Vinte Um

Arquivo : agosto 2014

O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo “torneio de consolação” – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: “Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo”. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: “Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós”.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

No Twitter:

A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


Contra o Irã, a vitória anunciada, mas reforçando percepções
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Giancarlo Giampietro

Defesa forte de um time competitivo, mas ataque ainda devendo na meia quadra

Defesa forte de um time competitivo, mas ataque ainda devendo na meia quadra. Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

Não tem muito para escrever depois de um jogo contra o Irã. O Brasil se atrapalhou um pouco no primeiro quarto, em qual perdeu por 18 a 17 . Mas digamos que tenha sido o tempo de aquecimento necessário. Dez minutos, e pronto: começou a sacolada, com a seleção vencendo por 77 a 50.

Os iranianos são os chefões na Ásia, mas não têm consistência, nem talento para segurar a onda com um time que sonha com medalha na Copa do Mundo de basquete. Era jogo para Marcelinho Machado (16 minutos) acumular mais milhas num torneio desse nível, para Guilherme Giovannoni (14 minutos) bater uma bola e desenferrujar etc.

Por outro lado, considerando os números finais da partida, a pelada deste domingo acaba reforçando algumas impressões sobre o time de Rubén Magnano: a defesa é intensa, está muito bem preparada. A contagem atingida pelos asiáticos foi a menor do torneio até aqui – na jornada de abertura, os Estados Unidos haviam segurado a Finlândia com 55 pontos – a mesma quantia que a Coreia do Sul fez neste domingo contra a Austrália.

E o  ataque? Nem tanto.

Mas como nem tanto? Não marcaram 79 pontos?

Sim, e digo mais: com aproveitamento alto nos arremessos de quadra: 54%.

Bem, uma boa parte destes pontoas saiu em contra-ataque: 28, na sequência de diversos desperdícios de bola do adversário (24!). A defesa que gerou o ataque, e não há nada de errado com isso – é o jeito mais fácil de encestar. Agora, contra equipes de ponta, com armadores um pouco – ou muito – mais qualificados, esses pontos em transição caem dramaticamente. Na véspera, contra a França, foram apenas quatro. Contra a Espanha, que tem a melhor combinação de armadores do Mundial – Calderón, Rubio, Rodríguez, Llull, quatro jogadores que seriam titulares em praticamente todas as seleções do torneio –, as oportunidades também serão limitadas.

Aí tem de produzir em meia quadra, e até agora as coisas não têm funcionado muito bem nesse tipo de situação. Mesmo hoje, diante de uma defesa baixíssima, pouco atlética, a seleção cometeu 19 turnovers. Boa parte deles no início preguiçoso de partida, é verdade. Mas a movimentação reduzida de bola – e fora da bola – se sustentou, com elevado número de erros de passes, de fundamentos. Nos tiros de fora, mesmo com toda a liberdade do mundo, o aproveitamento foi baixo: 33%. Vale destacar, contudo, que o volume dos arremessos do perímetro foi reduzido (15 dos 59 arremessos), mesmo sem contestação alguma na linha perimetral.

Daqui para a frente, só resta mais uma baba: o Egito. De resto, será só pedreira, só times de ponta, contra os quais o Brasil vai competir para valer, por conta de seu revigorado ímpeto defensivo. Houve um tempo em que chorávamos por um time que protegesse melhor sua cesta. Ele está aí agora, mas com carências do outro lado. Essa combinação deixa as previsões um pouco mais turvas. Nada tão seguro como um triunfo contra iranianos.


O 1º dia da Copa do Mundo de basquete
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, sobre a rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre a França, clique aqui.

O jogo do dia: Croácia x Andray Blatches (vulgo Filipinas)
Quem diria, né? O jogo de abertura da Copa do Mundo também foi aquele mais dramático, definido apenas na prorrogação, com as Filipinas dando um senhor susto na Croácia. A equipe balcânica chegou a abrir vantagem de 15 pontos. Venceu o primeiro quarto por 23 a 9, mas permitiu a reação do oponente.  No quarto período, Jeff Chan teve a bola do jogo nas mãos, mas errou um arremesso de três, desequilibrado, no estouro do cronômetro. No minuto final da prorrogação, o classudo Bojan Bogdanovic matou quatro lances livres, chegando a 26 pontos, para afastar a zebra (81 a 78) e esfriar a galera filipina, que lotou a arena em Sevilha. É deste Grupo B que sairá o adversário brasileiro nas oitavas de final.

Jeff Chan, foi quase

Jeff Chan, foi quase

A surpresa
Selem Safar. Aos 27 anos, ala argentino fez sua estreia numa competição de alto nível – sim, a esculhambada Copa América de 2013 não conta – e arrepiou a defesa porto-riquenha ao anotar 18 pontos em 29 minutos. Um terço de seus pontos vieram de tiros de longa distância, com 4/8, número fundamental para abrir a quadra para Scola, Herrmann e Nocioni operarem (50 pontos para o trio + 30 rebotes!!!). O resultado foi uma sacolada inesperada dos hermanos neste clássico latino-americano: 98 a 75. Safar é daqueles arremessadores, digamos, temperamentais. Nas últimas três temporadas da liga argentina, teve, respectivamente, 38,7%, 32,5% e 37,6% de aproveitamento. Quando pega confiança, porém, vira um terror. Raulzinho e Rafael Hettsheimeir, que o enfrentaram no Sul-Americano, sabem. No quarto período, engatou uma sequência de disparos da zona morta que culminou em virada na semifinal.

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

Selem Safar deu as caras contra Porto Rico

A surra
Os Estados Unidos venceram a… Finlândia. Por 114 a 55. Agora espere um pouco, por favor. Vamos fazer umas contas.

(…)

(…)

É, dá mais que o dobro.

Foi a maior contagem de uma equipe na jornada de abertura, acima dos 98 da Argentina. Klay Thompson se esbaldou, com 18 pontos em 22 minutos. Pegava na bola e fazia cesta. Mas sua média fica bem abaixo do que Anthony Davis conseguiu. O monocelha marretou 17 pontos em 14 minutos. Baita apelão. Os 12 atletas norte-americanos pontuaram.

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Pau Gasol sobrou contra o Irã

Alguns números
100% –
O pivô Jonas Valanciunas não errou nenhuma de suas oito tentativas de cesta em vitória da Lituânia contra o México por 87 a 74. O curioso é que, com o jogador do Toronto Raptors em quadra,  sua seleção perdeu por -2 pontos.

37,7% – Das equipes que conseguiram vencer neste sábado, o Brasil teve o pior aproveitamento nos arremessos: 37,7%, bastante atrapalhado pela envergadura dos defensores franceses e também por sua própria movimentação de bola deficiente. Mesmo os sacos de pancada Egito e Irã foram superiores neste quesito, com 39% e 38,1%, respectivamente.

34 + 33 – Pau Gasol iniciou de maneira dominante aquele que talvez seja seu último torneio pela Espanha. Contra a frágil equipe do Irã, em vitória por 90 a 60, ele marcou 33 pontos em 29 minutos, acertando 60% dos seus arremessos e 90% nos lances livres. Foi o cestinha da rodada e também o atleta com o maior índice de eficiência (34, contra os 26 do senegalês Gorgui Dieng em derrota por 87 a 64 para a Grécia).

26 – minutos em que Goran Dragic foi aproveitado pela Eslovênia em vitória sobre a Austrália por 90 a 80. O jogo não foi fácil. Então por que o astro do Phoenix Suns ficou 14 minutos no banco de reservas? É que a franquia do Arizona e a federação eslovena chegaram a um acordo: existe um limite de minutos para que o armador seja aproveitado – uma situação que vale monitorar daqui para a frente. Contra os aussies, ele também cometeu quatro faltas, o que também contribui. o Quando jogou, Dragão aproveitou ao máximo, somando 21 pontos, sete rebotes e quatro assistências.

18 – Foi o número de assistências que Pablo Prigioni e Facundo Campazzo somaram. Para contextualizar, apenas dois times no geral deram mais passes para cesta do que os dois armadores argentinos: EUA (20) e Grécia (19). Esta vitória argentina rendeu, viu?

10 – Foram os limitados minutos para Omer Asik na estreia turca. Que coisa. O veterano Keren Gonlum e o jovem Furkan Aldemir começaram como titulares. Mas quem mandou bem, mesmo, no garrafão foi o gigante Ogus Savas, do Fenerbahçe, que anotou 16 pontos em 12 minutos, acertando 5/8 nos arremessos e 6/7 nos lances livres.

Um causo
A Nova Zelândia abriu sua participação na Copa do Mundo da mesma maneira de sempre: fazendo o Haka em quadra. Acontece que a Turquia não deu nem tchum para eles. Foram para o banco bater um papo com o técnico Ergin Ataman. O gesto teria sido considerado ofensivo pelos Kiwis. “A Turquia sempre nos respeitou nas outras vezes que jogamos, mas hoje, não. Eles ofenderam algo que representa nosso país, nossa cultura, nossa tradição. É uma coisa para eles falarem. Nós temos muito orgulho de fazê-lo. É algo que nos une e que seguiremos fazendo no resto do torneio”, afirmou o pivô Frank Casey, de 36 anos, que é americano naturalizado neozelandês. Ataman respondeu: “Respeitamos muito a importância do Haka para a Nova Zelândia, mas queria manter concentrada nossa equipe, porque se tratava de um jogo importante. Se todas as equipes fizerem um ritual histórico de dois minutos anes dos jogos, não nos concentraremos”. A Turquia venceu por 76 a 73. Concentração é tudo.

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Dois hippies neozelandeses buscam o rebote, depois do Haka

Andray Blatche: contagem de arremessos
24! – O jogador mais filipino do torneio saiu de quadra todo orgulhoso com seu esforço: tentou 24 dos 79 arremessos do time asiático, que quaaaase derrotou a Croácia. Seu aproveitamento foi de 7/20 nos tiros de dois pontos e 3/4 de longa distância (28 pontos, com mais 12 rebotes). Mas não importa: se os alas Jeff Chan e Marc Pingris não tivessem ousado combinar para 18 arremessos entre eles e feito mais passes para Blatche, quem sabe não teriam vencido o jogo!? Absurdo.

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Blatche precisa da bola. Deem uma bola para Blatche

Nueva Zelanda estuvo a punto de dar la sorpresa e imponerse a Turquía en su primer partido en el Mundial. Un choque que estuvo marcado por la tradicional ‘haka’ maorí que los otomanos tuvieron a bien ver desde el banquillo creando una fuerte controversia

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”, señaló a MARCA Frank Casey, jugador de Nueva Zelanda.

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

“Turquía nos respeto siempre otras veces pero ellos decidieron no hacerlo con nuestra Haka esta ocasión. Ellos eligieron no respetar y ofendieron algo que representa a nuestro país nuestra cultura, nuestro equipo y nuestra tradición. Es cosa de ellos. Nosotros nos sentimos muy orgullosos de ello. Es algo que nos une y seguiremos haciéndolo el resto del torneo”,

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foram 11 pontos em 19 minutos para o prodígio grego, com mais cinco rebotes e três roubos de bola contra o Senegal de Gorgui Dieng. Detalhe: sete pontos saíram na linha de lance livre, numa prova da mentalidade cada vez mais agressiva do ala do Milwaukee Bucks. Agora, se sete pontos saíram desta maneira, sobram apenas quatro para cestas de quadra. Dois deles saíram assim:

   

Tuitando:

Com cinco jogos em seis dias pela primeira fase, tem de se cuidar, mesmo. E será que tem algum jogo em que Varejão não saia estrupiado?

O analista do NBA.com geralmente se apega aos números. No mundo Fiba, solta um pouco seu humor com uma performance dominante de Pau Gasol – contra ala-pivôs iranianos.


Ex-dirigente do Phoenix Suns, hoje colunista do ESPN.com, Amin Elhassan relembra a dificuldade do time em acertar o nome do finlandês Petteri Koponen durante os treinos pré-Draft. Koponen, um armador vigoroso, acabou sendo escolhido pelo Portland Trail Blazers no Draft, antes de ser repassado para o Dallas Mavericks. Mas ele nunca jogou nos Estados Unidos. Hoje defende o Kimkhi, da Rússia.


Armadores brilham, mas pivôs também ajudam em vitória brasileira
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Giancarlo Giampietro

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Huertas comandou a seleção no quarto período em dura, mas importante vitória

Olhando de primeira, a França não é um time que você vá julgar como de “garrafão forte”, de “referências no jogo interno” etc. Mas a verdade, mon Dieu, é que eles têm um conjunto de gente explosiva e loooooonga, comprida, de muita envergadura, mesmo. Um pacote atlético que dificultou ao máximo a vida dos pivôs brasileiros no jogo de estreia na Copa do Mundo de basquete.

Justamente os pivôs, o ponto forte da seleção de Magnano. Atração nos amistosos, o quarteto Spliter-Nenê-Varejão-Hettsheimeir foi limitado a apenas 19 pontos neste sábado, em Granada. Se fôssemos analisar este número num vácuo, pareceria uma tragédia. Derrota na certa, né? Acontece que os “baixinhos” contra-atacaram dessa vez, liderando o Brasil para uma importante vitória por 65 a 63.

Não foi bonito – faltam mais passes no ataque, muito mais movimentação fora da bola, tecla que vendo batida há tempos. Não foi fácil – e, tirando Irã e Egito, dificilmente esse panorama vai se alterar, até pelo problema citado. Mas já valeu para levar a melhor num confronto direto, que de cara deixa a equipe em boa posição pensando na classificação geral do grupo e no emparelhamento dos mata-matas.

Por falar em matar, Marcelinho Huertas, depois de um acidentado primeiro tempo, apareceu de modo decisivo na segunda etapa. O armador anotou oito pontos nos últimos quatro minutos, encarando a defesa francesa. Em situações de pick-and-roll, os adversários priorizaram descaradamente a contenção dos grandalhões brasileiros. Huertas soube, então, aproveitar os espaços para entrar no garrafão e usar seu arsenal de tiros em flutuação para machucá-los. Algo que fez a diferença, para atenuar o drama de novas falhas nos lances livres,  com quatro bolas desperdiçadas nos dois minutos finais (sem contar a última de Marquinhos).

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado)

Raulzinho ataca Rudy Gobert, seu companheiro de liga de verão pelo Utah Jazz (no ano passado). Crédito: Gaspar Nóbrega/Inovafoto

O veterano do Barcelona foi quem carregou o time nos instantes derradeiros, terminando com , mas foi o jovem Raulzinho quem segurou as pontas entre os segundo e terceiro períodos. Extremamente combativo, importunou Thomas Heurtel e, especialmente, o lento-quase-parando Antoine Diot, ajudando a defesa brasileira a mudar o ritmo da partida.

A França havia começado de modo impositivo. Boris Diaw deitou e rolou contra Nenê, flutuando no perímetro. Nicolas Batum estava com a munheca em dia. Rudy Gobert veio do banco para dominar o garrafão por alguns minutos. Chegaram a abrir nove pontos de vantagem. A partir das trocas, um festival de substituições que mata qualquer diretor de transmissão, perderam rendimento, mas muito por conta do abafa promovido pelos brasileiros.

A seleção realmente brigou pela bola. Algo que é elementar, oras, mas nem sempre acontece – e pondo isso de maneira geral, sem ser algo especificamente direcionado para o time de Rubén Magnano. Contra atletas como Gelabale, Batum, Diaw, Pietrus, Gobert, é preciso inteligência, mas igualmente não podem faltar intensidade e determinação.

Nesse ponto, foi muito bom ver a postura de Raul, que oscilou tanto na fase preparatória, mas respondeu ao desafio no primeiro jogo para valer. Foi tão bem, que Larry nem precisou ser acionado (apenas 3min51s para o americano). No ataque, o armador do Murcia também também teve o pulso firme: não cometeu nenhum desperdício de bola em 17min29s de ação. Terminou com seis pontos e, segundo a estatística oficial, sem nenhuma assistência. Mas isso é piada: houve pelo menos um momento em que serviu a Splitter no contra-ataque, num passe que teria de ser computado. Foi de Raul o maior saldo de cestas brasileiro: +10, seguido pelos +8 de Varejão. Energia traduzida da melhor forma.

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

A vibração de Marquinhos nesta foto de Gaspar Nóbrega diz muito sobre a intensidade brasileira. Incomum, não?

Do incansável Alex, já esperávamos isso. Fez o que pôde para tentar limitar Nicolas Batum, que terminou com 13 pontos e 4/10 nos arremessos. É difícil marcar o ala fora da bola, devido a sua velocidade e impulsão. No ano a mano, o ala do Portland Trail Blazers não conseguiu produzir contra o brasileiro. Já o empenho de Marquinhos vale como uma grata surpresa, convenhamos. Não é tão comum vê-lo com tanta vitalidade em quadra. Muito mais no ataque, partindo para a cesta, em vez de estacionar no perímetro para algumas bolinhas marotas de três – na defesa ainda é propenso a alguns lapsos daqueles. De qualquer forma, esse espírito fogoso veio em boa hora para o flamenguista, para fazer frente a Gelabale, um ala discreto, mas que causa impacto com sua envergadura e presença física.

Até porque a rotação de laterais brasileiros vai se encerrar por aí. Marcelinho Machado foi chamado por Magnano no segundo quarto, e o que a França fez? Nas três primeiras posses de bola, atacou o camisa 4 sem pestanejar. Primeiro com Gelabale de costas para a cesta: dois pontos. Depois, com Edwin Jackson, mais baixo e explosivo, em corte frontal, forçando a falta. Depois, Machado conseguiu um desarme, impedindo que Gelabale recebesse a bola, mas foi com uma ajudinha de Varejão para diminuir espaços.

Varejão, aliás, foi o melhor dos pivôs hoje. Muito menos pelos 8 pontos marcados em 21 minutos do que pelo alvoroço de sempre que ele apronta em quadra, sempre ativo nos rebotes, ressuscitando diversos ataques falhos brasileiros (foram cinco apanhados na tábua ofensiva). A agilidade do carioca também impressiona quando ele faz o combate na dobra num pick-and-roll e consegue se recuperar sem deixar que seu homem ganhe terreno.

Nenê coletou 8 rebotes, mas cumpriu um primeiro jogo quém das expectativas, visivelmente incomodado com os movimentos dos atléticos defensores franceses vindo do lado contrário (não foi um privilégio seu:  Splitter também levou tempo para entender a melhor forma de enfrentá-los, terminando com 6 pontos e 3 rebotes). O pivô do Washington Wizards acertou apenas 2 de 6 chutes de quadra, sendo bloqueado pelo menos em duas ocasiões. Além disso, cometeu quatro turnovers e simplesmente não conseguia frear Diaw do outro lado.

Quando o ala-pivô francês, um craque, atacaou  mais perto da cesta, o são-carlense e, principalmente, Splitter tiveram um pouco mais de sucesso. Em geral, porém, o atleta do Spurs foi soberano em suas ações internas, com 6/10 nos chutes de dois, somados a suas cinco assistências em 29min51s. Com Diaw em quadra, a França teve saldo positivo de 6 pontos, registre-se.

Coletivamente, no entanto, os pivôs brasileiros foram valiosos para controlar a batalha dos rebotes, um ponto-chave para este confronto: 42 a 30. Mais importante: os franceses apanharam apenas quatro rebotes ofensivos contra 16 dos vencedores. Considerando que, no geral, o Brasil acertou apenas 37,7% de seus arremessos (16/42, sendo 5/15 dos três pontos), esse número ganha uma relevância considerável. Isto é: ainda que a pontuação da linha de frente tenha sido baixa, essa não é toda a história.

Então vale revisar um pouco a coisa: os protagonistas na vitória foram os armadores. Mas os valentes grandalhões também deram um belo dum empurrão, fazendo o serviço sujo de modo competente.

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro

Varejão na briga por mais um rebote, deixando a bola viva no ataque (improdutivo) brasileiro


Brasil e Espanha respiram aliviados em Mundial de desfalques
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Giancarlo Giampietro

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

Magnano está treinando todos aqueles com que esperava contar. Raridade

O Brasil tem um time rodado, o elenco mais experiente de todos os 24 inscritos na Copa do Mundo de basquete. Com o mesmo grupo, trocando Caio Torres por Rafael Hettsheimeir, terminaram as Olimpíadas de Londres 2012 com o quinto lugar.

São dois pontos importantes para justificar qualquer otimismo que o Basqueteiro da Silva possa sentir em relação ao torneio que começa neste sábado.

Mas saiba que há mais um elemento importante a ser considerado: entre as seleções que afirmam publicamente que jogam por uma medalha neste Mundial, apenas o Brasil e a anfitriã Espanha vão levar para quadra o que no jargão da imprensa esportiva se chama de “força máxima”.

Rubén Magnano, que tanto chiou no ano passado ao final de uma vexatória Copa América, tem agora ao seu dispor a lista que julga ideal. Justamente num campeonato em que seus principais concorrentes estão seriamente avariados.

Se é para falar em desfalque, a lista começa obrigatoriamente com os Estados Unidos da América. O Coach K teve de montar sua lista final sem LeBron James, Kevin Durant, Carmelo Anthony, Russell Westbrook, Paul George… (respirem fundo, que ainda tem mais)… Kevin Love, Blake Griffin e LaMarcus Alridge. Isso para não falar de Michael Jordan, Wilt Chamberlain, Mugsy Bogues, John Isner e os Harlem Globe Trotters. Ainda assim, são candidatos ao ouro, claro – mas sem amedrontar tanto os donos da casa.

A França, campeã europeia, não vai contar com os pontos, assistências e, principalmente, liderança de Tony Parker, seu Macho Alfa. Se já não fosse duro o bastante, ainda perderam seus dois melhores pivôs: Joakim Noah e Alexis Ajinça, duas baixas seriíssimas para sua defesa, além do fogoso e criativo ala-armador Nando De Colo. Resulta que a dupla Boris Diaw e Nicolas Batum vai ter de mostrar do que é feita. Acostumados a vida toda a escoltar Parker – e outras estrelas como Roy, Lillard, Nash, LaMarcus, Duncan, Stoudemire etc. em suas carreiras –, os dois agora têm de canalizar todo o seu talento como referências primárias. Era para os Bleus estarem no topo da pirâmide dos favoritos, mas eles acabam rebaixados ao segundo escalão.

Mesmo nível em que aparece a Lituânia não tinha o estourado ala-pivô Linas Kleiza, cestinha que, quando em forma, pode ajudar qualquer time do mundo. Mas ainda poderia conviver com isso, já que há pivôs de sobra por lá. O problema sério foi ter perdido, de última hora, seu armador Mantas Kalnietis, que deslocou o ombro no último teste da seleção. O cara não é cerebral, não está nem entre os 20 melhores do mundo em sua posição, mas calha de ser o único do país com tarimba para liderar um time desses, a despeito de seus arroubos de loucura aqui e ali. Basicamente: era o jogador que os lituanos não podiam perder.

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Šarūnas Vasiliauskas tem as cartas lituanas em mãos: foi o único armador que sobrou no elenco

Na Argentina, a lamentação fica por conta da ausência de Manu Ginóbili, primeiro, e de Carlos Delfino, em segundo. Manu tentou de tudo para se alistar, mas o Spurs disse não, preocupado com a recuperação de uma fratura por estresse na perna. Delfino nem jogou a temporada depois de passar por uma cirurgia no pé direito. Os dois eram basicamente as únicas opções seguras de pontuação no perímetro para Julio Llamas, que agora se vê com um elenco desbalanceado – Scola, Nocioni e Herrmann jogam basicamente na mesma posição hoje em dia.

Já está bom?

Nada, tem muito mais.

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

Lorbek poideria dar uma baita ajuda para Goran The Dragon não fosse o joelho estourado

A Eslovênia poderia ter um baita time, mas, por motivos diversos, seja de disputas de ego ou lesões, vai com uma equipe remendada para o Mundial. Enquanto Goran Dragic estiver inteiro, eles terão chances. Mas o fato é que sua cotação nas casas de apostas seria mais elevada se o pivô Erazem Lorbek (que não fez uma boa temporada pelo Barcelona, mas ainda é um craque) tivesse pedido dispensa e se Dragic, Beno Udrih e Sasha Vujacic levantassem a bandeira de paz. Boki Nachbar ainda poderia ajudar, caso não tivesse se despedido da seleção.

Por falar em despedidas e seleções balcânicas, bem que o veterano e ainda produtivo Zoran Planinic poderia dar uma forcinha para sua Croácia. Ainda na região, a Sérvia não vai poder contar com o jovem armador Nemanja Nedovic, lesionado, e com o ala Vladimir Micov, que brigou com o técnico. São coadjuvantes, mas estariam entre os 12 num cenário perfeito.

Se a Grécia ttivesse Vassilis Spanoulis entre seus convocados, também teria subido alguns postos na lista de candidatos ao pódio, mesmo que Dimitris Diamantidis siga aposentado de competições Fiba. Kostas Koufos e Sofoklis Schortsanitis também deixariam o garrafão helênico muito mais pesado, com o perdão do trocadilho. A arquirrival Turquia não é confiável, mas se tornaria mais forte com Ersan Ilyasova formando uma bela linha de frente com Preldzic e Asik. Hedo Turkoglu? Nem levaria, mas fica o registro.

Mesmo meu candidato preferido a azarão do Mundial, Porto Rico, tem seus problemas. Há quem julgue que o gigante PJ Ramos não faça falta – é certamente o caso do técnico Paco Olmos, que se recusou a chamá-lo –, mas não há como relevar a baixa do ala John Holland. Americano de ascendência porto-riquenha, ele não tem muito cartaz neste mundão Fiba, mas se tornou um personagem fundamental para o time devido a sua capacidade atlética, apetite pelos rebotes e defesa. “Grande coisa”, poderia responder o técnico Orlando Antígua, da República Dominicana. “Nós perdemos o Al Horford. O Al Horford, meu craque!!!”

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Al Horford poderia fazer toda a diferença para os dominicanos

Do outro lado do planeta, a Austrália ficou sem seus dois principais jogadores: o armador Patty Mills, o explosivo reserva do San Antonio Spurs e também o cestinha das últimas Olimpíadas, operado, e o pivô Andrew Bogut, do Golden State Warriors, que já não tem mais saúde para praticar basquete nas férias.

Se você somar todos os nomes em negrito, vai ver que são mais de 20 jogadores fundamentais fora de combate, além de todas as ausências norte-americanas. Isso tira um pouco do brilho do torneio, mas abre caminho para quem chega inteiro. Mesmo assim, ninguém vai ser insano de dizer ficou “moleza” para Huertas, Splitter, Nenê & Cia. Mas que as chances aumentaram e estão aí, não há dúvida.


A nova geração no Mundial: fique de olho
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Giancarlo Giampietro

Garotada do MundialA vontade era chamá-los de caçulinhas. É um termo que agrada muito  ao blog. Mas a verdade é que a faixa etária dos dez jogadores listados abaixo varia de 17 para 24 anos. Estão em diferentes estágios de desenvolvimento, então vamos de “nova geração”, mesmo, algo mais abrangente. Independentemente da idade, o papel de cada um deles sem suas seleções também varia bastante. Alguns são protagonistas. Outros só devem receber uma boa quantidade de minutos quando o jogo estiver definido – contra ou a favor. Vamos lá, então:

Anthony Davis (EUA): 21 anos e cinco meses
É até injusto, né? O Monocelha joga tanto, que não deveria estar nem aqui, abrindo a relação. Fatos são fatos, porém. Ele completou apenas sua segunda temporada na NBA. E foi uma campanha daquelas: 20,8 pontos, 10 rebotes e 2,8 tocos, 51,9% nos arremessos e um jogo em expansão contínua, como vemos neste gráfico de arremessos:

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Lembrando: amarelo é a média da liga. Verde, acima.

Davis tem matado os chutes de média distância com mais frequência. Esses percentuais só tendem a subir, ainda mais quando tiver ao seu lado um time consistente (Jrue Holiday, Ryan Anderson e Eric Gordon penaram todos com lesões). Basicamente, na NBA a sensação é a de que o ala-pivô está destinado a ser o próximo soberano da liga, chegando logo mais para a disputa com LeBron e Durant. Por ora, com tantos desfalques na seleção americana, o garoto tem a chance de dar um grande salto agora já, assim como o cestinha de OKC fez em 2010. Suas responsabilidades aumentaram, e todos creem que ele está pronto para assumi-las – não há pivô lá fora que consiga competir com ele atleticamente. Quando você o vê em ação, entende rapidamente o apelo: muito ágil, inteligente e explosivo para alguém de seu tamanho e envergadura. Faz estragos no pick and roll e também se sente bem confortável com a bola em mãos, driblando em direção ao aro. Deve ser daqueles atletas de tirar o sono quando observado ao vivo. Que o público na Espanha desfrute.

Dario Saric (Croácia): 20 anos e quatro meses
O prodígio croata está há tanto tempo nas relações de prospectos europeus, que soa também já como um veterano. Em 2011, ele venceu o Nike International Junior Tournament ao lado de Mario Hezonja e foi eleito o MVP da competição. Aí pronto: virou parada obrigatória para qualquer scout. Estamos falando de um rapaz de 2,08 m de altura que enxerga a quadra como um armador. Um jogador verdadeiramente único, difícil de se comparar. Claro que, vindo da Croácia, todo mundo já foi citando logo “Toni Kukoc”, mas não sei se é por aí, não. Ao mesmo tempo em que chamou a atenção em quadra, nos bastidores Saric se viu envolto por uma série de situações desagradáveis – e um tanto nebulosas. Assinou com o Bilbao, seu time não o liberou, ficou na geladeira, acabou se transferindo para o KK Cibona, também de Zagreb, brigou com o pai, trocou de agentes… Uma epopeia. De qualquer forma, seu talento é tamanho que, independentemente da confusão ao seu redor, na quadra ele acalmava quaisquer dúvidas. Seu progresso está todo documentado pelo obrigatório DraftExpress.

No final da temporada, o croata liderou seu modesto clube a um inédito título na Liga Adriática, com um desempenho espetacular na fase decisiva (veja abaixo na produção formidável de Mike Schmitz, do DX). Foi o MVP do torneio.  Depois, acertou sua transferência para o Anadolu Efes, clube turco que promete bastante na próxima Euroliga, e enfim se decidiu a respeito do Draft da NBA, sendo selecionado pelo Philadelphia 76ers em 12º. Mesmo que não vá fazer a transição para a liga americana agora, atendendo aos anseios do pai, que pede mais tempo na Europa, para ganhar cancha e se desenvolver, ainda mais sob a orientação do legendário Dusan Ivkovic. Chega ao Mundial já como protagonista numa equipe que conta com astros europeus como Bojan Bogdanovic e Ante Tomic. O mesmo ainda não pode ser dito sobre o ala Mario Hezonja, um cestinha muito habilidoso, mas de pouca rodagem na elite.

Bogdan Bogdanovic (Sérvia): 22 anos e dez dias
O ala-armador, que desbancou esse tal de Giancarlo Giampietro como capitão do time da aliteração nominal, é outro que acabou de se transferir para os milionários clubes da Turquia depois de se destacar nos bálcãs e antes de ser escolhido no Draft da NBA (Phoenix Suns, em 27º). Eleito o melhor jogador jovem da última Euroliga pelo Partizan Belgrado, ele vai jogar pelo apelão Fenerbahçe após o Mundial, substituindo seu xará Bojan Bogdanovic (o croata, acima citado, que migrou para o Brooklyn Nets). Antes de sair do Partizan, deixou sua marca nas finais do campeonato sérvio: com 30,8 pontos, 4,8 rebotes e 4,2 assistências, liderou mais uma vitória contra o arquirrival Estrela Vermelha para conquistar seu quarto título nacional, também o 12º seguido do clube. Deve estar pouco idolatrado por lá…

De coadjuvante na base a estrela em ascensão no profissional, Bogdan-Bogdan é um jogador que evoluiu muito nos últimos dois anos, tendo a liberdade para errar e aprender com a camisa do Partizan, clube que compete na Euroliga, mas sem grana para grandes contratações, dependendo muito do desenvolvimento de atletas mais jovens. No ataque, hoje ele faz um pouco de tudo: ameaça nos tiros de três pontos, parte de modo explosivo para as infiltrações e consegue criar para os companheiros, cometendo alguns turnovers no meio do caminho, é verdade. No clube, era o dono da bola. Agora, na seleção, como um dos mais jovens, precisamos ver como será a integração com um casca-grossa como Milos Teodosic e o quanto ele vai deferir para os pivôs mais experimentados.

– Giannis Antetokounmpo (Grécia): 19 anos e oito meses
O “Greek Freak” preferido de Milwaukee e já de toda a NBA, na real. A história do ala é tão rica, tão fascinante, que não merece ser descrita em quatro ou cinco linhas – ainda mais pelos paralelos com Bruno Caboclo, no que se refere a sua chegada aos Estados Unidos. Vamos explorar do modo devido após o Mundial, antes de a temporada 2014-14 começar. O que dá para dizer é que, há um ano e meio, Giannis estava jogando na segunda divisão grega e estreando pela equipe nacional sub-20. Hoje, é impossível deixá-lo de fora do time adulto, mesmo que ele esteja longe de ser um produto acabado. Não esperem que ele domine a competição – em sua seleção, a prioridade, por enquanto, é de veteranos como Calathes, Printezis, Bourousis e Papanikolau. Não deve chegar nem a 10 pontos ou 25 minutos por jogo. Mas fique atento aos seus flashes de exuberância atlética durante as apresentações helênicas e sua fluidez com a bola, que impressiona Jason Kidd. Na NBA, vocês sabem, né? Depois do que fez em sua primeira temporada, considerando quão inexperiente é, há gente de respeito que crava: vai ser uma superestrela.

Dante Exum (Austrália): 19 anos e um mês
Com todos esses jogadores, é preciso calma. Especialmente com Exum. Estamos falando de outro menino bastante badalado desde muito cedo. O pessoal baba ao falar deste menino e sua velocidade e desenvoltura com a bola. Ele foi o quinto selecionado no último Draft da NBA. Se é tão bom assim, então por que cargas d’água ele fica no banco da seleção australiana, ainda mais sem Patty Mills? Porque os Boomers não têm pressa nenhuma com seu jovem armador, por mais que velocidade seja o forte do atleta. Ainda vai chegar o momento dele. Por enquanto, em seu primeiro campeonato adulto oficial, sua missão é entrar no decorrer da partida e tentar dar mais agressividade ao ataque de um time que terá uma formação inicial bastante pesada, centrada nos pivôs Aaron Baynes e David Andersen, com Matthew Dellavedova, sólido calouro do Cavs, organizando as coisas. Não dá para esperar que ele faça isso aqui (Mundial Sub-19 de 2013):

–  Joffrey Lauvergne (França): 22 anos e 11 meses
   Rudy Gobert (França): 22 anos e dois meses
Gobert nem seria convocado não fossem os diversos desfalques da seleção francesa no garrafão, como Joakim Noah e Alexis Ajinça. Lauvergne seria reserva, se tanto. Ian Manhinmi e Florient Pietrus devem ganhar seus minutos ao lado de Boris Diaw, mas é de se esperar que, com o decorrer da competição, os mais jovens ganhem espaço, por um estilo de jogo que se encaixa melhor com seus companheiros – e também porque já são melhores que os veteranos. Cá estão os dois pivôs com a obrigação de proteger a cesta dos Bleus, que entram no Mundial como os atuais campeões europeus. Quer saber? Os adversários que não os menosprezem.

Draftado e tido em alta conta pelo Denver Nuggets, Lauvergne foi companheiro de Bogdan-Bogdan no Partizan e liderou a Euroliga em rebotes (8,6 por jogo), além de ter marcado 11,1 pontos por jogo em sua segunda campanha pelo torneio continental. Sua presença em quadra é realmente entusiasmante, aprontando um alvoroço diante das tábuas ofensiva e defensiva. Tem um ótimo senso de colocação além de energia e mobilidade – bons complementos para Diaw. Neste ano, vai jogar pelo Kimkhi Moscou, fora da Euroliga. Já Gobert jogou bem menos na temporada passada, esquentando o banco em Utah, mas, a julgar pelo que fez na Summer League de Vegas e nos amistosos, parece pronto para se fixar tanto na rotação de sua seleção como na do Jazz. O pirulão não precisa pontuar muito. Na defesa, é um substituto ideal para Ajinça devido a sua envergadura e habilidade nos tocos. Veja o tamanho do cara:

Cedi Osman (Turquia): 19 anos e quatro meses
Existem armadores altos e existe Osman, de 2,03 m de altura e grande aposta de uma nova safra de jogadores turcos que tem tudo para dar um trabalho danado no próximo ciclo olímpico – junto com os canadenses. Vindo de sua primeira temporada de Euroliga, o adolescente acabou de conquistar o ouro e o prêmio de melhor jogador do Eurobasket Sub-20 deste ano, na Grécia. Brilhou quando valia mais, na reta final do torneio, com 63 pontos, 16 rebotes, 9 assistências e 68,9% nas últimas três partidas (é o canhotinho camisa 8 no vídeo abaixo, um compacto da final). Os jogadores mais experientes da Turquia, Arslan, Tunçeri, Ermis e Guler, são tão inconsistentes, erráticos que não será de se assustar se Osman ganhar tempo de quadra. Ainda mais tendo lado do ala Emir Preldzic, um autêntico point forward, nos moldes de Saric, que será seu companheiro no Anadolu Efes. Tendo os Estados Unidos em seu grupo, vai ser avaliado de perto pela NBA.

Sviatoslav Mykhailiuk (Ucrânia): 17 anos e dois meses
Não custava nada: por mais jovem que Mykhailiuk fosse, não é que Mike Fratello tivesse tanto talento assim ao seu dispor para nem menos convocar a sensação do país para treinar com o time principal. É um gesto recorrente, que Magnano já havia feito por aqui com Raulzinho, por exemplo. Não prometia nada. Pelo contrário: dizia que era muito difícil que o ala-armador, magrelo toda vida, conseguisse uma vaga no grupo do Mundial. Semanas depois, como já adiantamos neste apanhado geral aqui, o moleque vai para o torneio como seu atleta mais jovem. Esse, sim, um caçulinha. Um precoce que já compete na primeira divisão em seu país e chamou a atenção no Nike Hoop Summit deste ano, aos 16, mesmo sendo bem mais jovem que a concorrência. Capacidade atlética acima da média, um arsenal já impressionante de movimentos no ataque, boa leitura de jogo e personalidade a ponto de ser fominha por vezes. Um potencial tremendo, mas que não deve jogar muito nas próximas semanas, não. Ainda é muito frágil fisicamente. Detalhe: já está comprometido em defender a universidade de Kansas na próxima temporada. O técnico Bill Self não conseguiu esconder a (desagradável) surpresa que teve ao ver o adolescente ser convocado. “Estou feliz por ele. Mas fico um pouco preocupado que ele vai chegar atrasado, que é o que vai acontecer. E, sem querer colocar muita pressão nele, eu estava esperando que ele realmente estivesse pronto para ser um grande contribuidor para nós no meio de novembro. Agora pode ser que leve um tempo a mais para ele”, disse. Viram só quanto ele está feliz pelo garoto?

Gorgui Dieng (Senegal): 24 anos e sete meses
Eu sei, eu sei: duas dúzias de vida, no basquete de hoje, pode parecer mais as contas de um veterano do que de um noviço. E o curioso é que “Gorgui”, na língua nativa de Dieng, significa “O Velho”. Mas o pivô do Minnesota Timberwolves é mais um daqueles que começou a jogar tarde, ainda mais num nível minimamente competitivo. Ele chegou aos Estados Unidos apenas em 2009, para jogar pela Huntington Prep School, que já trabalhou com Andrew Wiggins e Carlos Arroyo. Ganhou evidência e acertou com Rick Pitino para jogar (e estudar) por Louisville. Progrediu bastante em três anos com os Cardinals e foi campeão universitário em 2013, fazendo a cobertura de uma defesa sufocante com Russ Smith e Peyton Siva. Na NBA, como calouro, levou alguns meses para ele se aclimatar. Quando Nikola Pekovic sofreu mais uma lesão, passou a ser mais utilizado e estourou a boca do balão, com médias de 11,9 pontos e 10,7 rebotes em nove jogos em abril. Em março, já havia tido jogos de 22+21 e 15+15 e 11+17. É uma presença bastante ativa e intimidadora perto da cesta. No ataque, produz bem no high post, como um passador natural e bom chute de média distância, ainda que tenha sido aproveitado muito mais dentro do garrafão – a flutuação ficava por conta daquele tal de Kevin Love. Ele agora vai fazer sua estreia em competições Fiba por Senegal.


A Copa de basquete em números
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Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo de basquete começa daqui a pouco. Neste sábado, mesmo. Isso pede qualquer tipo de informação que vá processar um ou dois neurônios de gente do bem:

Tenório, o tampinha do Mundial

Tenório, o tampinha do Mundial

218 – Na verdade, 2,18 m de altura para Hamed Haddadi. O pivô iraniano é o jogador mais alto no torneio, entre 288 listados. Com 1,70 m, o armador filipino Lewis Tenorio é o tampinha oficial. Em termos de seleção, a Sérvia tem o conjunto mais alto, com impressionantes 2,04 m de média per capita. Com 1,95 m de altura, o enjoado Milos Teodosic é o mais baixo dos caras. Sim, leia isso de novo e veja lá se faz sentido! Parei.

100 – Coreia do Sul e Egito são as únicas seleções a terem 100% do elenco formado por atletas de suas ligas domésticas. Filipinas, Irã, Turquia e Angola têm 11. Nos Estados Unidos, os 12 são da NBA, mas DeMar DeRozan joga pelo Raptors. De Toronto. Waka-waka-waka.

46 – a Euroliga é o campeonato de clubes que mais representantes fornece ao Mundial, com 46 atletas já garantidos. Se você quiser incluir nos cálculos, aqueles que vão disputar o torneio qualificatório (a, digamos, Pré-Euroliga), pode subir para 49, adicionando o armador francês Atoine Diot, do Estrasburgo (e que deve ser o titular na vaga de Tony Parker em sua seleção) e a dupla Nikos Zisis e Kostas Kaimakoglou, gregos do Unics Kazan.

44 – foi em 1970, há 44 anos, a última vez em que o país anfitrião viu sua seleção comemorar o título: a Iugoslávia. O que, nos tempos de hoje, nem vale: eram vários países em um, três deles jogando a atual edição: Croácia, Eslovênia e Sérvia. (PS: se formos levar a brincadeira adiante, uma seleção iugoslava poderia ter algo como Goran Dragic, Milos Teodosic, Stefan Markovic, Zoran Dragic, Krunoslav Simon, Bojan Bogdanovic, Dario Saric, Damjan Rudez, Nemanja Bjelica, Ante Tomic, Nenad Krstic e Luka Zoric. Candidata ao título, claro.)

Marcelinho em 2002, Indianápolis

Marcelinho em 2002, Indianápolis

39 – com 39 anos, Marcelinho Machado é o jogador mais velho da competição – a seleção brasileira, aliás, tem a média de idade mais elevada: 31 anos por jogador. Machado, ao que tudo indica, também vai se tornar o jogador mais velho a entrar em quadra pelo Mundial. Basta Magnano querer. Além do camisa 4 flamenguista, o sul-coreano Moon Tae-Jong também nasceu em 1975, mas só vai fazer aniversário em dezembro. Os pivôs Daniel Santiago, de Porto Rico, e Hanno Möttölä, da Finlândia, são de 1976. Pablo Prigioni, da Argentina, Keren Gonlum, Turquia, e Jimmy Alapag, das Filipinas, são de 1977. Todos eles têm direito a vaga no senado.

38 – já a última vez que o Brasil ficou entre os quatro melhores de um Mundial aconteceu há 38 anos, em 1986, na própria Espanha. Na ocasião, a turma de Oscar perdeu a disputa do bronze para a Iugoslávia, de um certo Drazen Petrovic e um Vlade Divac, de 18 anos.

35 – sem contar os jogadores do Team USA, são 34 atletas que apresentam todos orgulhosos o CV com NBA lá no topo. Ou melhor, 34 jogadores com um contrato vigente com a maior liga de basquete do mundo. Caras como Baynes, Ayón e Blatche, que disputaram a última temporada, mas que são agentes livres no momento, ficaram fora dessa conta. A Espanha é quem mais tem, nesse sentido: seis. Incluindo o Ibaka, que fique claro.

O magrelinho Mykhailiuk entre marmanjos: 22 anos mais jovem que Machado

O magrelinho Mykhailiuk entre marmanjos: 22 anos mais jovem que Machado

18 – da mesma forma, se excluirmos os caras da seleção espanhola, temos uma dúzia e meia de atletas da Liga ACB registrados no Mundial. Dois deles são brasileiros e armadores: Marcelinho Huertas (Barcelona) e Raulzinho (Murcia). O Real Madrid, com sete convocados, é o clube mais representado no campeonato. Já contando o Chapu Nocioni, que vai substituir Nikola Mirotic na próxima temporada.

17 – anos é a idade do ala-armador ucraniano Sviatoslav Mykhailiuk, o atleta mais jovem do Mundial. A precocidade do garoto é tamanha que, em 2013, ele estava disputando o Eurobasket… Sub-16. Geralmente, os caçulinhas neste tipo de competição são pivôs, né? Como Splitter em 2002. Mykhailiuk, extremamente badalado pelos olheiros europeus, contraria essa escrita. Terminada a participação de seu país, ele vai pegar o primeiro voo disponível e se juntar ao elenco de Bill Self na universidade de Kansas.

10 – dez países que não conseguiram vaga – nem convite – ao menos viram suas ligas nacionais fornecerem jogadores para o Mundial: Alemanha, Bósnia, China, Israel, Itália, Japão, Romênia, Rússia, Suíça, Venezuela. Mercado com muito dinheiro, a China só conta com dois atletas: Pooh Jeter, americano naturalizado ucraniano, e Hamady N’Diaye, pivô senegalês que já atuou por Sacramento Kings e Washington Wizards. Desse grupo, com nove convocados, a Rússia foi quem mais cedeu.

6 – jogadores disputaram a última temporada da NCAA, o basquete universitário americano. Três são neozelandeses: Taj Webster, Robert Loe e Isaac Fotu.

Laprovíttola rubro-negro

Laprovíttola rubro-negro

2 – entre todos os inscritos, excluindo os brasileiros, apenas dois jogadores disputaram o último NBB: Nicolás Laprovittola, armador do Flamengo e da Argentina, e Ronald Ramón, armador do Limeira e da República Dominicana. Pensando no próximo campeonato nacional, mais dois gringos podem ser incluídos: os alas argentinos Walter Herrmann, grande reforço do Flamengo, e Marcos Mata, que vai para o Franca. Além disso, tem o Hettsheimeir em Bauru. Com os brasileiros Alex, Marcelinho, Marquinhos, Giovannoni e Larry, o número subiria para sete.

0 – Nenhuma seleção conseguiu subir ao pódio em todos os três Mundiais disputados nos anos 2000: os EUA, bronze no Japão 2006 e ouro na Turquia 2010, ficaram fora da edição justamente disputada em casa, em 2003. Rubén Magnano pode contar com mais detalhes o que se passou por lá. A Espanha foi ouro há oito anos, mas não ganhou medalha nas demais. Aliás, numa prova de equilíbrio, tivemos dez semifinalistas diferentes.

Para recordes históricos, esta página da Wikipedia diverte. O site Eurohoops também tem preparado um material bem legal (em inglês) do fundo do baú: os melhores duelos e as melhores finais, entre outras listas. Vale fuçar.


A (outra) esquadra americana no Mundial
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Giancarlo Giampietro

Blatche, versão Smart Gilas

Blatche, versão Smart Gilas

No dia 26 de maio, ao final de uma sessão do Senado na capital Manila, o senador filipino Juan Edgardo “Sonny” Angara estava exultante. O projeto de Lei nº 2108 havia sido aprovado de modo unânime, e a seleção nacional de basquete estava muito perto de garantir os serviços de Andray Blatche na Copa do Mundo deste ano. Bastava apenas uma aprovação final do gabinete presidencial. O famoso carimbo.

“Blatche é possivelmente o melhor pivô da NBA que podemos conseguir, que esteja disposto a evitar algumas ofertas mais lucrativas agora e no futuro apenas para integrar nossa equipe”, disse Angara, chefe da comissão de Jogos, Esportes e Lazer do Congresso filipino. “Ter jogadores naturalizados é a regra nas competições internacionais em vez da exceção. É algo bastante aceito. Apenas vamos tirar vantagem dessa regra”, completou.

Pragmaticamente, o digníssimo senador Angara está correto. É a esse o ponto que a Fiba permitiu o jogo de seleções chegasse. Os torneios de seleção viraram, também, uma extensão do balcão de negócios do mercado da bola. Até ganhar um passaporte, Blatche nunca havia pisado por lá, embora jure que tenha sangue filipino.

A regra atual da federação permite que cada seleção conte com um jogador estrangeiro em seu plantel, sem exigência de vínculo algum desse atleta com o país adotivo. Não precisa ter morado por lá, não precisa ter um tio avô do cunhado, nem nada dessas besteiras. A justificativa: aumentar o poder de competitividade. E algo mais.

“O processo de naturalização é permitido pela Fiba para dar a outros países a chance de se igualar em termos de altura e talento. Não há nada errado com isso”, afirma o agente Danny Espiritu nesta matéria aqui, que advoga pela naturalização – haja propaganda. Mas veja bem: se equiparar não só em talento, como em… Altura! Não precisa nem fazer piada a respeito. Para constar: Blatche tem algo em torno de 2,10 m de altura (a gente nunca sabe a medida exata, então ficamos nessa generalização).

Daí que Filipinas, equipe que não joga o Mundial desde 1978, saiu de modo agressivo em busca de um reforço. JaVale McGee chegou a se candidatar publicamente a esta vaga, mas sua temporada avariada por lesões no joelho o tirou do páreo. Então, optaram (ou aceitaram uma oferta?), por Blatche, que fez uma bela campanha pelo Brooklyn Nets.

Marcus Douthit deu para o gasto e agora é substituído por Blatche

Marcus Douthit deu para o gasto e agora é substituído por Blatche

Ele ficou fora dos Jogos Asiáticos, uma vez que a autoridade olímpica do vasto continente exige que, para um atletas naturalizados ser inscrito, ele precisaria ter passado um mínimo de três anos seguidos eu seu novo país. Não que fosse um grande problema, pois o time já contava com outro pivô gringo, Marcus Douthit, que já foi escolhido pelo Lakers na década passada e teve, por exemplo, um double-double de 10 pontos e 22 rebotes em confronto com a China.

Superado o empecilho regional – ainda que no torneio FIBA local, o impacto de gringos também seja descarado –, durante a fase de treinos e amistosos, o pivô filipino norte-americano assumiu o controle de uns 90% dos ataques da equipe. Virou cada Blatche por si, e um Blatche contra todos, basicamente. O cara tem movimentos de costas para a cesta, agilidade para bater os grandalhões no ataque frontal e bom chute de média distância, além de ser bom passador. Fosse um pouco mais dedicado ao condicionamento físico e aos treinos em geral – em Washington, é persona non grata –, teria recursos de sobra para ser um protagonista na NBA. No Mundial, porém, já faz o necessário para brilhar.

Em sua estreia contra a França, em derrota por 75 a 68, ainda fora de sintonia, ele tentou 17 arremessos e 2 lances livres em 26 minutos, acertando cinco. Somou 12 pontos e 7 rebotes. Contra a Austrália, derrota por 97 a 75, no dia seguinte, foram 17 arremessos (sete de três pontos!) e 3 lances livres em 28 minutos, com rendimento superior: 20 pontos e 10 rebotes.

(Para constar: no terceiro dia do quadrangular, foi poupado contra a Ucrânia, e seu time tomou uma sacolada de 114 a 64. Sabe quando será a próxima vez que a Ucrânia vai superar a marca de 100 pontos? Quando colarem aqui na Vila Guarani e enfrentarem o time do bairro. Só assim: no restante dos amistosos, o máximo que conseguiram foram os 73 pontos contra o México. Contra Lituânia e Eslovênia, não chegaram nem a 65 pontos.)

Depois, voltou a jogar contra Angola, em mais uma derrota pro 83 a 74, a despeito de seus 33 pontos e 17 rebotes. Há amistosos contra Egito, País Basco e tudo o mais, mas já deu para sacar, né? Se houvesse uma competição de Fantasy no Mundial, dá para dizer que o passe de Blatche estaria bem cotado.

Não é a primeira vez que os Gilas apelam para jogadores naturalizados. Douthit está aí como prova. Nos anos 80, eles contaram com alguns norte-americanos em seu time, incluindo um nome surpreendente: Chip Engelland, hoje um dos assistentes técnicos mais cobiçados da NBA, devido ao seu trabalho com o San Antonio Spurs. Foi ele que reinventou a mecânica de lance livre de Splitter.

Eles não são os únicos, claro. Um dos maiores ídolos do basquete grego é natural de Union City, Nova Jersey. Estamos falando de Nick/Nikos Galis, já nomeado para o Hall da Fama da Fiba em sua primeira classe, apontado também como um dos 50 melhores da história e da Euroliga. O cestinha se formou por Seton Hall, foi selecionado no Draft de 1979 pelo Boston Celtics, mas foi pelo Aris BC, ao lado de Panagiotis Giannakis, que entraria para o panteão. Ele é dos poucos que realmente merece o apelido de “mito”, ainda mais na Grécia.

Mais recentemente, tivemos um armador americano liderando, oras, a Rússia. JR Holden conseguiu algo que, nos anos 80, pareceria menos provável do que Arvydas Sabonis recusar um copo de cerveja. JR Holden teve seu passaporte providenciado diretamente por Vladimir Putin e ajudou o país a ganhar o Eurobasket de 2007, com David Blatt de técnico.

Importar armadores, aliás, virou uma prática realmente de se abrir os olhos na Europa. No Eurobasket 2013, sete países diferentes, incluindo Croácia e Itália, tiveram de usar essa cartada extra.

Por aí vamos. Em 2008, Chris Kaman resolveu ativar sua cidadania alemã, por conta de seus avós paternos. Nem seu pai, já nascido nos Estados Unidos, aprovou a ideia. “Mas eu não me importo”, disse o pivô, agora do Blazers. “Faço o que quiser, não tenho de agradar a ninguém. Ainda sou um americano. Ainda jogo na NBA. Ainda sou de Michigan. Apenas escolhi seguir minha ascendência de um pouco mais atrás e ver se eles me permitiram jogar pela Alemanha.”

Chris Kaman, neto de alemão com muito orgulho e muito amor, jogou as Olimpíadas de 2008

Chris Kaman, neto de alemão com muito orgulho e muito amor

Simples assim. Num país como os Estados Unidos, de imigração incessante, a fonte se torna praticamente inexaurível. Se a Alemanha já conseguiu que um neto se prontificasse a ajudar Dirk Nowitzki, imagine a facilidade que Porto Rico (território americano, aliás), República Dominicana e outros países caribenhos têm para procurar reforços.

Foi assim com Renaldo Balkman. O ala-pivô jamais poderia sonhar em defender os Estados Unidos. Então sorriu e topou na hora quando a federação “rival” foi procurá-lo. Melhor: sua mãe (cujo ramo familiar era porto-riquenho), diferentemente do caso de Kaman, aprovou tudo. “Ela sempre me disse que eu deveria visitar aqui, e eu finalmente vim. E veja no que deu. Agora estou na seleção. Na primeira vez que vim, achei as coisas diferentes. Agora é por nosso país, pelo nosso orgulho.”

O ala-pivô defende Porto Rico desde 2010 e se tornou uma peça-chave de uma equipe que promete dar um trabalho danado nesta Copa do Mundo. Entre dominicanos, o escolta nova-iorquino James Feldeine foi recrutado mais recentemente, iniciando sua trajetória pela seleção no ano passado. Para o futuro, a aposta fica no jovem ala-pivô Karl Towns, ainda um adolescente, considerado um dos dez melhores recrutados da NCAA este ano, por Kentucky.

Por aí vamos, sem nos esquecermos do bauruense Larry Taylor. Claro que cada caso é um caso. O armador natural de Chicago já passou muitos Carnavais por aqui para contar história.

Começando por ele, então, aqui vão os americanos que defenderão outras nações, com os mais diferentes contextos. Comparando com os torneios de Europa e Ásia do ano passado, até que o povo maneirou:

Larry Taylor (Brasil)
O que para Shamell não aconteceu, para Larry foi até rápido: a naturalização e sua convocação intrínseca para defender o Brasil. Obviamente, Rubén Magnano adora o atleta: desde que foi liberado burocraticamente, o astro do Bauru, um tremendo boa praça, está no grupo de intocáveis do técnico.

Na Espanha, Larry vai ter papel integral na rotação, revezando com Huertas e com os alas, dependendo do adversário. Tal como fez com Goran Dragic em amistoso na semana passada, esperam que ele seja usado para atazanar os armadores oponentes com forte pressão em cima da bola, usando sua velocidade e tenacidade. É algo que consegue executar muito bem, mesmo.

O problema está do outro lado da quadra. Na hora de atacar, não está nada acostumado a jogar sem a bola, por vezes fincando os pés em um lado da quadra, isolado. Rende melhor quando parte no drible, um contra um – algo que na seleção vai acontecer bem menos do que em Bauru. Como arremessador de três pontos, somando Olimpíadas e a última Copa América, acertou apenas duas de 21 tentativas. Ai.

Eugene “Pooh” Jeter (Ucrânia)
A primeira referência que acompanha o armador de 30 anos é o fato de ele ser irmão da velocista Carmelita Jeter, uma das estrelas do atletismo dos Estados Unidos. É um bom dado para qualquer enquete, sem dúvida. Mas o americano já construiu uma respeitável carreira no exterior a ponto de ter reconhecimento próprio.

Vamos colocar desta maneira: se Jeter não tivesse comprado a ideia, os ucranianos jamais teriam se classificado para o Mundia. No Eurobasket passado, era um dos poucos atletas dessa seleção capazes de produzir a partir do drible. Num time que adora gastar a posse de bola, cabia ao baixinho muitas vezes desafiar os oponentes e o relógio para pontuar. Teve médias de 13,5 pontos e 4,1 assistências, com 47,6% nos arremessos de 2 pontos e 35,7% de três. Considerando toda a carga sobre seus ombros, é um desempenho sensacional.

Pooh jogou na China no ano passado e reclama de que nunca teve uma chance real para mostrar seus talentos na NBA, depois de passar apenas um ano como reserva do caótico Sacramento Kings de 2010-11. Ao menos, em seu currículo tem uma passagem pelo basquete ucraniano, tendo defendido o BC Kyiv em 2007-08.

– Oliver Lafayette (Croácia)
Depois de usar Dontaye Draper no Eurobasket, a Croácia agora decidiu investir em Lafayette para compor sua armação no Mundia. Sim, deus do basquete, até a Croácia enfrenta séria dificuldade para produzir um armador local que lhe deixe confortável em competições de ponta.

O convite aconteceu de úuuultima hora. Vejam só: em junho. Dito o sim, o passaporte saiu rapidamente. Assim que se faz. Aos 30 anos, então, o veterano, ainda muito rápido e forte, entra no mundo das seleções, ajudando Roko Ukic, em busca de qualquer entrosamento possível com os novos companheiros.

Lafayette, mais um pontuador do que um organizador, se formou na universidade de Houston em 2005 e vagou pela D-League até assinar com o Boston Celtics em 2010 para fazer precisamente um jogo pelo clube. E não é que foi bem? Anotou sete pontos, um recorde para um atleta nessas condições.

Dali para a frente, com a NBA inscrita em seu currículo, migrou para a Europa e rodou por grandes clubes como Partizan Belgrado, Zalgiris Kaunas e Valencia, na temporada passada – mas nunca por uma agremiação croata. Agora, vai se juntar ao Olympiakos, vindo de boa campanha na Espanha.

Nick Calathes (Grécia)
Com avô grego, Calathes foi um jogador de ponta na NCAA, como estrela de Florida, mas se concentrou em defender os helênicos desde cedo, tal como seu xará Galis. Ele se vestiu de azul e branco já no Eurobasket sub-20 de 2008. Um ano depois, faria sua estreia pela seleção.

Alto, forte, de excelente visão de jogo, o armador se beneficiou da dupla cidadania para assinar um acordo generoso com o Panathinaikos, ignorando, num primeiro momento, a NBA. Seu contrato foi assinado em maio de 2009, antes mesmo do Draft, valendo nada menos que 2,4 milhões de euros limpos por três anos. Sem contar o fato de que tinha residência e carro pagos pelo clube, mais a grana dos patrocínios. Uma bolada.

Quando questionado se a decisão de jogar pela seleção grega estava incluída neste mesmo pacote, Calathes foi enfático em negar, em 2011: “Não, não. Nada disso. É uma honra jogar pela Grécia, por minha ascendência, minha família. Espero poder jogar muito mais pela equipe”.

E aqui está Calathes, como um dos protagonistas da seleção grega – algo que seu irmão mais velho, Pat Calathes, uma vez cotado como um belo prospecto, não realizou. Já liberado depois de cumprir gancho de quatro meses por dar positivo em exame antidoping, vai para o Mundial e cheio de responsabilidades para guiar a seleção que sente a falta de Vassilis Spanoulis.

Renaldo Balkman e Alex Franklin (Porto Rico)
Já escrevi até que bastante sobre o ala-pivô no ano passado, antes da Copa América, e suas encrencas por aí. Para atualizar, vale a menção de que ele arrebentou no torneio continental, com médias de 18,7 pontos e 8,9 rebotes pelos vice-campeões. Com seu vigor físico e mais liberdade no ataque, pode fazer diferença, ainda que contra concorrência mais dura.

Já Franklin, natural da Pensilvânia, faz a sua segunda campanha pela seleção porto-riquenha, herdando a vaga que seria de John Holland. Um ala hiperatlético, Holland havia se tornado peça fundamental da equipe, mas virou desfalque este ano devido a uma lesão. Aprovado no Centrobasket, seu substituto tenta segurar o rojão no perímetro ao lado de Barea e Arroyo. Um ala de 26 anos, jogou pela universidade de Siena, pela qual foi uma estrela. Depois, virou profissional na Espanha e no México, até chegar aos Indios de Mayagüez.

James Feldeine e(República Dominicana)
Feldeine vem de uma vizinhança barra-pesada de Nova York, ao norte de Manhattan. “Washington Heights me fez virar o homem que sou hoje. Foi muito duro crescer em um lugar tão difícil. Havia muita violência por parte das gangues”, conta. Você já imagina todo o cenário, né? E que o basquete, como em diversos casos, serviu de refúgio para o garoto de mãe dominicana.

Dos playgrounds nova-iorquinos, o ala-armador foi para a modestíssima universidade de Quninnipiac, de Hamden. O sonho de NBA ficou longe, mas ele se tornou um jogador de ponta na Espanha, jogando a Liga ACB pelo Fuenlabrada, com médias de 15,9 e 13,9 pontos por jogo em duas temporadas. Nada mal. Agora, tem contrato com o Cantú, da Itália.

Explosivo em suas infiltrações, um bandejeiro de primeira, Feldeine estreou pela República Dominicana no ano passado, na Copa América, com 14 pontos por partida. Seu estilo casa bem com o de Francisco Garcia.

O país ainda poderia contar com Karl Towns, de 18 aninhos,  uma das maiores promessas do basquete universitário americano deste ano. Ao mesmo tempo que o recrutou para Kentucky, John Calipari também o pôs para jogar na seleção caribenha – uma opção surpreendente para um garoto tão badalado desde cedo. Do alto de seus 2,13 m, com envergadura e leveza impressionantes, o pivô ainda está nos primeiros passos de seu desenvolvimento como jogador, mas não jogará na Espanha, vetado por sua universidade.  Pena.

­- Erik Murphy (Finlândia)
Esse o torcedor do Bulls conhece. Pelo menos um pouco. O ala-pivô foi selecionado pela equipe no Draft passado, na onda do stretch 4 da NBA. Graduado pela universidade de Florida, subiu de cotação devido ao seu potencial no arremesso de três pontos. Frágil fisicamente, porém, foi pouco aproveitado por Tom Thibodeau em seu ano de novato. Rapidamente, viu como funcionam os negócios da liga rapidamente.

Para limpar espaço em sua folha salarial e evitar o pagamento de multas, a franquia de Chicago o dispensou antes mesmo de sua temporada de calouro se encerrar. O Utah Jazz aceitou seu contrato, mas nunca chegou a escalá-lo. Em julho deste ano, foi repassado para o Cleveland Cavaliers. Não se sabe se há realmente um interesse em aproveitá-lo ao lado de LeBron James.

Pensando nisso, a Copa do Mundo vem bem a calhar para o atleta de 23 anos – hora de mostrar serviço, com todos observando, afinal. Erik tem passaporte finlandês por parte da mãe, Päivi, que foi jogadora da seleção do país. Aqui, estamos falando, na verdade, de uma família só de basqueteiros: seu pai, Jay Murphy, fez carreira na Europa. O irmão caçula, Alex, começou na NCAA sob o comando do Coach K em Duke, mas pediu transferência para Florida.

“Os garotos vão para a Finlândia a cada verão. Meu irmão ainda está lá, meus sobrinhos. Falamos sobre como seria divertido ele jogar pela seleção. Mas o mais importante é algo que serve de inspiração, e eles estão orgulhosos disso”, conta a mãe em entrevista ao site do Bulls.

Curiosidade: quem também tentou entrar na festa foi o veteranaço Drew Gooden, do Washington Wizards – sua mãe também tem ascendência escandinava. A papelada não foi regularizada a tempo, porém. “Mesmo que não seja possível este ano, ainda vou para a Espanha apoiar o time e os jogadores e começar a construir uma relação para os próximos anos. De qualquer forma, vou conseguir minha dupla cidadania e vou me tornar um cidadão finlandês”, assegurou.

Reggie Moore (Angola)
É, até nossos irmãos entraram na onda. Formado na universidade de Oral Roberts em 2003, Moore jogou em Portugal, Israel e Espanha até migrar para Angola em 2009. Está lá desde então, defendendo hoje o Primeiro de Agosto. Em suma: como se fosse o Larry Taylor angolano.

Sua naturalização gerou um burburinho, mas, em maio de 2013, o presidente da federação do país, Paulo Madeira, simplesmente se defendeu dizendo que a seleção precisava de um pivô, e que Moore havia se oferecido. “O atleta manifestou publicamente interesse em representar a seleção, como fruto dos vínculos familiares que está a criar. E a nós interessa ter um jogador como ele”, disse o dirigente.

Reggie Moore, da Califórnia para Angola

Reggie Moore, da Califórnia para Angola

Moore correspondeu em sua estreia por Angola no Afrobasket do ano passado, com 10,1 pontos e 3,6 rebotes em média, sendo bastante regular na campanha do título. Baixo, com 1,98 m, e forte, com bom arremesso, gosta de atacar a cesta de frente.


O fator Hettsheimeir nos três pontos
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Giancarlo Giampietro

O fato novo nos amistosos da seleção brasileira rumo ao Mundial de basquete é a versão gatilho-de-três de Rafael Hettsheimeir. O pivô, que primeiro teve de disputar o Sul-Americano para, depois, garantir sua vaga na seleção principal, se transformou aparentemente no principal arremessador de três pontos de Rubén Magnano.

Quer dizer, pelo menos em oito jogos-teste.

É uma amostra muito pequena de partidas para ficar plenamente empolgado e eleger um novo Dirk Nowitzki. O que temos, por certo, é um jogador completamente confiante, se posicionando aberto na maior parte do tempo em que está na quadra, flutuando no perímetro, pronto para fazer o disparo.

Marcelinho Machado mostra para Hettsheimeir aonde receber o passe. : )

Marcelinho Machado mostra para Hettsheimeir aonde receber o passe. : )

Não se configura uma aberração, todavia.

Rafael vem realmente trabalhando esse fundamento, e não é de agora. Basta dar uma espiada em seus números desde que migrou para a Europa, para constatarmos que este elemento faz parte de seu repertório. Já tinha, vejam, um volume alto de tentativas sete anos atrás. Dependendo do clube por onde passou, a quantia pode ter variado, mas estavam lá os arremessos.

Numa já longínqua temporada de 2005-06 pelo CB Vic, egresso do Ribeirão Preto, o brasileiro começava sua longa trajetória Espanha, na LEB 2 (hoje LEB plata, terceira divisão  do país), com 29 arremessos de três em 25 partidas. Média de 1,16 por jogo e aproveitamento de 37,9%. No ano seguinte, com mesmo clube e mesma competição, foram 79 arremessos em 43 partidas (média de 1,83 e 35,4%).

O bom rendimento (geral) pelo clube catalão lhe valeu uma promoção. Subiu um degrau para disputar a LEB oro (segundona), defendendo o CE Lleida em 2007-08. Aparentemente, seu treinador de então, Eduard Torres, não gostava muito dessa ideia de pivô aberto – ou precisava do brasileiro no poste baixo, mesmo. Em 36 rodadas, ele tentou apenas sete chutes de fora. Não demorou, contudo, para que ganhasse o sinal verde novamente: 42 tentativas em 36 compromissos, mas com um aproveitamento bem baixo (23,8%).

O Lleida foi rebaixado para a quarta divisão espanhola, a EBA, por conta de problemas financeiros, e Hettsheimeir escapou dessa ao acertar com o Zaragoza, matendo-se na LEB. De todo modo, já significava mais um salto, uma vez que se tratava de um clube mais relevante. É verdade que a equipe havia acabado de cair. Porém, sempre foi mais habituada a jogar na elite espanhola, para a qual já voltariam em 2010-11.

O pivô, porém, sofreu uma lesão e ficou fora de ação por meses. Quando voltou, teve sorte: acabou cedido por empréstimo por um mês para o Obradoiro, pelo qual faria sua estreia na Liga ACB. Disputou 11 jogos pelo time (que hoje conta com Rafael Luz) em fevereiro. Foi muito bem, mas atuando nas cercanias da tabela. No ano seguinte, novamente pelo Zaragoza, já estava na Liga ACB em tempo integral, e também foi mais contido no perímetro, com dez arremessos em 34 jogos. Em geral, foram dois anos em que o tiro de fora esteve em segundo plano.

Hettsheimeir nos tempos de Zaragoza: grande fase

Hettsheimeir nos tempos de Zaragoza: grande fase

Foi ao final deste campeonato, aliás, que ele mostraria seu cartão de visitas para Luis Scola – e a boa parte da audiência brasileira também – no Pré-Olímpico de Mar del Plata. Turbinado depois de uma ótima Copa América, voltou para a Espanha para fazer a melhor temporada de sua carreira. Estava novamente assanhado no perímetro, tendo praticado bastante nas férias, ainda que não tenha apresentado um bom rendimento imediato: 56 arremessos em 33 jogos (1,69 por jogo e 33,9%). Acabou, também, sofrendo uma lesão no joelho, que lhe tiraria das Olimpíadas.  De qualquer forma, receberia sondagens da NBA e acertaria com o Real Madrid.

Hettsheimeir jogou no Real e no Unicaja Málaga nos últimos dois anos. Dois clubes de ponta da Europa, no qual infelizmente não teve muito tempo de quadra. Aí é uma situação difícil: qualquer arremessador precisa de ritmo, confiança e, claro, alguém que lhe passe a bola para produzir. Batalhando por um espaço na rotação, o brasileiro ainda tentou marcar presença como um pivô aberto, mas sem muito sucesso. No total, contando jogos de Euroliga e ACB, arriscou 107 arremessos de fora em 69 jogos (1,55 por jogo e 32%).

Na hora de processar tantos números, como em qualquer esporte, é preciso encarar o contexto. Cada equipe funciona de um modo diferente, tanto na tática quanto na combinação dos diversos talentos de cada elenco. Há uma referência interna que vá chamar uma dobra e abrir a quadra para o chute? O armador é um fominha? O time joga em transição, apostando nos arremessos rápidos e equilibrados, não importando de qual ponto da quadra saia? Etc. Etc. Etc.

O que vemos, de qualquer forma, é que Hettsheimeir invariavelmente procurou pontuar do perímetro, tentando fazer disso um diferencial em seu jogo. Vale destacar que, na Europa, o stretch 4 (ou 5) – o pivô aberto – já é utilizado há tempos. O objetivo primário desse movimento é espaçar a quadra, em vez de ficar com dois cones parados nos arredores do garrafão, congestionando o setor. Isto, claro, se o seu time não tiver um ataque inventivo, dinâmico, com boa movimentação fora da bola. Tipo o Brasil de Magnano.

Pelos últimos trabalhos com a seleção brasileira, está claro que o argentino vê muito valor num pivô que possa chutar de fora. Depois de anos e anos escalado basicamente como um lateral, Guilherme Giovannoni foi, enfim, aproveitado na seleção desta forma no último Mundial e em Londres 2012. No ano passado, depois de um período de treinos com sua supervisão e muito incentivo, Lucas Mariano desandou a arriscar de três pontos na Universíade – com resultados desastrosos, mas que melhorariam na sequência da temporada pelo Franca, pelo qual mandou ver 3,8 arremessos no último NBB, com 35,1% de acerto.

Agora temos Hettsheimeir cumprindo essa função tática. Algo que não aconteceu no ano passado durante a desastrosa Copa América e que tampouco vimos durante o Sul-Americano de julho na Venezuela. A diferença é que, nesses dois torneios, sem a cavalaria da NBA, ele era, na real, a principal esperança de pontuação interna da seleção. Ao lado de um Splitter ou de um Nenê em forma, vira opção secundária. E bem afastado da cesta. Veja só uma coleta de seus dados como arremessador nos oito amistosos que o Brasil fez até aqui:

Hettsheimeir: amistosos de 2014

Do jogo para o México em diante, Hettsheimeir não hesitou, hein? Se descontarmos os três primeiros amistosos, foram em média cinco arremessos de três por jogo, com sucesso, pelo que podemos ver. Levando em conta, porém, os números de sua carreira, é razoável ponderar se esse rendimento é sustentável. De novo: são poucos jogos para julgarmos o pivô como o maior chutador da paróquia. Não quer dizer que ele não possa fazer. Afinal, ele está fazendo. Também não significa que ele não possa melhorar de um ano para o outro. Pode, sim, ainda mais se estiver trabalhando tão duro conforme o relatado – sem contar o fato de que houve uma mudança no posicionamento de seus chutes em relação ao que vi nas últimas duas Euroligas: muito mais na zona morta do que frontal à cesta (menor distância, maior probabilidade de acerto). Só não sei se é prudente esperar que ele vá produzir desta maneira. Se mantiver o ritmo, Magnano tem uma belíssima arma ao seu dispor. Na seleção, a consequência pode ser uma possível redução drástica no uso de Giovannoni, que torceu o tornozelo e pode ter perdido seus minutos nessa. Acontece.

A fotinho de Hettsheimeir vai ser distribuída de vestiário em vestiário se o volume de três pontos seguir elevado desta maneira

A fotinho de Hettsheimeir vai ser distribuída de vestiário em vestiário se o volume de três pontos seguir elevado desta maneira

Por outro lado, durante uma competição, o estudo de cada seleção começa a se intensificar. Se Hettsheimeir virar bola cantada, como vai reagir? Contra a Lituânia, ele acertou três tiros de três consecutivos no primeiro tempo. No segundo, os marcadores correram desesperados em sua direção para desencorajá-lo. Em algumas situações, teve paciência para fazer o passe e ver o ataque brasileiro aproveitar um corredor aberto (causa e efeito). Mas também desafiou as contestações e errou três de seus próximos quatro chutes. Obviamente que seu aproveitamento é muito maior quando está com os dois pés plantados e com espaço para projetar a bola. Sabemos também que ele não é um dos pivôs mais ágeis ou explosivos, com dificuldade para por a bola no chão e executar em movimento, em progressão.

Qualquer jogador que acerte acima de 40% nos disparos de fora já tem de ser vigiado. Agora, se isso vem de um pivô, a defesa adversária vai ter um problemão para resolver.  Por exemplo: como fará suas coberturas no pick-and-roll? Se você puxa alguém do lado contrário para fazer frente ao mergulho de Splitter, vai pagar pra ver e deixar Hettsheimeir livre da zona morta? Se um de seus pivôs tiver de sair para contestá-lo longe do aro, como fica o rebote? Se o pivô e seus companheiros girarem a bola, sua rotação está coordenada para perseguir cada oponente, sem quebras? Os técnicos são obrigados a fazer cálculos e tomar decisões desagradáveis.

Pensando nesse tipo de desequilíbrio, a NBA abraçou essa tendência europeia e a transformou em uma coqueluche que agora ganha evidência na seleção brasileira. Rafael batalhou para ganhar esse status e terá um grande palco para mostrar o quão refinada está realmente sua habilidade. Em Bauru, a torcida assiste com um conflito de interesses. Dependendo da resposta que grandão der, pode ser que eles nem o vejam usar a camisa do time nesta temporada.


Um giro rápido pelas 24 seleções do Mundial
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Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo está chegando, faltam só cinco dias. Então chegou a hora de o blog largar a preguiça (quem dera!) de lado e entrar no clima. Enquanto as seleções ainda se estapeiam nos amistosos, publicamos aqui um giro de observações, notas, comentários ou seja lá o que forem…. sobre cada uma das seleções participantes. Vamos pôr assim: é  um guia de iniciação básico, mas nada objetivo sobre o que vem por aí:

Angola: um time em transição, mas de pura simpatia e empatia depois da breve passagem deles pelo Rio. Estamos todos na torcida por nossos irmãos, que reinam na África e também . merecem glórias e glórias internacionais, não?

Argentina: quantos jogadores Andrés Nocioni vai tirar do sério? Como Llamas vai encaixar tantos atletas similares num mesmo quinteto? Quantas vezes por jogo seremos lembrados que, sim, é uma pena que Ginóbili e Delfino não estejam listados? Há time mais velho e devagar que esse? E a renovação? E a crise política? Incrível como adoramos questionar os hermanos. Falta terminar acima deles na tabela uma vez que seja…

Austrália: quietinhos, quietinhos no paralelo 27º S, os Aussies vão montando um time de muito respeito, para agora e para muitos anos à frente (Dante Exum, este ano, só por alguns minutinhos). Choremos todos, porém, a ausência de um empolgadíssimo Patty Mills após suas jornadas de arromba com o Spurs. Por conta própria, o formiguinha atômica poderia incitar toda uma revolução na Espanha.

Brasil: Vocês sabiam que, para muita – mas muita gente, mesmo –, a seleção tupiniquim entra no Mundial como séria candidata a medalha, né? E, imagino, também sabiam que, para entrar nessa festa, a CBB desembolsou mais de R$ 2 milhões por um convite. Isso quer dizer pressão.

Coreia do Sul: confesso minha ignorância. Esperava um monte de baixinhos de 1,70m, rodeando o poste humano que atende por Ha Seung-Jin, atirando de três pontos sem parar. Pelo menos era o que meu avô me dizia. Mas, putz, nem o Seung-Jin está nessa.

Croácia: eles importaram mais um norte-americano, o que representa um sacrilégio, mas a verdade é que há uma nova geração surgindo cheia de potencial. Dario Saric já vale para agora, enquanto Mario Hezonja não deve jogar por mais que 10 minutos em média. Daqui até a próxima edição, porém, vale monitorar como estará, especialmente, o adolescente Dragan Bender. Guardem os nomes.

Egito: estão no Mundial muito mais para preencher a frase: “O time para o qual o Brasil não pode perder de jeito nenhum é o _______”. Dois rapazes têm NCAA em seus currículos, mas não esperem nem mesmo um Salah Mejri aqui.

Eslovênia: Dragic ou Dragic? Na dúvida, vai de Dragic, mesmo. Os irmãos Goran e Zoran – que não são gêmeos, apesar da foto abaixo –, vão descer a quadra a mil. Pegue todo o estereótipo que o mundo faz de armadores americanos, embrulhe e jogue no lixo. Aqui é adrenalina, e que os malas Sasha Vujacic e Beno Udih, fora da festa, fiquem muito bem de pernas para o ar.

Goran e Zoran. Ou Zoran e Goran: na época de Houston, fotografos por Daryl Morey

Goran e Zoran. Ou Zoran e Goran: na época de Houston, fotografos por Daryl Morey

Espanha: também a despedida de uma geração histórica? Difícil imaginar Pau Gasol, Navarro e Calderón reunidos daqui a dois anos no Rio. O Rudy Fernández, porém, na certa virá. Ele que é desde já o candidato a grande ator do Mundial, jogando seu topete de maneira dramática para um lado e para o outro, a cada perspectiva de pancada.

Estados Unidos: desde a retomada guiada por Jerry Colangelo, encaram seu maior desafio. E mais: em casa, só serão notícia no caso de não voltarem com o ouro para casa.

Filipinas: quais as chances de Andray Blatche abandonar o navio antes do final da fase de grupos, no caso de receber todos os seus cheques com antecedência? Eu chutaria que estão acima de 87%.

Finlândia: Os lobos. Hanno Möttölä. Angry Birds. O basqueteiro conservador mais que angry, irado. Tudo aqui: #Susijengi.

França:  há vida sem Tony Parker, JoJo e, agora, De Colo? Acho que sim. Mais uma chance para Boris Diaw mostrar que é um novo homem, com menos hambúrgueres na cintura, e para Nic Batum botar em prática seu vasto arsenal. No garrafão, Joffrey Lauvergne vai brigar por todos os rebotes, enquanto o espigão Rudy Gobert pede passagem. O pior é que, num excesso de precaução, Ian Mahinmi pode ser o escolhido. Oui, aquele.

Grécia: Vamos lá, gente, todo mundo junto: Giannis A-n-t-e-t-o-k-o-u-n-m-p-o. Giannis Antetokounmpo. Agora rápido: Giannisantetkounmpo! Em grego, “menino de ouro” deve ser uma expressão bonita.

Irã: É o show de Hamed Haddadi, e não se fala mais nisso.

Lituânia: é a terra do basquete, aonde o futebol quase não tem vez. Além do mais, pode não haver nenhum sobrenome do peso de Sabonis, Karnisovas, Siskauskas ou Jasikevicius, mas estamos diante de um timaço aqui, com uma penca de pivôs habilidosos.

México: vamos, cabrones. Campeões da Copa América. Campeões do Centrobasket. Esses muchachos estão na crista da onda, liderados pelo ainda subestimado Gustavo Ayón. Precisa ver apenas se já não chegam ao Mundial consagrados demais.

Nova Zelândia: são esforçados, e tal, mas, sem Steven Adams, não há muito com o que se distrair aqui. Que puxa. Podemos colocar assim: já houve um tempo em que eles eram verdadeiros rivais da Austrália, como o veterano Kirk Penney bem sabe. Se ele já sente saudades do Sean Marks, hoje dirigente do Spurs, imagine do Pero Cameron!?

Porto Rico: são eles que agora  desfrutam da ideia de que alcançaram a maturidade sob o comando de um estrangeiro: Paco Olmos, que já foi técnico do ano na ACB. Ao mesmo tempo, fica a impressão de que estamos a um ou dois estalos de dedo para ver Balkman perdendo as estribeiras em quadra e/ou Barea e Arroyo se pegarem pelo pescoço em disputa pela chave do carro. Se os baixinhos coexistirem em harmonia, pode ir longe o time.

República Dominicana: que faz falta o craque Al Horford, ô se faz. Mas ainda formam um time traiçoeiro, com sua turma doidinha toda vida no perímetro, com destaque para James Feldeine, um bandejeiro de primeira. De resto, fiquem de olho garotão Karl Towns, uma das maiores promessas das Américas, que vai da Espanha para o campus de Kentucky.

Senegal: aqui também não dá para fugir muito do estereótipo que todos vão evocar sobre uma seleção senegalesa. De que será uma equipe hiperatlética, com Gorgui Dieng fazendo das suas no garrafão, mas com alguns problemas no controle de bola. Que nos provem o contrário.

Sérvia: a cada torneio, de um mês para outro, temos a sensação de que eles trocam de geração – e de que estão sempre envolvidos por uma presepada. Mas sempre surge quem tenha toda a pinta, mesmo, de que pode carregar um país dessa tradição nas costas. Bogdan Bogdanovic ainda não precisa fazer isso, mas pode ser que num futuro bem próximo seja esse o seu papel.

Turquia: 98 pivôs de razoáveis para bons, incluindo ao totalmente excelente Omer Asik, mas esbarrando numa armação precária, com jogadores que fazem até mesmo nossos amigos peladeiros venezuelanos parecerem mestres Gedai.

Asik, Kanter, Erden, Ilyasova, Savas, Gonlum... Grandalhões não faltam para a Turquia

Asik, Kanter, Erden, Ilyasova, Savas, Gonlum… Grandalhões não faltam para a Turquia

Ucrânia: tem tudo para estrelar as partidas mais chatas do campeonato. O índice Morfeu é altíssimo, acreditem – parabéns a quem editou o vídeo abaixo, dando alguma emoção. Com exceção de Viacheslav Kravtsov (ex-Suns e Pistons), seus pivôs jogam arrastando maças de ferro de no mínimo 50 kgs no pé de apoio. Dá até dó de Pooh Jeter e Sergii Gladyr, dois caras (que tentam ser) criativos. Tudo sob a orientação minuciosa de Mike Fratello, o mesmo técnico que já dirigiu alguns dos times mais modorrentos da história da NBA nos tempos de Cleveland. Seu apelido é Czar, mas isso vem de muito antes, tá?