Filipinas
Não só o melhor jogo do dia, mas também o mais divertido de todo o campeonato. Foi uma coisa alucinante em Sevilha, com os argentinos sofrendo horrores para garantir a segunda vitória no Grupo B. Veteranos como Scola, Nocioni e Prigioni simplesmente não conseguiam lidar com a equipe mais heterodoxa da paróquia. ''É o time mais maluco e estranho que já enfrentei na minha carreira'', sintetizou o técnico Júlio Lamas, que já beira os 30 anos de engajamento com a profissão.

As coisas ficaram realmente malucas a partir do momento em que o norte-americano naturalizado Andray Blatche cometeu a segunda falta logo no início do primeiro quarto. Pendurado, foi para o banco. A partir daí, vimos diversos quintetos dominados por tampinhas, um monte de gente abaixo ou um tico acima dos 1,80 m, mesmo, criando um estardalhaço que só. Descobriram que podiam jogar muito bem, obrigado, sem o cara da NBA. Com muita velocidade, botavam pressão em qualquer defensor da Argentina, um dos times mais lentos do Mundial, isso se não for o mais lerdo, mesmo. É um conjunto bem singular o de Lamas, aliás: não são nem altos e fortes, nem baixos e velozes. Ficam no meio termo, vulneráveis a diferentes estilos. Os argentinos não conseguiram defender uma série de jogadas básicas com corta-luz na linha de três e foram castigados: Jimmy Alapag converteu 5/7 no seu bombardeio, seguido por 4/8 de Ranidel De Ocampo e 3/5 de Jayson William.

(Embora o ataque deles não tenha sido feito só de arremessos, conforme Marcos Mata, o mais novo francano, pode atestar:)

Nocioni (que depois se redimiria no último minuto, pegando dois rebotes ofensivos seguidos e convertendo lances livres) e Herrmann passaram um bom tempo em quadra sem saber o que fazer na defesa, tendo de correr atrás dos baixotinhos no perímetro e tomando cortes e bombas de três na cabeça. Aliás, choveu cesta de fora, com os hermanos também usando desse artifício diante das quebras defensivas que a mera presença de Scola causava no garrafão. Ele pede a dobra, e as rotações filipinas simplesmente não davam conta. O já legendário camisa 4 também lidou com problemas de faltas, mas foi decisivo nos bons momentos de sua equipe, com 19 pontos (7/12), 7 rebotes e 4 assistências em 32 minutos. O flamenguista Nícolas Laprovíttola, estreando na competição também foi muito bem, com 10 pontos e 4 assistências e bom papel defensivo, assim como Mata, com 17 pontos (5/7 nos três pontos, completamente livre) e 9 rebotes. O ala também foi o responsável por anular a última posse de bola dos asiáticos. De Ocampo saltou para o chute de três, buscando o empate, mas foi desencorajado pela pressão do defensor. Acabou caindo sem soltar a bola, cometendo uma andada infantil.

O climão também valeu, com participação empolgante do público. Ginásio lotado e dividido realmente entre duas torcidas, com os filipinos, claro, em maior número para apoiar os Smart Gilas, mas encarando uma galera argentina apaixonada por El Alma.

A surpresa: Senegal!!!
O Irã bem que tentou derrubar a Sérvia, mas acabou derrotado por 83 a 70. Então a zebra fica para eles de novo, gente: a rapaziada de Senegal agora aprontou para cima da Croácia, triunfando por 77 a 75, depois de ter batido Porto Rico na véspera. Eu realmente não esperava escrever uma frase dessas, mas cá está. Os africanos lideraram praticamente a partida toda, resistindo a uma pressão balcânica nos minutos finais. Krunoslav Simon teve a chance de empatar o jogo, mas arriscou um chute completamente despropositado (mais abaixo). O pivô Gorgui Dieng, já um forte candidato a quinteto do torneio, foi novamente dominante, com 27 pontos, 8 rebotes, 3 assistências e 2 tocos, mais 8/14 nos arremessos – Nikola Pekovic que se prepare: o Timberwolves já deve estar tentando negociá-lo. Essa foi a apenas a quarta vitória senegalesa na história dos Mundiais, e a classificação está praticamente definida (vai depender muito do confronto direto com as Filipinas). Deve ser muito legal jogar no Senegal.

Dieng, uma revelação até aqui

Dieng, uma revelação até aqui

Alguns números
91,6% –
Aproveitamento nos lances livres de Gorgui Dieng por Senegal nesta rodada. Sim, pivô também sabe bater lance livre, ao contrário do que dizem por aí.

65 – Foi a soma de arremessos de três pontos no confronto entre Argentina e Filipinas, com 43% de acerto.

31 – Assistências a França somou em sua vitória sobre o Egito, que valeu para a surra do dia (94 a 55). Detalhe: 31 assistências para 38 cestas de quadra. Isto é, apenas sete investidas francesas foram consideradas individuais o bastante para não terem o passe anterior computado na tabela de estatística da Fiba. No total, dez atletas deram ao menos uma assistência, liderados pelas oito de Thomas Heurtel, armador do Baskonia. Solidarité.

13 – É a série de vitórias que a Espanha tem com Pau Gasol em quadra em jogos de Mundial. A última vez que a Roja perdeu com seu supercraque aconteceu na edição de 2002, diante da Alemanha de um ainda jovem Dirk Nowitzki.

9 – Aliás, foi logo na partida seguinte que os caras desandaram a vencer. O primeiro obstáculo superado? Justamente o Brasil. Do jogo disputado em Indianápolis 12 anos atrás, nove atletas estão presentes nos elencos de hoje: Calderón, Navarro, Gasol, Reyes, Alex, Leandrinho, Giovannoni, Varejão e Splitter. Marcelinho estava lesionado.

Andray Blatche: contagem de arremessos
51! – Conforme relatado acima, não foi um dia produtivo para o pivô mais filipino da Copa, e seu agente não deve ter gostado nem um pouco. Blatche tentou apenas nove arremessos nesta segunda, em 24 minutos, depois de 42 durante o final de semana. É. Uma lástima, mesmo. O ala De Ocampo teve a audância, vejam só, de arriscar 14 arremessos! De qualquer forma, contra um time baixinho como o argentino, conseguiu pontuar com eficiência, com 14 pontos. Aproveitou também o tiroteio promovido por seus companheiros para apanhar 15 rebotes. Neste quesito, lidera todo o campeonato até agora, com média de 13,7.

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foi dia de festa e alegria! Depois que os gregos abriram 19 pontos de vantagem no primeiro tempo, o emergente treinador Fotis Katsikaris teve liberdade para deixar o garotão em quadra. Mesmo com os porto-riquenhos repentinamente apertando o placar no quarto período, o ala já havia se estabelecido de tal forma que não dava para tirá-lo. No fim, comemorou a vitória por 90 a 79 e uma vaga nos mata-matas. A exuberância atlética de Giannis ficou mais uma vez evidente. Mas ele deu diversas amostras de que seu jogo tem muito conteúdo para além da forma, da estética, surpreendendo seus adversários, forçando erros, botando pressão. Marcou 15 pontos em 23 minutos, novamente descolando muitos lances livres (7 cobrados). Dois deles saíram desta forma, deixando Renaldo Balkman (que fez ótima partida, diga-se, com 23 pontos, 5 rebotes e 4 roubos e bola). Reparem que ele precisa de dois dribles para chegar ao garrafão e fazer a bandeja:

GIF: Giannis Antetokounmpo strips Renaldo Balkman, runs the f... on Twitpic

Tuitando:

 

As Filipinas são completamente apaixonadas pelo basquete. Talvez sejam a Lituânia da Ásia, grosso modo. Neste Mundial, além de Blatche, eles bem que poderiam contar com uma, digamos, forcinha do pugilista Manny Pacquiao, que está bem distante da Espanha. O supercampeão mundial bateu uma bola nas quadras de treino do Warriors na Califórnia.

 
A Croácia precisava de um arremesso de três pontos para levar o jogo ao tempo extra, depois do armador Xaviler D'Almeida matar dois lances livres. O ala Krunoslav Simon, que, na temporada, fez algumas cestas milagrosas pelo Lokomotiv Kuban, achou que era a hora de ele se consagrar também em uma plataforma Mundial. Partiu para o arremesso da foto acima. Que tal?


Espanha domina Brasil, com Pau Gasol soberano e sem apito
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Giancarlo Giampietro

Pau Gasol, Espanha, Copa do Mundo, Brasil

Chega uma hora em que você apanha, apanha e apanha, que não adianta mais reclamar de qualquer apito amigo para o adversário. Apanha na bola, no caso. Sim, houve marcações bem duvidosas para o time… da casa. Mas se formos ver o número de faltas apitadas nesta segunda-feira, teremos 21 de jogadores espanhóis, contra 20 de brasileiros. Essa, ao meu ver, seria a principal forma de uma arbitragem influenciar um jogo, e os anfitriões foram mais penalizados em 40 minutos.

Como se fosse necessário recorrer a isso. Na terceira rodada desta Copa do Mundo de basquete, o Brasil conheceu sua primeira derrota, e de modo acachapante, perdendo por 82 a 63 para a Espanha.

Um placar dilatado, mas que não chega a ser absurdo. Os atuais vice-campeões olímpicos têm muito mais time, tecnicamente. Do 4 ao 15, vão vencer praticamente todos os embates individuais. E isso significa muito menos uma crítica aos homens em que Rubén Magnano confia para sua rotação do que um elogio ao que os caras têm para oferecer hoje. Quer dizer: hoje, não, mas há tempos.

Pau Gasol sobe com liberdade para o chute. Arsenal completo de um jogador superior

Pau Gasol sobe com liberdade para o chute. Arsenal completo de um jogador superior

Os mais velhos dessa seleção espanhola já ganharam um Mundial em 2006. Levaram também duas medalhas de prata nos últimos dois Jogos Olímpicos. Chegaram ao pódio nas últimas quatro edições do EuroBasket, ganhando duas delas. Vocês vão me desculpar se tudo isso parece muito redundante, mas talvez não custe relembrar esses feitos. Para sabermos bem, exatamente quem estava do outro lado.

Há mais dados para serem considerados. Como o simples fato de que o atual elenco espanhol tem mais rodagem, mais minutos de quadra em jogos de NBA do que o próprio Team USA. Se aceitarmos a liga norte-americana como a melhor do mundo, isso diz muito, não? Vamos notar que nessa seleção apenas o ala-pivô Felipe Reyes não tem um vínculo direto com o campeonato. De resto, todos jogam, jogaram ou vão jogar por lá – dependendo do interesse de Sergio Llull e Álex Abrines.

Enfim… Poderíamos ir longe aqui.

Mas basta ver um primeiro quarto de domínio completo por parte de Pau Gasol para entendermos que a superioridade nem precisa ser justificada em números e retrospecto. Depois de passar dois anos inteirinhos sendo mal-tratado e alienado por Mike D'Antoni em Los Angeles, o camisa 4 espanhol parece determinado a mostrar que é, sim, um dos melhores do mundo ainda – e que o Chicago Bulls pode tê-lo contratado a peso de banana.

O astro tirou do fundo do baú até mesmo um elemento que andava esquecido em seu arsenal: o chute de longe, acertando três em cinco tentativas. Segundo o estatístico Mr. Chip (não riam, o cara é sério e bom pacas), ele não matava três chutes de longa distância pela Espanha há 13 anos. A última vez havia sido em setembro de 2001, contra a Alemanha. Agora, o fato de ele não converter esses arremessos com frequência não quer dizer que ele não possa fazer um estrago dali. Ainda mais quando livre, leve e solto. O que não pode acontecer com um atleta tão decisivo: a Espanha venceu seus últimos 13 jogos com ele em quadra, por uma média de 22 pontos de diferença.

Os pivôs brasileiros são excelentes, mas foram oprimidos pelo craque e seu irmão(zinho?!) Marc. Tentaram combater enquanto foi possível, mas os hermanos catalães são mais altos, mais fortes e mais técnicos. De novo: isso não é um pecado brasileiro, mas, sim, virtudes espanholas. Temos ouvido durante os amistosos e toda a competição como o nosso garrafão seria o melhor do mundo. Esqueceram, convenientemente ou não, os Gasol (e de Ibaka e Reyes).

A Espanha levou a melhor nos rebotes (41 a 32) – em praticamente todos os fundamentos. Além disso, mais importante, protegeu sua cesta com muito mais propriedade, com uma defesa compacta, que forçou apenas seis desperdícios de posse de bola, mas soube se fechar. Se, no total de pontos no garrafão, tivemos um escore equilibrado (28 a 26 para os donos casa), em termos qualitativos o rendimento dos oponentes foi bem superior: 54% nas bolas de dois contra 43%. Limitar o jogo interno brasileiro é essencial, uma vez que a equipe de Magnano não oferece muito perigo nos tiros de fora (3/10 hoje, 31,7% no geral em três partidas).

Sergio Rodríguez deixa defensores brasileiros para trás para um chute sem contestação

Sergio Rodríguez deixa defensores brasileiros para trás para um chute sem contestação

Do outro lado, aliás, a defesa brasileira não conseguiu desestabilizar a armação espanhol do jeito que gosta. Não era fácil, mesmo: Ricky Rubio, Juan Carlos Calderón e os dois Sergios seriam titulares em grande parte da concorrência, se contratados naturalizados. Larry, Alex, Raulzinho e qualquer outro poderiam apertar o quanto quisessem, que o controle de bola desse quarteto não sofreria muito.

Enfim, num grande tabuleiro, é difícil encontrar uma área em que o Brasil tenha se imposto em quadra – ou, na verdade, em que pudesse se impor. A Espanha não tem muitos pontos fracos a serem explorados. Do ponto de vista individual, sempre que Navarro e Calderón estivessem em quadra, deveriam ser atacados se modo incessante por Leandrinho, ou Marquinhos, por exemplo. Esse jogo de gato-e-rato, porém, foi pouco praticado. Desde o início de jogo, o ataque brasileiro partiu para o confronto interno, mas em bolas previsíveis, diretas, em ações de mano-a-mano, nas quais os Gasol sobraram. Juntos, Nenê, Splitter e Varejão somaram 23 pontos. Pau Gasol, só ele, terminou com 26. Ibaka e Big Marc combinaram para 13 pontos. A partir do momento em que os titulares se estabeleceram, as dobras começaram a vir, e a turma do perímetro aproveitou (8/19, 42%, descontados os disparos do camisa 4).

Diante de um cenário desses, ao menos valeu ouvir um ponderado Varejão em entrevista ao SporTV ainda em quadra. Falando muito mais em erros próprios, que precisam ser estudados e repassados em vídeo, pensando, quem sabe, num eventual reencontro mais adiante, se ele chegar. Sem importar o apito, tentando encontrar um modo de parar Pau Gasol e um timaço.


O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo ''torneio de consolação'' – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: ''Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo''. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: ''Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós''.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

No Twitter:

A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


Contra o Irã, a vitória anunciada, mas reforçando percepções
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Giancarlo Giampietro

Defesa forte de um time competitivo, mas ataque ainda devendo na meia quadra

Defesa forte de um time competitivo, mas ataque ainda devendo na meia quadra. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Não tem muito para escrever depois de um jogo contra o Irã. O Brasil se atrapalhou um pouco no primeiro quarto, em qual perdeu por 18 a 17 . Mas digamos que tenha sido o tempo de aquecimento necessário. Dez minutos, e pronto: começou a sacolada, com a seleção vencendo por 77 a 50.

Os iranianos são os chefões na Ásia, mas não têm consistência, nem talento para segurar a onda com um time que sonha com medalha na Copa do Mundo de basquete. Era jogo para Marcelinho Machado (16 minutos) acumular mais milhas num torneio desse nível, para Guilherme Giovannoni (14 minutos) bater uma bola e desenferrujar etc.

Por outro lado, considerando os números finais da partida, a pelada deste domingo acaba reforçando algumas impressões sobre o time de Rubén Magnano: a defesa é intensa, está muito bem preparada. A contagem atingida pelos asiáticos foi a menor do torneio até aqui – na jornada de abertura, os Estados Unidos haviam segurado a Finlândia com 55 pontos – a mesma quantia que a Coreia do Sul fez neste domingo contra a Austrália.

E o  ataque? Nem tanto.

Mas como nem tanto? Não marcaram 79 pontos?

Sim, e digo mais: com aproveitamento alto nos arremessos de quadra: 54%.

Bem, uma boa parte destes pontoas saiu em contra-ataque: 28, na sequência de diversos desperdícios de bola do adversário (24!). A defesa que gerou o ataque, e não há nada de errado com isso – é o jeito mais fácil de encestar. Agora, contra equipes de ponta, com armadores um pouco – ou muito – mais qualificados, esses pontos em transição caem dramaticamente. Na véspera, contra a França, foram apenas quatro. Contra a Espanha, que tem a melhor combinação de armadores do Mundial – Calderón, Rubio, Rodríguez, Llull, quatro jogadores que seriam titulares em praticamente todas as seleções do torneio –, as oportunidades também serão limitadas.

Aí tem de produzir em meia quadra, e até agora as coisas não têm funcionado muito bem nesse tipo de situação. Mesmo hoje, diante de uma defesa baixíssima, pouco atlética, a seleção cometeu 19 turnovers. Boa parte deles no início preguiçoso de partida, é verdade. Mas a movimentação reduzida de bola – e fora da bola – se sustentou, com elevado número de erros de passes, de fundamentos. Nos tiros de fora, mesmo com toda a liberdade do mundo, o aproveitamento foi baixo: 33%. Vale destacar, contudo, que o volume dos arremessos do perímetro foi reduzido (15 dos 59 arremessos), mesmo sem contestação alguma na linha perimetral.

Daqui para a frente, só resta mais uma baba: o Egito. De resto, será só pedreira, só times de ponta, contra os quais o Brasil vai competir para valer, por conta de seu revigorado ímpeto defensivo. Houve um tempo em que chorávamos por um time que protegesse melhor sua cesta. Ele está aí agora, mas com carências do outro lado. Essa combinação deixa as previsões um pouco mais turvas. Nada tão seguro como um triunfo contra iranianos.


O 1º dia da Copa do Mundo de basquete
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, sobre a rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a França, clique aqui.

O jogo do dia: Croácia x Andray Blatches (vulgo Filipinas)
Quem diria, né? O jogo de abertura da Copa do Mundo também foi aquele mais dramático, definido apenas na prorrogação, com as Filipinas dando um senhor susto na Croácia. A equipe balcânica chegou a abrir vantagem de 15 pontos. Venceu o primeiro quarto por 23 a 9, mas permitiu a reação do oponente.  No quarto período, Jeff Chan teve a bola do jogo nas mãos, mas errou um arremesso de três, desequilibrado, no estouro do cronômetro. No minuto final da prorrogação, o classudo Bojan Bogdanovic matou quatro lances livres, chegando a 26 pontos, para afastar a zebra (81 a 78) e esfriar a galera filipina, que lotou a arena em Sevilha. É deste Grupo B que sairá o adversário brasileiro nas oitavas de final.

Jeff Chan, foi quase

Jeff Chan, foi quase

A surpresa
Selem Safar. Aos 27 anos, ala argentino fez sua estreia numa competição de alto nível – sim, a esculhambada Copa América de 2013 não conta – e arrepiou a defesa porto-riquenha ao anotar 18 pontos em 29 minutos. Um terço de seus pontos vieram de tiros de longa distância, com 4/8, número fundamental para abrir a quadra para Scola, Herrmann e Nocioni operarem (50 pontos para o trio + 30 rebotes!!!). O resultado foi uma sacolada inesperada dos hermanos neste clássico latino-americano: 98 a 75. Safar é daqueles arremessadores, digamos, temperamentais. Nas últimas três temporadas da liga argentina, teve, respectivamente, 38,7%, 32,5% e 37,6% de aproveitamento. Quando pega confiança, porém, vira um terror. Raulzinho e Rafael Hettsheimeir, que o enfrentaram no Sul-Americano, sabem. No quarto período, engatou uma sequência de disparos da zona morta que culminou em virada na semifinal.

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

A surra
Os Estados Unidos venceram a… Finlândia. Por 114 a 55. Agora espere um pouco, por favor. Vamos fazer umas contas.

(…)

(…)

É, dá mais que o dobro.

Foi a maior contagem de uma equipe na jornada de abertura, acima dos 98 da Argentina. Klay Thompson se esbaldou, com 18 pontos em 22 minutos. Pegava na bola e fazia cesta. Mas sua média fica bem abaixo do que Anthony Davis conseguiu. O monocelha marretou 17 pontos em 14 minutos. Baita apelão. Os 12 atletas norte-americanos pontuaram.

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Alguns números
100% –
O pivô Jonas Valanciunas não errou nenhuma de suas oito tentativas de cesta em vitória da Lituânia contra o México por 87 a 74. O curioso é que, com o jogador do Toronto Raptors em quadra,  sua seleção perdeu por -2 pontos.

37,7% – Das equipes que conseguiram vencer neste sábado, o Brasil teve o pior aproveitamento nos arremessos: 37,7%, bastante atrapalhado pela envergadura dos defensores franceses e também por sua própria movimentação de bola deficiente. Mesmo os sacos de pancada Egito e Irã foram superiores neste quesito, com 39% e 38,1%, respectivamente.

34 + 33 – Pau Gasol iniciou de maneira dominante aquele que talvez seja seu último torneio pela Espanha. Contra a frágil equipe do Irã, em vitória por 90 a 60, ele marcou 33 pontos em 29 minutos, acertando 60% dos seus arremessos e 90% nos lances livres. Foi o cestinha da rodada e também o atleta com o maior índice de eficiência (34, contra os 26 do senegalês Gorgui Dieng em derrota por 87 a 64 para a Grécia).

26 – minutos em que Goran Dragic foi aproveitado pela Eslovênia em vitória sobre a Austrália por 90 a 80. O jogo não foi fácil. Então por que o astro do Phoenix Suns ficou 14 minutos no banco de reservas? É que a franquia do Arizona e a federação eslovena chegaram a um acordo: existe um limite de minutos para que o armador seja aproveitado – uma situação que vale monitorar daqui para a frente. Contra os aussies, ele também cometeu quatro faltas, o que também contribui. o Quando jogou, Dragão aproveitou ao máximo, somando 21 pontos, sete rebotes e quatro assistências.

18 – Foi o número de assistências que Pablo Prigioni e Facundo Campazzo somaram. Para contextualizar, apenas dois times no geral deram mais passes para cesta do que os dois armadores argentinos: EUA (20) e Grécia (19). Esta vitória argentina rendeu, viu?

10 – Foram os limitados minutos para Omer Asik na estreia turca. Que coisa. O veterano Keren Gonlum e o jovem Furkan Aldemir começaram como titulares. Mas quem mandou bem, mesmo, no garrafão foi o gigante Ogus Savas, do Fenerbahçe, que anotou 16 pontos em 12 minutos, acertando 5/8 nos arremessos e 6/7 nos lances livres.

Um causo
A Nova Zelândia abriu sua participação na Copa do Mundo da mesma maneira de sempre: fazendo o Haka em quadra. Acontece que a Turquia não deu nem tchum para eles. Foram para o banco bater um papo com o técnico Ergin Ataman. O gesto teria sido considerado ofensivo pelos Kiwis. ''A Turquia sempre nos respeitou nas outras vezes que jogamos, mas hoje, não. Eles ofenderam algo que representa nosso país, nossa cultura, nossa tradição. É uma coisa para eles falarem. Nós temos muito orgulho de fazê-lo. É algo que nos une e que seguiremos fazendo no resto do torneio'', afirmou o pivô Frank Casey, de 36 anos, que é americano naturalizado neozelandês. Ataman respondeu: ''Respeitamos muito a importância do Haka para a Nova Zelândia, mas queria manter concentrada nossa equipe, porque se tratava de um jogo importante. Se todas as equipes fizerem um ritual histórico de dois minutos anes dos jogos, não nos concentraremos''. A Turquia venceu por 76 a 73. Concentração é tudo.

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Andray Blatche: contagem de arremessos
24! – O jogador mais filipino do torneio saiu de quadra todo orgulhoso com seu esforço: tentou 24 dos 79 arremessos do time asiático, que quaaaase derrotou a Croácia. Seu aproveitamento foi de 7/20 nos tiros de dois pontos e 3/4 de longa distância (28 pontos, com mais 12 rebotes). Mas não importa: se os alas Jeff Chan e Marc Pingris não tivessem ousado combinar para 18 arremessos entre eles e feito mais passes para Blatche, quem sabe não teriam vencido o jogo!? Absurdo.

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Nueva Zelanda estuvo a punto de dar la sorpresa e imponerse a Turquía en su primer partido en el Mundial. Un choque que estuvo marcado por la tradicional 'haka' maorí que los otomanos tuvieron a bien ver desde el banquillo creando una fuerte controversia

''Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo'', señaló a MARCA Frank Casey, jugador de Nueva Zelanda.

''Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo'',

''Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo'',

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foram 11 pontos em 19 minutos para o prodígio grego, com mais cinco rebotes e três roubos de bola contra o Senegal de Gorgui Dieng. Detalhe: sete pontos saíram na linha de lance livre, numa prova da mentalidade cada vez mais agressiva do ala do Milwaukee Bucks. Agora, se sete pontos saíram desta maneira, sobram apenas quatro para cestas de quadra. Dois deles saíram assim:

   

Tuitando:

Com cinco jogos em seis dias pela primeira fase, tem de se cuidar, mesmo. E será que tem algum jogo em que Varejão não saia estrupiado?

O analista do NBA.com geralmente se apega aos números. No mundo Fiba, solta um pouco seu humor com uma performance dominante de Pau Gasol – contra ala-pivôs iranianos.


Ex-dirigente do Phoenix Suns, hoje colunista do ESPN.com, Amin Elhassan relembra a dificuldade do time em acertar o nome do finlandês Petteri Koponen durante os treinos pré-Draft. Koponen, um armador vigoroso, acabou sendo escolhido pelo Portland Trail Blazers no Draft, antes de ser repassado para o Dallas Mavericks. Mas ele nunca jogou nos Estados Unidos. Hoje defende o Kimkhi, da Rússia.


Armadores brilham, mas pivôs também ajudam em vitória brasileira
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Giancarlo Giampietro

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Olhando de primeira, a França não é um time que você vá julgar como de ''garrafão forte'', de ''referências no jogo interno'' etc. Mas a verdade, mon Dieu, é que eles têm um conjunto de gente explosiva e loooooonga, comprida, de muita envergadura, mesmo. Um pacote atlético que dificultou ao máximo a vida dos pivôs brasileiros no jogo de estreia na Copa do Mundo de basquete.

Justamente os pivôs, o ponto forte da seleção de Magnano. Atração nos amistosos, o quarteto Spliter-Nenê-Varejão-Hettsheimeir foi limitado a apenas 19 pontos neste sábado, em Granada. Se fôssemos analisar este número num vácuo, pareceria uma tragédia. Derrota na certa, né? Acontece que os ''baixinhos'' contra-atacaram dessa vez, liderando o Brasil para uma importante vitória por 65 a 63.

Não foi bonito – faltam mais passes no ataque, muito mais movimentação fora da bola, tecla que vendo batida há tempos. Não foi fácil – e, tirando Irã e Egito, dificilmente esse panorama vai se alterar, até pelo problema citado. Mas já valeu para levar a melhor num confronto direto, que de cara deixa a equipe em boa posição pensando na classificação geral do grupo e no emparelhamento dos mata-matas.

Por falar em matar, Marcelinho Huertas, depois de um acidentado primeiro tempo, apareceu de modo decisivo na segunda etapa. O armador anotou oito pontos nos últimos quatro minutos, encarando a defesa francesa. Em situações de pick-and-roll, os adversários priorizaram descaradamente a contenção dos grandalhões brasileiros. Huertas soube, então, aproveitar os espaços para entrar no garrafão e usar seu arsenal de tiros em flutuação para machucá-los. Algo que fez a diferença, para atenuar o drama de novas falhas nos lances livres,  com quatro bolas desperdiçadas nos dois minutos finais (sem contar a última de Marquinhos).

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado)

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado). Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

O veterano do Barcelona foi quem carregou o time nos instantes derradeiros, terminando com , mas foi o jovem Raulzinho quem segurou as pontas entre os segundo e terceiro períodos. Extremamente combativo, importunou Thomas Heurtel e, especialmente, o lento-quase-parando Antoine Diot, ajudando a defesa brasileira a mudar o ritmo da partida.

A França havia começado de modo impositivo. Boris Diaw deitou e rolou contra Nenê, flutuando no perímetro. Nicolas Batum estava com a munheca em dia. Rudy Gobert veio do banco para dominar o garrafão por alguns minutos. Chegaram a abrir nove pontos de vantagem. A partir das trocas, um festival de substituições que mata qualquer diretor de transmissão, perderam rendimento, mas muito por conta do abafa promovido pelos brasileiros.

A seleção realmente brigou pela bola. Algo que é elementar, oras, mas nem sempre acontece – e pondo isso de maneira geral, sem ser algo especificamente direcionado para o time de Rubén Magnano. Contra atletas como Gelabale, Batum, Diaw, Pietrus, Gobert, é preciso inteligência, mas igualmente não podem faltar intensidade e determinação.

Nesse ponto, foi muito bom ver a postura de Raul, que oscilou tanto na fase preparatória, mas respondeu ao desafio no primeiro jogo para valer. Foi tão bem, que Larry nem precisou ser acionado (apenas 3min51s para o americano). No ataque, o armador do Murcia também também teve o pulso firme: não cometeu nenhum desperdício de bola em 17min29s de ação. Terminou com seis pontos e, segundo a estatística oficial, sem nenhuma assistência. Mas isso é piada: houve pelo menos um momento em que serviu a Splitter no contra-ataque, num passe que teria de ser computado. Foi de Raul o maior saldo de cestas brasileiro: +10, seguido pelos +8 de Varejão. Energia traduzida da melhor forma.

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

Do incansável Alex, já esperávamos isso. Fez o que pôde para tentar limitar Nicolas Batum, que terminou com 13 pontos e 4/10 nos arremessos. É difícil marcar o ala fora da bola, devido a sua velocidade e impulsão. No ano a mano, o ala do Portland Trail Blazers não conseguiu produzir contra o brasileiro. Já o empenho de Marquinhos vale como uma grata surpresa, convenhamos. Não é tão comum vê-lo com tanta vitalidade em quadra. Muito mais no ataque, partindo para a cesta, em vez de estacionar no perímetro para algumas bolinhas marotas de três – na defesa ainda é propenso a alguns lapsos daqueles. De qualquer forma, esse espírito fogoso veio em boa hora para o flamenguista, para fazer frente a Gelabale, um ala discreto, mas que causa impacto com sua envergadura e presença física.

Até porque a rotação de laterais brasileiros vai se encerrar por aí. Marcelinho Machado foi chamado por Magnano no segundo quarto, e o que a França fez? Nas três primeiras posses de bola, atacou o camisa 4 sem pestanejar. Primeiro com Gelabale de costas para a cesta: dois pontos. Depois, com Edwin Jackson, mais baixo e explosivo, em corte frontal, forçando a falta. Depois, Machado conseguiu um desarme, impedindo que Gelabale recebesse a bola, mas foi com uma ajudinha de Varejão para diminuir espaços.

Varejão, aliás, foi o melhor dos pivôs hoje. Muito menos pelos 8 pontos marcados em 21 minutos do que pelo alvoroço de sempre que ele apronta em quadra, sempre ativo nos rebotes, ressuscitando diversos ataques falhos brasileiros (foram cinco apanhados na tábua ofensiva). A agilidade do carioca também impressiona quando ele faz o combate na dobra num pick-and-roll e consegue se recuperar sem deixar que seu homem ganhe terreno.

Nenê coletou 8 rebotes, mas cumpriu um primeiro jogo quém das expectativas, visivelmente incomodado com os movimentos dos atléticos defensores franceses vindo do lado contrário (não foi um privilégio seu:  Splitter também levou tempo para entender a melhor forma de enfrentá-los, terminando com 6 pontos e 3 rebotes). O pivô do Washington Wizards acertou apenas 2 de 6 chutes de quadra, sendo bloqueado pelo menos em duas ocasiões. Além disso, cometeu quatro turnovers e simplesmente não conseguia frear Diaw do outro lado.

Quando o ala-pivô francês, um craque, atacaou  mais perto da cesta, o são-carlense e, principalmente, Splitter tiveram um pouco mais de sucesso. Em geral, porém, o atleta do Spurs foi soberano em suas ações internas, com 6/10 nos chutes de dois, somados a suas cinco assistências em 29min51s. Com Diaw em quadra, a França teve saldo positivo de 6 pontos, registre-se.

Coletivamente, no entanto, os pivôs brasileiros foram valiosos para controlar a batalha dos rebotes, um ponto-chave para este confronto: 42 a 30. Mais importante: os franceses apanharam apenas quatro rebotes ofensivos contra 16 dos vencedores. Considerando que, no geral, o Brasil acertou apenas 37,7% de seus arremessos (16/42, sendo 5/15 dos três pontos), esse número ganha uma relevância considerável. Isto é: ainda que a pontuação da linha de frente tenha sido baixa, essa não é toda a história.

Então vale revisar um pouco a coisa: os protagonistas na vitória foram os armadores. Mas os valentes grandalhões também deram um belo dum empurrão, fazendo o serviço sujo de modo competente.

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro


Brasil e Espanha respiram aliviados em Mundial de desfalques
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Giancarlo Giampietro

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

O Brasil tem um time rodado, o elenco mais experiente de todos os 24 inscritos na Copa do Mundo de basquete. Com o mesmo grupo, trocando Caio Torres por Rafael Hettsheimeir, terminaram as Olimpíadas de Londres 2012 com o quinto lugar.

São dois pontos importantes para justificar qualquer otimismo que o Basqueteiro da Silva possa sentir em relação ao torneio que começa neste sábado.

Mas saiba que há mais um elemento importante a ser considerado: entre as seleções que afirmam publicamente que jogam por uma medalha neste Mundial, apenas o Brasil e a anfitriã Espanha vão levar para quadra o que no jargão da imprensa esportiva se chama de “força máxima”.

Rubén Magnano, que tanto chiou no ano passado ao final de uma vexatória Copa América, tem agora ao seu dispor a lista que julga ideal. Justamente num campeonato em que seus principais concorrentes estão seriamente avariados.

Se é para falar em desfalque, a lista começa obrigatoriamente com os Estados Unidos da América. O Coach K teve de montar sua lista final sem LeBron James, Kevin Durant, Carmelo Anthony, Russell Westbrook, Paul George… (respirem fundo, que ainda tem mais)… Kevin Love, Blake Griffin e LaMarcus Alridge. Isso para não falar de Michael Jordan, Wilt Chamberlain, Mugsy Bogues, John Isner e os Harlem Globe Trotters. Ainda assim, são candidatos ao ouro, claro – mas sem amedrontar tanto os donos da casa.

A França, campeã europeia, não vai contar com os pontos, assistências e, principalmente, liderança de Tony Parker, seu Macho Alfa. Se já não fosse duro o bastante, ainda perderam seus dois melhores pivôs: Joakim Noah e Alexis Ajinça, duas baixas seriíssimas para sua defesa, além do fogoso e criativo ala-armador Nando De Colo. Resulta que a dupla Boris Diaw e Nicolas Batum vai ter de mostrar do que é feita. Acostumados a vida toda a escoltar Parker – e outras estrelas como Roy, Lillard, Nash, LaMarcus, Duncan, Stoudemire etc. em suas carreiras –, os dois agora têm de canalizar todo o seu talento como referências primárias. Era para os Bleus estarem no topo da pirâmide dos favoritos, mas eles acabam rebaixados ao segundo escalão.

Mesmo nível em que aparece a Lituânia não tinha o estourado ala-pivô Linas Kleiza, cestinha que, quando em forma, pode ajudar qualquer time do mundo. Mas ainda poderia conviver com isso, já que há pivôs de sobra por lá. O problema sério foi ter perdido, de última hora, seu armador Mantas Kalnietis, que deslocou o ombro no último teste da seleção. O cara não é cerebral, não está nem entre os 20 melhores do mundo em sua posição, mas calha de ser o único do país com tarimba para liderar um time desses, a despeito de seus arroubos de loucura aqui e ali. Basicamente: era o jogador que os lituanos não podiam perder.

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Na Argentina, a lamentação fica por conta da ausência de Manu Ginóbili, primeiro, e de Carlos Delfino, em segundo. Manu tentou de tudo para se alistar, mas o Spurs disse não, preocupado com a recuperação de uma fratura por estresse na perna. Delfino nem jogou a temporada depois de passar por uma cirurgia no pé direito. Os dois eram basicamente as únicas opções seguras de pontuação no perímetro para Julio Llamas, que agora se vê com um elenco desbalanceado – Scola, Nocioni e Herrmann jogam basicamente na mesma posição hoje em dia.

Já está bom?

Nada, tem muito mais.

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

A Eslovênia poderia ter um baita time, mas, por motivos diversos, seja de disputas de ego ou lesões, vai com uma equipe remendada para o Mundial. Enquanto Goran Dragic estiver inteiro, eles terão chances. Mas o fato é que sua cotação nas casas de apostas seria mais elevada se o pivô Erazem Lorbek (que não fez uma boa temporada pelo Barcelona, mas ainda é um craque) tivesse pedido dispensa e se Dragic, Beno Udrih e Sasha Vujacic levantassem a bandeira de paz. Boki Nachbar ainda poderia ajudar, caso não tivesse se despedido da seleção.

Por falar em despedidas e seleções balcânicas, bem que o veterano e ainda produtivo Zoran Planinic poderia dar uma forcinha para sua Croácia. Ainda na região, a Sérvia não vai poder contar com o jovem armador Nemanja Nedovic, lesionado, e com o ala Vladimir Micov, que brigou com o técnico. São coadjuvantes, mas estariam entre os 12 num cenário perfeito.

Se a Grécia ttivesse Vassilis Spanoulis entre seus convocados, também teria subido alguns postos na lista de candidatos ao pódio, mesmo que Dimitris Diamantidis siga aposentado de competições Fiba. Kostas Koufos e Sofoklis Schortsanitis também deixariam o garrafão helênico muito mais pesado, com o perdão do trocadilho. A arquirrival Turquia não é confiável, mas se tornaria mais forte com Ersan Ilyasova formando uma bela linha de frente com Preldzic e Asik. Hedo Turkoglu? Nem levaria, mas fica o registro.

Mesmo meu candidato preferido a azarão do Mundial, Porto Rico, tem seus problemas. Há quem julgue que o gigante PJ Ramos não faça falta – é certamente o caso do técnico Paco Olmos, que se recusou a chamá-lo –, mas não há como relevar a baixa do ala John Holland. Americano de ascendência porto-riquenha, ele não tem muito cartaz neste mundão Fiba, mas se tornou um personagem fundamental para o time devido a sua capacidade atlética, apetite pelos rebotes e defesa. “Grande coisa”, poderia responder o técnico Orlando Antígua, da República Dominicana. “Nós perdemos o Al Horford. O Al Horford, meu craque!!!”

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Do outro lado do planeta, a Austrália ficou sem seus dois principais jogadores: o armador Patty Mills, o explosivo reserva do San Antonio Spurs e também o cestinha das últimas Olimpíadas, operado, e o pivô Andrew Bogut, do Golden State Warriors, que já não tem mais saúde para praticar basquete nas férias.

Se você somar todos os nomes em negrito, vai ver que são mais de 20 jogadores fundamentais fora de combate, além de todas as ausências norte-americanas. Isso tira um pouco do brilho do torneio, mas abre caminho para quem chega inteiro. Mesmo assim, ninguém vai ser insano de dizer ficou “moleza” para Huertas, Splitter, Nenê & Cia. Mas que as chances aumentaram e estão aí, não há dúvida.


A nova geração no Mundial: fique de olho
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Giancarlo Giampietro

Garotada do MundialA vontade era chamá-los de caçulinhas. É um termo que agrada muito  ao blog. Mas a verdade é que a faixa etária dos dez jogadores listados abaixo varia de 17 para 24 anos. Estão em diferentes estágios de desenvolvimento, então vamos de ''nova geração'', mesmo, algo mais abrangente. Independentemente da idade, o papel de cada um deles sem suas seleções também varia bastante. Alguns são protagonistas. Outros só devem receber uma boa quantidade de minutos quando o jogo estiver definido – contra ou a favor. Vamos lá, então:

Anthony Davis (EUA): 21 anos e cinco meses
É até injusto, né? O Monocelha joga tanto, que não deveria estar nem aqui, abrindo a relação. Fatos são fatos, porém. Ele completou apenas sua segunda temporada na NBA. E foi uma campanha daquelas: 20,8 pontos, 10 rebotes e 2,8 tocos, 51,9% nos arremessos e um jogo em expansão contínua, como vemos neste gráfico de arremessos:

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Davis tem matado os chutes de média distância com mais frequência. Esses percentuais só tendem a subir, ainda mais quando tiver ao seu lado um time consistente (Jrue Holiday, Ryan Anderson e Eric Gordon penaram todos com lesões). Basicamente, na NBA a sensação é a de que o ala-pivô está destinado a ser o próximo soberano da liga, chegando logo mais para a disputa com LeBron e Durant. Por ora, com tantos desfalques na seleção americana, o garoto tem a chance de dar um grande salto agora já, assim como o cestinha de OKC fez em 2010. Suas responsabilidades aumentaram, e todos creem que ele está pronto para assumi-las – não há pivô lá fora que consiga competir com ele atleticamente. Quando você o vê em ação, entende rapidamente o apelo: muito ágil, inteligente e explosivo para alguém de seu tamanho e envergadura. Faz estragos no pick and roll e também se sente bem confortável com a bola em mãos, driblando em direção ao aro. Deve ser daqueles atletas de tirar o sono quando observado ao vivo. Que o público na Espanha desfrute.

Dario Saric (Croácia): 20 anos e quatro meses
O prodígio croata está há tanto tempo nas relações de prospectos europeus, que soa também já como um veterano. Em 2011, ele venceu o Nike International Junior Tournament ao lado de Mario Hezonja e foi eleito o MVP da competição. Aí pronto: virou parada obrigatória para qualquer scout. Estamos falando de um rapaz de 2,08 m de altura que enxerga a quadra como um armador. Um jogador verdadeiramente único, difícil de se comparar. Claro que, vindo da Croácia, todo mundo já foi citando logo ''Toni Kukoc'', mas não sei se é por aí, não. Ao mesmo tempo em que chamou a atenção em quadra, nos bastidores Saric se viu envolto por uma série de situações desagradáveis – e um tanto nebulosas. Assinou com o Bilbao, seu time não o liberou, ficou na geladeira, acabou se transferindo para o KK Cibona, também de Zagreb, brigou com o pai, trocou de agentes… Uma epopeia. De qualquer forma, seu talento é tamanho que, independentemente da confusão ao seu redor, na quadra ele acalmava quaisquer dúvidas. Seu progresso está todo documentado pelo obrigatório DraftExpress.

No final da temporada, o croata liderou seu modesto clube a um inédito título na Liga Adriática, com um desempenho espetacular na fase decisiva (veja abaixo na produção formidável de Mike Schmitz, do DX). Foi o MVP do torneio.  Depois, acertou sua transferência para o Anadolu Efes, clube turco que promete bastante na próxima Euroliga, e enfim se decidiu a respeito do Draft da NBA, sendo selecionado pelo Philadelphia 76ers em 12º. Mesmo que não vá fazer a transição para a liga americana agora, atendendo aos anseios do pai, que pede mais tempo na Europa, para ganhar cancha e se desenvolver, ainda mais sob a orientação do legendário Dusan Ivkovic. Chega ao Mundial já como protagonista numa equipe que conta com astros europeus como Bojan Bogdanovic e Ante Tomic. O mesmo ainda não pode ser dito sobre o ala Mario Hezonja, um cestinha muito habilidoso, mas de pouca rodagem na elite.

Bogdan Bogdanovic (Sérvia): 22 anos e dez dias
O ala-armador, que desbancou esse tal de Giancarlo Giampietro como capitão do time da aliteração nominal, é outro que acabou de se transferir para os milionários clubes da Turquia depois de se destacar nos bálcãs e antes de ser escolhido no Draft da NBA (Phoenix Suns, em 27º). Eleito o melhor jogador jovem da última Euroliga pelo Partizan Belgrado, ele vai jogar pelo apelão Fenerbahçe após o Mundial, substituindo seu xará Bojan Bogdanovic (o croata, acima citado, que migrou para o Brooklyn Nets). Antes de sair do Partizan, deixou sua marca nas finais do campeonato sérvio: com 30,8 pontos, 4,8 rebotes e 4,2 assistências, liderou mais uma vitória contra o arquirrival Estrela Vermelha para conquistar seu quarto título nacional, também o 12º seguido do clube. Deve estar pouco idolatrado por lá…

De coadjuvante na base a estrela em ascensão no profissional, Bogdan-Bogdan é um jogador que evoluiu muito nos últimos dois anos, tendo a liberdade para errar e aprender com a camisa do Partizan, clube que compete na Euroliga, mas sem grana para grandes contratações, dependendo muito do desenvolvimento de atletas mais jovens. No ataque, hoje ele faz um pouco de tudo: ameaça nos tiros de três pontos, parte de modo explosivo para as infiltrações e consegue criar para os companheiros, cometendo alguns turnovers no meio do caminho, é verdade. No clube, era o dono da bola. Agora, na seleção, como um dos mais jovens, precisamos ver como será a integração com um casca-grossa como Milos Teodosic e o quanto ele vai deferir para os pivôs mais experimentados.

– Giannis Antetokounmpo (Grécia): 19 anos e oito meses
O ''Greek Freak'' preferido de Milwaukee e já de toda a NBA, na real. A história do ala é tão rica, tão fascinante, que não merece ser descrita em quatro ou cinco linhas – ainda mais pelos paralelos com Bruno Caboclo, no que se refere a sua chegada aos Estados Unidos. Vamos explorar do modo devido após o Mundial, antes de a temporada 2014-14 começar. O que dá para dizer é que, há um ano e meio, Giannis estava jogando na segunda divisão grega e estreando pela equipe nacional sub-20. Hoje, é impossível deixá-lo de fora do time adulto, mesmo que ele esteja longe de ser um produto acabado. Não esperem que ele domine a competição – em sua seleção, a prioridade, por enquanto, é de veteranos como Calathes, Printezis, Bourousis e Papanikolau. Não deve chegar nem a 10 pontos ou 25 minutos por jogo. Mas fique atento aos seus flashes de exuberância atlética durante as apresentações helênicas e sua fluidez com a bola, que impressiona Jason Kidd. Na NBA, vocês sabem, né? Depois do que fez em sua primeira temporada, considerando quão inexperiente é, há gente de respeito que crava: vai ser uma superestrela.

Dante Exum (Austrália): 19 anos e um mês
Com todos esses jogadores, é preciso calma. Especialmente com Exum. Estamos falando de outro menino bastante badalado desde muito cedo. O pessoal baba ao falar deste menino e sua velocidade e desenvoltura com a bola. Ele foi o quinto selecionado no último Draft da NBA. Se é tão bom assim, então por que cargas d'água ele fica no banco da seleção australiana, ainda mais sem Patty Mills? Porque os Boomers não têm pressa nenhuma com seu jovem armador, por mais que velocidade seja o forte do atleta. Ainda vai chegar o momento dele. Por enquanto, em seu primeiro campeonato adulto oficial, sua missão é entrar no decorrer da partida e tentar dar mais agressividade ao ataque de um time que terá uma formação inicial bastante pesada, centrada nos pivôs Aaron Baynes e David Andersen, com Matthew Dellavedova, sólido calouro do Cavs, organizando as coisas. Não dá para esperar que ele faça isso aqui (Mundial Sub-19 de 2013):

–  Joffrey Lauvergne (França): 22 anos e 11 meses
   Rudy Gobert (França): 22 anos e dois meses
Gobert nem seria convocado não fossem os diversos desfalques da seleção francesa no garrafão, como Joakim Noah e Alexis Ajinça. Lauvergne seria reserva, se tanto. Ian Manhinmi e Florient Pietrus devem ganhar seus minutos ao lado de Boris Diaw, mas é de se esperar que, com o decorrer da competição, os mais jovens ganhem espaço, por um estilo de jogo que se encaixa melhor com seus companheiros – e também porque já são melhores que os veteranos. Cá estão os dois pivôs com a obrigação de proteger a cesta dos Bleus, que entram no Mundial como os atuais campeões europeus. Quer saber? Os adversários que não os menosprezem.

Draftado e tido em alta conta pelo Denver Nuggets, Lauvergne foi companheiro de Bogdan-Bogdan no Partizan e liderou a Euroliga em rebotes (8,6 por jogo), além de ter marcado 11,1 pontos por jogo em sua segunda campanha pelo torneio continental. Sua presença em quadra é realmente entusiasmante, aprontando um alvoroço diante das tábuas ofensiva e defensiva. Tem um ótimo senso de colocação além de energia e mobilidade – bons complementos para Diaw. Neste ano, vai jogar pelo Kimkhi Moscou, fora da Euroliga. Já Gobert jogou bem menos na temporada passada, esquentando o banco em Utah, mas, a julgar pelo que fez na Summer League de Vegas e nos amistosos, parece pronto para se fixar tanto na rotação de sua seleção como na do Jazz. O pirulão não precisa pontuar muito. Na defesa, é um substituto ideal para Ajinça devido a sua envergadura e habilidade nos tocos. Veja o tamanho do cara:

Cedi Osman (Turquia): 19 anos e quatro meses
Existem armadores altos e existe Osman, de 2,03 m de altura e grande aposta de uma nova safra de jogadores turcos que tem tudo para dar um trabalho danado no próximo ciclo olímpico – junto com os canadenses. Vindo de sua primeira temporada de Euroliga, o adolescente acabou de conquistar o ouro e o prêmio de melhor jogador do Eurobasket Sub-20 deste ano, na Grécia. Brilhou quando valia mais, na reta final do torneio, com 63 pontos, 16 rebotes, 9 assistências e 68,9% nas últimas três partidas (é o canhotinho camisa 8 no vídeo abaixo, um compacto da final). Os jogadores mais experientes da Turquia, Arslan, Tunçeri, Ermis e Guler, são tão inconsistentes, erráticos que não será de se assustar se Osman ganhar tempo de quadra. Ainda mais tendo lado do ala Emir Preldzic, um autêntico point forward, nos moldes de Saric, que será seu companheiro no Anadolu Efes. Tendo os Estados Unidos em seu grupo, vai ser avaliado de perto pela NBA.

Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia): 17 anos e dois meses
Não custava nada: por mais jovem que Mykhailiuk fosse, não é que Mike Fratello tivesse tanto talento assim ao seu dispor para nem menos convocar a sensação do país para treinar com o time principal. É um gesto recorrente, que Magnano já havia feito por aqui com Raulzinho, por exemplo. Não prometia nada. Pelo contrário: dizia que era muito difícil que o ala-armador, magrelo toda vida, conseguisse uma vaga no grupo do Mundial. Semanas depois, como já adiantamos neste apanhado geral aqui, o moleque vai para o torneio como seu atleta mais jovem. Esse, sim, um caçulinha. Um precoce que já compete na primeira divisão em seu país e chamou a atenção no Nike Hoop Summit deste ano, aos 16, mesmo sendo bem mais jovem que a concorrência. Capacidade atlética acima da média, um arsenal já impressionante de movimentos no ataque, boa leitura de jogo e personalidade a ponto de ser fominha por vezes. Um potencial tremendo, mas que não deve jogar muito nas próximas semanas, não. Ainda é muito frágil fisicamente. Detalhe: já está comprometido em defender a universidade de Kansas na próxima temporada. O técnico Bill Self não conseguiu esconder a (desagradável) surpresa que teve ao ver o adolescente ser convocado. ''Estou feliz por ele. Mas fico um pouco preocupado que ele vai chegar atrasado, que é o que vai acontecer. E, sem querer colocar muita pressão nele, eu estava esperando que ele realmente estivesse pronto para ser um grande contribuidor para nós no meio de novembro. Agora pode ser que leve um tempo a mais para ele'', disse. Viram só quanto ele está feliz pelo garoto?

Gorgui Dieng (Senegal): 24 anos e sete meses
Eu sei, eu sei: duas dúzias de vida, no basquete de hoje, pode parecer mais as contas de um veterano do que de um noviço. E o curioso é que ''Gorgui'', na língua nativa de Dieng, significa ''O Velho''. Mas o pivô do Minnesota Timberwolves é mais um daqueles que começou a jogar tarde, ainda mais num nível minimamente competitivo. Ele chegou aos Estados Unidos apenas em 2009, para jogar pela Huntington Prep School, que já trabalhou com Andrew Wiggins e Carlos Arroyo. Ganhou evidência e acertou com Rick Pitino para jogar (e estudar) por Louisville. Progrediu bastante em três anos com os Cardinals e foi campeão universitário em 2013, fazendo a cobertura de uma defesa sufocante com Russ Smith e Peyton Siva. Na NBA, como calouro, levou alguns meses para ele se aclimatar. Quando Nikola Pekovic sofreu mais uma lesão, passou a ser mais utilizado e estourou a boca do balão, com médias de 11,9 pontos e 10,7 rebotes em nove jogos em abril. Em março, já havia tido jogos de 22+21 e 15+15 e 11+17. É uma presença bastante ativa e intimidadora perto da cesta. No ataque, produz bem no high post, como um passador natural e bom chute de média distância, ainda que tenha sido aproveitado muito mais dentro do garrafão – a flutuação ficava por conta daquele tal de Kevin Love. Ele agora vai fazer sua estreia em competições Fiba por Senegal.