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Arquivo : outubro 2013

NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Central
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois das Divisões Sudeste e Atlântico, vamos dar uma passada agora pela Central, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

CHICAGO BULLS
Para curtir:
– As infiltrações de Derrick Rose, que são de tirar o fôlego. É bom ter aberração atlética dessas de volta. Que o joelho aguente bem.

– Toda a dedicação e perspicácia de Joakim Noah na defesa. Difícil encontrar alguém que trabalhe tão duro e bem nas pequenas coisas que fazem do Bulls um candidato perene ao título.

Taj Gibson fazendo companhia a Noah.

– A sobriedade de Luol Deng, num basquete prático muitas vezes menosprezado.

Jimmy Butler evoluindo a cada campeonato, dando a Thibodeau mais uma opção para tentar cutucar LeBron.

– As defesas atenciosas e extremamente detalhistas de Thibs.

Para chiar:
– Os dólares que Jerry Reinsdorf economiza mesmo como proprietário de uma das franquias mais populares da liga, numa metrópole como Chicago.

– Crônicas tendinites e fascite plantar para Noah, limitando o guerreiro.

Carlos Boozer tentando comer a bola quando fica frustrado.

– A saída de Nate Robinson.

CLEVELAND CAVALIERS
Para curtir:
Kyrie Irving e seu vasto repertório, comum arremesso que precisa ser marcado de todos os cantos da quadra. Mas vai fazer como? Se ele também dribla tão rápido…

– Todos os minutos de Anderson Varejão em quadra, alguém que se equipara, sim, ao francês no jogo sujo.

– Qualquer afro de Andrew Bynum. (Ah, e uma eventual recuperação do bebezão.)

Tristan Thompson, o ambidestro, ágil e saltitante reboteiro.

Earl Clark ainda investigando, descobrindo quais são todas as suas possibilidades em quadra. A qualquer momento pode surgir algo de deixar besta.

– A noite das perucas. Não me canso de rir com isso.

– Qualquer ataque delirante de Dan Gilbert na internet.

Para chiar:
– O plantão médico para Irving, Varejão e Bynum. (Algo que pode ser das coisas mais frustrantes realmente de toda temporada).

– A falta de criatividade ofensiva de Mike Brown. Vai de Princeton de novo?

– A educação e o regime de Anthony Bennett, que, segundo Brown, vai demorar a ser o próximo Larry Johnson.

– Os arremessos descontrolados de Dion Waiters.

– O jogo pouco produtivo de CJ Miles.

Earl Clark demorando a entender quais são todas as suas possibilidades em quadra. A qualquer momento pode surgir algo de deixar besta.

– Qualquer ataque delirante de Dan Gilbert na internet. Quando ele vai contra o que você pensa. 😉

DETROIT PISTONS
Para curtir:
– A singular aposta de Joe Dumars na trinca Josh Smith, Andre Drummond e Greg Monroe.

– O pacote (quase, quaaaaaase) completo de Josh Smith. Vide abaixo.

Andre Drummond desafiando a natureza com abalos sísmicos artificiais.

Greg Monroe operando com destreza na quina do garrafão.

– A velocidade de Brandon Jennings.

– O retorno de Chauncey Billups a Detroit. E como, aos 65 anos de idade, ele ainda consegue iludir os rivais e cavar lances livres.

– A combustão de Will Bynum e Peyton Siva.

Gigi Datome!!!!

Para chiar:
– O concurso diário de pior arremesso possível entre Smith e Jennings.

– O excesso de faltas que Drummond ainda deve cometer.

Charlie Villanueva se comportando como se ainda importasse para algo. Blah.

– Toda a confusão mental que fez Rodney Stuckey encolher em quadra.

Gigi Datome no banco!!!!

INDIANA PACERS
Para curtir:
Paul George se transformando numa superestrela, passo a passo. LeBron já deu as boas-vindas a ele nos playoffs.

Roy Hibbert, paredão humano. Desde que mantenha a intensidade dos mata-matas.

 

– Ah, e as entrenvistas nonsense do Hibbertão.

– A Escola de Balé Clássico Luis Scola.

David West e como intimidar o adversário sem necessariamente um jogador maldoso. E os chutes de média distância do pivô também.

Frank Vogel, um excelente técnico, e na dele.

Larry Bird de volta após ano sabático.

Para chiar:
Danny Granger não consegui recuperar nem 50% da boa forma para ajudar um timaço.

– A limitação de George Hill como criador a partir do drible.

– A iminência de Lance Stephenson em se tornar um agente livre e muitos dos seus lapsos com a bola.

– O fim da era dos Irmãos Hansbrough.

MILWAUKEE BUCKS
Para curtir:
Larry Sanders e sua presença defensiva. E cada menção de LARRY SANDERS! feita por Zach Lowe no Grantland.

Ersan Ilyasova e sua versatilidade.

John Henson, que arrumem mais minutos para o ala-pivô, por favor.

– Soletrar Giannis Antetokounmpo a cada highlight que o molecote grego proporcionar nos finais das partidas.

Gary Neal (e Carlos Delfino) on fire.

Para chiar:
– Todo o tédio que Caron Butler pode proporcionar, com um basquete há tempos impraticável.

– Os poucos minutos para Antetokounmpo, para que o Bucks brigue pela oitava colocação no Leste.

– A quantidade desproporcional de pivôs no elenco, possivelmente com um atrapalhando o outro.

– Saber que o Golden State Warriors preferiu Ekpe Udoh a Greg Monroe.


Quem diria? Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam Clippers
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Giancarlo Giampietro

Xenry decola!

Xenry decola!

Na verdade, o título deveria estar acompanhado de muitos pontos de exclamação e interrogação. Algo como: “Quem diria?!?!?!?!?!?!?!?!?!?! Na abertura da temporada, reservas do Lakers arrasam o badalado Clippers”.

Mas não caberia. Temos um limite de 75 caracteres agora para produzir uma manchete apelativa e sensacionalista para fisgar você, leitor. Somos todos uns aproveitadores, admitamos.

O post não fica nisso, claro. Todas as arrobas de exclamações que poderíamos inserir na frase acima teriam a ver com o fato de que, sim, hoje, qualquer vitória do Lakers para cima do Clippers será algo completamente inesperado – algo que, para os mais tradicionalistas, ainda é muito difícil de assimilar. Então seria a surpresa da surpresa, sabe?

E foi o que rolou na noite de abertura da temporada 2013-2014, com o time de Mike D’Antoni marcando incríveis 41 pontos no quarto período para vencer por 116 a 103. Ainda sem Kobe Bryant. Com Steve Nash e Pau Gasol marcando, juntos, 18 pontos. Nenhum dos dois astros jogou por mais de 30 minutos. Por essa só esperava aquele torcedor mais tapado, mesmo.

Dentro do elenco, porém, o resultado não chega a ser nenhum absurdo. O próprio D’Antoni vem falando constantemente sobre como estariam subestimando a equipe – claro que ele não poderia jogar a toalha antes de o campeonato começar, mas ele realmente tem insistido sobre em como o ambiente estaria significativamente mais otimista no lado amarelo e roxo do Staples Center. “Nesta pré-temporada, tudo foi muito mais positivo que no ano passado, e fizemos as coisas de um jeito muito melhor”, afirma Gasol. “A atmosfera, a atitude e a união dos jogadores tem sido realmente positiva. Agora, temos de ver se isso vai nos ajudar.”

Não dá para tirar muitas conclusões com apenas 48 minutos dos 3.936 que o Lakers ainda vai disputar nesta temporada. Mas não deixa também de ser uma primeira partida que sublinha essa percepção animada nesses primeiros meses sem Dwight Howard – e, necessário dizer, Kobe Bryant no dia-a-dia dos treinamentos.

Contra o Clippers, quem decidiu a parada foram os reservas. A equipe entrou no quarto final com desvantagem de quatro pontos. O que, levando em conta as expectativas em torno de ambas as franquias, já estaria supostamente de bom tamanho. Só esqueceram de combinar com os reservas de D’Antoni. Os reservas, gente. Contra o que os rivais têm de melhor.

Jordan Farmar, Jodie Meeks, Xavier Henry e Jordan Hill botaram para quebrar e compensaram todos os esforços de Wesley Johnson (1-11 nos aremessos) para acabar com a festa. Foi com esse quinteto que eles chutaram o traseiro de Chris Paul e Blake Griffin, para carimbar a estreia de Doc Rivers em Los Angeles.

Os cinco, juntos, terminaram com um saldo de pontos superior a 15, com Meeks, tão apagado no ano passado, liderando com +19. Juntos, eles mataram mais de 50% de seus tiros de três pontos (9-17), deram 13 assistências (das 23 do time), recuperaram a bola em quatro ocasiões e ainda apanharam 24 rebotes.

Henry deu sequência ao seu bom momento da pré-temporada, somando, em apenas 26 minutos, 22 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, com excepcionais 8-13 nos arremessos de quadra e 3-4 nos tiros de longa distância. O ala dispensado por Grizzlies e Hornets/Pelicans já vale o seu próprio post. Parece uma bela história. Jordan Farmar é outro: terminou com 16 pontos, 6 assistências e 4 rebotes, em 27 minutos. Faz um bom tempo em que o armador se apresenta de modo muito mais confiante em quadra, bem diferente daquele reserva de Derek Fisher nos tempos de Phil Jackson.

Com esse quinteto, obviamente o Lakers fica muito mais rápido e atlético em quadra, com figuras que se encaixam bem no sistema desenhado por D’Antoni que revolucionou a liga na década passada. Os números acima atestam isso. Só é difícil pensar que o time vá vencer muitos e muitos jogos dependendo exclusivamente dessa turma. Nash, ainda travado, terá de jogar mais: do contrário, seus minutos devem ser repassados a Farmar. Gasol vai precisar ser uma presença dominante no garrafão. E ainda nem sabemos exatamente o que se vai passar com Kobe.

De qualquer forma, por uma noite que seja, a hierarquia histórica em Los Angeles, aquela que não permite exclamações ou interrogações,  foi restabelecida.


NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Atlântico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Divisão Sudeste, amos dar uma passada, agora, pela Divisão Atlântico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e predileções de uma só cabeça (quase) pensante:

BOSTON CELTICS
Para curtir:
– Os americanos se divertindo com o suposto apelido de Vitor Faverani de “El Hombre Indestructible” em suas crônicas, admirados como o jogo durão do brasileiro.

Avery Bradley oprimindo, com sua movimentação lateral implacável, postura perfeita e muita garra, quem quer que tente driblar em sua direção, ou em qualquer direção, na verdade.

– O eventual segundo quarto em que Jeff Green vai parecer um All-Star, atacando a cesta com tudo e convertendo chutes da zona morta.

Jared Sullinger coletando rebotes ofensivos, mesmo que não consiga pular um par de chinelos – e tomando impulso na corrida.

Kelly Olynyk mostrando que força não pode ser tudo no basquete, mesmo quando se tem mais de 2,10 m de altura.

Para chiar:
– Os jogos em que Brandon Bass e Kris Humphries vão apanhar toda a vida o garrafão, mas nada de Faverani na quadra.

Avery Bradley amassando o aro, do outro lado da quadra.

– Os outros três quartos em que Jeff Green fica vagando na quadra, sem muito propósito.

Jordan Crawford algemando a bola em um garbage time no Boston Garden, com o Celtics perdendo por 20 pontos.

– As caretas de MarShon Brooks no banco de reservas.

– Cada cheque gordo mensal depositado na conta de Keith Bogans e Humphries.

BROOKLYN NETS
Para curtir:
– Para delirar, na real, imaginando o quão forte pode ficar a defesa do time nos minutos em que Garnett e Kirilenko estiverem juntos em quadra. Vai ser um terror para qualquer coordenador ofensivo.

Pierce e Garnett, aos poucos, dominando o vestiário e tentando dar um jeito na prima donna que se tornou Deron Williams.

– Kirilenko, Pierce e Garnett podendo um dar descanso ao outro, para que cheguem bem aos playoffs.

Brookly reforçado

Brookly reforçado

Brook Lopez dominando embaixo da cesta, mas também matando seus chutes de média distância e aprendendo uma coisa ou outra com Garnett na cobertura e imposição defensiva.

– As partidas de 15 ou mais rebotes de Reggie Evans, mesmo que ele nem passe dos 20 minutos de ação.

Para chiar:
– A deterioração no jogo de Joe Johnson e sua passividade em quadra.

– Se Deron tiver problema em dividir os holofotes com os veteranos que chegaram.

– Qualquer limitação física que abale a equipe rumo aos mata-matas.

Jason Terry, afoito para fazer suas cestinhas, abortando alguns ataques.

Jason Kidd atendendo ao celular durante jogos. Difícil que ele repita o que fez na liga de verão. Em todo o caso…

NEW YORK KNICKS
Para curtir:
– Quando Carmelo Anthony incendeia o Madison Square Garden; aqueles momentos em que ele fecha dos olhos, atira para cima e cai tudo, mas tudo mesmo, como um robozinho preparado para fazer cestas.

– As acrobacias de JR Smith que fazem o queixo cair.

– Toda a calma e inteligência de Pablo Prigioni, fazendo os passes corretos, na hora certa, além de sua esperteza para bater a carteira de rivais muito mais rápidos e jovens.

Tyson Chandler brincando de vôlei perto da tabela e, com aquele tamanho todo, sendo capaz de defender alas no mano a mano (desde que as costas estejam 100%, claro).

– Os ataques do jornalista Frank Isola, do New York Daily News, ao conglomerado de James Dolan, via Twitter. Imperdível.

– O fantástico mundo de Ron Artest.

Para chiar:
– Quando Carmelo Anthony  e JR Smith simplesmente não vão passar a bola para ninguém.

– Os diversos momentos em que, por desatenção ou preguiça, Carmelo concede cestas fáceis aos adversários. Para depois reclamar de seus companheiros.

– A triste derrocada de Amar’e Stoudemire, que mal consegue parar em pé há duas  temporadas e já vem estourado desde a pré-temporada.

– Contratar Chris Smith só pelo fato de ele ser o caçulinha de JR.

– Os quilinhos a mais de Raymond Felton.

Andrea Bargnani e um potencial nunca realizado.

– O bilionário mundo de James Dolan.

PHILADLEPHIA 76ERS
Para curtir:
Thaddeus Young e seu jogo silencioso, mas muito eficiente e vistoso, sim, senhor, com suas passadas largas rumo ao aro.

– A liberdade plena de criação para Brett Brown, mais um discípulo de Gregg Popovich a tentar a vida fora de San Antonio.

– Prospectos até hoje escondidos, mas com muito talento e uma grande oportunidade para mostrar serviço: James Anderson, Daniel Orton e Tony Wroten.

– Hã… Bem… Difícil ir além disso. Que Nerlens Noel possa se juntar a Michael Carter-Williams em quadra o mais rápido possível em um dos elencos mais limitados dos últimos anos.

Para chiar:
– As claras intenções de se sabotar toda uma temporada em busca de uma boa posição no Draft; do ponto de vista coletivo, de credibilidade da liga, lamentável, ainda que a estratégia faça sentido para a franquia.

Evan Turner batendo cabeça com Carter-Williams.

Cada salário depositado na conta de Kwame Brown.

TORONTO RAPTORS
Para curtir:
– As maquinações de Masai Ujiri nos bastidores, em busca da próxima troca em que vá rapelar o outro negociador.

– A adoração dos torcedores do Raptors por Jonas Valanciunas, e desenvolvimento deste promissor gigantão lituano.

– A leveza e capacidade atlética de Rudy Gay, DeMarr DeRozan e Terrence Ross.

Amir Johnson, pau-pra-toda-obra.

– O arremesso de Steve Novak.

Tyler Hansbrough trombando com todo mundo que não atenda pelo nome de #mettaworldpeace.

Para chiar:
– As tijoladas intempestivas, pouco inteligentes de Rudy Gay.

– Toda a falta de mobilidade de Aron Gray, provavelmente o jogador mais pesado da NBA (oficialmente com 122 kg).

– As lesões e os chiliques de Kyle Lowry.

Landry Fields e toda a sua saudade dos tempos de Linsanidade.

– A perda total de confiança por parte do diminuto DJ Augustin.


NBA 2013-14: razões para curtir ou lamentar os times da Divisão Sudeste
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Vamos dar uma passada, primeiro, pelos clubes da Divisão Sudeste, pensando no que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

ATLANTA HAWKS
Para curtir:
Al Horford tendo um time só para ele agora. Depois de Joe Johnson, lá se foi agora Josh Smith, e o ala-pivô dominicano vai poder ter mais posse de bola para mostrar sua versatilidade. É um jogo que não costuma render muitos highlights, mas é bonito que só de se ver. Ótimo chute de média distância, capacidade para criar e passar a partir do drible, reboteiro de primeira e um líder em quadra. Craque.

Dennis Schroeder! Qualquer minutinho que o novato alemão tenha. Para quem não o viu em ação na liga de verão de Las Vegas, um resumo: seu jogo lembra, sim, o de Rajon Rondo. Ele age como se já jogasse de armador há 20 anos na NBA, mas na verdade essa é apenas a idade dele.

Kyle Korver e seu arremesso perfeito, equilibradíssimo, não importando a velocidade em que receba o passe ou se ele vai precisar girar para engatilhar e mandar bala.  O mesmo vale para o diminuto Jon Jenkins.

DeMarre Carroll correndo a quadra toda como um cão raivoso.

– Qualquer coisa que Pero Antic possa fazer. Vale pelo visual.

Mike Budenholzer, o melhor discípulo que Gregg Popovich já teve? A conferir.

Para chiar:
– A arena vazia de Atlanta apelando ao sistema de som para tentar passar a impressão de que o clima por lá seja minimamente interessante.

– Elton Brand roubando minutos de Gustavo Ayón. Veterano e tal, Brand ainda consegue proteger o garrafão e matar alguns chutes de média distância. Mas já chegou a hora de algum time da liga dar uma chance de verdade a Ayón desde seus primeiros jogos pelo Hornets. Seria um ótimo reserva para Horford e Millsap, mantendo duplas ágeis e multitalentosas na quadra.

– Qualquer coisa que Pero Antic possa fazer. Talvez nem o visual compense.

Shelvin Mack eventualmente roubando os minutos de desenvolvimento de Schroeder.

CHARLOTE BOBCATS (QUASE HORNETS DE VOLTA)
Para curtir:

Steve Clifford: será que dessa vez vai, MJ? O terceiro técnico em três temporadas tenta fazer da equipe uma entidade no mínimo decente, respeitável em quadra. Os irmãos Van Gundy apostam que sim.

Kembinha

Kemba Walker quer chegar lá

– A evolução de Kemba Walker, um baixinho briguento (no bom sentido, dãr), que não abaixa a cabeça para nada e, isolado em Charlotte, vai se juntando ao grupo de grandes armadores cestinhas da liga.

Josh McRoberts: ninguém dá muita bola para o “alemão”, mas o ala-pivô, uma vez cotado com um grande prospecto universitário e na liga, fez um belo final de temporada pelo Bobcats. Belo passador, dá um duro danado na quadra. Excelente sparring para acelerar a evolução de Cody Zeller.

Ramon Sessions, sem muita firula, estocando lances livres.

Para chiar:
Ben Gordon se comportando como se valesse os mais de US$ 50 milhões que embolsou em seu terrível contrato.

– O arremesso de Michael Kidd-Gilchrist. Um espetáculo de jogador em diversas maneiras, mas ainda aparentemente incapaz de converter um chute de média distância mesmo depois de ter passado as férias treinando a munheca ao lado de Mark Price.

– Bismack Biyombo não foi o novo Serge Ibaka, no fim.

MIAMI HEAT
Para curtir:

– A exuberância de LeBron James.  Até onde podem chegar seus talentos? Será que ele mantém o aproveitamento superior a 40% de três? Conseguiria chegar a 80% nos lances livres? Só restam miudezas para catar.

– Os chutes de Ray Allen da zona morta, até quando durarem. Feche os olhos, Gregg Popovich.

– Um retorno saudável, milagroso de Greg Oden.

– Os cortes sem bola de Chris Andersen para a cesta e sua próxima tatuagem.

– As declarações inteligentes e até demais de Shane Battier.

Udonis Haslem fazendo tudo direitinho em quadra, ainda aguentando o trancol

Para chiar:
– As 450 mil matérias que vão especular sobre o próximo destino de LeBron.

LeBron & Brown?

LeBron e Mike Brown juntos de novo? Mistério… E matérias

– As bravatas, a pose e o jeito de ser de Dwyane Wade.

– Os 6,8 rebotes por partida de Chris Bosh.

– Uma torcida apática e ignorante em geral, para a qual mais vale um gole de mojito do que um passe perfeito de James.

Michael Beasley desarmando LeBron James para poder cumprir suas metas de arremessos.

Rashard Lewis, nheco-nheco. Rashard Lewis, nheco-nheco.

Udonis Haslem mastigando seu protetor bucal.

ORLANDO MAGIC
Para curtir:

Victor Oladipo!!! O novato mais insano de caxias e workaholic a chegar na liga . em muito tempo, com suor e decolagens. Ele vai peitar, vai atazanar a vida de muita gente durante o ano e vai fazer da vida do torcedor viúvo de Howard um pouco mais fácil.

Tobias Harris e Maurice Harkless, no segundo ano na Flórida, tentando elevar seu jogo a um outro patamar, após campanhas promissoras em 2012-2013. Harris é um ala de muita força física, bom chute de média distância e ativo na defesa. Harkless é um atleta de primeiro nível, ainda aprendendo as nuanças, do jogo mas a passos largos. E, não, ele não gosta de ser chamado de “Mo”.

– Nikola Vucevic, um double-double surpreendente atrás do outro.

– Imaginar quem poderá se interessar em uma troca por Arron Afflalo desta vez.

Para chiar:
– A cara de tédio, enfado de Hidayet Turkoglu, seja aonde ele estiver.

Glen Davis devorando sanduíches e arremessos que eram para ser dos meninos.

– Andrew Nicholson se concentrando demais até em seus chutes de três pontos.

Jameer Nelson mastigando seu protetor bucal.

WASHINGTON WIZARDS
Para curtir:

John Wall zieguezagueando até a cesta.

Brad Beal querendo entrar na discussão sobre quem seria o melhor jogador do Draft do ano passado. Olho nele.

– Os passes de Nenê, a inteligência do brasileiro em quadra.

Marcin Gortat aliviando a pressão para cima de Maybyner Hilário e jogando por um contrato valioso no ano que vem, além de suas declarações cândidas, que ajudam qualquer jornalista.

Os poucos jogos em que Jan Vesely vai respirar fundo e aprontar das suas estripulias atléticas em quadra, sem constranger Randy Wittman.

– Os momentos em que você se pega pensando em por que diabos Kevin Seraphin ainda não se afirmou na NBA.

Para chiar:
– Os eventuais quilos de gelo usados para aliviar as dores de Nenê durante a temporada

Trevor Ariza apedrejando longe da cesta.

– Os momentos em que você se pega  sacando por que diabos Kevin Seraphin ainda não se afirmou na NBA.


Bargnani x Novak? Knicks confia em reforço italiano para sonhar com título
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Giancarlo Giampietro

Andrea Bargnani x mídia de NYC

Andrea Bargnani e Steve Novak entraram juntos na NBA, no Draft de 2006.

Badalado na Itália, o italiano, “Il Mago”, foi o primeiro da lista de recrutamento de novatos, algo inédito para um europeu. Após sete temporadas, ganhou mais de US$ 48 milhões e ainda tem mais, no mínimo, US$ 11,8 milhões encomendados – ou US$ 23 mi, dependendo do que o New York Knicks optar. Até 10 de julho de 2013, conhecia apenas um só time da liga norte-americana, o Toronto Raptors.

O americano já ficou para lá de contente em ser o número 32 daquela relação, algo de certo modo surpreendente para o ex-companheiro de Dwyane Wade em Marquette. De lá para cá, embolsou US$ 8 milhões em sete anos, três milhões a menos que “Bargs” faturou na última temporada. De qualquer forma, tem mais de US$ 10 milhões garantidos para os próximos três anos. O ala foi selecionado pelo Rockets e trocado para o Clippers em 2008. Assinou como agente livre com o Dallas Mavericks em setembro de 2010. Acabou dispensado em janeiro de 2011. Em fevereiro do mesmo ano, completou a trinca texana ao fechar com o San Antonio Spurs. Foi chutado mais uma vez em dezembro. Dois dias depois, acertou com o New York Knicks. Foi aí que aconteceu a “Linsanidade”, na qual surfou com toda a empolgação possível, mandando bala do perímetro a partir das infiltrações do armador.

Os dois são conhecidos como jogadores altos com ótimo arremesso de três pontos, mas têm status bem distintos, como fica evidente nessa comparação. Até que seus caminhos voltaram a se cruzar há alguns meses, quando Knicks e Raptors fecharam uma transação. A equipe nova-iorquina teve de ceder Novak, Marcus Camby, Quentin Richardson, uma escolha de primeiro round e mais duas de segundo para fechar o negócio.

Por esse preço, julga-se o prestígio de Bargnani como o de uma estrela, não? Foi um superpacote, digno de um antigo número um do Draft. Que muita gente tenha feito troça dos Bockers e louvado mais uma limpa de mão cheia promovida por Masai Ujiri, o novo manda-chuva do time canadense é o problema.

Para o mercado da NBA, o italiano já era visto como um fiasco total, um símbolo de jogador com um salário muito acima do merecido, considerado como o grande motivo para a queda de Bryan Colangelo, antecessor de Ujiri. Colangelo havia fechado uma renovação contratual de mais de US$ 50 milhões por cinco temporadas com seu atleta em 2009, ainda que o jogador de 2,13 m de altura ainda não tivesse apanhado mais de 6 rebotes em média em três campanhas na liga.

Mas Bargnani ainda era novo, apenas com 23 anos. Dá para entender a dificuldade se desvencilhar de uma aposta pessoal dessas, ainda mais pela faceta intrigante de seu basquete. Ele foi um dos muitos possíveis futuros “Dirk Nowitzkis”, daqueles grandalhões com munheca para converter os arremessos de longa distância e a coordenação para driblar arrancando em direção ao aro. Uma versatilidade que encanta, mas que nem sempre se traduz em quadra. O astro alemão é um workaholic. Sua habilidade e dedicação contumaz são únicas, difíceis de se equiparar.

Já Novak não tem nada de potencial para se explorar nesse sentido. Tem uma e só qualidade que lhe sustenta na liga: o tiro de longa distância, na qual é um sniper, com média de 43,3% na carreira e quatro temporadas com um mínimo de 41,6%. O italiano, por sua vez, chegou a converter 40,9% em 2009, mas só vem caindo desde, então, terminando os últimos dois anos com uma pontaria abaixo de medíocre – 29,6% e 30,9%. O tipo de arremesso que sobra para um é diferente do que resta para outro, diga-se.

Seria a pressão por encabeçar um Draft? A falta de fome? As constantes lesões? Ter começado num time com Chris Bosh, um jogador de certa forma semelhante e que pode ter tolhido seu desenvolvimento na entrada na liga? A falta de estrutura na comissão técnica ou clube? Ou simplesmente ele não era bom o bastante? Não há uma só resposta definitiva para entender o que deu errado na jornada do italiano acima do lago Michigan. Fato é que as médias de 15,2 pontos, paupérrimos 4,8 rebotes, 0,9 tocos e 43,7% nos arremessos valeram como uma enorme decepção.

E o que fazer com uma peça rara dessas em Nova York? Justamente na cidade com a mídia mais implacável, com tabloides diversos prontinhos para estorvar? Para ponderar: o Brooklyn Nets conseguiu Kevin Garnett, Paul Pierce e Andrei Kirilenko. O Knicks, se corroendo de inveja, tem um “Bargs” para apresentar – além do #mettaworldpeace, claro, que é uma oooooutra história.

Vai encarar?

De um jeito outro, o italiano é obrigado a. E o técnico Mike Woodson acredita que pode ajudá-lo neste sentido, confiante depois do trabalho que fez com JR Smith e Raymond Felton no ano passado. “Não acho que você pode desperdiçar a oportunidade de contar com uma peça como Bargnani”, disse. “Ele é um desses jogadores talentosos que acho que posso influenciar. Já o assisti muitas vezes de longe, treinando contra ele em Toronto. Acho que ele pode fazer uma série de coisas. Só tenho de deixá-lo aclimatado ao que estamos fazendo, se sentindo bem, porque ele realmente pode ajudar este clube.”

Já Carmelo Anthony fala de um jeito mais desbocado. “Não tem pressão para cima dele”, afirmou. “Você tem de vir aqui e jogar bola. Toda a pressão está em mim. Deve ser uma transição fácil para ele, se ajustar a isso. Apenas faça as coisas certas, e o resto deveria ser fácil.”

Melo até que tem razão. Se as coisas não derem certo para o Knicks, pode ter certeza de que ele, Amar’e, Chandler e Smith, além de Woodson, da diretoria e do proprietário James Dolan, vão aparecer na frente na lista dos críticos. Com o volume de cobertura, porém, de que o time desfruta, sempre dá para sobrar uma farpa para um ragazzo.

Tendo que se preocupar não apenas com o Nets, mas também com Pacers, Bulls e, claro, Heat, para cumprir as expectativas (irreais?) de um tão cobrado título, o Knicks vai precisar de tudo o que Bargnani puder entregar. Nem que seja – pelo menos e quem diria? – simular o rendimento de um Novak na linha de três pontos. Nessa hora, não é mais o prestígio que conta. Mas, sim, a produção.


Deslize em operação de Westbrook pode acelerar desenvolvimento do Thunder
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Giancarlo Giampietro

Wess, sem palavras

O principal senão da lesão de Westbrook: a chance de vê-lo vestido no banco desta forma

Muitos jogos de basquete já foram decididos por um ponto.

A temporada 2013-2014 do Oklahoma City Thunder nem começou e pode ser definida, mesmo, por “um ponto”, mas de outro tipo.

Lesionado durante os playoffs passados, Russell Westbrook ainda não se sentia pronto para começar a fase de treinos do training camp e foi submetido a uma nova artroscopia para que os médicos pudessem checar como estava seu joelho. Constataram que estava solto um dos pontos feitos após a cirurgia de reparo de um menisco lateral rompido. De modo que o atleta tem de adiar seu retorno. Vai perder agora de quatro a seis semanas do campeonato.

Um mês e meio, aproximadamente, de um gravíssimo desfalque para um time que já havia perdido James Harden no ano passado e, agora, já não conta mais com seu ‘substituto’, Kevin Martin, que assinou com o Minnesota Timberwolves.

Obviamente, o gerente geral Sam Presti e – talvez na marra, por tabela – o técnico Scott Brooks contavam com a evolução de alguns de seus jogadores mais jovens para repartir os 14,0 pontos em média que Martin fez na última temporada, em 27,7 minutos. Agora a verdade é que a nova guarda vai ter de assumir muito mais. São mais 23,2 pontos para incluir na conta.

Lamb, desperto

Jeremy Lamb: cara de sonolento e uma vaga de Kevin Martin/James Harden para assumir

E quer saber? Pode até ser uma boa. Tudo vai depender do otimismo e capacidade de Brooks e sua comissão técnica.

A lesão de Westbrook nos mata-matas expôs limitações táticas do time, muito dependente das investidas no mano-a-mano de seu armador e do supercraque Kevin Durant. Tocar a fase de preparação sem um deles acaba por forçar um plano que trate de envolver os demais atletas. Não só membros regulares da rotação como Thabo Sefolosha, Serge Ibaka e Nick Collison vão ter de produzir mais do que estão habituados. A chave talvez seja o desenvolvimento de Reggie Jackson, Jeremy Lamb e, talvez, Perry Jones.

O estafe do Thunder sempre foi badalado como um dos melhores na hora de trabalhar com seus prospectos, conduzindo seu progresso mesmo durante uma temporada que consome muitos recursos na preparação jogo após jogo. Com talentos de ponta como Durant, Wess e Harden, isso aconteceu naturalmente. Chegou a hora de colocar esse programa de treinamento à prova com outros garotos que foram badalados em sua geração.

De Reggie Jackson, conseguimos ver um pouco do que ele é capaz de produzir nos jogos contra Rockets e Grizzlies. Obrigado a elevar sua média de minutos de 14,2 da temporada regular para 33,5, o armador correspondeu. Em projeções de 36 minutos, conseguiu na fase decisiva até mesmo elevar seu padrão quando comparado ao que vinha fazendo no campeonato, com mais eficiência nos arremessos, sem aumentar sua carga de desperdícios de posse de bola. Agora ele terá mais chance de se entrosar com os titulares, depois de ter dividido a quadra por apenas 19 minutos com eles antes dos playoffs.

Sobre Lamb e Jones é que pairam as maiores dúvidas. Os dois são considerados dois talentos naturais pelos scouts. Os observadores ao mesmo tempo, todavia, questionam a dedicação e a gana da dupla. O primeiro tem fama de soneca. O segundo, além do mais, sofre com problemas no joelho desde cedo.

Na liga de verão de Orlando deste ano, Lamb, 21, mostrou sinal de vida, sendo eleito para o quinteto ideal. O Thunder terminou a semana invicto, com 18,8 pontos do ala – o terceiro cestinha no geral, atrás de Victor Oladipo e… Reggie Jackson, vejam só. Ainda que ele tenha convertido apenas 39,1% de seus arremessos, esse tipo de estatística nem sempre conta toda a história numa competição dessas. Jogando com a equipe principal, o atleta será acionado de forma diferente.

A ele caberá muito provavelmente o papel de Martin no time. O veterano, aliás, em seus bons momentos, serve como um bom modelo ofensivo para o segundanista. Dois jogadores esguios, leves, de boa envergadura. Embora um jogado um tanto anódino em muitos aspectos: é um péssimo defensor e não contribui muito em rebotes ou na criação de lances para os companheiros – ao menos não por conta de seus passes. Por outro lado, sua movimentação fora da bola e os tiros de longa distância ajudavam no espaçamento da quadra (seus 42,6% de três pontos foram lideraram a equipe). Uma característica sua que diminuiu consideravelmente nos últimos dois nos últimos dois anos foi sua habilidade de descolar lances livres. Em 2010-2011, ele batia 8,4 por partida. Em 2012-2013, foram apenas 3,2, bem menos da metade.

Sobre Jones, não há tantos elementos para se investigar. Ainda que tenha disputado mais partidas pelo Thunder do que Lamb em seu ano de novato, seu tempo de quadra foi muito reduzido (7,4), o que inviabiliza até mesmo uma projeção por 36 minutos. Na D-League, suas estatísticas não foram de arromba. Por enquanto, de certo mesmo é que ele já foi um dia um candidato a número um de Draft e que essa cotação despencou devido a sua passividade nos anos de Baylor e também por conta de questões médicas. Aos 22 anos, porém, ainda é mais jovem que Fabrício Melo e não pode ser desprezado, podendo atacar a cesta a partir do drible com rara mobilidade para alguém de sua estatura.

Naturalmente, Kevin Durant se verá sobrecarregado sem a companhia de Westbrook. Mas qualquer progresso que essa trinca possa apresentar já seria valioso para preservar sua principal estrela e manter o time posicionado na briga pelos playoffs no Oeste. Esse é o primeiro ponto. Mas o mais importante para Brooks seria ganhar mais armas em que possa confiar para o que mais conta para os finalistas de 2012:  ganhar o título. De preferência com Westbrook, e nem que seja por um ponto.


Projeto Beasley: Riley aposta na reabilitação de seu próprio refugo
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Giancarlo Giampietro

B-easy? Não mais

Poderia Michael Beasley colocar a cabeça em ordem e deixar o Miami ainda mais forte? NBA aguarda

Garoto-propaganda da Armani por não sei quanto tempo, Pat Riley só pode ser um homem seguro de si. Ajuda também, imagino, o fato de já ter sido campeão da NBA como jogador, técnico e dirigente.

Pois, rumo ao campeonato 2013-2014, em busca do tricampeonato pelo Miami Heat, o presidente da equipe esbanja confiança de um jeito que até assustaria. Daria medo, sim, não contasse existisse no mesmo grupo com um certo LeBron James. Primeiro foi Greg Oden, o lesionado. Depois Michael Beasley, o desmiolado e um refugo da própria franquia da Flórida.

Não dá para dizer qual é o negócio mais arriscado. Para termos uma ideia da fama que o ala construiu com esmero, uma vez que o pivô não pisa em quadra desde 2009. É como se ele tivesse comprado, na loja online da Acme, um manual com o passo-a-passo de como se arranhar a imagem pública de alguém que, em 2008, estava envolvido em um ferrenho debate sobre a escolha número um do Draft, concorrendo com aquele tal de Derrick Rose. Até mesmo o armador sabia disso.

E, acreditem, para muitos olheiros não era nenhum absurdo essa proposição. Beasley, talento puro, fez uma temporada excepcional como calouro na NCAA, segundo qualquer perspectiva. Compare os seguintes números, num exercício de adivinhação que adoram fazer lá fora, especialmente o Sports Guy:

Jogador A: 35,9 min, 25,8 pts, 11, 1 reb, 1,9 blk, 1,9 st, 47,3% FG, 40,4% 3pt.

Jogador B: 31,5 min, 26,2 pts, 12,4 reb, 1,6 blk, 1,3 st, 53,2% FG, 37,9% 3pt.

Em 2013, fica difícil aceitar isso, mas o Jogador A é Kevin Durant, e o B, Michael Beasley. E não é que isso seja uma fraude estatística: um jogando contra as Dukes da vida e o outro, no circuito do Telecurso 2000 Nebraska. Ainda que em anos diferentes, Beasley, por Kansas State, na sequência de Durant, por Texas, os dois produziram essas estatísticas na mesma conferência, a Big 12.

Era esse tipo de craque que muitos esperavam quando o já rodado ala entrou na liga em 2008, com o aval de Riley. Aos poucos, contudo, o alarme foi tocando. Já no primeiro encontro dos calouros, numa semana, digamos, educativa promovida pela equipe de Stern e pelo sindicato dos atletas, Beasley foi multado em US$ 50 mil dólares por violar alguns protocolos ao lado do companheiro Mario Chalmers (e de Darrell Arthur, eternamente coadjuvante). O incidente teria envolvido “mulheres” e “odor de maconha”. A droga apareceria em reportagens de outras três ocorrências policias envolvendo o jogador, tendo a última delas resultado em sua dispensa pelo Phoenix Suns, depois de ser preso em Scottsdale.

“O Suns se dedicou muito pelo sucesso de Michael Beasley em Phoenix,” disse o presidente do clube, Lon Babby, em comunicado. “No entanto, é essencial que exijamos os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional à medida que desenvolvemos uma cultura de campeão. A ação de hoje (a dispensa) reflete nosso compromisso com essas normas. O tempo e a natureza desta decisão e de todas as nossas transações recentes são baseadas no julgamento da nossas metas de basquete, assim como na melhor forma de alcançar o nosso objetivo singular de reconstruir e formar uma equipe de elite. “

Pegou?

E a questão aqui não é nem apelar para princípios moralistas. Os problemas vão muito além das questões legais. Em quadra, o jogador ainda não encontrou seu nicho – é um jogador que trabalha melhor do perímetro para dentro, ou do jogo interior para fora? Em meio a essa discussão, promovida pelos diversos técnicos com quem já trabalhou, o ala regrediu em diversos quesitos estatísticos desde seu ano de novato. As quedas mais sensíveis são detectadas no aproveitamento de arremessos de quadra: 47,2% em 2008-2009, 40,5% em 2012-2013 – e se refletem também nas métricas mais avançadas. Em Phoenix, o plano era que ele pudesse expandir seu jogo no ataque, ficando mais com a bola, desde que procurando passá-la um pouco mais, para variar. Meio que deu certo, com o jogador assistindo em 12,5% das cestas que os companheiros (a média de sua carreira é de 9,7%). O efeito colateral? Sua média de turnovers subiu, claro.

De tudo o que já se falou sobre Beasley, um discurso o acompanhou em  uníssono: a de que o jogo parece muito fácil – e parece, mesmo –, mas que ele não faria sua parte, entrando com o mantra do basquete (e do sonho) americano. De que tem de ralar a poupança, respeitando os adversários e o grande jogo, enquanto, ao mesmo tempo, deveria entender as limitações e trabalhar duro em cima delas. Antes de ser demitido, Lance Blanks, ex-gerente geral do Suns, confiava em tudo isso: que seria possível guiar o jogador rumo ao Éden e, com ele, iria o time junto. Nenhum dos dois durou mais de uma temporada a partir da assinatura do contrato. Mesmo com a franquia ainda precisando pagar US$ 12 milhões em salário.

Fim da linha?

Não. Pat Riley resolveu fazer a aposta. Justo ele, o primeiro a abrir mão do atleta em uma negociação com o Minnesota Timberwolves – recebeu, em contrapartida, uma quantia não especificada de dinheiro e duas escolhas de segunda rodada no Draft, pacote conhecido também por “troco de pinga” na NBA. Naquela época, precisava se livrar de qualquer centavo que julgasse supérfluo em sua folha de pagamento, para abrir espaço para a contratação de LeBron e Bosh, além da renovação de Wade. O ala ganharia US$ 4,9 milhões. Então foi “rua!” para ele.

“Estou feliz que ele esteja de volta, e acho que ele é a vela de ignição de que este time precisava do ponto de vista de talento”, afirmou Wade, que acompanhou de perto os altos e baixos do atleta entre 2008 e 2010. “Sempre digo que a grandeza de Michael depende só dele. O quão bom ele quer ser. Agora vamos nós todos ver no que dá.”

Três anos depois, o ala retorna para South Beach. “Todo mundo me acolheu. D-Wade ficou no meu ouvido o tempo todo”, disse Beasley após seu primeiro treino com o time, num início de pré-temporada… Nas Bahamas! Vamos ver se a turma se comporta.

Será que o Miami Heat andava tão entediado assim? Conquistar a NBA estava muito fácil? Era preciso mais emoção? Não, brincadeira. Aí seria muito sádico de sua parte – e não vão se esquecer tão cedo do sufoco que passaram perante Tim Duncan e Tony Parker.

A verdade é que Riley não tinha muito o que fazer, mesmo. Já tinha sido obrigado a anistiar Mike Miller para economizar e evitar as multas pesadas de gestão da liga. De novo foi uma questão de economia. Desta vez Beasley chega com desconto, recebendo o salário mínimo, e ão havia ninguém disponível no mercado com o “potencial” (sempre ele) deste problemático jogador para se adequar a essa mixaria. “Michael teve os melhores anos de sua carreira conosco. Sentimos que ele pode ajudar”, disse o presidente do clube.

Para fechar, porém, só um adendo: o contrato  de Beasley não tem garantia para toda a temporada. Aprontou, dançou. Aí não tem terno bem cortado e currículo vitorioso que passe tanta confiança assim.


Notas sobre a pré-temporada: Splitter, Monocelha, Rose, Oladipo e mais
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Giancarlo Giampietro

 – O San Antonio Spurs não resolveu pagar US$ 36 milhões para Tiago Splitter para deixá-lo no banco ou diminuir seu papel no time, né? Para um técnico que pensa tanto a longo prazo como Gregg Popovich, o lema de não levar tão a sério o que acontece nesta época do ano vale ainda mais, certo? Sim, sim. É de se esperar que sim. Pois o catarinense anda um tanto devagar. Depois de passar zerado na partida contra o Atlanta Hawks, na quinta-feira, ele tem apenas 22 pontos e 18 rebotes em quatro partidas até o momento, jogando por 70 minutos. Para comparar, o australiano Aron Baynes acumulou 37 pontos e 26 rebotes pontos nos mesmos 70 minutos. Recém-contratado, Jeff Ayres, ex-Jeff Pendergraph, já ficou em quadra por 73 minutos e vem se mostrando um bom passador, com 10 assistências. Não é que o brasileiro venha sendo preservado pelo treinador: enquanto o pivô disputou os quatro jogos do San Antonio até este sábado, Tim Duncan, Manu Ginóbili e Tony Parker já foram poupados em pelo mens um um deles.

Oh, my...

Sem palavras, Anthony Davis

– Anthony Davis, Anthony Davis, Anthony Davis… O novato número um do Draft de 2012 está voando. Ele marcou mais de 21 pontos em suas primeiras quatro partidas. Na quinta, deixou cair a peteca: foram só 18. Sua média é de 22,6 pontos até aqui. O ala-pivô voltou das férias mais forte e muito mais confiante em seu repertório ofensivo, atacando o aro e também convertendo os chutes em flutuação, enquanto na defesa continua estocando bloqueios e roubadas sem parar. Já estaria pronto o Monocelha para ingressar na elite da NBA? Não faz muito tempo em que o jogador era extremamente cobiçado pelos olheiros da liga, comparado a Tim Duncan e tudo isso. Seu ano de novato não foi ruim de modo algum, mas o excesso de pequenas lesões, a explosão de Damian Lillard em Portland e o gigantismo de Andre Drummond acabaram por ofuscar Davis um pouco. Mas só um pouco. Agora ele pretende justificar toda a badalação que recebeu em Kentucky.

– Ao que tudo indica, as dores no joelho de Derrick Rose não eram tão sérias ou incômodas assim. Acreditem se quiser, então: chegou o dia em que Tom Thibodeau foi precavido ao lidar com seus jogadores! O técnico do Bulls pode ter deixado muita gente frustrada no Rio de Janeiro ao sacar sua estrela do amistoso contra o Wizards, mas para o torcedor mais fanático pelo time de Chicago essa só poderia ser uma ótima notícia, independentemente do quanto o armador renderia no retorno aos Estados Unidos. E o que vimos? Rose arrebentando com Pistons e Pacers. Contra o Detroit, foram 22 pontos em 22 minutos. Contra o Indiana, 32 pontos em 31 minutos. Está bom? Calma, que tem mais: o jogador vem com um desempenho sensacional na linha de três pontos, tendo convertido seis dos últimos dez arremessos nas últimas três partidas, o que dá 60% (dãr). A média em sua carreira? Só 31%. Se o atleta realmente conseguiu melhorar dessa forma seu chute de longa distância durante a última temporada de suplício… Digo, obviamente ele não vai arremessar 60, nem 50% durante o campeonato, mas se beirar os 40% já seria um progresso incrível e um pesadelo para seus marcadores.

– As limitações físicas de Joakim Noah, ainda sofrendo com dores na virilha, são o que mais incomodam Thibodeau, então, neste momento. Taj Gibson é que não vai reclamar de nada. O ala-pivô construiu sua reputação na liga com base em sua capacidade na defesa. A julgar pelo que vem apresentando nestes primeiros jogos em outubro, pode ser que na outra tábua seu jogo também tenha se expandido. Ele pontuou em duplos dígitos nas cinco partidas do Bulls, com média de 15 pontos por jogo (contra 7,9 na carreira e 8,0 na temporada passada) e acertou 62,5% de seus arremessos, muitos deles cravadas de se levantar da cadeira. Qualquer melhorias neste sentido também seria um ganho enorme para Thibs, na hora de o treinador promover sua já tradicional substituição de Boozer por Gibson nos minutos finais das partidas: ele fortaleceria sua retaguarda e não perderia muito no ataque, desde que seu reserva consiga render ofensivamente, especialmente convertendo arremessos de média distância.

– Sobre o Pacers, o que dizer? São cinco jogos, cinco derrotas. Todo mundo vai dizer que pré-temporada não serve para avaliar nada, e tal… Mas o último time a passar batido pela fase de amistosos, sem nenhuma vitoriazinha sequer, foi o Los Angeles Lakers no ano passado. E sabemos muito bem o que saiu daí. Era de se imaginar algumas dificuldades para Frank Vogel, num período em que ele tem de integrar um monte de novos reservas ao seu esquema defensivo e, ao mesmo tempo, precisa tirar o ferrugem do ala Danny Granger. Sua equipe também ainda não enfrentou nenhuma baba (dois duelos com Bulls, dois com Rockets e um com o Mavs). Mas… Nenhum triunfo para o vice-campeão do Leste? A ver. Granger, aliás, não vem muito bem. Ele acertou apenas 14 de seus 44 arremessos de quadra (31,8%). Ao menos de longa distância ele vem matando: 8/17 (47%).

Darren Collison ama Chris Paul

Claver tenta, mas está difícil de parar Darren Collison, o reserva ideal do CP3

– Parece que o negócio de Darren Collison é ficar perto de Chris Paul, não? Até hoje, o armador viveu seus melhores dias na NBA em sua campanha de calouro, em 2009-2010, quando foi selecionado pelo New Horleans Hornets para ser o reserva do superastro. Acontece que CP3 se lesionou bastante naquela temporada, e o jogador revelado pela UCLA acabou ganhando muitos minutos e deu conta do recado de forma surpreendente até, com médias de 18,8 pontos e 9,1 assistências nas partidas em que começou como titular. De lá para cá, porém, não conseguiu repetir esse tipo de números, com dois anos muito irregulares pelo Indiana Pacers, além de uma passagem bastante frustrante pelo Dallas Mavericks, na qual deixou o técnico Rick Carlisle maluco por sua indisciplina defensiva e alguns hábitos indesejados no ataque. Sua cotação caiu tanto que, como agente livre, se viu forçado a assinar pelo mínimo com o Los Angeles Clippers… Para ser reserva de Paul novamente. E o que vemos na pré-temporada? Alguns jogos impressionantes do armador, claro. Nesta sexta, por exemplo, ele somou 31 pontos e seis assistências em derrota para o Portland Trail Blazers – foi tão bem que ficou em quadra por 34 minutos, forçando Doc Rivers a colocá-lo ao lado de seu franchise player. Collison também teve duas partidas com dez assistências, sendo que, contra o Sacramento Kings, no dia 14, terminou com um double-double, anotando 20 pontos em 36 minutos. Se conseguir repetir esse tipo de desempenho nos jogos para valer, o armador pode complicar um pouco a vida de Rivers, mas sem deixar que o técnico lamente a saída do dinâmico Eric Bledsoe.

– Para o Oklahoma City Thunder, outro concorrente de ponta na Conferência Oeste, o importante é a acompanhar como está o desenvolvimento do ala Jeremy Lamb, que, em sua segunda temporada, será obrigado a arcar com muito mais responsabilidades, assumindo o lugar que um dia foi de James Hardem na rotação da equipe. Se sua capacidade atlética e envergadura pode reforçar a defesa de perímetro do time, deixando as linhas de passe ainda mais apertadas (já foram nove bolas recuperadas em quatro jogos…), no ataque sua mira de três pontos está totalmente desarrumada: converteu apenas três chutes em 17 tentados (17,6%). Se o ala não der um jeito de trabalhar esse fundamento, a vida de Kevin Durant no ataque ficará muito mais complicada, com mais jogadores concentrados na ajuda.

– Entre os novatos, o destaque fica, por enquanto, para o ala-armador Victor Oladipo, segunda escolha do Draft, aposta do Orlando Magic. Um competidor feroz, ele vem saindo do banco pelo jovem time da Flórida, mas causando impacto nas partidas com sua capacidade atlética invejável e muita dedicação e versatilidade. Em cinco partidas até aqui, são 14,2 pontos, 5,5 assistências, 6,2 rebotes e 1,8 roubo de bola, isso sem ter jogado mais que (!) 30 minutos em nenhuma ocasião. Olho nele: nunca foi muito badalado quando adolescente, mas, em seus três anos na universidade de Indiana, evoluiu demais para se tornar um prospecto de elite. Tem tudo para se tornar rapidamente um líder em Orlando.

Que mais que vocês vêm reparando?


Oden tenta reprisar em Miami o final de carreira de pivô legendário da NBA
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Giancarlo Giampietro

Bill Walton, capitão Blazer por pouco tempo

Desde os tempos de colegial, ele já era anunciado como mais um da linhagem dos superpivôs norte-americanos, inevitavelmente comparado a Kareem Abdul-Jabbar. Foi o número um do Draft da NBA via Trail Blazers. Sua imagem ficou abalada precocemente por uma série de lesões e, depois de celebrado em Portland, acabou descartado. Até que um time com tradição de títulos resolveu apostar nele. O cara se juntou ao “Big Three”, sem muita pressão – o que pudesse entregar em quadra já seria lucro, ao lado de tantos craques.

É, foi assim, em 1985-86, pelo Boston Celtics de Bird, McHale e Parish, que o legendário Bill Walton conseguiu um último suspiro em uma carreira que estava prometida, destinada a ser uma das maiores, mais dominantes da liga, mas cujos sonhos, a despeito do título em 1977, foram frustrados pouco a pouco, à medida em que seu corpo foi se quebrando, num sofrimento que parecia não ter fim.

Walton, glórias tardias pelo Boston

Walton e Oden: agonia Blazer

Mais de 20 anos depois, com um Sam Bowie no meio do caminho, os fiéis torcedores de Portland agora repetem esse processo e veem Greg Oden tentando reprisar a trajetória de Walton com o Miami Heat.

Troféu e queda
O ruivo, esguio e multitalentoso Walton se tornou jogador do Blazers em 1974. Excelente defensor, era daqueles que dava o toco não só no momento certo, mas como na direção precisa para se iniciar o contra-ataque, ágil na cobertura e no fechamento de espaços. No ataque, um passador de inteligência incrível, com domínio de qualquer fundamento que você possa imaginar. Com esse repertório, chegou ao clube, que nunca havia disputado os playoffs, como uma espécie de Messias.

Na universidade, jogando pela mítica UCLA de John Wooden, o pivô havia capitaneado duas temporadas regulares com resultados perfeitos: 30 vitórias e nenhuma derrota, participando da maior série invicta do campeonato: 88 partidas. Um time bicampeão e eternizado. Não havia como, então: era uma aposta certeira para transformar o Blazers de saco de pancadas a um time dominante.

Não fossem seus problemas médicos que começaram já aos 22 anos. Já nas duas primeiras temporadas ele sofreu com fraturas múltiplas (do pé ao nariz), limitado a apenas 86 partidas de 164 possíveis, pouco mais da metade. Sua equipe, claro, seguiu fora dos mata-matas, mesmo num período de declínio técnico da NBA, com o talento norte-americano dissipado entre a liga e a ABA.

Até que, em 1976-77, mesmo perdendo mais 17 jogos, trabalhando com mais um treinador histórico, Jack Ramsay, Walton conseguiu se recuperar fisicamente. Liderou o campeonato em rebotes (14,4) e tocos (3,2), somando ainda 18,6 pontos, 3,8 assistências em 34,8 minutos, para ganhar um dos títulos mais especiais da história, varrendo o Lakers de Abdul-Jabbar na final do Oeste e batendo na grande decisão o Philadelphia 76ers de Julius Erving, Darryl Dawkins e George McGinnis – e de Doug Collins (!) Mike Dunleavy (!!), Joe “Pai do Kobe” Bryant (!!!), além do inesquecível World B. Free, o precursor do #mettaworldpeace em nomes forjadamente utópicos.

Este time simbolizaria o que de melhor o basquete poder oferecer, com jogadores repartindo a bola feito socialistas, o talento de um complementando o do outro, fazendo com o que o conjunto fosse maior que a soma das partes – habilidade por habilidade, o Sixers era, disparado, o favorito ao título. Com Walton, a equipe parecia a caminho de dominar a liga. Mas os problemas físicos do pivô não cessaram, os egos cresceram a partir da conquista, a diretoria se viu pressionada a buscar outras alternativas e, rapidamente, o sonho se deteriorou. O ponto positivo dessa triste história é que ela nos proporcionou um relato imperdível no livro “The Breaks of the Game“, do jornalista David Halberstam. Aqui, o Sports Guy discorre com o brilho de sempre tanto sobre a obra como o falecido autor. Não houve tradução para o português, infelizmente, mas é possível ao menos ler Halberstam em uma definitiva biografia de Michael Jordan, relançada pela Editora 34.

Walton, NBA e contracultura

Walton, em tempos de angústia

Em 1977-78, o time chegou a vencer 50 de seus primeiros 60 jogos. Até que Walton sofreu uma fratura no pé. Sua produção era tão impressionante que, mesmo tendo disputado apenas 58 partidas, foi eleito o MVP da temporada. Retornando nos playoffs, o pivô voltou a se lesionar e, a partir daí, mergulhou em um período infernal, com seguidas decepções, até que entrou em conflito com os médicos e diretores do Blazers, crente de que estariam mentindo sobre seus diagnósticos, forçando que ele jogasse em condições distantes das ideais.

Walton não jogou em 1978-79 e, desiludido, se transferiu para o Clippers, que ainda tinha base em San Diego, aonde ironicamente iria encontrar Joe Bryant e World B. Free e mais alguns elementos que em nada lembravam seus ex-companheiros de Blazers – destaque para Sidney Wicks, um pretenso astro que viu sua média de pontos regredir temporada após temporada desde os 24,5 que fez como novato. Após participar de 14 jogos em 1979-1980, ele perdeu as duas temporadas seguintes também em razão de fraturas nos pés. Somou, enfim, 155 jogos entre 1982 e 1985 (de 246 possíveis), já de volta a Los Angeles com a franquia, mas sem conseguir elevar o time, que terminou os três anos na 11ª posição da conferência. Nesse período, chegou a cogitar o suicídio.

Um outro time perfeito
Sair do Clippers para o Boston Celtics, em 1985, era como trocar hoje o Charlotte Bobcats pelo San Antonio Spurs ou Miami Heat. Algo desse nível. Foi o que aconteceu com Bill Walton. Não deveria, então, haver sujeito mais sorridente naquele campeonato, depois de ele ser trocado por Cedric Maxwell e uma escolha de Draft que resultaria em Arvydas Sabonis. Ironicamente, essa escolha seria repassada ao… Portland Trail Blazers, claro.

Na Beantown, o ruivão se juntou a Bird, McHale, Parish, Dennis Johnson, Danny Ainge, Scott Wedman (e, ok, Greg Kite) para formar aquele que seria um dos maiores times da história. Para grande parte dos orgulhosos torcedores do Celtics, essa é considerada ao menos a melhor equipe que tiveram, superando os esquadrões de Bill Russell nos anos 60. Eles tiveram o terceiro ataque mais produtivo, a defesa menos vazada e conseguiram 63 vitórias, contra 19 derrotas – a melhor campanha da temporada regular. Mas estes números talvez não façam justiça ao que jogaram.

Nos playoffs do Leste, sofreram só uma derrota na semifinal para o Atlanta Hawks de Dominique Wilkins, tendo varrido o Chicago Bulls do jovem Michael Jordan, apenas em sua segunda temporada na liga, com média de, glup!, 43,6 pontos no confronto. Na final, tiveram a sorte (ou o azar, no ponto de vista de alguns fãs, que juram que eles esmigalhariam os arquirrivais) de enfrentar o Houston Rockets, que havia surpreendido o Lakers no Oeste. Com Hakeem Olajuwon também como um segundanista e o pirulão Ralph Sampson (outro que se lesionaria constantemente e não realizaria seu potencial), os texanos tinham um time muito promissor (e que naufragou mais adiante, servindo como exemplo numa caçada antidrogas da liga…), mas que não foram páreo para uma supermáquina como a de Boston. Vejam este massacre, no terceiro quarto do Jogo 5 da decisão:

Contra as “Torres Gêmeas”, Walton foi uma presença tranquilizadora para o Boston, dando bom descanso a McHale e Parish. Aliás, foi o seu papel durante toda a temporada, para ganhar o prêmio de melhor sexto homem. Foi um encaixe perfeito: Walton já não tinha mais condições atléticas para carregar uma equipe, ao passo que o Celtics poderia muito bem contar com uma ajudinha extra para um combate que nunca chegou a acontecer nos playoffs contra Jabbar. Feliz em quadra, cabeça em dia, milagre médico: Walton só ficou fora de duas partidas naquela temporada, estabelecendo um recorde pessoal. “Ele só joga quando quer, algumas vezes precisamos implorar para ele jogar”, brincaria Bird anos mais tarde.

Este acabou sendo seu campeonato informal de despedida. Na temporada seguinte, voltou a se lesionar. Ainda voltou para os playoffs, mas impossibilitado de causar qualquer impacto. E aí, sim, o Celtics voltaria a enfrentar o Lakers, perdendo por 4 a 2.

Remake
Obviamente, os paralelos entre Oden e Walton ficam limitados a coincidências: 1) era uma grande promessa colegial, comparado a Jabbar; 2) foi selecionado pelo Blazers como número um do Draft; 3) passou mais tempo na enfermaria, vivendo anos completamente conturbados; 4) tenta um recomeço com um time de ponta, liderado por outro big 3, de LeBron, Wade e Bosh. Em quadra, ele nunca chegou nem perto de produzir como o legendário pivô, nem mesmo esteve num time candidato a título. Também é bem mais jovem.

De qualquer forma, embora o ruivo tenha sido privado do auge, sem conseguir, estatisticamente, competir com os grandes pivôs da história, a história de Oden pode ser ainda mais triste, considerando que nem mesmo pôde desfrutar do início de sua carreira, perdendo toda a temporada de novato e sendo escalado, desde que ingressou na liga, em apenas 82 partidas no total, entre 2008 e 2009.

Qualquer contribuição que o pivô possa fazer o Miami neste próximo campeonato já será vista como enorme lucro para Pat Riley (técnico do Lakers em 1986 e 1987, aliás) – e, sem dúvida, virá como alívio, consolação e, quiçá, uma recompensa para alguém que teve de superar uma profunda depressão,  como se estivesse proibido a jogar basquete. Bill Walton certamente estará na torcida.


NBA? Raulzinho vai de Espanha por enquanto: “É perfeito para mim”
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Giancarlo Giampietro

Raulzinho, na Espanha

A uma hora dessas, Raul Togni Neto, o Raulzinho, poderia estar se preparando para saber quais os movimentos preferidos de um Ty Lawson, um rival de Divisão Noroeste. Imagine? Como seria perseguir uma formiguinha atômica daquelas num contra-ataque? Será que ele prefere o corte pela direita ou para a esquerda? E o Damian Lillard? Como se manter próximo ao jogador do Portland e contestar seu perigoso arremesso?

Mas essas questões ficam, mesmo, para o Trey Burke. Entre ter de batalhar por alguns minutinhos no Utah Jazz, correndo o risco, na verdade, de estudar, sim, os movimentos dos veteranos da D-League da NBA, o brasileiro optou por aquilo que é mais seguro, mais certo: voltar ao Gipuzkoa Basket, na Espanha, e dar sequência ao seu desenvolvimento.

Aos 21 anos, ele entra em sua já terceira temporada na Liga ACB, o campeonato nacional mais forte da Europa, assimilando o que pode nos minutos preciosos contra concorrentes de alto nível. E tem de aproveitar mesmo: por pouco, sua equipe, de San Sebastián, não foi relegada ao segundo escalão, a Adecco Oro, depois de ser rebaixada na campanha passada.

Acontece que, para o bem do filho do Raul e preocupação do basquete espanhol como um todo, dois dos clubes que deveriam ter sido promovidos à elite – o CB Atapuerca (“Ford Burgos”) e o Lucentum Alicante – não conseguiram apresentar as garantias financeiras necessárias para jogar a liga principal. Já o clube basco, a despeito da crise, mas com o apoio de seus torcedores (91% dos associados renovaram seu título), se garantiu.

Confira abaixo uma rápida entrevista com o armador, falando sobre a importância dessa experiência espanhola em sua evolução, que será acompanhada de perto pelo Utah Jazz:

21: Qual a sua situação contratual no momento e o que esperar desta temporada com o Gipuzkoa Basket?
Raulzinho: Tenho mais três anos de contrato. Volto para o mesmo clube, pensando em ficar pelo menos mais um ano. Na última temporada a gente foi mal. O clube está passando por um momento difícil financeiramente, mas continuamos na ACB, esperamos fazer uma campanha melhor. Vamos tentar fazer um bom papel.

Pois é. O time chegou a ser rebaixado na temporada passada, mas, por falta de condições também de quem deveria subir, acabou ficando na liga. O que pensa sobre essa situação? Ao menos pode jogar na elite.
Acaba sendo uma situação boa para o nosso time, mas ruim para o basquete de maneira geral, né? Ruim para o basquete espanhol,  com muitos times lidando com esses problemas financeiros. Mas foi bom para a equipe e acaba sendo bom para mim, para seguir jogando no nível da ACB. Então agora é aproveitar.

Sua equipe não entra na liga pensando em título. Jogar o playoff também é improvável. Por outro lado, você acaba tendo bastante espaço para jogar, ficar em quadra e mostrar serviço….
Para mim é um time perfeito, porque eu tenho a confiança do técnico e minutos de quadra. Acho que, com a idade que estou, seria ruim ficar num time em que não jogasse e que não tivesse essa experiência de estar em quadra. Não importa que não seja um time do nível de um Barcelona ou Real Madrid, mas, sim, que me dê mais oportunidades. É muito importante.

O que você destaca em sua experiência jogando na ACB? Você sempre foi conhecido na base como um armador agressivo, de forte ataque para a cesta. Aprendeu a balancear mais as coisas?
Acho que aprendi muita coisa. Já pela experiência de estar atuando no basquete internacional. Para o armador principalmente, é fundamental ter mais consciência na leitura de como jogar, saber mais o que deve fazer em quadra. Foi nisso o meu maior ganho. Acho que aprendi a controlar. Não perdi o meu poder de ataque, mas aprendi a controlar, escolher melhor as opções para atacar.

Como é o dia-a-dia nos treinos? Há alguém da comissão técnica que trabalhe com você individualmente?
Tem um trabalho individual que fazemos toda semana, uma ou duas vezes pelo menos com o técnico. Coisa de drible e passe e outros fundamentos que todo armador tem de ter. Na Espanha a gente joga uma vez por semana, então tem bastante tempo para treinar.

Você ficou um período em Los Angeles para se preparar para o Draft da NBA. Como foi esse trabalho?
É um treino mais individualizado. O pessoal vê o que você tem de melhorar, drible ou arremesso por exemplo, mais pensando ofensivamente. Mas foi muito bom passar lá por um mês com esse tipo de treinamento, me ajudou bastante.

Mas o que fica de legado desse tipo de atividade?
Acho que, para treinar, você precisa fazerem uma sequência, criar um dia-a-dia seu. Você não vai melhorar em uma semana. Mas lá a mentalidade de treinamento foi muito forte, a gente treinava bastante. Eles falam dos aspectos que precisamos melhorar mais. Falaram do meu arremesso, da minha defesa e do meu físico. É o que tiro de lá. Com certeza eu melhorei. Mas tenho de continuar me esforçando bastante para evoluir mais.

Agora o tema sobre o qual você já deve estar cansado de falar a respeito: Utah Jazz. Como será o contato com o clube a partir do Draft? O que você sentiu sobre a atual diretoria?
Pareceu um time que gosta de jogadores internacionais, que está aberto a isso, e já foram vários jogadores que já passaram por lá com mérito e não são americanos. Também é bom saber que vão estar me acompanhando, ver do que preciso para um dia ser o armador do time deles. É a minha primeira vez numa situação dessas, então não sei o que vai ser direito. Isso deixo para meu agente, para ver como vai ser esse contato.

PS: a entrevista foi feita no Brasil, antes da disputa da Copa América. Por isso, nada sobre a seleção. Timing é tudo, eu sei, eu sei. Pode reclamar. Em todo caso, aqui também vai uma entrevista do garoto ao site oficial de sua equipe. No finalzinho, sai algo sobre o torneio continental. Mas nada de outro mundo: “Treinamos muito, foram quase dois meses. Nós jogadores temos uma boa amizade fora da quadra e, ainda que os resultados não tenham sido bons, foi um bom verão com a seleção”.