Vinte Um

Arquivo : outubro 2015

Wlamir lembra quando pulou o muro para jogar basquete. Nunca mais voltou
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Você já deve ter se deparado, navegando por aí, com a série de documentários “Esporte (Ponto Final)”, né? Que de tão simples é belíssima. Basta uma edição e fotografia elegantes, mas serenas, sem precisar de muita interferência. É só deixar que os protagonistas contem a história. No caso, diversas celebridades do esporte brasileiro, e aqui abrimos espaço para pouco mais de quatro minutinhos com Wlamir Marques, o Diabo Loiro, um dos maiores cestinhas que muita gente nem viu jogar.

Enquanto o blog luta para voltar a sua programação normal, então, segue aqui o presente que é esta entrevista. Ouvir Wlamir falar sobre o bicampeonato mundial, sobre uma época em que a seleção estava estabelecida entre as potências do mundo, suscita muitas sensações. Ao mesmo tempo em que a narrativa te coloca no meio daquele turbilhão que deveria ser o Maracanãzinho em 1963 e se deleita com isso, é inevitável o gostinho de quero-mais, de imaginar quão especial deve ter sido tudo aquilo. Helvídio Mattos já cuidou disso pela ESPN Brasil há alguns anos, mas sempre pode ter mais, sempre se pode produzir mais com esses campeões e cuidar para que essas memórias estejam garantidas para as próximas gerações.  Coisa que esse blog aqui simplesmente ainda não teve tempo de tocar, pois também não dá para fazer de qualquer jeito – tem de ser um trabalho que faça jus a suas façanhas. Certamente não foi o caso da equipe do diretor Giuliano Zanelato.

Hortência, Paula e Oscar também dão as caras na série. Aguardamos as entrevistas deles na íntegra.


Jukebox NBA 2015-16: Celtics, David Bowie e as constantes mudanças
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-stevens-bowie

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Changes”, por David Bowie

Por quê? David Bowie foi um dos maiores camaleões da história da indústria pop. Um torcedor do Boston Celtics regular teria dificuldade em listar ao menos 10 jogadores do elenco do clube nas últimas duas temporadas. Simples assim. “Mudanças (vire e encare o desconhecido)… Mudanças, você apenas vai ter de ser um homem diferente”, canta Bowie no refrão. A diferença aqui é que o técnico Brad Stevens é o mesmo, a princípio. O que está mudando é o cenário ao seu redor, forçando adaptações táticas do personagem principal.

Bowie mudava constantemente para seguir na vanguarda, e aí que a gagueira do refrão “ch-ch-ch-ch-chaaanges” faz ainda mais sentido, retratando uma cabeça no mínimo agitada, pensando nas mais diferentes personalidades e formas que poderia assumir. Ainge não vai pintar a cara, obviamente, nem mexer muito no cabelo para chegar ao topo, como fazia o artista em 1971, quando essa compôs a música. Mas, no que depender dele, vai sacodir seu plantel sem parar.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Já brincamos no ano passado, e a piada continua: Danny Ainge não larga o telefone, né? Deve ser cliente platinum de sua operadora. Desde que percebeu que o núcleo formado por Pierce, Garnett, Rondo e Allen não seria mais o suficiente para dar a Boston um novo título, seu gerente geral tem perturbado a concorrência com ligações, vasculhado todo e qualquer software que analise atletas e visitado ginásios para tentar identificar algum prospecto que caia bem em seu time. Ainge vai fazer troca atrás de troca em busca de uma combinação ideal de jogadores que devolva a Boston o status a que seu torcedor mais velho está habituado.

E, bem, em meio a tantas mudanças, que Stevens cuide do resto.

Veja este gráfico aqui, elaborado pelo Basketball Reference:

nba-roster-changes

Continuidade dos elencos: o percentual equivale ao total de minutos replicados por um time entre duas temporadas. Por exemplo: o Hawks aparece com 88% na campanha passada, todo verdinho. Isso quer dizer que 88% de seus minutos foram distribuídos a jogadores que já estavam no elenco da temporada anterior (2013-2014). Avaliando só pelas cores, você vai perceber que apenas Dallas, Lakers e Philly tiveram três anos mais avermelhados do que Boston. Dois desses times foram para a loteria, enquanto o Mavs deu um jeito de se manter nos playoffs, no Oeste, graças a Rick Carlisle (e Dirk Nowitzki). Brad Stevens fez esse tipo de mágica no campeonato passado para por o Celtics no mata-mata

O censo extraoficial da NBA comprova o fluxo constante no elenco do Celtics desde a última campanha de Doc Rivers e a chegada de Stevens em 2013. De um campeonato para o outro, Ainge montou equipes em que ao menos metade dos minutos utilizados eram endereçados a caras novas.  Mas tem mais que isso.

Na temporada passada especificamente, 22 jogadores diferentes vestiram a camisa do Boston Celtics. Dá mais que quatro times. Para contextualizar, o New York Knicks, que passou por um expurgo promovido por Phil Jackson e “brigou” pela lanterna do início ao fim, escalou 20 atletas. O Los Angeles Lakers, todo despedaçado, teve 18 caras. Oklahoma City Thunder teve uma lesão atrás de outra, também realizou trocas e, ainda assim, ficou em 21. Para bater esse número de Ainge, só mesmo apelando a Sam Hinkie, que botou 25 jogadores em quadra pelo Sixers. O Phoenix Suns, depois de seu saldão pós-All-Star Game, chegou a 23, e, não por acaso, seu gerente geral é discípulo do poderoso chefão de Boston.

Para a campanha 2015-2016, o Celtics já conta com cinco novos jogadores: os calouros Terry Rozier, RJ Hunter e Jordan Mickey e os veteranos David Lee e Amir Johnson. Perry Jones III pode ser outra novidade, mas tende a ser dispensado antes de a temporada começar. Mas é bom que o torcedor do Boston não se apegue tanto assim a esses caras. Em questão de meses, a caixa postal de todos eles pode ser outra, algo que Ainge não se dá ao trabalho de negar, pois seria a mentira mais deslavada.

David Lee pode ajudar o Celtics, mas não era um alvo prioritário

David Lee pode ajudar o Celtics, mas não era um alvo prioritário

A pedida? Uma superestrela, por favor. Pelo menos uma!  Sim, pensando na quadra, nos resultados imediatos, qualquer coisa que não seja o playoff significaria um retrocesso para Stevens e sua cabeça de técnico. Ainda mais porque, no papel, seu time tem tudo para ser melhor que o do ano passado.

O pequenino Isaiah Thomas, líder da arrancada na metade final da temporada, agora trabalha desde o training camp, livre de lesões. Lee (100% ataque) e Johnson (um jogador especial para cuidar das pequenas coisas) chegam para reforçar a rotação anterior, com habilidades que casam perfeitamente, dando, com Tyler Zeller, Kelly Olynyk e Jared Sullinger, uma infinidade de combinações para um treinador evidentemente criativo. Além disso, a expectativa é que Marcus Smart se acalme um pouco em quadra, passada a adrenalina de calouro, e possa dar uma contribuição mais consistente.

Mas nenhum desses caras aqui teria presença garantida numa seleção de All-Star, nem mesmo no Leste. Como conjunto, creio que eles podem até mesmo desafiar o Toronto Raptors pelo título da Divisão do Atlântico. Pensar em algo maior que isso, porém, pediria muito mais boa vontade.

Ainge confia que a credibilidade crescente de Stevens seja um atrativo

Ainge confia que a credibilidade crescente de Stevens seja um atrativo

A gestão: Danny Ainge tem o quinto mandato mais longo da liga americana quando o assunto é o controle sobre as operações de basquete. As quatro administrações mais longevas que a dele: Heat (Riley), Spurs (Popovich/RC Buford), Mavs (Cuban/Nelson) e Lakers (Kupchak/família Buss). Só isso. Para se manter no cargo, o ex-armador alia diversos fatores, a começar por sua popularidade por lá. Isso não adiantaria nada, porém, se não tivesse conquistado o título em 2008, o primeiro desde 1986, quando Larry Bird ainda era um dos maiorais. O título saiu justamente por seu arrojo, pela predisposição a assumir riscos, fechar trocas, até que reuniu Garnett e Allen em torno de Pierce e Rondo. Essas negociações também lhe dão fôlego, independentemente do produto apresentado em quadra: ninguém pode dizer que ele não esteja tentando.

Uma tacada certeira de Ainge foi a escolha de Stevens como substituto de Doc Rivers, algo que não parecia tão óbvio assim na época. Quando contratado, o técnico tinha apenas 36 anos. Era mais jovem que Garnett e um pouco mais velho que Pierce. Vindo da Universidade de Butler, pela qual desempenhou um trabalho incrível, desafiando grandes equipes da NCAA para alcançar a final do torneio nacional em duas temporadas seguidas, o gêniozinho era cotado para suceder o Coach K em Duke ou qualquer outra potência da categoria. Bastava enrolar um pouco mais em seu emprego, que uma dessas ofertas certamente chegaria. Foi convencido, porém, a assumir um Celtics em reconstrução, com a segurança de um contrato de seis anos, valendo muito (US$ 22 milhões). Com vasta cultura de jogo, a cabeça aberta e ótimo trato com os atletas, construiu sua reputação rapidamente. Hoje, é visto como um dos trunfos do time para atrair o tão esperado astro.

Além disso, o escritório do Celtics é reconhecido como um dos pioneiros no uso das estatísticas avançadas e de qualquer ferramenta tecnológica que tenha surgido desde a década passada e que possa por o Boston em posição de vantagem. Antes de assumir o Houston Rockets, Daryl Morey passou três anos por lá.

Olho nele: Amir Johnson. Na falta de Kevin Love ou LaMarcus Aldridge, Ainge foi atrás de uma contratação pontual que cobre uma das deficiências de seu atual elenco: um pivô atlético para reforçar a última linha defensiva. As medições de saldo de pontos tendem a apontar o jogador ex-Raptors como um marcador de elite, com agilidade, impulsão e bom senso de colocação para oferecer cobertura a Lee, Sullinger, Zeller ou Olynyk, todos vulneráveis na proteção de cesta. Seu contrato é de US$ 24 milhões por dois anos, mas o segundo é opcional para o Celtics, dando ao time flexibilidade na busca por novos alvos.

card-avery-bradleyUm card do passado: Avery Bradley. Aqui, nem precisamos viajar tanto no tempo assim. O card ao lado é da coleção 2010-2011, quando o armador havia acabado de trocar a Universidade do Texas pelo Boston Celtics. Sabe o que isso significa? Que ele é o jogador que há mais tempo veste a camisa alviverde. Está indo apenas para sua sexta temporada pelo clube, sem ainda ter completado 25 anos.

Ao lado de Jared Sullinger, Bradley é o único atleta que Stevens herdou de Rivers ao assumir o time em 2013.  Seu papel pode ser reduzido neste campeonato, dependendo do grau de evolução de Marcus Smart. De qualquer forma, ainda vai compor uma rotação interessante com o segundanista e com Thomas, com três atletas que colocam muita pressão no drible dos oponentes. No ataque, seu papel é um pouco mais simples: nunca vai ser confundido com um maestro, ficando preferencialmente de canto, ainda que possa forçar a barra em alguns chutes de média distância.

Desde que se profissionalizou, Bradley melhorou sensivelmente seu arremesso, que era considerado uma atrocidade. Em sua primeira campanha, ele arriscou apenas cinco chutes de longa distância em 162 minutos, sem acertar nenhum. Na campanha passada, foram, respectivamente, 352 em mais de 2.400, convertendo 35,2% deles. Não estamos falando de um atirador de elite, mas é algo relevante para quem veio literalmente do zero. Foi algo que não aconteceu com Rajon Rondo, por exemplo.


Jukebox NBA 2015-16: Cavs, LeBron e os Beatles
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-cavs-beatles

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Golden Slumbers/Carry That Weight/The End/Her Majesty”, por eles, The Beatles

Por quê? Antes de mais nada, o blog já se defende de possíveis críticas de que tenha roubado aqui ao escolher quatro faixas para escrever sobre o Cavs, em vez de uma. Mas, calma lá, campeão: é simplesmente ouvir o trecho final de “Abbey Road” e separar uma da outra. Este é um medley de verdade, uma jam session feita para ser ouvido de uma vez. E o título de cada faixa se encaixa quase que perfeitamente para a História do Reencontro do (Autodenominado) Rei e seus Cavaleiros. Só precisa de uma adaptação.

Primeiro lidamos com os os sonhos dourados de LeBron. “Uma vez havia um caminho de retornar para casa”, canta Paul McCartney com leveza, como se fosse um cantiga de ninar. “Os sorrisos acordam quando você se ergue”, também diz. Depois, os Beatles vêm num coro opressor: ah, é? Voltou, mesmo!? Então vai ter de “carregar aquele peso por um tempão“. É, garoto, um peso, e tanto.  Aí que estamos chegando ao fim, como o jogador sabe, como o time sabe. Macca avisa: “E no fim, o amor que você toma é igual ao amor que você faz”. Não pensem em impurezas, meninos, mas na relação de adoração de Ohio/Cleveland ao prodígio, e o que ele pode dar em troca. Para fechar, aí a gente troca o “her” por “him”, embora em português fique tudo na mesma: “Sua Majestade“, o Rei, e não a Rainha, e como cortejá-lo.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Vai… tem tudo a ver, né? Para além da solenidade que foram as últimas gravações dos Beatles em 1969. Pois tudo o que se passa em Cleveland nesses dias gira em torno de LeBron. De maneira justa, ou não, ele tenta tomar o clube de refém, com o proprietário Dan Gilbert e o gerente geral David Griffin oferecendo resistência pontual aqui (David Blatt infernizado pelo astro) e ali (as negociações arrastadas e ridículas com Tristan Thompson). Agindo desta maneira, pressionando a franquia via redes sociais, e tudo, retomo o que já escrevi em relação ao campeonato passado: enquanto agir desta forma, LeBron vai ter de arcar com as consequências. Se ele quer ser o Rei, déspota, vai ter de se responsabilizar pelo que acontece no final. Se o Cavs perdeu para o Warriors, foi ele que perdeu. Pois não dá para interferir na função dos outros, em algo que não lhe compete, e, no final, com mais um vice-campeonato no currículo, culpar os Deuses ou a família Gilbert.

A pedida: vice-campeonato da Divisão Central!

(“Ha!”, expressaria o Mallandro.)

Cavs, campeão do Leste: muito pouco para Gilbert e LBJ

Cavs, campeão do Leste: muito pouco para Gilbert e LBJ

É título ou nada para os LeBrons, claro. Já poderia ter acontecido no campeonato passado, não fosse a derrocada física do time nos mata-matas, por lances de azar, como o golpe de Kelly Olynyk em Kevin Love e a fratura no joelho de Kyrie Irving durante as finais. A tendência é falar que eles levariam. Mas, com as duas estrelas em forma, talvez o sistema utilizado por Blatt (ou LeBron…) seria diferente. A dinâmica da série seria outra, então vai saber.

Fato é que, com a atual formação, eles têm time para acabar com a maldição de Cleveland. O elenco é balanceado e tem arremesso, bons defensores no perímetro e uma coleção de pivôs para marretar o adversário, mesmo sem Thompson, sejá lá quando a diretoria e a turma de LBJ vá resolver isso.

A negociação com o pivô canadense pode dizer muito sobre o time. Não necessariamente devido aos seus talentos, mesmo que ele seja um defensor extremamente valioso por sua capacidade para frear armadores no pick-and-roll e que também represente um pesadelo no ataque aos rebotes ofensivos. Daí a pedir US$ 94 milhões por cinco anos de contrato (ou o equivalente a essa quantia em três anos), mesmo na nova economia bombada da NBA, é se colocar para além da fronteira do absurdo.

A franquia e o jogador ficam num impasse curioso. Da parte do jogador, se mantiver a pedida, ele e sua agência (que, na prática, gente, tem LeBron como sócio) vão simplesmente ter de torcer para que as coisas no Cavs deem errado, seja pelo acúmulo de reveses ou lesões. Para constar, Mozgov está voltando de cirurgia recente no joelho, Varejão ainda precisa tirar a ferrugem vindo de uma no tendão de Aquiles e mesmo Love também está nos últimos estágios para retornar de operação no ombro. Ah, sim, e Kyrie Irving e Iman Shumpert ainda não têm data prevista para retorno.

Bem legal, não?

Get it done!!!! Straight up. #MissMyBrother @realtristan13

Uma foto publicada por LeBron James (@kingjames) em

Se essa situação se arrastar por mais algumas semanas e o time sofrer em quadra devido aos desfalques, então a diretoria poderia se sentir pressionada a arrefecer nas conversas e dar ao outro lado o que eles pedem, que é uma demanda ridícula. Ou isso, ou Thompson vai ficar o ano inteiro parado, perder alguns milhões para já e voltar ao mercado do ano que vem como agente livre… Mas novamente restrito, com sua cotação muito provavelmente avariada.

Da parte da franquia, existe sempre o risco LeBron. O craque vai continuar pressionando? Seria ele capaz de “entregar” jogos para ajudar seu amigo e cliente? Talvez seja um exagero até mesmo cogitar isso, mas, nos bastidores, o quanto de escarcéu ele poderia fazer? E o restante do time? Conseguiriam ficar alheios ao tumulto? Aqui, de primeira, vejo esse lenga-lenga como a principal – e talvez única – ameaça ao Cavs no Leste.

Em termos de apostas, imaginar o Cleveland campeão da conferência é aquela mais chega perto de uma barbada.  O Atlanta tem um grande desafio que é replicar a química da temporada passada, enquanto confere se é possível jogar desta forma com uma linha de frente mais alta e pesada. O Chicago passa por alterações muito mais drásticas em seu sistema. Para mim, dependendo desses ajustes, seriam os únicos candidatos a aprontar. De resto… o Washington não tem artilharia para aprontar nesse nível, assim como o Toronto Raptors ou os emergentes Boston Celtics e Milwaukee Bucks.

LeBron, é tudo dele

LeBron, é tudo dele

Então creio que ficamos nisso: o maior inimigo do Cavs em sua conferência pode ser seus bastidores, com a relação entre LeBron e Blatt também merecendo atenção.

A gestão: tentando se estabelecer. Aqui, as coisas vão depender muito do comportamento de LeBron e de como Dan Gilbert vai reagir a isso. David Griffin mostrou na temporada passada que, mesmo sob grande pressão, é um grande negociador, fazendo valer os elogios que recebia dos companheiros quando era assistente de Colangelo e Kerr em Phoenix. As trocas que fechou no meio da temporada, com o aval do craque, diga-se, salvaram o time e deram a Blatt mais matéria-prima com que trabalhar, para além do trio de astros e dos amiguinhos do Rei. O processo continuou este ano com a adição de Kaun (excelente finalizador próximo ao aro, forte toda a vida, bom patrulheiro de garrafão, para compor uma rotação russa de pivôs gigantes), Richard Jefferson (experiência, chutes da zona morta e versatilidade num corpo ainda mais ativo que o de James Jones) e, principalmente, Mo Williams (num papel reduzido, vindo do banco de reservas, como lhe cai bem, ao mesmo tempo que serve como uma apólice parcial de seguro para as lesões de Irving).

Inseguro ou ultrajado, Blatt se comportou de modo arrogante em alguns momentos da temporada passada, embora isso deva ser minimizado devido ao contexto ao seu redor. A contratação de LeBron jogou pressão para cima do técnico desde o início e é complicado de se estabelecer um relacionamento com um astro dessa magnitude. Por outro lado, nos playoffs, depois de ser salvo por Tyronn Lue com um pedido de tempo que poderia ser desastroso na série contra Chicago, o treinador deu seguidas provas de como pode ser uma peça valiosa para o time, até que a virada que o Cavs sofreu na final voltou a suscitar relatos preocupantes sobre como ainda estaria sendo destratado pelo seu principal jogador.

O brasileiro: Anderson Varejão só quer uma coisa: ficar saudável e poder completar uma temporada, ou pelo menos chegar à marca de 70 partidas pela primeira vez desde… 2011. São muitas lesões desde, então, o que é a pior coisa que pode acontecer para um atleta. O Cavs, em teoria, mesmo sem Thompson, estaria coberto dessa vez para inserir o pivô aos poucos em sua rotação e preservá-lo para a hora que importa – um controle de minutos, abaixo de 20 por partida, talvez fosse o mais recomendável. O duro é que, no início de campanha, com Thompson fora e a dupla titular em fase de reabilitação, pode ser que seus serviços já sejam exigidos.

Kevin Love, agora de bem com a vida e tudo o mais?

Kevin Love, agora de bem com a vida e tudo o mais?

Olho nele: Kevin Love. Se formos comparar sua produção com a dos tempos de Minnesota, obviamente sua primeira temporada em Cleveland foi inferior. Mas, como terceira opção no ataque, isso era mais que esperado. De qualquer forma, Blatt, LeBron e Irving reconhecem que os diversos talentos do ala-pivô (como referência no garrafão, reboteiro ofensivo e passador a partir do poste alto) não foram aproveitados na medida da certa, com o jogo muito focado nas jogadas de pick-and-roll com os outros dois astros. Ele tem agora um contrato polpudo (U$ 110 milhões por cinco anos) e gente empenhada para que seu jogo se encaixe e deixe a equipe ainda mais perigosa. Quanto melhor ele jogar e quanto mais isso durar, pior fica a situação de Tristan Thompson como agente livre. Com o time completo, tendo Love ao lado de LeBron e Mozgov na linha de frente, simplesmente não sobram tantos minutos para o ala-pivô canadense.

Daniel Gibson, Cleveland, card, 2007Um card do passado: Larry Hughes. Da primeira vez em que LeBron chegou a uma final de NBA pelo Cavs, em 2007, o segundo jogador que mais acumulou minutos em média nos playoffs pela equipe foi o ala-armador draftado pelo Philadelphia 76ers. O cara que havia sido contratado por Danny Ferry para ser o principal comparsa do então jovem astro de 22 anos no perímetro, embora não fosse um bom arremessador de longa distância e precisasse tanto da bola como LBJ para produzir. A passagem do ala por Cleveland não deixou saudade nenhuma, com o arrependido gerente geral se desfazendo de seu contrato assim que pôde, logo na temporada seguinte.

Tudo isso para dizer que, agora veterano, se os acidentes da campanha passada não se repetirem, James tem muito mais ajuda ao seu lado para tentar conquistar o terceiro anel de campeão e dar o troféu pela primeira vez ao clube. Com todo o respeito a Zydrunas Ilgauskas, Drew Gooden, Sasha Pavlovic, Damon Jones, Eric Snow e Boobie Gibson.


Jukebox NBA 2015-16: “San Francisco”, para o campeão Warriors
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-curry-mckenzie

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “San Francisco”, por Scott McKenzie.

Por quê? Hã… a ligação mais óbvia é a geográfica. Uma ponte de sete quilômetros de extensão liga Oakland a San Francisco. A proximidade à metrópole californiana, de certa forma, ofusca a atual sede, e o próprio nome da franquia entrega isso: estamos falando dos guerreiros do Golen State, e, não, de Oakland. Além disso, os proprietários do clube não escondem a intenção de levar o time de vez para lá, encaminhando a construção de mais uma dessas arenas ultramodernas, sonhando inclusive com a mudança já para 2017, ainda que uma estimativa mais conservadora valha para 2018.

Sim, tal como na primeira linha da letra do clássico de McKenzie, “eles estão indo para San Francisco”, e parece que não há seus torcedores possam fazer, mesmo que eles estejam entre os mais fanáticos da liga e que estejam enfim curtindo uma fase vencedora depois de duas décadas levando pancadas. O dinheiro é que está chamando aqui, e não pessoas gentis com flores no cabelo.  Mas há uma razão mais legal ainda para escolher esta música – e que, magina, não nada a ver com o fato de ser considerada uma das mais bonitas da história na opinião de um certo basqueteiro.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

O hit de 1967 vem numa época em que a região da baía estava fervendo e fritando miolos por assim dizer, com o boom de uma geração hipponga com aquela ânsia de se libertar de qualquer amarra, preconceito ou figura de autoridade que pudessem lhe enfezar. Ali, em São Francisco, temos uma das poucas metrópoles em que esse legado realmente perdurou, em que pese a ascensão high-tech do Vale do Silício.  Há 50 anos, a galera estava pensando em migrar para o Oeste, para a Baía em busca desse clima. “Por toda a nação (há) uma vibração estranha. As pessoas em movimento. Há toda uma geração com uma nova explicação”, canta o trovador todo paz-e-amor.

É que, se formos pensar no que se passa com a NBA hoje, existe também uma nova geração que ganhou no Warriors seu maior símbolo: vencer com o arremesso de três pontos sendo uma arma relevante, o jogo rápido e vistoso, mas sustentando uma das melhores defesas. Como Phil Jackson está de prova, esse movimento causa estranheza em muitos círculos da liga ainda. Mas a revolução festiva que o time apronta não se limita ao conceito tático. E, para fazer jus à vocação hipster, sua diretoria é pautada por mentes abertas, em diálogo constante e progressista, ouvindo um ícone da velha guarda como Jerry West ou um membro do estafe de Steve Kerr que nem 30 anos tem.

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Campeões

A pedida? O bicampeonato. É bem curioso até. O Golden State tem uma base jovem ainda. Em relação ao elenco que ganhou o primeiro título da franquia em 40 anos, pouco, ou quase nada foi alterado. Até mesmo a mudança mais significativa pode ser considerada uma melhoria para Steve Kerr, que nem precisava de reforços, uma vez que, com um plantel com tantos atletas versáteis, ele já tinha como alterar uma partida olhando apenas para o banco de reservas, sabendo bem como utilizá-las.

Não que Jason Thompson seja um jogador superior a David Lee. Mas, para o papel que pode caber ao ex-pivô do Sacramento Kings, com minutos esporádicos e pouco volume no ataque, o que ele tem a oferecer é mais valioso, como a boa defesa em situação de pick and roll e no fechamento de espaços no lado contrário. Também tem físico e impulsão para ajudar no rebote e provavelmente pode surgir como um concorrente para Mareese Speights, que é um arremessador de média distância mais qualificado. Além disso, para complementar o banco, estão dando uma chance a Ben Gordon, que seria mais um chutador emergencial, no caso de alguma lesão para Leandrinho ou os dois All-Stars titulares. Desde que o britânico, claro, entenda que seus dias de referência ofensiva já acabaram.

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

De resto, é a mesmíssima base vencedora, com todos os papéis na rotação pré-definidos. E isso, meus caros, vale muito. Ou por acaso vamos ignorar que, dentre tantos fatores que nos ajudam a entender o o duradouro sucesso do San Antonio Spurs, termos como “continuidade”, “química”, “cultura” apareciam constantemente no topo da lista? Depois de “Tim Duncan”, claro. Pois é. O raciocínio deve se aplicar da mesma forma aqui.

Agora, segundo a impressão dos jogadores do Warriors, não vem acontecendo. Eles não sentem que, entre insiders e jornalistas da liga, estejam recebendo o devido respeito.Veem todos falarem sobre Rockets, Clippers e, claro, o próprio Spurs, o que não deixa de ser irônico, já que o clube texano passou por uma de suas intertemporadas mais agitadas e com uma grande troca de jogadores, ao menos para o padrão da gestão Popovich e Buford.

E quer saber do que mais? No final das contas, isso só joga contra a concorrência de Chef Curry & Cia. Depois de um título, uma das grandes ameaças é justamente o relaxamento ou a temerosa “Doença do Mais” – aquele mal que Pat Riley, o Dr. PHD em Estruturas Vitoriosas, já registrou em seus estudos, em que a gana por maior reconhecimento, mais minutos, mais arremessos e badalação pode fazer ruir um time campeão. Com a percepção de que há desconfiança ou descrédito em torno de seu título, a turma de Steve Kerr tem mais motivos para fortalecer sua união. Há apenas o contrato de Harrison Barnes para se resolver.

Nesse ponto, a declaração de Doc Rivers de que o Golden State possa ter tido “sorte” no último campeonato pode ser o maior tiro pela culatra de sua gestão, superando Spencer Hawes e dependendo do que for acontecer com aquele tal de Lance Stephenson. Por que Rivers falaria uma bobagem dessas? O técnico e manda-chuva do Clippers pode até achar que seu rival de divisão foi sortudo de ter escapado de um confronto com sua equipe ou com o Spurs nos playffs. Mas, vem cá: por que exatamente o Clippers não estava na final de conferência para desafiá-los? Ah, por ter sofrido um dos maiores colapsos de que se tem notícia na história recente dos playoffs? Algo que teve a ver com o esgotamento de sua equipe, devido ao excesso de minutos da temporada regular já que seu banco de reservas era uma piada ambulante? Sei.

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

E, para seguir no campo da “sorte”, talvez seja tenha sido isso mesmo que aconteceu com os campeões, que, não por coincidência, foram aqueles que menos minutos perderam devido a lesões durante toda a competição. Ou, quiçá, o acaso tenha passado longe aqui, já que o Warriors tem uma comissão técnica, um estafe médico e uma diretoria irrequietos e em perfeita sintonia, sempre dispostos a adotar medidas pouco usuais no dia a dia da liga se elas puderem significar menor probabilidade de desgaste para seus atletas. Claro que lances de azar acontecem, como cotovelada violenta na disputa por um rebote ou uma torção de tornozelo. Agora, favor notar que, após ser visto como um atleta com as articulações de vidro, Curry perdeu um total de apenas dez partidas nas últimas três campanhas.

Em termos de problemas médicos, a grande questão em torno do clube fica por conta da saúde de Steve Kerr. Que coisa, hein? O treinador está afastado do time por tempo indeterminado para se reabilitar de duas cirurgias nas costas. Ele simplesmente rompeu um disco durante o Jogo 5 das finais. Ao retornar ao trabalho para o training camp, admitiu que suas férias foram basicamente infernais por conta disso. Técnico ganha jogo? Estamos prestes a conferir, ainda mais com a saída de Alvin Gentry para New Orleans. Quem fica responsável pela condução da equipe, por ora, tem pouca experiência no assunto. Luke Walton, senhoras e senhores! Está certo que o ex-ala do Lakers esteve envolvido com o basquete desde a época de fraldinha. Que era um jogador muito inteligente. Que ainda terá Ron Adams ao seu lado como grande ajuda. Que seu time não deve ter dificuldade para levar o sistema adiante. Mas não deixa de ser uma situação curiosa para se observar, dependendo de quanto tempo Kerr ficará longe. No Oeste competitivo, qualquer deslize pode significar a perda de mando de quadra lá na frente. E, para o timaço do Warriors, essa é preocupação legítima, ainda que no ramo hipotético.

A gestão: avançada. Bom, já citamos um ou outro ponto acima. A palavra final é do proprietário Joe Lacob, o martelo nunca vai ser batido sem que antes ocorra uma boa discussão, debatendo pontos contra, a favor, até se chegar a um consenso, ou algo perto disso. E, ao contrário do que 98% da internet acredita, isso faz bem e ajuda na condução dos negócios. O bacana aqui é ver a diversidade das vozes. Temos o ex-atleta que inspira até hoje o logo da NBA. Outro grande arremessador que ganhou cinco títulos em quadra. Um ex-agente. Um bilionário que era acionista minoritário do Boston Celtics. O filho do dono, mas que parece um pouco mais competente do que a média já vista na liga. Outro fez carreira no clube, começando como analista de vídeo até se tornar assistente do gerente geral. Diferentes origens, diferentes pontos de vista, expansão de conhecimento e bons resultados.

Quanto a Kerr, o certo era nem escrever muito a respeito. Pois não há o que se contestar em seu primeiro ano como técnico. Foi simplesmente um trabalho impecável. Ele venceu e, melhor sem perder o bom humor, sendo mais um caso de treinador que afasta a ideia de que é preciso ser rabugento para domar um time de craques milionários. Ainda assim, parece haver muitos que julgam que ele “só cumpriu com sua obrigação por ter um timaço em mãos”. É, pois é. Não me recordo de ver, em outubro de 2014, muita gente alçando o Golden State a candidato ao título, quanto menos prevendo que eles fariam uma das melhores campanhas da história. Também é difícil de entender como pode-se julgar normal que seu time tenha aliado o topo do ranking de eficiência defensiva com a segunda colocação da lista ofensiva (perdendo por 0,1 ponto para o Clippers e vindo do 12º lugar no campeonato anterior). Isso, claro, com o ritmo mais acelerado da paróquia. Uma aberração.

Leandrinho, o segundo título brasileiro

Leandrinho, o segundo título brasileiro

O brasileiro: Leandrinho. O reencontro com Kerr e com um time tão disposto a correr fez bem ao ala-armador, que fez sua melhor temporada desde o primeiro ano em Toronto (2010-11), estando três anos mais velho e se recuperando de uma cirurgia de ligamento cruzado no joelho. Kerr soube como tirar o melhor do ligeirinho. Controlou seus minutos e não pediu mais do que habitual explosão em direção ao garrafão, a arrancada no contra-ataque e o arremesso do lado contrário e ainda contou com sua energia positiva para animar o vestiário.  A recompensa foi um aumento de US$ 1 milhão no salário, valendo mais do que havia ganhado nas últimas temporadas. Seu papel não deve ser alterado nesta temporada.

Olho nele: Klay Thompson. O salto que Thompson deu em sua quarta temporada foi formidável, arcando com maiores responsabilidades ofensivas e respondendo com os melhores índices ofensivos, defensivos, de eficiência, de assistências e nos chutes de três pontos de sua carreira. Entrou no time das estrelas e não deve sair tão cedo. Vale observar se o ala, de 24 anos, será capaz de elevar novamente sua produção a um outro patamar, talvez se tornando uma ameaça ainda maior no drible, mesmo que seu percentual de turnovers já seja baixo o bastante.

card-ricky-barry-warriors-76Um card do passado: Rick Barry. O Warriors seu primeiro título em Oakland em 1975, liderado por um autêntico sniper em Barry, um dos maiores pontuadores que a NBA já viu, ao mesmo tempo que também era uma força criadora e, segundo consta, um dos jogadores mais detestáveis da história. Você abre o “Book of Basketball” de Bill Simmons e busca por citações da fera. Vai encontrar declarações resgatadas como essa de Billy Paultz: “Ao redor da liga, a opinião era de que ele era o jogador mais arrogante da história. Não conseguia acreditar. Metade dos jogadores não gostavam dele. A outra metade o odiava”.

Ainda assim, o cara era talentoso o bastante para compensar as coisas em quadra e carregar sua equipe. Em 1976, retornaram à final da Conferência Oeste e perderam o Jogo 7 para o Houston Rockets, uma equipe inferior, segundo Simmons. Barry se envolveu numa briga com Ricky Sobers, um ala bem mais forte. Nenhum dos seus companheiros intervieram a seu favor. No segundo tempo, o pai de Jon, Brent e Drew simplesmente deixou de arremessar, assim como Kobe Bryant fez um dia pelo Lakers em duelo com o Phoenix Suns, para perplexidade de Phil Jackson. Ambos foram derrotados. No Golden State deste ano, com a adoração que Stephen Curry desperta, é bem difícil que isso vá acontecer.


Wizards domina Bauru desde o início. Notas sobre o amistoso
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Robert Day certamente volta para Bauru feliz da vida

Robert Day certamente volta para Bauru feliz da vida

Desta vez o Bauru não conseguiu nem incomodar o gigante do outro lado. Na conclusão de sua excursão pela Costa Leste americana, o time brasileiro foi derrotado por 134 a 100, no quintal do Obama. Agora a equipe volta para casa, descansa um pouco e volta a se concentrar no NBB.

*   *   *

O Bauru sentiu o impacto de enfrentar uma das melhores defesas da NBA, estando entre as dez mais eficientes da grande liga nas últimas três temporadas. É um time com atletas de primeiro nível em todas as posições, e a pressão já começa com o exuberante John Wall a partir do momento em que a bola cruza a quadra, forçando um caminhão de turnovers (19), incomodando até mesmo um armador habilidoso como Ricardo Fischer (5).

O abafa continua a partir do início das jogadas de pick-and-roll na cabeça do garrafão, marcando em cima a linha de passe e também a própria fonte. Os brasileiros não conseguiam dar continuidade a seus movimentos, quase sempre desestabilizados. O time da casa soube proteger seu garrafão – e não é que os bauruenses fossem procurar muito o jogo lá dentro… –, mas também não deu liberdade aos chutadores.

Bauru arriscou 39 arremessos de longa distância e converteu 13, para 33,3%. Agora, se for descontar a munheca certeira de Robert Day (5-7), que se esbaldou nestes dois amistosos, obviamente realizando um sonho de encarar seus melhores compatriotas, cairia para 8-32 (25%). Mesmo quando estiveram livres, não funcionou. Hettsheimeir foi para 2-10, enquanto Jefferson passou em branco (0-5).

Contra Knicks e Wizards, Day marcou 36 pontos e acertou 10 de 16 arremessos de longa distância.

*    *    *

Uma vez recuperada a bola, seja pelo rebote ou desarme, o Wizards voou em quadra, com uma transição muito veloz, batendo os adversários do armador ao pivô. Não foi apenas John Wall a apostar corrida e ganhar com facilidade, o que seria mais que normal. Marcing Gortat (19 pontos em 22 minutos, em 12 arremessos) e Nenê (11 pontos em 7 arremessos, em 16 minutos) também conseguiram, e já no primeiro tempo, antes mesmo que o desgaste que a maior carga de minutos que um jogo nas regras da NBA pode gerar. Foram 38 pontos em contra-ataque para os anfitriões, contra apenas seis dos visitantes. Ao final do primeiro período, com 34 a  19, já não havia mais jogo.

*   *   *

Quer dizer, pelo menos teve jogo para Wesley Sena, sim. O garoto de 19 anos teve uma ótima oportunidade de se testar contra um Marcin Gortat, Nenê e os veteranos Drew Gooden e Kris Humphries. Não é todo dia que acontece, mesmo que no segundo tempo a partida tenha ganhado contornos de rachão. Em 28 minutos, o caçula foi muito mais produtivo que Jefferson dessa feita, com 11 pontos, 5 rebotes, 2 assistências, matando 5 em 8 arremessos, incluindo seu único chute de longa distância. Em alguns momentos, o jovem pivô deixou rebotes e passes escaparem dado o evidente nervosismo, que resultou numa atuação totalmente pilhada no primeiro tempo. Mais que natural, e até por isso estava mal posicionado em algumas situações defensivas, faltando comunicação com os outros pivôs. O tempo foi passando e ele, se assentando, até que pôde fechar a partida contra a turma do garbage time do Wizards.

Wesley também foi indiretamente protagonista do momento mais eufórico do jogo, para o torcedor do Wizards que estava no ginásio, quando a organização da partida resolveu fazer uma aposta sacana. Colocaram no telão do ginásio que, se o brasileiro errasse dois lances livres, a galera toda teria direito a um x-salada com frango. Fizeram uma algazarra, o pivô cumpriu com sua parte, e aí era a hora de encher a pança depois da partida. Fico imaginando o que estaria passando pela cabeça de Wesley, sem entender nada do que se passava – por que teriam escolhido justo ele para atormentar?! –, até ser informado pelo pessoal do banco de reservas.

De qualquer forma, é isso: uma experiência valiosa para o jovem atleta, que já fez um bom Campeonato Paulista para alguém de sua idade e certamente vai constar na rotação de Guerrinha durante a temporada brasileira, ainda mais com Rafael Mineiro se mandando agora para o Flamengo.

Sei de pelo menos um time da Conferência Oeste que esteve no ginásio com o intuito exclusivo de avaliar Wesley, tendo acompanhado também os treinos de Bauru durante a semana. É bem provável que outros times tenham comparecido ao jogo também.

*    *    *

Para fechar, uma nota um tanto chata sobre Nenê. O pivô não aceitou falar com a reportagem do SporTV antes do jogo ou na saída de quadra durante o intervalo. Fosse uma final de campeonato, ainda que o protocolo da NBA não diga nada a respeito, não faça nenhuma diferença a respeito, até daria para entender o silêncio. Mas num jogo de pré-temporada? Em casa? Com uma emissora brasileira? No dia de enfrentar uma equipe nacional, com transmissão para cá? É bem difícil de entender, e trata-se de um episódio acidentado de relações públicas que não ajuda em nada sua imagem já arranhada no país, como as vaias no amistoso entre Wizards e Bulls, no Rio de Janeiro, há dois anos, mostraram.

O paulista de São Carlos sempre foi um cara muito reservado diante de microfones, de falar pouco, mas não me lembro de vê-lo tomar uma atitude dessas. No máximo, quando contrariado, tinha o costume de ser monossilábico ou evasivo em respostas. Consta que ele tem uma mágoa com o jornalismo brasileiro. Tudo em decorrência de supostas críticas ao seus pedidos de dispensa da seleção. Não é questão de corporativismo, mas sinceramente nunca notei uma campanha declarada e ferrenha contra Nenê para gerar um desconforto desses. Até porque, convenhamos, qual o tamanho da imprensa segmentada no país? Por isso, suponho (ênfase em suposição, por favor, não é informação) que a mágoa não seja restrita ao jornalismo, mas ao basqueteiro brasileiro em geral, até por conta das vaias no Rio. Mas, enfim, cada um vai enxergar a situação de uma forma. Só me parece que existe um baita ruído nessa relação e, do lado do pivô, talvez já não haja mais a mínima vontade de se remediar. Uma pena.


Jukebox NBA 2015-2016: “My Way”, para o Lakers (ainda) de Kobe
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

jukebox-lakers-kobe-vicious

Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “My Way”, com Sid Vicious

Por quê? Bom, basta você dar uma espiada na letra para sacar que tem tudo a ver com Kobe Bryant. Temos linhas como: “E agora o fim está próximo” (logo a primeira!), “Eu vivi uma vida que está completa, passando toda santa estrada”, “Arrependimentos eu tive um pouco. Mas, afinal, foram bem poucos para mencioná-los. Fiz o que tinha de fazer. Vi de tudo nessa vida, sem exceção”, com tradução mais que livre. Até porque essa versão exige compreensão livre, dado o seu intérprete totalmente pirado e o modo como decidiu sair cantando, para o qual “despojado” seria o mais alto elogio.

A adaptação caótica e  hilária de Vicious, para o torcedor do Lakers, infelizmente tem mais a ver com os últimos suspiros de Kobe e a perspectiva de seu time para a temporada do que a elegante (e também um tanto irônica) versão de Frank Sinatra, que eternizou para valer a canção. Saibam que se trata de uma letra do sabichão Paul Anka, com inspiração em uma canção francesa. O ideal seria usar a de Sinatra, claro, um verdadeiro clássico, redondinho e imponente. Mas o estado da franquia hoje não lembra em nada seus tempos áureos, com uma gestão desmiolada que tem muito mais a ver com o ex-baixista do Sex Pistols, que viria morrer de overdose um ano depois de soltar essa gravação, aos… 21.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Como bônus, temos vários palavrões na letra alterada por Vicious, e isso é algo que Kobe tem usado com frequência em suas entrevistas recentes, se sentindo livre que só, sem obrigação ou pressão alguma, sabendo que sempre fez tudo ao seu modo, que escreveu sua própria história e que não seria no fim que ele mudaria. Esperemos que, em quadra, ele consiga escapar das lesões mais graves e que consiga produzir com um ou outro momento de brilhantismo.

Kobe e o look de veterano: vindo de lesões graves no tendão de Aquiles, na rótula e no ombro, o que esperar dele? Um jogo mais terreno, mas com menos arremessos forçados e propensão ao passe? Talvez seja o melhor cenário, contra jogadores mais altos na ala

Kobe e o look de veterano: vindo de lesões graves no tendão de Aquiles, na rótula e no ombro, o que esperar dele? Um jogo mais terreno, mas com menos arremessos forçados e propensão ao passe? Talvez seja o melhor cenário, contra jogadores mais altos na ala

A pedida: 30 vitórias seria muito? Mitch Kupchak e o chefinho Jim Buss têm usado a frase de que “montaram um time para chegar aos playoffs”, e tal. Pensando em relações públicas, não havia muito que dizer, mesmo, desagradar a uma torcida bastante exigente e talvez cansada de tanta humilhação nas últimas campanhas. Para confiar nesse discurso, haja otimismo, ainda mais no Oeste Selvagem, e mesmo que tenham um elenco mais interessante dessa vez. Lembrem que, nos últimos dois campeonatos, o time venceu 48 partidas no total, de 164 possíveis. Para entrar nos mata-matas em 2015, o New Orleans Pelicans precisou de 45 vitórias. Em 2014, o Phoenix Suns foi eliminado com as mesmas 48.

Kobe deveria estar, no mínimo, a 80% de seu auge, os garotos precisariam crescer substancialmente a cada semana, Roy Hibbert teria de provar que um só gigantão atento já pode serviria para bancar uma defesa minimamente sustentável, ao passo que  Nick Young e Lou Williams poderiam ser encaminhados ao serviço comunitário, para aprender um pouco mais sobre solidariedade. Ou que eles aprendam uma coisa ou outra com Marcelinho Huertas a respeito (aliás, sobre o brasileiro, já tem outro post enorme aqui). Isto é: muuuuuuita coisa precisaria dar certo.

Sim, Hibbert é um tremendo avanço em comparação com Jordan Hill e Robert Sacre, a despeito de sua questões motivacionais e de confiança. Imagine a dor-de-cabeça que o pivô não dava no dia a dia de Indiana, a ponto de Larry Bird ter feito tudo para se livrar dele – sem contar o impasse tático que sua presença mastodôntica representa na ligeirinha NBA de hoje. Ele protege o aro, congestiona o garrafão por conta própria, mas os clubes mais espertos vão fazer de tudo para afastá-lo do semicírculo espalhando chutadores pela quadra. Além do mais, no perímetro, o time simplesmente não conta com nenhum defensor capaz. Nenhum. Nem mesmo um superatleta como Serge Ibaka conseguiria dar cobertura a todos eles. De qualquer modo, está no último ano de contrato, com milhões de motivos para se comportar e se concentrar no jogo.

Flexionado assim, e contra Gobert, Hibbert pode até parecer baixo

Flexionado assim, e contra Gobert, Hibbert pode até parecer baixo

Não que o ataque não tenha suas questões também. O quanto Kobe vai poder e querer produzir? Scott realmente pretende usar Lou Williams e Nick Young juntos? Quantas trocas de passe teremos a cada posse de bola? Esse time precisa desesperadamente de alguém criativo, mas que não se limite a criar apenas para definição própria, e é aí que se encaixaria Huertas. Sem o brasileiro, porém, Russell vai conseguir exercer influência no jogo de pick-and-roll?

Sobre os garotos: é salutar que a diretoria abra espaço em seu plantel para jogadores mais jovens, em vez de investir nos Wesleys Johnsons da vida. A dúvida é se o clube tem infraestrutura e ambiente propícios para o desenvolvimento deles. Jordan Clarkson progrediu no ano passado, mas vinha de três campanhas como universitários. Tem 23 anos. D’Angelo Russell tem mais talento para ser explorado, mas começa sua jornada profissional aos 19 anos. Julius Randle é outro calouro, extraoficialmente,  uma vez que Randle não disputou nem mesmo uma partida inteira na temporada passada. Ainda restam Larry Nance Jr., Anthony Brown e qualquer outro jovem que passe pelo corte final de Byron Scott, é pouco provável que recebam muitos minutos, ao menos no início de campanha.E tem isso, mesmo. Quatro jogadores terão de ser dispensados até a temporada começar, e o próprio Huertas supostamente ainda está a perigo, com um contrato sem garantias, ainda que o time precise de sua experiência e de sua cadência para estabilizar a segunda unidade.

Algo importante que já pode valer até mesmo para a prévia 2016-2017: é bom, mesmo, que os jogadores mais jovens se desenvolvam, pois, para o Draft de 2016, há um sério risco de que o Lakers não poderá adicionar nenhum prospecto relevante. Afinal, sua escolha de primeira rodada será repassada ao Philadelphia 76ers caso não fique entre as três primeiras. É de se supor que, neste contexto, o time tentará vencer o máximo de partidas que puder, para minimizar a perda. Por mais que tentem, todavia, talvez não consigam.

Huertas ainda não jogou na pré-temporada e tem contrato sem garantias: ainda assim, se o Lakers optar por cortá-lo, seria difícil de entender o acerto com ele em primeiro lugar. Experiente, armador visionário, tem tudo para influenciar positivamente o cotidiano de Clarkson e Russell

Huertas ainda não jogou na pré-temporada e tem contrato sem garantias: ainda assim, se o Lakers optar por cortá-lo, seria difícil de entender o acerto com ele em primeiro lugar. Experiente, armador visionário, tem tudo para influenciar positivamente o cotidiano de Clarkson e Russell, além de fazer a bola girar quando for para quadra, algo muito necessário num time de fominhas

A gestão: ultrapassada. o Lakers ainda aposta muito no peso de sua camisa e tradição e nas luzes de Hollywood para atrair reforços, mesmo que venha sendo recusado sucessivamente pelos principais agentes livres. Com isso, caíram numa armadilha, ficando realmente presos ao passado. Seu xaveco para LaMarcus  Aldridge foi tão fraco, por exemplo, que Kupchak teve de se apressar a marcar uma segunda reunião com o pivô, que deixou clara sua frustração com a primeira apresentação, na qual pouco se falou sobre basquete e muito mais sobre marca. Acredite: a maioria dos atletas ainda quer saber do que se vai passar em quadra.

Byron Scott ganhou seu emprego justamente por esse apego saudosista. O ex-companheiro de Magic fez ótimos trabalhos pelo Nets e pelo antigo-Hornets-hoje-Pelicans, mas vem sendo um tremendo fiasco nesta década. O sistema de Princeton que costumava adaptar ficou para trás, e só sobraram as bravatas, as frases de efeito sem nenhum efeito prático. Seus treinamentos são exaustivos, os jogadores entram em forma, mas, na hora que a bola sobe, a equipe segue desatenta aos mínimos detalhes de um jogo, com uma defesa esburacada. Está certo que um só treinador não faz milagre, mas sua adição não representou alteração nenhuma em relação aos tempos de Mike D’Antoni.

kupchak-byron-scott-lakers-front-office

Scott e Kupchak: muita tradição, poucos resultados recentes. Se o Lakers não for bem, ficará fora dos playoffs pelo terceiro campeonato consecutivo, estabelecendo recorde negativo da franquia

Olho nele: Julius Randle. Enquanto D’Angelo Russell vai aprendendo que tipo de truque pode funcionar contra defensores mais experientes, atléticos e fortes do que os que enfrentava por Ohio State, a franquia parece mais animada quanto ao ala-pivô, que vai fazer 21 anos em novembro, pode render. Randle é considerado há tempos como um dos jogadores mais promissores de sua geração. Em Kentucky, porém, não foi tão dominante como se esperava. Ao sofrer uma fratura na perna logo em seu jogo de estreia, ficou ao seu redor uma aura de mistério. A julgar pelo que os atletas mais veteranos e os diretores viram em rachões durante as férias e o traning camp, há muito otimismo. Hibbert diz que ele é o futuro da franquia e da NBA. Artest, seu mentor, detalha todo o seu potencial. Kobe afirma que ele tem o jogo de Lamar Odom e o corpo de Zach Randolph, com habilidade para cruzar a bola e armar contra-ataques, por exemplo, e o físico para trombar perto da tabela como se fosse um veterano. Neste jogo de pré-temporada contra o Raptors, mostrou alguma de suas habilidades:

São raros os jogadores com o físico de Randle que mostrem predisposição e desenvoltura com o drible. Agora, o que vemos dos lances acima também é o alto grau de dificuldade na execução. Algo que só vai aumentar nos jogos que valem, pela temporada. Com a experiência de enfrentar defesas mais compactas e bem preparadas, o rapaz vai ter de se ajustar, percebendo qual o momento que deve atacar o garrafão no um contra um, quando tem uma oportunidade de mismatch para jogar de costas para a cesta e quando deve acelerar no contra-ataque. Ajudaria muito seu jogo se ele desenvolvesse ao menos um chute respeitável de média distância.

card-kobe-97-98Um card do passado: Kobe Bryant. Quando um dos maiores cestinhas de todos os tempos iniciou uma temporada regular aos 19 anos, o San Antonio Spurs ainda não havia ganhado nenhum título, enquanto o Bulls de Michael Jordan estava pronto para chegar ao hexacampeonato.

Aquela era a segunda campanha de Kobe na grande liga, depois de um ano de estágio no banco do time. Ainda saía como reserva (foi titular em apenas uma partida), mas com relevância bem maior, jogando 26 minutos por partida e anotando 15,4 pontos, a terceira maior marca do time. Já pedia passagem, mas ao mesmo tempo não tinha tantas responsabilidades assim num elenco liderado por Shaquille O’Neal e com veteranos como Eddie Jones, Nick Van Exel, Robert Horry, Rick Fox e Elden Campbell por lá.

D’Angel Russell não vai ter esse luxo. Como escolha mais alta de Draft da franquia em mais de 20 anos, o armador vai lidar com enorme expectativa ao seu redor, sem, aparentemente, estar tão preparado para isso. Para piorar, vem dando azar com pequenas contusões que atrapalham sua preparação. Vamos ver se Kobe, que não é exatamente a figura mais paciente em quadra, pode ajudá-lo nessa.


Revigorado Knicks vence o Bauru no Garden. Notas sobre o amistoso
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Fischer consegue o 1º triple-double da carreira. Logo no Garden

Fischer consegue o 1º triple-double da carreira. Logo no Garden

O Bauru teve o prazer de jogar no Madison Square Garden nesta quarta-feira, segurou as pontas por 12 minutos de jogo, voltou a batalhar no terceiro período, mas não conseguiu fazer frente ao renovado e revigorado New York Knicks. Vitória por 100 a 81 para os donos da casa, que abriram sua pré-temporada.

*   *   *

Fico imaginando o que se passava pela cabeça de Phil Jackson ao ver o bombardeio de Bauru no primeiro quarto, parcial que venceram por 25 a 24. “Até no Brasil estão apelando para isso?”, deveria estar se questionando. Para quem não sabe, o Mestre Zen é um dos últimos focos de resistência à cultura de três pontos que ganha força na grande liga. Mal sabe ele, né? : )

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Pois bem. As cinco primeiras cestas de quadra dos campeões (latino-)americanos foram de longa distância. Nos primeiros 12 minutos, eles mataram 60% de fora. Terminaram com 25,6% em 43 disparos de fora. Isso tem a ver não só com ajustes do Knicks, mas principalmente por outros dois fatores: a capacidade atlética de jogadores da NBA e o cansaço.

Lembremos que a linha perimetral no Garden vai bem além da que está traçada no Panela de Pressão. O grau de dificuldade e esforço é maior. Com o relógio avançando, ficou mais e mais comum que os chutes bauruenses dessem bico. Ficaram bem mais curtos, mesmo – Jefferson William, voltando de uma lesão no tendão de Aquiles, foi o que sentiu mais: seu aproveitamento despencou durante o jogo (2-14). E, mesmo que tenham de cobrir mais terreno, os atletas de primeiro nível do Knicks alcançavam rapidamente os arremessadores para a contestação.

*    *    *

As trocas foram determinantes também. Não que, num jogo de cinco contra cinco, os titulares bauruenses fossem capazes de vencer, até porque teriam de se virar contra Carmelo por mais tempo, mas o volume de jogo do plantel nova-iorquino fez a diferença. Enquanto Guerrinha tinha confiança basicamente em três suplentes (Paulinho, que não foi bem, Mineiro e Meindl), Fisher pôde testar a profundidade de seu novo elenco, usando sete reservas, sendo que seis deles pontuaram. Um ala voluntarioso, mas limitado como Lance Thomas, titular no final de temporada, hoje está relegado ao papel que melhor lhe cabe, mesmo, como 12º homem de rotação. No total, foram 58 pontos para quem saiu do banco pelo time da casa, contra 17 dos brasileiros.

Acho que, por mais que Bauru queira competir nesses amistoso, seria mais interessante fazer uso da molecada no banco de reservas. O espigão Wesley Sena foi para o jogo na metade do segundo período e cometeu dois erros. Primeiro, no ataque, cortou para a cesta pela zona morta quando o passe de Fischer estava endereçado para a média distância. Não havia espaço para ele receber a bola em projeção para o garrafão naquela ocasião. Depois, cochilou na defesa e permitiu uma enterrada fácil de ponte aérea para Derrick Williams, em movimento de backdoor. Pedido de tempo, e foi sacado imediatamente. Valia ter segurado mais um pouco, dando uma experiência muito valiosa para um garoto de 19 anos que vem de um ótimo Campeonato Paulista.

O armador Carioca, que pode muitas vezes parecer um bonde sem freio com a bola, também é outro que merece o teste. É um jogador agressivo e abusado (até demais por vezes…), mas com velocidade para competir contra os americanos. Não é que Paulinho tenha uma abordagem tão diferente assim na hora de carregar a bola para o ataque.

Assimilando as lições desse primeiro jogo, espera-se que ganhem mais minutos contra o Washington Wizards. Até porque o time do quintal de Obama é muito mais forte.

*    *    *

Os relatos que vieram do training camp são de que a química desta versão do Knicks é bem melhor que a da campanha passada, e isso já se pôde notar neste primeiro amistoso. Dá para entender. Se a franquia não conseguiu os grandes nomes com os quais os tabloides sonhavam, Phil Jacson ao menos povoou seu plantel com jogadores inteligentes, de boa leitura de jogo, como Robin Lopez, Kyle O’Quinn, Sasha Vujacic e Jerian Grant. Também é o segundo ano seguido de aplicação dos conceitos do triângulo para aqueles que ficaram. O que vimos então foi uma movimentação de bola mais fluida, com ações bastante eficazes para liberar os arremessadores do lado contrário. E aí chutadores como Melo e o esloveno ganharam espaço para encaçapar. O’Quinn, em específico, tende a fazer sucesso por lá. Seria uma história muito legal para o antigo morador do Queens.

*    *    *

Como se diz em inglês, Ricardo Fischer “belongs”. Pertence. No caso, ao mais alto nível de basquete. E, na boa, não estou nem me referindo ao triple-double (11 pontos, 10 rebotes, 10 assistências), que vai fazer manchetes, vai entrar no currículo com linha destacada.

O jovem armador de Bauru mostrou mais uma vez um controle de bola – e de jogo – muito maduro. Enquanto pôde, porém, passou por Calderón, Galloway e Grant, se esgueirou pela defesa do  Knicks e criou para seus companheiros. A comparação que Paco Garcia fez com Marcelinho Huertas fez ainda mais sentido depois dessa atuação no Garden. Seu volume de jogo foi até demais da conta. É que, como armador isolado no ataque, ficou sobrecarregado. Daí os sete desperdícios de posse de bola.

Sobre o triple-double em si, muito legal e inesperado. Mas percebam também como estatísticas podem ser fabricadas. Uma vez ciente de que se aproximava da marca, o jogador passou a persegui-la, em busca de rebotes defensivos sem contestação etc. Os próprios companheiros o ajudaram nessa. Faz parte do jogo. Mas é por isso que os números nem sempre dizem tudo. Fischer mesmo admitiu isso, pedindo para que eles abrissem a quadra para a coleta de dois rebotes defensivos derradeiros. A curiosidade é que foi o primeiro de sua carreira. Logo lá.


O retorno de Kobe e a primeira boa impressão de Raulzinho
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kobe com os pés no chão. Melhor nos acostumarmos

Kobe com os pés no chão. Melhor nos acostumarmos

É pré-temporada apenas. O primeiro jogo! Como diz Fred Hoiberg, o novo técnico do Bulls: “Geralmente a primeira partida da pré-temporada é bastante desleixada, e, depois de assistir muitas dessas partidas nos últimos dias, já dá para ver isso”.

Então o certo era nem mesmo escrever nada a respeito. Maaas… pelos dois elementos que apresentou, o jogo entre Los Angeles Lakers e Utah Jazz, com vitória para a equipe de Salt Lake City por 90 a 71, neste domingo, pede algumas observações. E, não, não tem a ver com o fato de eles terem se enfrentado no Havaí. Aloha.

*    *    *

Mesmo que tenha sido um amistoso, ao menos a vestimenta era para valer, os árbitros também eram os da liga, havia jornalistas e transmissão, e tudo o mais. Só não pode dizer que é oficial, pois os registros da pré-temporada não são computados pela liga, mesmo que o ambiente seja bem mais formal que aquele da Summer League. (Então também não deveríamos tratar como a estreia de Raulzinho.)

Bom, ainda assim, foram 257 dias até que Kobe Bryant pudesse vestir novamente a camisa 24 do Lakers em um jogo. O resultado foi  aquilo esperado pelos mais realistas: muita, mas muita ferrugem para tirar. Este aqui foi seu primeiro arremesso:

 

Agora, sua primeira cesta, para compensar:

Independentemente do airball do primeiro e da cesta no segundo, o que salta aos olhos é, na verdade, a pouca elevação em seu arremesso. Aos 37 anos, já seria normal. Vindo de uma ruptura no tendão de Aquiles, uma fratura no joelho e uma segunda ruptura no ombro, sofrida em janeiro, a coisa é muito mais grave, ainda mais para alguém que já esteve em quadra por 46.700 minutos em temporada regular e 8.600 nos playoffs. Milhagem boa, com a qual poderia se candidatar a qualquer programa de desconto vitalício (caso precisasse). Contra ela, a essa idade, talvez não haja ética de trabalho que dê conta.

Nos 12 minutos que ficou em quadra, valendo apenas pelo primeiro quarto, o astro se movimentou e jogou como um veterano que está bem perto da aposentadoria. Para chegar a um nível mínimo de rendimento, em relação aos seus próprios e quase sempre inatingíveis parâmetros, a distância certa seria medida em anos-luz. Kobe, claro, procurou minimizar suas dificuldades. É só uma questão de ganhar ritmo de jogo. Ganhar ritmo e me aclimatar ao jogo novamente”, afirmou. Isso não se nega. A questão é que, quando ganhar ritmo, qual é o seu novo limite de capacidade atlética? O quanto isso vai lhe afetar em quadra? Quanto seus fundamentos serão o bastante para que ele produzir? Nesta bola, o que ele tem hoje não foi nem o bastante para passar por Joe Ingles, que nunca foi confundido com nenhum Tony Allen:

Não é algo bonito de se ver, é?

*    *    *

O plano de Byron Scott era dar ao ala apenas os 12 minutos do primeiro quarto, mesmo. Ao final da partida, o técnico afirmou isso e que, nesta segunda-feira, ele treinaria novamente e se prepararia para o jogo de terça, num repeteco haviano contra o Utah. No final, porém, mesmo com o tempo reduzido, Kobe nem treinou com seus companheiros.

*    *    *

É só uma brincadeira, não é para desmerecer o “Raul Neto”, mas, mesmo que tivesse sido um jogo de temporada regular, talvez nem assim fosse o caso de caracterizá-lo como sua estreia. Afinal, o quão a sério dá para levar um time que reúne três fominhas como Kobe, Lou Williams e Nick Young? Loucura geral.

(E, sim, detesto ter de fazer qualquer ressalva desse tipo para anunciar uma piada. Se irritar a maioria, favor avisar.)

Fato é que Raulzinho fez um belíssimo segundo tempo contra o Lakers, conseguindo algumas roubadas até em pressão quadra inteira que foram até meio humilhantes para o ala Jabari Brown. Seu esforço defensivo rendeu muitos elogios da mídia de Utah, pois até parecia que o brasileiro jogava a final do Pan ali. Vejam:

Raul teve 20 minutos de quadra, basicamente revezando com Trey Burke Deu seis assistências, dando bastante ritmo ao seu time em transição, e conseguiu quatro roubos. Mal olhou para a cesta, mas, com a pegada e a visão de jogo demonstradas, vai deixar muitos de seus bem felizes.

*    *    *

Huertas não jogou pelo Lakers devido a uma contusão na virilha, segundo o clube californiano. Para piorar, a franquia divulgou hoje que ele não vai participar da partida de terça e “provavelmente” também não jogará na quinta. Serão três compromissos perdidos,  lembrando que o time de Byron Scott tem hoje 19 contratos, precisando dispensar quatro até o início do campeonato. Ainda assim, antes que se dispare o alarme, segundo a grande maioria dos relatos que vêm de L.A., Huertas já teria causado boa impressão o suficiente nos treinamentos para se garantir. Além disso, os setoristas do clube dão a entender ou deduzem com boa dose de perspicácia que seria muito difícil, ou improvável, que Mitch Kupchak e Jim Buss fossem se dar ao trabalho de trazer um armador de renome internacional como o brasileiro para, então, rasgar seu contrato rapidamente.


Bauru chega a NYC, e o Paulista fica para trás após inacreditável pendenga
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Bauru, NBA, New York, 2015

É com um certo atraso que sai o texto, mas há coisas que não dá para deixar.

Exatamente há uma semana, o basqueteiro bauruense e o brasileiro em geral deveria estar se sentindo bem, especialmente aqueles que puderam ir ao Ginásio do Ibirapuera durante o final de semana para ver os duelos da Copa Intercontinental com o Real Madrid. O público, na média, foi excelente – assim com o clima, com figuras importantes do passado desfilando por todos os lados e sendo reconhecida.  Mas não era ‘só’ a galerinha do basquete, o segmento. A festa se expandiu para acolher algumas fileiras de torcedores do próprio Real e mais. A equipe do interior paulista perdeu, como se esperava, mas fez uma série dura, com direito a vitória no primeiro jogo. Tudo muito bem, obrigado.

Mas aí você vira a página do calendário, e o basquete nacional faz questão de te lembrar do quanto ainda precisa avançar. A referência, claro, fica por conta do impasse entre Bauru e a federação do estado. Um impasse que resultou na rasgação de mais um regulamento de competição para eliminar o atual bicampeão paulista não exatamente pelo que se passou em quadra, mas, antes, pela impossibilidade de mandar seus jogadores para ela.

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Para o leitor de NBA que talvez não tenha acompanhado a novela em detalhes, segue um resumo em 10 passos:

1) Bauru e Mogi das Cruzes estavam disputando as quartas de final do campeonato;
2) os dois primeiros jogos foram realizados na segunda e na terça-feira (21 e 22) que antecederam a Copa Intercontinental, com o time de Mogi vencendo ambas em casa;
3) Bauru tinha viagem marcada para os Estados Unidos para o sábado seguinte, dia 3, restando o meio da semana para a conclusão do confronto;
4) o problema é que o Mogi estava escalado para disputar a Liga Sul-Americana de terça a quinta-feira;
5) logo, Bauru pediu para que jogassem depois que voltassem dos EUA, no dia 15 de outubro;
6) seria uma loooonga espera, mesmo, e, além do mais, a federação alega que já tinha o dia 17 reservado com a Rede TV! como data para um dos jogos da finais;
7) mas então por que não fazer os jogos antes? Foi o que Bauru inicialmente pediu, para que fizessem as duas primeiras partidas antes e pudessem, talvez, fechar o confronto antes mesmo da disputa mundial. Não dava, segundo Mogi, pelo fato de terem de ajustar sua quadra para os padrões exigidos pela Fiba;
8) os jogos foram marcados, então, para 2 e, se necessário, 3 de outubro, data da viagem bauruense;
9) o clube do interior afirmou que não jogaria assim;
10) por fim, o que aconteceu? Para evitar que Mogi tivesse o trabalho de viajar para Bauru só para se configurar o W.O., a FPB se antecipou e terminou por avançar a equipe automaticamente para confronto semifinal com o Paulistano.

Enfim, o caos, como gritaria o Rômulo Mendonça.

Antes de mais nada, é preciso dizer que os clubes daqui já flertaram com esse tipo de episódio em diversas ocasiões nos últimos anos. Mas muitas vezes, mesmo, e só escaparam, porque sempre tinha o tal do jeitinho para encontrar novas saídas. Acontece que, dessa vez, havia coisa muito séria envolvida. A NBA estava de um lado do espectro. Do outro, um acordo (raro e precioso) com a TV aberta. Difícil que um ou outro lado fosse ceder. Deu no que deu.

Larry Taylor, Mogi, Liga Sul-Americana 2015

Aliás, aí está mais uma lástima: tal como no futebol, essa coisa de campeonato estadual de basquete parece com os dias contados. Mesmo o Paulista, que, nas quadras, em seu contexto, tem importância muito mais relevante, se comparado com o de seu irmão dos gramados. Foi, de certa forma, um acordo surpreendente este fechado entre RedeTV! e clubes paulistas, que praticamente bancaram toda a operação – um sacrifício inteligente e necessário para a promoção de suas marcas e patrocinadores, aliás. Ainda que longe das condições ideais, fechado de última hora, este acerto foi uma tremenda notícia. Acompanhado a isso veio o próprio hotsite da competição que, em que pese sua acidentada navegabilidade e um ou outro termo sem tradução, ofereceu muito mais informação estatística que o de costume, no jurássico portal da entidade. Era mais um ponto para animar, mas que, diante do fiasco esportivo explicitado nos de capítulos acima, acaba virando uma pequena notinha de canto de página.

Pois, além do vexame de se encerrar um playoff sem que ninguém tenha chegado a três vitórias – e aqui, convenhamos, não interessa se Mogi terminaria por varrer, ou não, seu oponente –, diplomaticamente  as três partes perderam o rumo também no extraquadra.

– Por mais frustrado que o clube estivesse com Mogi e seu treinador, por razões aqui explicitadas, não há por que Rodrigo Paschoalotto, presidente do principal financiador de Bauru,  pregar a expulsão de Paco Garcia do basquete brasileiro. Acaba atrapalhando a parte sensata de seu protesto, que foi pedir um pouco de “boa vontade” por parte do adversário e da federação. Ainda mais quando ela já havia sido avisada no final do mês de agosto.

– Do lado de Mogi, diante de inflamadas declarações, sua fria (e, quiçá) e um tanto cínica nota oficial não ajuda em nada. Por mais que não tenham aceitado a antecipação das quartas de final por causa dos ajustes em sua quadra, e, não, pela escapulida de Paco, não vejo motivo para se enfatizar que o Paulista e a Sul-Americana  sejam “competições oficiais”, em detrimento de amistosos da NBA. Mogi tem time hoje para ganhar qualquer campeonato que dispute. Então, nesse ponto, a pergunta ecoada por Bauru, é válida, sim: estivessem eles a convite da liga norte-americana, como seriam os arranjos? Seria impossível fazer os jogos nos dias 18 e 19 e, depois, viajar para Bauru, enquanto os operários teriam mais de uma semana para ajustar a quadra de acordo com as demandas da Fiba?

– Já a FPB… bem, a federação faz um ótimo trabalho de autossabotagem há tempos, independentemente de, na última semana, ter enfrentado uma questão realmente delicada que foi a morte de seu presidente. Antonio Chakmati se foi, ficam as condolências ao seus familiares, mas nenhuma entidade esportiva deveria depender tão somente das decisões de um só presidente para tomar decisões. Competência e sensatez à parte. Para constar, o Bauru exime o novo presidente Enyo Correa de culpa nessa pendenga. Veja o que o que dirigente teve a dizer  ao camarada Alessandro Luchetti, do iG. De qualquer forma, seja lá qual fosse o responsável técnico, lascado por lascado, será que não daria para telefonar para Grego ou qualquer outro cartola da LSA para sondar a possibilidade de segurar a etapa de Mogi por mais uma semaninha?

Não adianta vir com legalismo aqui. Que as regras do Paulista estavam na mesa, e cabia a Bauru aceitá-las. Afinal, a FPB pode assumir a gestão de seu campeonato, mas não é dona dele. Ou não deveria ser. O poder em nossas entidades esportivas é usualmente viciado e tende a se considerar, hoje, autossuficiente. “O sitema é f…”, pode ranhetar o Capitão Nascimento. O bom senso passa longe quando você tenta encasquetar que um de seus representantes – e atual bicampeão, oras – esteja indo para os Estados Unidos jogar contra times da NBA. E também não venham os mais retrógrados dizer que o convite ao campeão da América (Latina) não passa de um movimento imperialista, contaminador e sorrateiro por parte da grande liga. Claro que a intenção não é apenas e tão somente o desenvolvimento do desporto nacional. Dãr. Mas negar uma oportunidade dessas para seus atletas seria, na falta de termo mais educado, uma grande estupidez.

Que Bauru, com todos os seus títulos recentes, ainda tenha brigado para jogar o Paulista já foi, de alguma forma, um grande lucro para a federação. A despeito da tradição de seu campeonato e dos avanços feitos neste ano, depois de uma longa caminhada para trás,  à medida que o NBB se solidifica (ou tenta se solidificar) e a Fiba continua bancando duas competições continentais, não parece haver espaço no calendário para acomodar a disputa de tantos troféus. E aí o estadual é aquele que pode sofrer mais, se o atual formato, com tantas datas necessárias para a sua conclusão, for mantido. Aí talvez seja o caso de uma equipe bem-sucedida como Bauru, ou qualquer outro supercampeão que venha existir, abraçar a estratégia de jogar com a molecada do início ao fim, e paciência – e até isso poderia ter problema, devido à incidência da LDB. Veja só: mesmo com boa vontade, já é bem difícil de tocar. Se as partes forem se perder em orgulho, politicagem e amadorismo… Aí, mano, cumpadi…Aí é “falou, aquele abraço!” ou “inté”. No caso de Bauru, ou melhor: “bye, bye”.

Bem-vindo, Bauru

Bem-vindo, Bauru


Nova geração chinesa conquista vaga olímpica. E o que mais rolou na Ásia?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A festa da garotada chinesa

A festa da garotada chinesa

A China venceu neste sábado a Copa da Ásia/Campeonato Asiático/Torneio da Ásia/AsiaBasket/seja lá qual for o nome da competição. Jogando em casa, venceu todas as suas nove partidas até vencer as Filipinas na final, por 78 a 67, e conseguir a classificação ao Rio 2016. É o nono time garantido, se juntando, vocês sabem, a Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Lituânia, Nigéria e Venezuela.

Faltam agora apenas três vagas, que serão decididas no sistema de Pré-Olímpico mundial,  ficando os filipinos, vice-campeões continentais pela segunda vez consecutiva, e o restante da galera à mercê do cofre da Fiba. Ninguém sabe ainda o que a federação está tramando para completar os 12 times das Olimpíadas.

Não consegui ver muito da competição asiática. Então pedi socorro a um scout da NBA que, nas últimas semanas, trabalhou como observador de uma das melhores seleções do torneio. Seu trabalho era estudar os adversários e passar tudo mastigadinho para a comissão técnica. Em seu currículo, também consta serviços para clubes do continente. Então era uma fonte confiável para ajudar a entender o que se passava por lá com mais segurança.

Vamos, então, a algumas notas sobre as seleções:

China
Em constante contato com dirigentes e técnicos chineses, prestando consultoria para as ricas equipes do país, esse scout já tem bastante familiaridade com o elenco reunido para tentar reaver o título asiático, que em 2013 ficou com o Irã. Mesmo que esse plantel tenha uma idade de média bastante baixa, de 24 anos. A mesma do Canadá da Copa América, para comparar. Sua expectativa foi confirmada: a nova geração chinesa tende a dar trabalho nas próximas competições globais da Fiba.

O time tem média de altura de 2,03m. É difícil encontrar um plantel mais espichado que esses. Dando uma zapeada pelo EuroBasket, vemos que atingiram a estatura média da imponente Sérvia. A Croácia e a Grécia tiveram 2,02m. A França, 2,01m. Isso faz diferença, ainda mais na Ásia. Tanta envergadura incomodou demais os oponentes na fase final do Campeonato Asiático. Depois de limitar o Irã a apenas 28,6% nos arremessos pela semifinal, seguraram os filipinos em 35,4% e, principalmente, em 25% na linha de três.

Agora, de nada adianta o tamanho se não há talento para sustentá-lo é o caso da seleção chinesa. O pivô Zhou Qi, de 19 anos, é um autêntico prospecto de NBA. Diversos olheiros estavam rezando para que o garoto ficasse no último Draft e pudessem escolhê-lo no final da primeira rodada. Não foi o caso. Os candidatos chineses têm uma estrutura de apoio maior e mais complexa que a da maioria. Já ganham um bom salário pela liga local e, de um jeito ou de outro, são vistos como embaixadores da nação. Os interesses ao redor deles vão muito além do campo esportivo, digamos.

Na final, Qi somou 16 pontos e 14 rebotes, descolando impressionantes 12 lances livres em 32 minutos. O detalhe é que ele já havia chegado ao double-double no primeiro tempo, com 12 pontos e 10 rebotes em 17 minutos. Foi dominante e ajudou a equipe a assumir o controle da partida antes do intervalo. “Esse garoto é para valer. O único empecilho para ele, hoje, é o corpo magrelo. Mas não me preocupo com isso. Acho que pode fortalecer com o tempo, por ser muito jovem ainda. Em termos de habilidade com a bola, está acima da média”, diz o scout.

Agora o engraçado nesse time chinês é que o papo de “Torres Gêmeas” não cola. Na real, os caras têm todo um verdadeiro condomínio de arranha-céus, escalando outros rapazes como Wang Zheling, de 21 anos e 2,14m, Li Muhao, 23 anos e 2,18m, além do nosso velho conhecido Yi Jianlian, de 2,13m, que faz as vezes de veterano aos… 27 anos.


Esse é um aspecto interessante dessa nova configuração: não se trata mais apenas de dar a bola para Yi ou Yao e deixar que a estrela resolva tudo por conta. Yi ainda é o principal jogador do país, claro. Teve médias de 16,7 pontos e 8,8 rebotes em apenas 26,7 minutos, e está muito bem, obrigado, nesse ritmo. Mas há agora uma sólida base de jogadores ao seu redor para se explorar, como o armador Guo Ailun, de 21 anos e 1,92m, que segurou as pontas na decisão contra os explosivos filipinos Jayson Castro e Terrence Romeo.

Guo teve média de 10,9 pontos e 4,0 assistências, surgindo enfim como uma opção para desbancar Liu Wei (35 anos) do time titular. Já o ala Zhou Peng, de 25 anos, é o gatilho do time, para espaçar a quadra no perímetro. Com 2,06m de altura, fica difícil de bloqueá-lo.

Filipinas
Derrotados pelo Irã na final em casa em 2011, agora repetem a prata. Para um país tão apaixonado pelo basquete, os Smart Gilas têm ficado de coração partido muitas vezes para o meu gosto. Na Copa, por exemplo, para surpresa geral, fizeram jogos duros contra Croácia e Argentina e foram derrotados no finalzinho, caindo na primeira fase. Por fim, somem aí, minha gente, o fato de terem sido preteridos pela Fiba como sede do próximo Mundial (que ficou justamente com a China). Não é bacana vê-los sofrer tanto assim.

A naturalização de Andray Blatche é uma piada do ponto de vista esportivo, mas rende dividendos óbvios. Teve médias de 17,8 pontos, 9,2 rebotes, 1,4 roubo de bola, 1,1 toco e 1,2 assistência, com 2,1 turnovers no torneio, em 25,8 minutos. Tudo isso com um tornozelo torcido no meio da competição. O que talvez possa valer como a tal da bênção em meio a uma desgraça. “A torção o obrigou a jogar mais perto da cesta, o que é mais valioso para a equipe, em vez de ele tentar ser armador, ala e pivô ao mesmo tempo”, diz o scout.

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

Vale tudo para tentar parar Blatche na Ásia

De qualquer forma, Blatche não foi o suficiente para fazer os filipinos subirem um degrau no pódio. Na final, contra caras do seu tamanho, marcou 17 pontos em 27 minutos, mas foi pouco efetivo. Quando foi para o perímetro, também deu as suas forçadas usuais, com 1/5 nos arremessos de três. A China tinha meios de lidar com o americano sem precisar desequilibrar sua defesa, podendo vigiar de perto os perigosos atiradores exteriores. Castro e Romeo não conseguiram esquentar a munheca em nenhum momento.

Se formos pensar, as Filipinas são algo parecido com Bauru em termos de abordagem ofensiva, com chutadores espalhados pela quadra sob orientação de Tab Baldwin, um treinador para o qual seu olheiro compatriota chama a atenção. “Muito inventivo e inteligente na hora de explorar as fraquezas dos oponentes. Esse cara é legítimo e devemos ouvir mais sobre ele no futuro”, afirmou.

E agora o que será dos Gilas? Não acho absurda a noção de que eles teriam chance no Pré-Olímpico. Esse olheiro também acredita que é possível que aprontem algo. Mas tudo vai depender dos caminhos desenhados pela Fiba. Fato é que o time ainda vai ficar mais forte com a provável adição de Jordan Clarkson no ano que vem e com o retorno do pivô June Mar Fajardo, de 25 anos e 2,11m, que estava lesionado e é aparentemente o único grandalhão nativo decente para dar alguma folga a Blatche ou para fazer uma dupla mais alta com ele. Outra peça a ser considerada é o ala Bobby Ray Parks, um cestinha fogoso de 22 anos, que passou batido no último Draft, mas vai tentar a sorte na próxima temporada da D-League.

Irã
Teria chegado ao fim o show do Hamedi Haddadi?

(Façam cara de espanto seguida por uma expressão de consternação, por favor.)

O superpivô (asiático, no caso) 11,5 pontos e 7,8 rebotes em 23,6 minutos, com 2,8 turnovers, 1,0 toco. 4,9 lances livres e 50,7% nos arremessos. Esses são números que podem deixar Chris Kaman, Marcin Gortat, Erick Dampier e Vitaly Potapenko orgulhosos, mas não impressionariam Shaquille O’Neal, Kareem Abdul-Jabbar, Tim Duncan, Moses Malone e Wilt Chamberlain, né?

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

As coisas estão mais difíceis para Haddadi

Parece que o Senhor Tempo enfim se aproximou de Haddadi com seu recado inevitável. Mas há também outro motivo para entender o que aconteceu nesta copa asiática, segundo o scout. “Os técnicos recrutados pelas seleções estão em geral num nível mais alto também do que nos últimos anos. São mais inteligentes e estão sabendo como lidar com ele. Sempre disse que você precisa dar um jeito de afastá-lo do garrafão, tirá-lo de perto da cesta na defesa. Se fizer isso, o Irã se torna facilmente vencível. Nosso time conseguiu. Desenhamos algumas jogadas que criaram muitos problemas para eles, nesse sentido. Mas muitas equipes fizeram isso, colocando-o no perímetro”, disse.

Além disso, o ala Samad Nikkhah Bahrami jogou no sacrifício e também não conseguiu produzir da forma como se acostumou no continente, com 13,8 pontos, apenas 41,7% nos arremessos, criando pouco também para os companheiros, com 1,6 assistência. Até que desembestou na disputa pelo bronze com o Japão, marcando 35 pontos:

Coreia do Sul
“Não acredito que a Coreia perdeu para o Catar”, foi o que me disse o scout sobre a partida que acabou colocando os sul-coreanos no terceiro lugar do Grupo F, resultando num confronto com o Irã pelas quartas de final. Aí, por mais que os dois principais jogadores adversários estivessem longe da melhor forma, pesou a experiência. Mas o time deixou boa impressão nos olhos deste americano. “Eles estão no caminho de se tornar uma força na Ásia. São supertalentosos. Sua linha de frente está ficando mais alta, jogando duro, e seus armadores são jovens e muito habilidosos. Contra a China, eles foram superiores durante quase toda a partida, mas os juízes roubaram a vitória deles.”

No final, terminaram com a sexta posição, fora até mesmo da zona de classificação para o Pré-Olímpico mundial, para o qual vão também iranianos e japoneses, que foram aqueles que justamente derrotaram o Catar nas quartas de final.

Índia

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Mas é essa a pegada do críquete, mesmo?

Galera, ao que tudo indica, este era o time imperdível da competição. Favor não confundir com “imbatível”, pois eles perderam oito de suas 11 partidas, terminando em oitavo, ainda que com uma campanha pior que a das duas equipes que vieram logo em sequência – Jordânia e Palestina.

Vejam o relato do scout: “Foi uma surpresa vê-los. Eles têm alguns pivôs que chamam muito a atenção, por serem grandes, talentosos e atléticos. Os três são provavelmente melhores que o Satnam (Singh, o gigantão  de 19 anos 2,19m de altura, que estava treinando na IMG e acabou draftado pelo Dallas Mavericks. Ele vai jogar pelo Texas Legends, filial do clube na D-League. A opinião majoritária dos scouts é de que ele é muito mais uma jogada de marketing do que um prospecto. Vamos ver.).”

“No jogo contra o Irã, eles estavam jogando pau a pau, porque um desses pivôs (Amritpal Singh, 24 anos e 2,07m) conseguia marcar Haddadi no um contra um. Do outro lado, ele ainda matava os arremessos de média distância, e o Haddadi não conseguia acompanhá-lo. O cara é ágil, ativo, um belo arremessador mesmo e provavelmente poderia ter jogado numa universidade de nível decente nos Estados Unidos se eles o tivessem enviado para cá, em vez do Satnan. Aí que, com cinco minutos para o final do primeiro quarto, esse grandalhão indiano comete a segunda falta.”

“O técnico o deixou em quadra até o final do período, e ele ficou com duas faltas, mesmo, até o final. Com um minuto no segundo período, ele cometeu a terceira, e o técnico não o tirava. Não dava para não rir com aquela situação. E aí, com cinco minutos faltando para o segundo, vem a quarta falta. Foi uma falta boba numa disputa de bola. Aí um dos assistentes chamou um jogador para entrar em quadra. Quando o treinador percebeu, o mandou se sentar, deixando o cara com quatro faltas. A dez segundos do fim, o que acontece? Ele faz a quinta falta no meio da quadra, tentando roubar a bola de um armador. A Índia perdia por uns sete pontos só nesse momento. Não dava para acreditar, mesmo, a gente ficou morrendo de rir. Só para você saber, antes eles tinham um técnico americano que estava trabalhando bem por lá (Scott Flemming), mas eles o dispensaram em maio quando a federação passou por algumas mudanças. Contrataram esse cara que era um treinador de um time juvenil feminino (Sat Prakash Yadav), totalmente inepto.”

Aí eu pergunto se, por acaso, o técnico não vinha do críquete, ou algo assim. A resposta: “Engraçado você mencionar isso. Teve uma jogada no final de um quarto, com 2s8 no cronômetro. Ele pediu tempo. E a ideia dele foi, mesmo, fazer com que seu armador cruzasse a bola por toda a quadra com um lançamento que parecia de críquete, tentando alcançar um de seus pivôs embaixo da cesta. Além disso, o armador deles fazia sempre uma comemoração de críquete quando acertava a cesta”.

Um dos destaques do time foi ooooooutro Singh.  Amjyot Singh, de 2,03m e 23 anos.

Palestina
Essa talvez seja a melhor história. Os palestinos não disputavam um torneio com chancela da Fiba desde 1970, quando ainda competiam pelo Campeonato Africano. Na ocasião, terminaram com a sexta colocação, com um triunfo sobre a Somália, por 104 a 71, e três derrotas, em Alexandria, no Egito. Antes disso, na edição de 1964, terminando em terceiro, com duas vitórias, sobre a Tunísia e o Senegal, e três derrotas, em Casablanca, no Marrocos.

Pois é. São 45 anos de lá para cá, e os caras fizeram uma campanha bem digna, terminando em décimo, mas com seis vitórias e cinco derrotas. O primeiro triunfo aconteceu logo na rodada de estreia contra as Filipinas, algo histórico. Depois, ainda venceram o Kuwait e Hong Kong, pela fase preliminar. Na segunda etapa, pelo Grupo E, porém,  foram superados por Índia, Japão e Irã e acabaram eliminados dos mata-matas.  Ainda bateram o Cazaquistão e foram superados pela Jordânia.

O ala Jamal Abu-Shamala, nascido nos Estados Unidos, foi o líder da seleção, com 21,5 pontos e 8,5 rebotes, descansando menos que três minutos por partida. Formado pela Universidade de Minnesota em 2009, teve teve seu melhor momento como jogador profissional, depois de breve passagem pela D-League e de ter falhado em deixar sua marca no basquete mexicano. “Ele foi um atleta mediano na universidade, mas é bom arremessador e joga com o coração”, diz o scout.


< Anterior | Voltar à página inicial | Próximo>