Vinte Um

Marcado por Raulzinho, Lucas Bebê faz a cesta da vitória para o Estudiantes

Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê vence a partida

O chapa Rafael Uehara já detalhou um pouco do desenvolvimento de Lucas Bebê no basquete espanhol. Neste fim de semana, o jovem pivô, ainda aos 20 anos, foi protagonista de um dos lances da rodada para nos sublinhar essa evolução. Foram deles os últimos dois pontos da vitória por 79 a 77 do Estudiantes sobre o Lagun Aro, pela 19ª rodada da Liga ACB.

O placar estava empatado em 77 a 77, quando o uruguaio Jayson Granger recebeu passe do ultramarcado Carl English (mais abaixo) e bateu para a cesta. Enfrentou dois adversários no alto na hora de subir para a bandeja e errou a finalização. Na sobra apareceu o pirulão brasileiro para converter o rebote ofensivo com simplicidade, sem cravada nenhuma, mas valendo os mesmos dois pontos.

A defesa do Lagun Aro estava tão quebrada pela atenção inicialmente despertada por English que acabou sobrando para o pobre Raulzinho fazer o bloqueio de rebote em Bebê, seu companheiro de seleção de base. Sem chance, né? O que não impediu também que o pivô ainda desse um leve empurrão no compatriota para subir livrinho. Veja aqui o lance.

(Não foi, aliás, uma partida para Raul guardar na cabeça: 2 pontos e 2 assistências em 16 minutos).

Lucas saiu do banco e jogou por 16 minutos. Terminou com apenas três pontos e uma cesta de quadra em cinco tentativas. Mas sua única cesta foi justamente a mais importante da partida. Além disso, somou cinco rebotes – três deles na tábua ofensiva, incluindo esse derradeiro – e deu quatro tocos.

Reparem no vídeo também: de tão pouco acostumado que está a participar de lances decisivos como esse pelo Estudiantes, que Lucas mal sabe direito como celebrar a cesta mais importante de sua carreira como profissional até aqui. Vê-lo em quadra nos segundos finais de um jogo pauleira da liga espanhola é um ótimo sinal.

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Por falar em jovem pivô brasileiro na Espanha… Temos o Augusto Lima, titular do Unicaja Málaga contra o CSKA Moscou na sexta passada, pela Euroliga, o carioca teve uma bela participação num surpreendente triunfo por 94 a 81 na capital russa – equipe da casa vinha de nove partidas invicta no torneio, enquanto o Málaga não vencia há sete partidas, incluindo o torneio continental e o nacional.

Aproveitando-se da ausência do veterano americano Andy Panko, Augusto ficou em quadra por cerca de 26 minutos e teve provavelmente sua melhor atuação na competição, com 9 pontos e 5 rebotes, além de dois roubos de bola e um toco. Ele mostrou seus principais atributos, como um pivô extremamente atlético, que corre a quadra com muita facilidade e determinação.

Na defesa, teve problemas em muitos confrontos no mano a mano com o sérvio Nenad Krstic (muito mais forte e experiente), especialmente quando o adversário era acionado contra uma esburacada defesa por zona orientada pelo técnico Jasmin Repesa. Seja no 2-1-2 ou 2-3, seus pivôs ficaram cetralizados muito recuados e permitiram bom posicionamento do talentoso do oponente. A partir do momento em que Krstic conseguia selar o brasileiro atrás de suas costas, os dois pontos ficaram praticamente garantidos. Não havia dobra, e sua envergadura e técnica fizeram a diferença. Por outro lado, quando não era incumbido de fechar o garrafão, centralizado, teve um rendimento bem melhor, cortando passes e fazendo sólidos bloqueios para o rebote.

Ganhar uma chance em Moscou, em uma partida de ag0ra-ou-nunca para o Málaga e ter correspondido: essas são as boas novas para Augusto e Magnano.

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Quem vem em grande fase na Liga ACB, ao lado de Bebê no Estudiantes, é o canadense Carl English. Contra o Lagun Aro ele anotou 31 pontos, e apenas 9 deles saíram da linha de três pontos. Agressivo, criativo em seus movimentos, conseguiu bater 12 lances livres na partida e converteu 11. O resultado foi a marca de 41 pontos de eficiência, sendo eleito o melhor jogador da rodada pela quarta vez na temporada. Aos 31 anos, está jogando o melhor basquete de sua carreira, com médias de 19,2 pontos em apenas 29 minutos. Para a Copa América 2013, caminha para ser o líder de uma seleção canadense que se esboça como grande ameaça para Brasil e Argentina.